terça-feira, 26 de janeiro de 2016

All the time




Quando o google tentou adivinhar minha pesquisa, me deparei com: "como desenvolver a mediunidade" e pensei em meio a muitos palavrões porque alguém gostaria de desenvolver este suplício. Ah já sei, quando pensam em médiuns, logo imaginam aquele palhaço que se presta a ficar no meio do palco com um microfone dizendo que vozes lhe alertam que algures na plateia tem uma criatura que perdeu um ente querido. Oh! Quem nunca? E que alguém próximo irá decepcioná-lo ou ainda, que terá dificuldades financeiras e amorosas. Aí praticamente ele previu a sorte de 99% do público. 
A maior parte das pessoas que acham que ser médium é legal, não faz a menor idéia do que é ser de fato médium. Pensei trocentas vezes antes de escrever sobre isso, mas depois liguei o foda-se... se o blog não servir para partilhar minhas coisas de vez em quando, o melhor é fechar logo. 
Sempre tive medo da noite, desde os quatro, cinco anos até...bem, até hoje. Mas teve tempos piores...tinha dias que eu olhava para o céu escurecendo e começava a sentir uma angústia tomando conta, e eu sabia que estava só começando. Não ouvia nada, nem via, era acho eu, apenas uma antecipação do que iria acontecer depois. 
Não recordo da primeira vez, mas foram se intensificando e  até acontecer duas a três vezes na semana. O marido se não morreu de ataque cardíaco, não morre mais, porque cada vez que eu os via ao lado da cama ou no quarto à espreita, eu gritava e dava um pulo.  Alguns eram como sombras, outros tinham qualquer coisa que os diferenciava como a silhueta do nariz e outros apareciam de forma detalhada, cor de olho e tudo. Não são pesadelos, pois demoram certo tempo até se "desfazerem", também não fazem grande alarde a não ser me jogarem coisas na mesma matéria de que são feitos, coisas estas que se dissolvem um pouco antes de me tocar. 
Primeiro foram os sonhos premonitórios, uma ou outra aparição em anos, depois começaram os sustos noturnos e agora ando na fase de me importunarem durante o sono. Isto é, eu durmo e depois acordo, mas meu corpo não. Estou plenamente lúcida, saio do corpo alguns centímetros, tento encaixar a minha mão na "minha mão". Ainda esta semana, cochilei no sofá. Abri os olhos e pensei em ir para o quarto. Levantei e comecei a caminhar, quando notei já quase na porta da sala,  que algo estava errado. Eu caminhava de forma muito estranha, parecendo que tinha mola nos pés como se a gravidade exercesse pouca ou nenhuma força sobre mim. Então olho para trás e vejo-me deitada no sofá. Caminho de volta e olho bem para meu rosto como se ele fosse apenas uma coisa inanimada, um invólucro sem vida como naquele filme Substitutos com o Bruce Willis. 
Descobri que isto se chama "paralisia do sono" e que há inclusive um documentário com depoimentos de pessoas de várias partes do mundo. Se fosse apenas isso tudo bem, no entanto, são nestes momentos em que encontro-me mais frágil. Sinto a presença deles no quarto, sinto quando desloco-me do corpo e quando algo se acopla na minha nuca. Arrepios pelo corpo todo, depois uma certa dormência que por sua vez, dá lugar a uma espécie de descarga elétrica que jorra de mim para "alguém". Certa vez coloquei a mão e aquilo era como por a mão em um jato muito forte de água, como aqueles aparelhos que usam para lavar carros e muros. É indolor, mas extremamente incômodo porque eles me impedem de voltar ao corpo...sinto-me presa até terminarem o que vieram fazer. Procurei na net e vi que bem onde sinto a conexão, fica o chakra nucal, quase não se fala nada sobre ele, apenas que é ali que os espíritos costumam se ligar quando há psicofonia.
E tudo ficou mais forte depois que estou sozinha aqui, logo para quem ja é cagona por natureza, para quem já morria de medo de dormir sozinha... tá demais, tá beleza, tá ótimo. Ainda tenho que ficar feliz quando vêm sozinhos, pior quando vem um, depois outro, depois outro. Quando me seguram e eu me debato e grito e xingo e rezo, não necessariamente nessa mesma ordem. Uma das experiencias mais traumáticas: vieram três deles para cima de mim, quando finalmente consegui voltar, eu sentia-me um trapo, usada, como se tivesse sido estuprada. Eu brinco, eu rio, mas foi uma merda. Não, queridos, vocês não querem desenvolver a mediunidade nem ter nenhum contato com o mundo espiritual. Quem me dera estar na posição de duvidar dessas coisas malucas que escrevi, mas eu sei bem direitinho que isto existe. E logo aqui que é o berço do espiritismo não há um centro espirita sequer para me ajudar neste momento. E que remédio senão voltar à doutrina, voltar a fazer o evangelho no lar como eu fazia quando morava ainda no Brasil? 
Os ataques diminuíram, mas não cessaram, também, por ora, as visitas surpresa no quarto, só não sei até quando.

Pequenas coisas que moém o juízo



- Aceitar que meu filho vai falar "alouim" ao invés de helloween. Não só aceitar que ele vai falar assim, mas ter eu mesma de pronunciar o inglês de forma errada só para que os outros entendam.

- Pessoas na fila do mercado. Sério. As criaturas ficam coladas na bunda da gente, cafungando o cangote porque acham que a fila vai andar mais depressa? Tai uma lei da física que eu não conhecia: quanto mais um corpo se cola no outro, mais rápido o tempo passa. Humm, isso não vale para filas de mercado ou de qualquer outro tipo a menos que façam um trenzinho e saiam cantando conga la conga.

- Carteiros que não sabem ler. Ou colocar a correspondência certa na caixa certa. Porque diabos não se guiam pelo numero ao invés do sobrenome?? Tão mais fácil...já estou há um ano trocando cartas e pacotes com a minha homónima D. Garcia.

- Meus vizinhos fofos. A tolerância por aqui funciona assim: barulho de obra? Isso é Bach para meus ouvidos. Podem demolir o prédio que ninguém reclama. Cachorro latindo? Oin que "mignon". Tardes de conversas e gargalhadas (de adultos), maravilha! Festas à noite com mulher de tacão até uma hora? Sem problema. Criança brincando na sacada? Oh que absurdo, chamem a policia. é barulho demais para os nossos ouvidos de velho. Depois sou eu a ruim, mas tem gente que ta só ocupando ar nesse mundo. *


*quando pela segunda vez o vizinho de cima mandou o Fabian ficar quieto, eu mandei-o tomar no cu. Acho que ele entendeu que tinha a ver com pescoço (cou), mas sempre ouvi dizer que o que vale mesmo é a intenção.




Bota a mão na cintura e se joga francesada!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Jeitinho

Isto é tudo culpa do jeitinho brasileiro bla bla bla


Se eu revirasse os olhos a cada vez que eu escuto "jeitinho brasileiro" eles já tinham torrado e caído como aqueles desenhos animados. O problema é quando se fala em jeitinho logo associamos à corrupção nossa de cada dia, mas não é só isso, no pais da gambiarra ele teve e tem contribuído para que as coisas evoluam. Ah e tal mas e nos países desenvolvidos as coisas funcionam, as pessoas são sérias e respeitam a lei... errr primeiro: verdade, funcionam, mas nem sempre da forma mais inteligente. Segundo...talvez. Depois que se mora em outro pais o que não falta são casos de "anarques", o pessoal que vive de golpes dos mais variados tipos. Mas voltando ao "tudo funciona", quem vê de longe enxerga só maravilhas, as linhas do trem que (quase) não atrasam, a segurança, os cartões postais. Mas não imagina que muitas vezes o sistema que sustenta tudo é sem rodeios: burro e limitado porque as pessoas por trás dele, são por sua vez...completem a frase. Ter desde cedo a noção de que devemos obedecer às regras é otimo até por ali, pois ao segui-las passivamente, se as coisas não derem certo, não faz mal, vamos continuar batendo com a cabeça na parede como aqueles bonecos de corda que encontram um obstáculo e não saem dali. Mas mudar é que não, mesmo que haja uma forma mais fácil, mais rápida e às vezes mais barata de fazer determinado trabalho. E é ai que o jeitinho entra. Temos inúmeros defeitos, mas não há como negar que o brasileiro é um povo extremamente criativo. E também podemos incluir nessa historia uma penca de latino americanos, os tais países emergentes. Porque o jeitinho nasce da necessidade, do improviso, e da falta de recursos economicos. Só agora me ocorre aquele caso de um cara no nordeste que inventou a lâmpada de garrafa pet, sua ideia ja percorreu o Brasil e inclusive outros países  pobres.
Aqui não se trata de uma noção de certo e errado, o jeitinho é muito mais complexo do que nossa falta de cidadania, o jeitinho nos moldou pela insistência e  nos ampara enquanto levamos a vida pela corda bamba, para o bem e para o mal.

No vestiário feminino (estourei minha cota de gif para 2016)

Entro no vestiário e quem é que vejo? Pois, ela de calcinha fio dental, a bunda feito duas bolas de handball durinhas sem nenhum sinal de celulite. As pernas musculosas fariam até o Roberto Carlos chorar de recalque, tudo isso em um metro e meio de altura. Ela gosta de ser o centro das atenções, sim, até eu que sou a maior das distraídas a notei enfiada em uma mini blusa e um short que mais parecia a parte debaixo do biquíni de uma norte americana. Anda sempre com uma sombra atrás: a amiga normalzinha que serve-lhe de pajem. Entro e vou atirando minhas coisas e espalhando pelo banco com a boa vontade característica de quem se submete a uma tortura. De repente baixo o volume dos fones. Estou ouvindo bem?



De longe, bem do fundo da memoria, alguma coisa me parecia familiar. Elas estão falando português? Tiro os fones com a desculpa de tirar o casaco e constato que o que parecia impossível aconteceu: três brasileiras em uma mesma academia, em um mesmo vestiário em Saint Raphael. 
Então? Falo oi e pergunto de onde elas são? 


Segundos de expectativa como se estivesse à espera de alguma deixa para começar um assunto. De repente me dou conta de que estou ouvindo a mais escabrosa das historias sobre a vida sexual e o relacionamento mal acabado da mulher de fio dental.


Olha, eu não sei que cara eu fazia, mas foi muito estranho ver duas pessoas conversando tão à vontade sobre coisas intimas crentes de que eu não pescaria nada. Todo o esforço inicial de qualquer interação morreu em mim faz muito tempo. Não tenho mais essa ânsia de dizer que também sou brasileira e puxar assunto com uma pessoa que nunca vi na vida. Fica a dica para as minhas compatriotas (que elas não irão ler, paciência) de não se pensarem indecifraveis, sendo que frequentemente franceses falam um pouco de espanhol. Hoje acho muito mais divertido dar corda e ver até onde vão as fofocas.

Falo?