Borá lá falar mal dos meus compatriotas (e talvez de mim porque não?). Tem uma coisa muito gozada que acontece com as pessoas que vão morar fora de seu país e isto pode ser chamado de uma doença que se apossa de quase todos que conheço ou não. E a isto se chama o mal de ser estrangeiro em seu próprio país, em sua cultura, e os sintomas são uma saudade imensa das coisas que nem gostava quando morava lá, mas que por mais ninguém fazer, sente-se na obrigação manter suas origens diante dos nativos. No entanto para a sua gente, o estrangeiro gosta de afirmar que sua vida é rosa, que tudo é melhor que no Brasil, as pessoas, os costumes, a educação, etc, etc. É uma necessidade engrandecer as razões que o fizeram partir e as coisas que o prendem por lá. No Brasil há violência, há corrupção, há malandragem. Há e concordo. Mas uma coisa que morar fora me proporcionou é a vantagem de saber que não somos os únicos. Que a democracia das bananas se estendem de Portugal até o pé dos Países Baixos e que apesar de todos os defeitos, temos um ótimo ensino superior público, temos um povo que acolhe como nenhum outro, e um senso de humor para com a vida, um optimismo que não se vê pelos rostos europeus. Morar fora dá uma certa responsabilidade para as pessoas, abre os olhos para além do que é dito pela imprensa daqui que só faz massacrar diariamente com notícias negativas para continuarmos desta forma. Inconformados e passivos, com vergonha de nosso povo.
Morar fora dá-nos a oportunidade de exercitarmos o auto conhecimento, de transformarmos o diferente em familiar e familiarizarmos com o diferente. Morar fora poderia nos transformar em uma espécie de antropólogos de plantão, questionando nossas crenças, desenferrujando o pensamento, mas ao mesmo tempo quem viveu fora sabe que não há volta a dar. Não há como viver e esquecer o que aconteceu, vestindo a velha roupa. Ela não nos serve mais. E sentimo-nos deslocados em nosso próprio país. Isto porque quem mora fora e daí no meu caso, teve de retornar, já não é mais um cidadão brasileiro, mas sim um cidadão do mundo. E por isto digo que estas pessoas tem maior responsabilidade, responsabilidade de enxergar além, de a cada comentário deslumbrado de um amigo, dizer um não é bem assim. Por mais que pareça esnobe. Temos a responsabilidade de dizer que a perfeição não está depois da fronteira. Está aqui para quem quiser ver. Uma perfeição imperfeita, com aquele jeitinho brasileiro de levar a vida.
Podes bem crer que é assim, nada como voces, brasileiros pa ver a vida sempre de outra perspectiva, o copo esta sempre meio cheio, nunca meio vazio!!!
ResponderExcluirMarina