Escolhi meu cachorro pelo tamanho da merda que faz, e daí? Daí que todo o santo dia tenho, não uma bosta qualquer, um senhor cagalhão na calçada. Merda nova, fresquinha. Se não gostasse de vocês, até botava uma foto aqui. Nem seca uma, já tem outra em algum lugar. Ando atentamente, mesmo com pressa de não perder o horário de buscar o Fabian. Vejo que às vezes se espalha por metros levada por algum pneu de bicicleta, sendo que certo dia chegou mesmo bem em frente à minha casa, nem abrir a janela eu pude. Que culpa tenho eu que o fulano escolheu ter um bezerro ao invés de um cão? Ele que ande com uma pá e um saco de supermercado porque nem naqueles saquinhos próprios aquilo cabe. Ou vou escrever (que agora ando muito dada a bilhetinhos desaforados) que "isto é o que meu dono tem na cabeça"! Nem sei se assim está gente vai lá, mas tenta-se.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Se é para o meu bem e felicidade exclusiva do meu coração...digam ao povo
Que me mudo!
Queria ter a inocência ou a cabeça dura de outros tempos em que acreditava em soluções definitivas e vibrar com esta notícia. Não que uma parte de mim não exulte, mas lá no fundo há uma certa desconfiança, pois que a vida mostrou-me que não nos quer muito parados já que é a oitava vez que arrumo as malas em um período de dois anos. E no entanto, esta é a única que acredito mesmo ser para melhor...só não sei até quando.
Desde que o marido agarrou com unhas e dentes este emprego na Alsácia, sabíamos que era apenas um recomeço, uma linha nova, um ponto de partida temporário, visto o salário ser muito justo não permitindo grandes aspirações que não viver um dia após o outro fazendo uma ginástica para chegar ao fim do mês. Um ano se passou em que não via o seu trabalho reconhecido, em que o salário mantivera-se muito abaixo do limite de sua experiência. Os sacanas dos franceses mostraram-se negociantes como os de qualquer parte do mundo, em que explorar o desespero alheio é apenas um detalhe, um objetivo a preencher na meta ao fim do mês.
Porém quando tudo encaixou tão perfeito, com uma sincronia absurda, eu comecei a acreditar que aquilo só tinha mesmo de ser, como naquele ditado: quando é para acontecer, até quem atrapalha ajuda. E assim sem nem ter procurado, a vaga pulou no colo do Fernando e as entrevistas e o resultado vieram na mesma semana. Um longo período de separação, ponte aérea Nice-Strasbourg, passagens promocionais, depressão, quilos (a mais para mim, a menos para ele), um Fabian choroso, um outono frio para cacete, e enfim, respira, estamos quase na linha de chegada! A sina do apartamento também está quase. Quase como eu pedi. Grande, perto de um maternal, da estação do trem, da praia e com um terraço (que "num guento" estender roupa dentro de casa). Agora é correr atrás de empresas de mudança mais em conta, colocar este imóvel para alugar, comprar o bacalhau para o Natal e, talvez algures entre o meio (meu aniversário) e o final de janeiro, estejamos entrando com o pé esquerdo, lá está, sou canhota, logo o esquerdo é que é bom, na nossa nova casa. Ano novo, vida nova. Por mim parava por aqui. Não me importava nada de ficar velhinha pegando o meu chapéu e a cadeira de praia para enterrar meus pés no mar da Cotê d'Azur.