Hoje o Fabian na banheira perguntou enquanto espichava e puxava o pirulim:
- Mamãe, o meu xixi não é pequeno. O meu xixi é grande.
- Não Fabian, teu xixi não é pequeno, só se comparar com o do papai por exemplo (lol). Mas ele vai crescer, não te preocupa.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Palmadinha pedagógica
Mário chegava em casa pontualmente às seis da tarde. Pegava quase sempre a Avenida Brasil lotada, muitas buzinas, senhoras e motoqueiros a costurarem entre os carros. Quando pisava no tapete de entrada do prédio de treze andares (porque será que terminava em um número ímpar?), limpava metodicamente os dois pés e enquanto o fazia, ia tirando a pequena chave para abrir a caixa de correspondência. Nada? Nada hoje, ainda bem. Estas eram as duas frases que trocava com o porteiro, um simpático velhinho que trabalhava ali desde sempre. Pisava no soalho de pedra com mosaicos e apertava no botão para o elevador. O prédio era antigo, ainda possuía aqueles de porta de madeira com uma janelinha que hipnotizavam quem estivesse dentro. Concreto-porta-concreto-porta passavam ritmicamente à frente de seus óculos. Chegava no andar e antes da porta fechar, fazia uma rápida corrida até o interruptor. Caramba, o prédio podia ser dos anos 60, mas bem que a tecnologia das luzes de presença poderiam ser implantadas. Falaria disto na próxima reunião de condomínio. Mas sabia que no fundo iria estar tão aborrecido para que terminasse que manteria o silêncio até o final.
Mário chegava na porta daquele que tinha sido seu primeiro e único pouso desde que casara. Teresa fazia o jantar como todas as tardes. Abria a porta e saudava-lhe cordialmente, mas ela não respondia. Ouvia sua voz em meio ao vapor de feijão na panela de pressão, ela dialogava com o apito da mesma talvez? E assim começava o seu inferno. Ele esquivava-se, Teresa provocava. Cada vez mais e mais. E mais alto. Tantas eram as reclamações, que por certo as buscava desde aquele olhar que dera para sua melhor amiga quando ainda não namoravam, até a sua inaptidão biológica para lhe dar filhos. Se perguntassem para qualquer pessoa sobre o Mário, todos diriam ser um homem de bem. Discreto, educado, bom coração. Gente fina, diria o Carlão da oficina ao lado. Sua estatura mediana, seus braços delicados, a calvície precoce e os óculos de grau em moldura antiquada completavam a imagem de pessoa mais inofensiva da face da Terra. Além de tudo Mário possuia uma coisa rara, um olhar sereno e uma voz calma de palestrante budista. Ninguém sabe porque ele se apaixonou por tal figura. Teresa era o seu oposto: mulher histérica de profissão, cabelo cor de fogo, seios que pulavam pelo decote de um vestido que ainda lhe marcava os quadris e a bunda empinada. Teresa era dona de uma bela pele clara e de sobrancelhas expressivas, mulher de faca na bota e batom vermelho nos lábios. Ora, ainda não sabiam o que ela vira nele, porque cobrava-o todos os dias atitude. Atitude!! - Gritava Teresa para os vizinhos do quarto e do sexto escutarem. Mário se encolhia sob o jornal, fingia que não era com ele mesmo quando ela passava provocadora o aspirador em cima dos seus sapatos. Ele aguentava tudo. Diziam que o que ela lhe fazia era bullying. Agora tem este nome não é? Mário aguentava camisas queimadas, meias trocadas, cuecas manchadas de seus vestidos rosa. Aguentava os 40 cm de cama que ela lhe deixava, a comida que ela fazia mal de propósito, até as suas giletes sem fio que ela usava para depilar-se. Mas nada disto satisfazia Teresa, mulher de crítica e voz insaciável, ele mesmo já sabia que tinha virado motivo de piada na rua.
Levantou-se, dobrou o jornal e foi para a mesa. Ela comia em silêncio, tentando ignorá-lo e fazendo força para não cuspir o feijão queimado que havia lhe posto à frente. Ele serviu-se, feijão, arroz e asa de frango. Cortava o couro fino do animal cuidadosamente, tão meticuloso que uma hora a mulher não aguentou. Levantou-se de sopetão e nos seus finos peep toes jogou o garfo e a faca ao chão com força. Mário estremeceu, vivia em constante angústia por causa daquela criatura. Porra Mário, não vê que isto está uma porcaria?! - Ela esbraveja entre palavras salivadas de feijão - Toma uma atitude!!
Mário olhou-a com os olhos marejados, tinha a impressão que os lábios balbuciaram algo sem que o cérebro tomasse conhecimento. Limpou os dedos de gordura de galinha. Chegou perto da mulher que arfava o peito, em um sutiã de renda, ainda mirou uma vez os olhos em chama de Teresa e a esbofeteou. E surpresa ela sequer revidou, ficou em estado de choque, escandalizada com a audácia do marido. Mário tinha o corpo todo em formigamento e as mãos habitualmente geladas, inquietas. Abriu o cinto e tirou-o em um só gesto, pôs a mulher de costas para ele, apoiada à mesa e lhe deu umas boas cintadas naquela bunda. Ela gemia. Não soube se de prazer ou dor ou isto tudo. O certo é que nunca mais lhe dissera nada. A comida voltou a ser tragável, suas meias direitas nas gavetas, suas cuecas foram substituídas. Mas de vez em quando Teresa ameaçava soltar a fera dentro de si e invariavelmente Mário soltava o cinto e ela gemia. Gemia na mesa e na cama ficava quieta e nunca, mas nunca mais lhe cobrara qualquer tipo de atitude.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Até nas coisas mais banais para mim é tudo ou nunca mais
Parafrasendo Cazuza, com o seu Exagerado, tenho a consciência de que este é um defeito que me faz não me dar muito bem na vida. Sou radical em algumas coisas, principalmente no que toca a relações. Tenho dificuldade de pesar bem o passo que vou dar porque não obstante ser uma pessoa que "engole" sapos, sou daquelas que quando fala, bota os pés pelas mãos e na maioria das vezes já está tão irritada e saturada de guardar, que explode. Pum! Aqui dizem que é como por merda no ventilador, é mais ou menos esta a imagem da coisa.
Já desfiz amizades por causa desta minha mania, depois fiquei meses (ou anos) magoada com tal situação, até que quando a recordei novamente não mexeu mais comigo, não me pôs a falar sozinha e resmungar. Passou. E muitas vezes voltamos às boas como se nada tivesse acontecido, é quase uma forma equizofrênica de se relacionar. Foi assim quando andei às turras com os meus enteados por causa da tal casa que o meu marido lhes deixou e imaginávamos que eles tinham doado a sua metade à mãe. A minha reação de criança frustrada lhes excluiu do facebook, como se assim os pusesse ao longe da minha vida. Depois voltei atrás, já mais calma e centrada, expliquei-lhes que andava sem cabeça para muita coisa e com o sangue muito quente, etc. Agora fiquei sabendo que o meu enteado que está fazendo doutorado em Coimbra há dois meses, voltou este mês para o Brasil, mais precisamente ontem para ficar com a família e dar força pela morte do padrastro. O detalhe é que não incluiu-me na visualização do recado que ao que parece foi para todos (fiquei sabendo pela minha mãe). A primeira reação depois de ponderar ele ter lido o blog até a suspeita de estar chateado comigo porque desde a despedida do Fernando não dou-lhe like (bola), foi impedir a visualização das minhas coisas daqui para frente. E também passou por um email indignado ao marido já cancelando convite para passar o Natal conosco. Depois parei, pensei, repensei. Já havia tomado a decisão de não puxar mais assunto com nenhum dos dois, nem virtualmente nem por telefone e muito menos ao vivo. Cansei de ser sempre eu (nós) que procurávamos, portanto vou deixar como está e continuar em stand by. Já sei o que me acontece quando fervo em pouca água, às vezes é preciso baixar o fogo e esperar as coisas arrefecerem.
O fofocabook
Aquilo é viciante. Não vejo outro propósito quando 95% das pessoas (estatística meramente especulativa) utilizam aquilo para saber da vida dos outros. É! Por trás das mensagens voucher de psicologia no estilo faça você mesmo, que até acredito terem mensagens subliminares, é o que as pessoas querem. O que! A fulana de férias de novo? Viajou para onde? O outro de carro novo? A outra comprou uma loja? Aqueles dois se separaram?
Acho que não há como ficar indiferente quando a fofoca salta diante de nós, tal qual pipoca estalando em nossos ouvidos , perdão, olhos. Olha quem emagreceu, quem engordou, quem anda comendo quem, quem tá grávida. Repara que é como uma revista Caras, mas com gente como a gente. Gente que a Caras nem ia precisar pagar um paparazzi para fotografar, elas mesmas fazem o serviço. Teremos sorte se não forem aquelas fotos no espelho, fazendo bico de pato com os lábios.
E digo isto porque? Hoje peguei uma conversa da minha mãe pelo telefone a fazer fofoca com o que a fulana fez o deixou de postar na rede social, lendo os recados para a amiga no outro lado da linha. Reparem que a minha mãe era daquele tipo que dizia não perder tempo "com estas coisas", agora entra todos os dias e fica pelo menos uma hora no facebook. Está provado empiricamente, aquilo é altamente viciante. Não se surpreendam quando qualquer dia abrirem a página inicial e virem uma mensagem do ministério da saúde adverte: ficar no fofocabook por mais de duas horas por dia engorda o olho e pode ocasionar danos permanentes.
Consulado
Já disse que odeio ir a consulados? Pois odeio muito. Não sei o que acontece com os funcionários, parece que os neurônios andam baralhados com tanto poder que dá um carimbo. É ver as pessoas suplicantes e sorridentes com ar de "quebra meu galho moço" e pronto. Tá feita a festa do funcionário querido, fofo, que diz: mas e trouxe os papéis a? E o b? E o z? Ah mas este comprovante de endereço não é de conta de água, luz ou telefone. Sim, mas está no meu nome...é que agora estou morando com a minha mãe. Hum...podia ser um com o nome da tua mãe e com uma declaração dela atestando que vivem juntas. (...) Grande reticências e um sorriso enorme, com cara de candidata a Miss. Per favor mulher, resolve lá o meu problema e não cria caso!!!! Ah, ela me olha novamente, ele já está cadastrado no consulado? Ahn...não. Porra, como podia me esquecer daquela porcaria de carteirinha que não serve para nada e temos de renovar daqui a três anos? Ah, toma mais 25 reais para aquela joça! E já agora, duas fotos 3x4. Sorte minha que saquei da bolsa. Quase, mas quase escutei um ar de enfado da mulher ao perceber que tinha mesmo de fazer o passaporte hoje.
Nisto o anjo do Fabian anda em rodopios, pula, deita embaixo das mesas, às vezes entusiasma-se e grita. A mãe vai dando uma de amestradora e lhe dá balas quando fica 30 segundos sentado. Depois de uma hora a ver a tal funcionária a olhar para o computador e olhar novamente e dar uma volta e voltar a olhar para o computador, estava entrando em parafuso. Dizem que podemos meditar em qualquer lugar não? Meu mantra era: resolve logo esta merda. resolve logo esta merda. resolve logo esta merda. E sorriso de Miss já tinha se transformado em uma grande tromba de mãe desesperada e sem balas.
Até que pronto, vamos lá à maquina tirar a foto. Mas não pode sorrir, hein?! Que nada, sorriu quando a luz se acendia, depois coçou a cabeça, depois o nariz. E a cada tentativa o sistema demorava quase um minuto. O pior foi mesmo tirar as digitais, ou como dissemos-lhe: a foto dos dedos do Fabian. Não sei porque mas o indicador esquerdo não saía de jeito nenhum. Ficou só com o direito, paciência. Foto tirada, dedo impresso e confere os dados. Parece estar tudo bem. Oh, mas coloquei a altura de 60 cm. Ora, ele está com um metro, é só arrumar. Não dá...só se fizermos tudo de novo. Ahhhhh!!!! Voz calminha: achas que isto passa? Sim. Então deixa como está. Agora era só ir até o banco, pegar dinheiro para a carteirinha (só tinha tirado para o passaporte), voltar e pegar o comprovante. Isto tudo em uma chuva torrencial. (...) Grande reticências para não dizer outra coisa.
Sou uma fresca
Tenho nojo de bichos rastejantes, minhocas, larvas e por aí. A mãe é neurótica por produtos e frutas orgânicos. Nada entra aqui se não tiver o selo "o", inclusive a massa de tomate. Pois acontece que vou lavar a louça e encontro larvas. Vou descascar maçã para o Fabian e mais larvas. Deus me livre mas prefiro meu bom agrotóxico do que estes bichos nojentos. É que são larvas de mosca também! Eca!!! Ao menos os vendedores podiam ter o cuidado e lavar antes, mas não. Fruta e verdura que se prezem tem de ter...larvas. É o selo biológico da coisa.
terça-feira, 28 de maio de 2013
O que se passa?
Na cabeça de alguns homens que vestem-se com calças justas, sapatos em bico e blusas coladas? Não faz o mínimo sentido. Bahhh!
Aqui.
Aqui.
Ai minha Santa Ifigênia
Por favor faça o Fabian se portar bem amanhã. E faça o cônsul estar de bom humor! Temos de renovar o passaporte português. Não quero escândalos para tirar foto, nem correrias na sala de espera. Será pedir demais?
segunda-feira, 27 de maio de 2013
A tentativa
Graças à Carla descobri um conjunto de dvds, o insanity workout e ontem coloquei o primeiro. Aquilo tem uma sequência, parece que temos de fazer um teste de resistência e anotar quantas vezes conseguimos fazer tal exercício sem ter uma parada cardíaca. Entusiasmei-me de imediato quando o bontião sarado falou que se fizermos tudo direitinho em dois meses temos o corpo que teríamos com um ano de academia. Isto mesmo, eu ainda acredito quando me falam em milagres! Pois mas o que precisamos para ficar gostosas, vender a alma? Ao que parece mesmo nada. Podemos treinar em casa e sem pesos. Pois para mim é aí que começa o problema, onde posso cometer tal loucura? Se pulo no quarto ainda pensam que estou com planos de fazer cair a casa e se pulo na sala tem de ser quando meu padrasto não estiver a olhar o campeonato de dardos. Ontem aproveitei que a família saiu e pensei que era um ótimo dia para começar. Apertei o play e de tão motivada nem me liguei em pegar papel e caneta para anotar o meu desempenho. Ah, pensei, se até um velhote consegue porque não eu que ando nisto há quase três meses? É. Eu aguentei treze minutos (a prova é de meia hora). E para superar meu record vou ter de suportar a tal mulher cara de sadô-masô que faz 400 abdominais com os pés nas costas e sorrindo! Hoje foi dia de treino na academia, to completamente sem condições para repetir a loucura, mas amanhã tento de novo. Aqui na balança já estou com 72.500, ia ser tãooo bom enxugar 10 quilos!
Cavalo dado não se olha os dentes
Faz uns dois meses que tudo que escrevo aparece sublinhado affff...Desde quando veio do conserto, o meu pc está com o windows em inglês e não há jeito de por para português. Não há. Já tentei pelo modo fácil de atualização automática e assim incorporar na lista de idiomas, já tentei baixar o português e colocar por DOS, mas não dá. É por isto que vou dando uns errinhos aqui, uns ali. Sempre que vejo a burrice, ando logo a corrigir, mas que é um saco é! Como meu amigo não cobrou nada para arrumar não posso nem me queixar, não é verdade?
sábado, 25 de maio de 2013
Tenho de parar com esta mania
Eu sei, já disse muitas vezes aqui para mim: não andes a cuscar nos blogs alheios, não procura saber o que eles pensam sobre brasileiros(as). Isto é só decepção. Ainda hoje vi um que era todo light, mimoso, de artesanato (coisa que até nem gosto muito, nem os de moda), e pronto, já não volto mais. Pergunto-me, se não será melhor permanecer na ignorância de achar que todo mundo é assim bonzinho na vida virtual.
Fico com pena
Tenho pena dos vestidos de gala que custam milhares de notas, brilham uma noite e depois ficam encerrados em closets. Os que não vão à leilão ficam mesmo inutilizados a amargar anos em pó, cristalizados em alguma fotografia, pois que a mídia e as mulheres do povo caem em cima com fúria, se a beldade veste-os novamente. E é assim qual perda da virgindade, um pedaço de pano assinado tem as suas horas de fama, horas contadas, e depois de usado nunca mais volta a ser o mesmo. É ultrapassado, é indigno, é demodé. Tenho pena...
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Para morrer basta estar vivo
Há um costume tácito de que quando alguém morre de repente vira santo, não se pode mais falar mal e só se deve lembrar das coisas boas. Hoje o Fernando contou-me que o atual marido da ex dele morreu. Apesar de ser um pintor talentoso eu nunca fui com a cara dele, e não é por isto que vou sentir pena e dizer que foi um ótimo sujeito. Se a morte dele despertou-me algo, foi para eu sair desta letargia de que posso esperar sentada enquanto o marido trabalha. Não, eu sei que tenho de estudar para conseguir um emprego melhor e olha bem até lá, não me importo de trabalhar em sub emprego. Não quero é jamais ficar na situação da ex dele, que largou um emprego concursado e foi ser dona de casa. Não há nada de mal nisto se o marido tiver posses e deixar alguma herança para gastar até o fim de sua vida. Mas não foi o caso e tirando a hipótese de ganhar no Euromilhões, também não será o meu. Tenho antipatia pela ex mulher dele até hoje, por motivos que não vem agora ao caso, mas hoje vi-me refletida na sua situação e não gostei. Não é isto que quero para mim daqui uns anos... Vamos lá Bonitinha, bora se mexer!
Ah Edith, duvido!!
Não te arrependes nem destas sobrancelhas? Para cima de mim não hein! |
Acho engraçado a cada vez que escuto o trecho "Non rien de rien, non je ne regrette rien", lembro das pessoas que dizem que não se arrependem de nada. Sério? Nadica de nada? Pois eu arrependo-me de um monte de coisas... Não de todos os erros, mas de alguns particularmente e daria tanto jeito se para a próxima reencarnação tivesse um caderninho do que não fazer...
A notícia tão esperada
Yes, Yes!!!! O marido vai começar a trabalhar na segunda feira!!! Faz um tempo que sabemos, mas combinamos não contar a ninguém até que as coisas estivessem encaminhadas, mas agora algumas pessoas mais chegadas já sabem e chegou a hora de falar aqui no cantinho. Tudo corre bem quando tem que correr, não é por nenhum olho gordo urubuzar que isto vai dar para o torto. Aliás isto disse ontem para a minha vó quando ela aconselhou que era muito cedo a nossa expetativa de reencontro. Queremos estar juntos lá para o meio de agosto, se Deus quiser, mas ela perguntou porque não esperava até o fim do ano. Cruzes, nem pensar!!! Já vamos ficar cinco meses e meio sem nos vermos, bem capaz esperar mais tempo! Não vou esperar nada se ajeitar mais, chega, cansei de esperar! Isto de achar que estamos seguros não me incomoda mais, já vi que a segurança em qualquer lugar é ilusória e se vou esperar que os astros se realinhem para ir, fico aqui para sempre. Vou na cara e na (falta de) coragem mais uma vez. Vou com medo mesmo, medo de não saber falar nada (que não sei), de não ter amigos (que não tenho), etc, etc. Mas vou de novo. Se quebrar a cara, ora paciência, ao menos estamos os três juntos e uma solução há de vir. Vou com medo e com muita esperança nas quatro malas que tenho direito.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Carregas o mundo nas costas. Um mundo de papelão, de lixo, de nada. Mas o que é nada para os outros pesa para ti. Andas cansado, passas o dia a empurrar tua carroça. Andas debaixo de chuva e sol, despertas ora indiferença ora falta de paciência, mas segues. Para onde vais? Tens casa para voltar? Tens alguém que te espera com um café quente sob a mesa? Quem mais fala contigo além do ronco de teu estômago? Não segues só, tens um amigo de quatro patas igualmente magro e triste como tu.
A festa da lanterna
No meio de junho o Fabian tem uma festa na escolinha e eu tenho uma lanterna para confeccionar. Já tenho um modelo aqui na cabeça, não sei é se vou conseguir dar-lhe vida.
Candidata muito articulada
O pior é que isto é sério! Aff ninguém merece!
"Eu acho que tudo vai ter seu dia e seu lugar na hora certa!" lol
quarta-feira, 22 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
Já estive do outro lado
Sei como é complicado morar na casa dos outros, é chato, andamos pisando em ovos, temos de respeitar as regras dos donos and so on, and so on. E muito do cuidado que tenho hoje é derivado de antes ter sido eu quem cedi a casa para outra pessoa.
O ex marido da minha tia ficou desempregado e quando a notícia caiu nos meus ouvidos, eu e o marido nos olhamos e achamos que podíamos ceder o quarto de hóspedes que naquela época servia apenas para as minhas roupas e a minha esteira. Era um bom espaço, tinha cama de solteiro, televisão, tratei de arrumar lugar para que pusesse suas coisas e perguntamos a ele. O S. ficou quase meio ano morando conosco, mas a convivência foi complicada. Todos os dias deixava o espelho do banheiro completamente respingado de pasta de dente e água. Tomava banho de 20 minutos. Sério, que tive de contar porque era um absurdo sempre que voltava do treino (fazia triatlo amador), o banho não acabava mais. Neste tempo que lá ficou o S. nunca contribuiu com nada, nunca lavou uma louça, passou um aspirador, e claro muito menos ajudou a pagar uma conta que fosse. Obviamente nós não cobrávamos nada, entedíamos que estava passando por uma situação difícil, não só econômica como psicológica. Porém ao mesmo tempo que o S. não tinha dinheiro para dividir as despesas, viajou duas vezes para a Alemanha e outro país que não lembro a fim de participar de competições. O S. também ia a aniversários e levava presente. O S. começou a trabalhar quatro meses depois e continuou a não contribuir com nada. Tivemos algum stress porque eu estava em plena adaptação àquele país e ele por sua vez era todo elogios aos seus amigos portugueses. Não sei porque na época não lhe perguntei quantos destes amigos haviam lhe oferecido a casa quando contou que perdeu o emprego. Pois bem que foi difícil, ter uma pessoa semi-estranha em casa e que não tinha lá grande noção de bom senso. Agora a melhor parte é que quando o marido ficou desempregado e eu voltei para o Brasil, ao saber que ele não tinha onde ficar quando o tempo de aluguel terminasse, jogou com um: tenho um quarto a mais, mas é muito pequeno. E não, nem sequer perguntou se mesmo pequeno o marido não queria ocupar por um mês. O mundo dá muitas e muitas voltas, é verdade. O problema é que as pessoas insistem em ficar paradas, até que um dia puft. Caem. S. um recado para ti: o mundo gira. E nós estamos subindo. Fica a dica.
Olhar o mundo pelo umbigo
Tenho reparado muitas vezes por mim que quanto mais se implica (ou torna-se obcessivo) com uma coisa, mais ela aparece diante de nossos olhos. Na minha opinião a realidade não muda, o que muda é a forma como olhamos para ela. Lembro de olhar nos fóruns de infertilidade e ler continuamente a mesma reclamação de que parece que o mundo está grávido. Eu mesma tinha vezes que chegava a contar cinco grávidas e achava que só eu não conseguia. A julgar pelas notícias, a população está envelhecendo (pasmem mas a do Brasil também), ora algo está errado, se as pesquisas apontam para o lado totalmente oposto porque na minha perceção a realidade tem outra cara?
Um dos fatores que me indispus com a minha cunhada foi o fato de constantemente andar a falar mal dos brasileiros. Olhem bem que admito que não somos um povo particularmente preocupado com a cidadania e admito que há por aí muitos mais que prezam a boa educação. Mas só ver coisas negativas o tempo todo? Porque nunca fala das nossas universidades, dos nossos profissionais, dos nossos escritores, dos nossos músicos? Enfim, só para variar. Até parece que os americanos são um povo assim tudo de bom, que não tem uma alienação geográfica crônica, que são os tipos mais saudáveis, os que acham naturalíssimo uma criança de seis anos portar armas e que se dá na telha brincam de tiro ao alvo nos cinemas e escolas. Ah e para não dizer dos processos mais descabidos que existem, só agora lembro daqueles gordos a culparem o Mc Donalds pela sua obesidade. Dã!
Sabe porque? É que brasileiro trabalhador, honesto, que é educado e não joga lixo no chão não vende notícia. E claro que aí é um pouco de culpa da mídia fazer-nos acreditar que a maioria é assim. O que chama atenção: alguém que vive sem perturbar a ordem ou alguém que fez um escândalo em um avião e foi expulso por mau comportamento? Agora também é da inteligência da pessoa acreditar que todos são uns mau educados e estúpidos, inclusive ela.
A maneira como vemos as coisas vai ditar a realidade que enxergamos, é uma constante, um ciclo. Vejo os brasileiros desta forma, logo valorizo tudo o que confirma as minhas crenças, logo estou correta sobre meu julgamento sobre os brasileiros. E isto é só um exemplo dos muitos que existem sobre extremismos, estereótipos e bitoladas visões de mundo. As pessoas tem a tendência a acreditarem que determinado fato que observam faz parte de uma realidade imutável, concreta. O problema das pessoas, e nisto me incluo, é achar que existe uma realidade concreta. E até existe. Água, céu, mar. Mas a realidade subjetiva abarca tudo e depende dos valores e da experiência de vida de cada um. Esta é aberta a interpretações, daí o meu lema de não haver certo ou errado e sim sentimentos. Para a minha cunhada os brasileiros são realmente as criaturas mais egoístas e hipócritas da face da terra. Para uma infértil não importa o que as pesquisas digam, o mundo está realmente grávido. Para um extremista político a ditadura foi mesmo boa, etc, etc. É compreensível, é humano ver as coisas como se fossem prontas em caixotes. Mas de vez em quando faz bem tirar os olhos do umbigo e perceber a vida com outros olhos...quando saímos de nossa zona de conforto, crescemos.
A ditadura da alface
Sou uma pessoa muito chegada na picanha, afinal sou da terra que nasceu o churrasco, começaria mal se fosse o contrário. Acho que todos temos direito de escolha, sem exceção, e claro que isto inclui os filhos. Talvez por ter tido uma mãe que resolveu que repentinamente iríamos frequentar um restaurante macrobiótico, que me faça alergias quando vejo pais vegetarianos a envergarem a ditadura da alface. Enquanto estão em uma redoma zelados pelos hábitos alimentares paternos tudo bem, afinal o que a língua não prova, o estômago não sente. Mas e depois que vão para a escola e começam a conviver com outras comidas, doces, carnes, frituras e afins? E o pior é que é difícil criança que não goste de bobagens, de batata frita, de bife à milanesa, de bolo de chocolate. Acho errado proibir, saber dosar sim parece-me menos traumatizante. Gostei muito da decisão de uma conhecida que ao tornar-se vegetariana, fez disto uma escolha própria e não quis arrastar junto toda a família. Clap clap calp! O respeito às preferências deve partir de todos os lados, tanto dos vegetarianos quanto dos carnívoros. É por isto que não consigo admitir pais vegetarianos que impõe uma dieta destas para os seus filhos. E sim, caso um dia o Fabian queira seguir por este caminho, darei força, mas ele já sabe que o negócio da mãe dele é e sempre será um bom churrasco.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Coisas que fazem meu lado mauzinho despertar
Vai ser original assim lá |
Pessoas que fazem sinais com as mãos para tirar fotos. Corações grrr.... Sinal com o polegar para cima...sinal símbolo do heavy metal, sinal de "v" da vitória...grrrrrr.... Dá vontade de lhes fazer um sinal, aquele do dedo médio para cima.
À propósito de gestos, gostei muito deste post sobre a interpretação gestual em várias culturas. Quem viaja muito sabe que mímica é o "idioma" mais falado do mundo pelos turistas.
Se...se...se...
Se tem uma coisa que me irrita é esta minha mania de querer adiantar o tempo, de sofrer antecipadamente com uma coisa que pode mudar ao final da esquina. Mas não adianta, posso tentar me controlar, não dar tanto tempo para remoar pensamentos, porém quando vejo já estou imaginando as minhas reações a isto ou aquilo. Lembro de quando morava em Portugal que vivia tecendo planos de comprar o apartamento em que vivíamos, de fazer uma bela reforma naqueles azulejos horrorosos, trocar os armários da cozinha, pintar o quarto, etc. Imaginava em quantos anos poderia juntar o dinheiro para a entrada e já sofria porque a idade do marido provavelmente impossibilitaria a realização deste sonho. Hoje fico nervosa com o tempo a passar e a calcular quantos meses mais tenho de ficar aqui, em quanto tempo seria possível ele juntar dinheiro para a nossa passagem, quanto seria necessário para mobiliar o apartamento, em que mês seria melhor para inscrever o Fabian em uma creche, etc, etc. Seria tão bom se conseguisse ser menos ansiosa...é porque quanto mais me preocupo, parece que mais os objetivos escapam. Às vezes penso que sou como o burro com a cenoura... E segundo sei não sou a única, recordo-me em uma aula na faculdade andarmos a rir porque no século 19 a maior preocupação das pessoas eram o que iam fazer com a quantidade de cocôs de cavalo nas grandes cidades. Imaginavam engenhocas para recolhê-lo, com base na conclusão óbvia de que quanto mais as cidades cresciam, se tornava ainda mais necessário carroças para o deslocamento, portanto, mais animais haveriam para cagarem nas ruas. As autoridades andavam em desespero em busca de soluções práticas para evitar este descalabro. Só não contavam que logo ao virar do século inventaram o carro.
Antes tarde...
E após quinze dias tenho a minha declaração validada! Francamente, já estava crente que só ia receber no fim de setembro. Espero que agora vá!
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Diz-me com que sonhas e te direi quem és
Eu não sonho em ficar rica. Ganhar o Euromilhões ou coisa que o valha. Não sonho com Ferraris, nem Lamborghinis. Tampouco com lanchas e jatinhos. Não sonho com mansões no Lago Cuomo, nem com Picasso na parede. Não queria ser uma milionária excêntrica que gasta 15 mil em uma madrugada na boate, nem 5 mil em um chaveiro da Armani. Não, meus sonhos são pé no chão. São um apartamento bom de três quartos, onde em um deles pudesse realizar o sonho da minha mini academia. É um carro 2006 quitado, é uma ou duas viagens por ano em algum lugar que não conheça. É viver despreocupadamente com a certeza de que não estaria desamparada na velhice, de que o marido tivesse uma boa aposentadoria. Se possível que eu pudesse ser dona de casa, mas caso contrário, que me possibilitasse voltar a estudar para exercer a profissão que quero. No entanto sei que o essencial já possuímos, e pergunto-me então até que ponto preciso ter ou fazer tal coisa. Até que parcela isto serve para eu ser feliz e até quando é para mostrar que sou realizada. De onde vem esta necessidade de transparecer que estamos bem, que a nossa grama é mais verde, que a nossa família é sorriso colgate? Ainda são perguntas e sonhos não resolvidos, não respondidos. E há ainda outro sonho: o de não mais ser preciso nos separarmos. Talvez meu sonho maior seja ter segurança e isto diz muito sobre mim.
Etiqueta blogosférica
Só eu que acho estranho o comportamento de algumas pessoas na vida virtual? Andam nos blogs dos outros, principalmente os de "maior audiência" escrevendo coisas do tipo: gostei do seu blog. Segue-me que a/o sigo também. Boa? Parecem crianças a trocar figurinhas. Se não me segues não sou mais teu amigo.
Se forem bons, sei lá se tiverem uma imagem de perfil curiosa, um nome interessante, escusam de colocarem o nome em extenso na assinatura. Qualquer um sabe que se clicar no link do perfil, consegue a url do blog. É que isto às vezes parece-me os políticos a pedirem votos e já agora os amigos do facebook a pedirem likes para concursos que nem ao menos sabem se são sérios.
O meu blog é uma casinha pequena (e na maioria das vezes penso ainda bem!), leio, comento quando me dá vontade, não para fazer o chek in obrigatório para receber feedbak no meu blog. Nossa que tanto estrngeirismo, to muito chic hoje! Haha!
Tem gente que sigo que nem sabe que existo porque não comento nem me preocupo com isto. Tem gente que me segue e eu não sigo, não sei bem porque. Tem gente que gosto de ler para refletir, tem gente que gosto para rir, tem gente que leio para implicar aqui com meus botões, mas é isto. Deve ser porque até na blogosfera gosto de ser assim, na minha. Nem faz tanto tempo que descobri que o registro das visualizações não eram apenas as que eu mesma fazia quando relia o que tinha escrito. Mas voltando ao comportamento das pessoas, nem sei porque me admiro, isto é visível em tantas situações, o anonimato só o torna mais evidente.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Mães, não é por nada, mas...
Olhem só, é bonitinho falar da idade do filho em meses até um ano...no máximo dois. Agora não me venham dizer que os vossos bebês de 216 meses tiraram a carteira de motorista. Ok?!!!
O tempo (não) pára
O que o fulano vai ser pai? O outro vai ser pai do segundo filho? Li bem isto? Sim, do segundo. O outro casou, o outro noivou. É assim minha cara de espanto quando vejo que meus ex-colegas da escola estão envelhecendo (tal como eu). As meninas já acho mais natural, embora a maioria não tenha filho nem marido. Parece-me um fato que as mulheres amadurecem mais cedo, no entanto quando vejo que algum dos rapazes anuncia que a cegonha lhe visitou a casa, fico com a pulga atrás da orelha. É como se o tempo tivesse congelado, só consigo imaginá-los naqueles uniformes sujos de poeira e suados a jogar futebol no recreio. Não me parece que o menino que ainda ontem jogava vídeo game esteja preparado para avançar de fase. Deve ser o mesmo que acontece quando pessoas mais velhas se admiram em como crescemos, nos formamos e nos tornamos mulheres. Mas apesar de admirarem-se com a evidência, continuam a nos por uma fôrma de criança ou adolescentes, conforme o período em que ficamos congelados. A minha madrinha é assim, até hoje sonha comigo apenas com nove anos de idade. E apesar de saber que casei e tenho filho, ainda me olha de maneira maternal (o que diga-se de passagem tem um lado bom).
Tenho reparado que uma imagem mental é difícil de se refazer. Quantas e quantas vezes nos sentimos frustrados porque mudamos certas atitudes e não obtemos reconhecimento? As pessoas já estão com o olhar viciado de nossa personalidade. Está cristalizada a crença de que ninguém muda. As pessoas são assim e pronto. É por isto que temos de nos acostumar a não esperar que tenham o clic, há pessoas que já se acostumaram à escuridão do pensamento e qualquer mudança ao invés de as fazerem enxergar melhor, as cega completamente.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
E um pouquinho de sorte não vai?
Submeti minha declaração de IRS no dia 4 de maio e hoje, dia 15 ainda se encontra aguardando validação central. Ora isto não me parece nem um pouco normal. Lembro-me de em todos os anos que o fiz, esta situação mudava em no máximo dois dias. É um dinheirinho que viria em ótima hora, claro. Sempre é uma boa hora para dinheiro! Só estou com medo que tenha acontecido qualquer coisa e eu aqui longe e o marido também sem ter como resolver. Com vocês foi tão demorado assim?
Esta mania de bigode
Não entendo nem porque entrou na moda esta história de bigode. Tem alguma mulher que goste de homem de bigode? Sinceramente as que conheço torcem o nariz. Ah mas um bigode no pescoço já é fofo. Jura? Um bigode na caneca branca, um bigode estampado na camiseta, um bigode de papel para adornar o lápis. Deu, chega! Já enjoou. Qual vai ser a próxima moda? A das carecas? Eu aqui aposto nas perucas. Sempre!
Coisas que eu não gosto
Sempre foi um fato que a escolha da escola do Fabian não passou de uma imposição da minha mãe. É uma escola que cobra o dobro da mensalidade das outras, é longe, e em virtude de ser o dobro ele só pode ficar meio turno. As possibilidades de horários são: no turno da manhã das 7:30 até o meio dia; turno da tarde da uma até as seis e semi-integral das 9 até as 16:30. Eu entendo que a escola tenha uma proposta diferente em que prioriza o tempo que a criança passa com a família, que dá muito valor ao pátio, às brincadeiras livres ao invés da sala e dos trabalhinhos. Não me incomoda que meu filho aos dois anos não saiba contar até dez, nem que não saiba o nome de todos os bichos, tais como o ouriço e o peixe palhaço. Nem que venha com um cômoro de areia em cada sapato e as roupas sujas de terra e grama. O que me incomoda é que eles não estabelecem um horário para o sono, o qual ainda acho que é muito importante para a idade dele. O Fabian necessita dormir uma hora que seja à tarde, se não consegue fica agitado, agressivo e às sete da noite não se aguenta em pé. No período que fiz a adaptação dele me incomodava de ver as mulheres carregarem as crianças menores que ele e só as levarem quando estavam a dar para o lado. Não existe aquela coisa de todos almoçarem, escovarem os dentes, trocarem fraldas e depois todo mundo deitado para descansar. Eles acham que "respeitam" o sono e o ritmo da criança, mas o que acontece é que tendo o pátio e as brincadeiras, tudo que os pequenos querem é aguentarem ao máximo e alguns até nem sequer dormem porque as outras crianças estão na rua. Quando se rendem tanto pode ser às 14, às 15 ou às 16 horas da tarde. Não há rotina do sono e com o Fabian é ainda pior, pois ele tem mais resistência que um bebê de um ano, ainda que não tenha a de uma criança de quatro que já não tem necessidade de sestear.
Outra coisa que me incomoda são os lanches naturais. Um dia ele não comeu nada, só tomou suco porque o lanche foi uma tigela de arroz integral com brócolis. Não gosto de radicalismo alimentício, principalmente porque isto me faz lembrar tão bem da minha infância. Quando tínhamos nossa casa, comprávamos os legumes e frutas na feira biológica, mas também comíamos carnes branca e vermelha e iogurtes com açúcar. Não vejo qualquer problema nisto, é uma opção de vida. Não consigo sequer pensar em ser uma natureba ecolouca destas.
Irrita-me e esta é umas das coisas que estamos com problemas em gerir porque tem me sido muito duro aceitar estas intromissões da mãe na minha vida. Cansa porque para convivermos sempre tem de ser eu a ceder e sei que não faço de boa vontade, fico remoendo e guardando muita mágoa por ela não respeitar nenhuma decisão que tome. Por enquanto o Fabian tem dormido depois do almoço e depois o levamos na escola, mas agora ela determinou que a partir de amanhã levará à uma hora e ele que durma lá se lhe der vontade. Já discutimos, mas o problema é que vitimiza-se, acha que eu sou dura por simplesmente exercer um direito meu que é estabelecer regras para o meu filho. Tem horas que eu já nem sei o que fazer, nem como agir, se fico batendo murro em ponta de fca ou se cedo para não me incomodar. A minha mãe é a pedra mais dolorida que já tive no sapato e não vejo a hora de expulsar esta pedra de vez.
terça-feira, 14 de maio de 2013
Faz um ano
Bem na verdade mais precisamente um ano e dois dias que a nossa jornada começou. Há um ano o marido parou de trabalhar, veio a notícia vinte dias antes de que havia perdido o emprego. Gana de vingança à parte, sempre acreditei que as coisas pelas quais passamos pertencem a nós e mais ninguém: nós somos os responsáveis pelo nosso des(a)tino. Neste período quebrei, tomei muitas decisões que hoje sabendo tudo o que sei não teria tomado. Neste período minha vida parou, como se estivesse mera espetadora, a vi passar, me vi a pegar o avião de volta ao Brasil, justamente na mesma situação que sempre temi. Voltar com quase uma mão na frente e outra atrás com as malas e o Fabian. E apesar de muito difícil engolir o orgulho e passar de acampamento nas casas das sogras em um vem e vai ao sabor das tempestades, aprendi algumas coisas que se tivesse paciência talvez desse um livro. Já agora, infelizmente existe um livro chamado "Um ano na merda", teria que pensar em outro título.
Neste tempo aprendi que por mais sólida que a nossa situação pareça, ela pode mudar a qualquer momento. Não adianta casa, carro, faculdade, sem dinheiro tudo cai por terra. E nunca poderemos imaginar o quanto nosso mundo é frágil a não ser que se passe por uma situação brusca deste gênero.
Aprendi que os amigos que ficam são poucos e os que podemos contar são menos ainda. Aprendi principalmente que no fim nem com estes, que a vida deixa-nos só, à beira da loucura. A vida nos testa até o limite e teve horas que cheguei quase a dar uma bofetada em alguém e ao mesmo tempo senti-me solidária com os psicopatas americanos. No fim sabemos que só podemos contar conosco e com quem sempre esteve ao nosso lado, e se não fosse o marido acho que tinha ido ao fundo do poço.
Aprendi a calar (mais ainda), a não interferir na vida dos outros pois sei o quanto é difícil estar sempre a ouvir que devemos isto ou aquilo. Incrivelmente sempre sabem o que fazer no nosso lugar e é sempre tudo tão fácil, não é mesmo?
Aprendi a valorizar um teto, mesmo que alugado. Aprendi a dar valor as pequenas coisas como liberdade de assistirmos o canal que queremos, de cozinhar o que nos der vontade, etc.
Neste tempo pude conviver mais com o marido, muito mais do que em todos os anos que estivemos juntos e pelo menos isto foi bom. Porém quase sempre estávamos em um estado de alerta e de ansiedade intensa, passávamos horas sem falar sobre isto, sabendo que o outro também estava pensando o mesmo.
Aprendi que há certas coisas que não estão em nossas mãos. Sim, somos nós que fazemos o destino, mas não depende de nós a hora em que é chegada a colheita de nossas ações. Aprendi que dias podem passar mais devagar que meses, e que ao mesmo tempo os meses podem correr como segundos.
Aprendi a sonhar e a cair. Mais a cair que a sonhar. Aprendi que não devo esmorecer, que apenas devo aprender a cair com jeito para doer menos, por as mãos ao chão para proteger a cabeça, sacudir a poeira e começar tudo outra vez.
Aprendi a fazer silêncio. Ninguém merece saber das minhas derrotas diárias, nem tão pouco das minhas vitórias. Aprendi que guardar segredo é fundamental se queremos ter paz e privacidade. Até porque tantas e tantas vezes estivemos quase e escorregamos pelo caminho...
E finalmente, aprendi a decidir com o coração. Por mais que me digam que no Brasil tenho uma vida pela frente, sei que para isto seria preciso separar-me do Fernando e se um dia esta me pareceu a melhor solução, quando escutei apenas a mim, vi que esta nunca seria a escolha que me faria feliz. Amo o meu marido mais do que tudo que possa enfrentar, mais do que todos os problemas que já passamos e é com ele que quero dividir a minha vida. E em meio a isto tudo, aprendi que a vida é mudança: um ciclo se fecha e outro irá abrir. É só uma questão de tempo.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Morro de inveja
Fico morrendo de inveja quando vejo alguma propaganda de sandália ou de esmalte que mostre um belo par de pés delicados e bonitos. Tenho os pés muito muito feios. Pés de italiano, do meu avô. Pés de amassar uva! São magros, ossudos e com os dedos um pouco encolhidos. Já tive mais vergonha, mas até hoje não pinto as unhas, só passo uma base que é para não chamar atenção. Acho que é ainda pior do que o meu trauma de peito pequeno, pois que nunca vi cirurgia para embelezar pés...
domingo, 12 de maio de 2013
O amor antigamente
Não consigo imaginar como seria ser um apaixonado no tempo que ainda não havia internet, nem email, nem webcam, nem skype, nem facebook. Imagino a eternidade com que se esperava uma carta, às vezes com muita sorte uma foto em preto e branco com o amado em ar sisudo. Isto os que tinham o privilégio de uma foto, pois houve tempo em que era coisa de gente rica. Aos que não tinham, imagino o desespero ao aperceber-se que os traços iam aos poucos se desvanecendo da memória, já não lembravam do formato do nariz, das covinhas quando sorria, nem do jeito como entrelaçava os dedos ao sentar. E sem telefone não lembravam da voz, ou achavam que sim, mas a voz é uma das primeiras coisas a ir. Lembravam e muito da forma como o corpo respondia a ela, assim como respondia agora quando evocavam em vão sua memória.
Amores separados por quilômetros de terra, de guerra, de água salgada. Água esta que lhes escorriam da cara quando perguntavam-se estaria vivo? O que estaria fazendo naquele momento? Já a teria esquecido? E muitas vezes sim, sabia-se de amores que acabavam porque o fulano fez um filho na fulana, casaram-se, deixando o outro lado só, ainda à espera de notícias. Até que os meses se fizeram anos, até que o coração deixasse de palpitar a cada vez que o correio chegava.
Não imagino uma ponta desta dor que é a espera, a obcessão por planejar o reencontro enquanto procura-se o sono, que vem por cansaço, e também porque é uma forma breve e etérea de uma possível realização deste desejo. Não imagino o que é tecer planos sem saber ao certo se já estão condenados ao fracasso, porque do outro lado da vida o amor a espera. Não imagino o que é não poder dizer te amo todos os dias a quem está muito longe para o alcance da minha voz. E se é certo que muitos amores resistiram à distância, a dor com que foi cingido tornou-o forte. Como uma espada forjada a duros golpes, cuja lâmina fina atravessou de uma só vez dois corações para todo o sempre. Meu amor é digital, bem o sei, mas espero ter um pouquinho da força de um amor antigo. A força de um coração antigo que todos os dias morre e renasce na angústia desta espera.
sábado, 11 de maio de 2013
Vão catar coquinho meus irmãos
Queria deixar claro uma coisa: todo mundo tem direito de acreditar no que quiser (até em fadinhas e duendes), quando quiser, da maneira que quiser. Quer acordar às cinco da matina para rezar o terço? Acorda. Quer ir todas as noites no culto do descarrego? Descarrega. Quer fazer batuque no sábado? Faça. Quer ir na missa, nos encontros das testemunhas de Jeová, no Santo Daime? Vão meus irmãos, vão na fé. Não tenho absolutamente nada a ver com isto. Agora não me batam na porta em um sábado de manhã. Muito menos em grupo. Quem quer saber da palavra do Senhor que vá procurá-lo, aliás pode ser até no silêncio da sua própria cama, pois que ele está em todo lugar, não é? Se querem respeito, respeitem antes de tudo a fé ou falta de fé dos outros. Aceitem que a vida é assim, não sejam tão intransigentes com as escolhas dos vossos irmãos. Porque afinal de contas somos todos farinha do mesmo saco. Se nada der certo, vão caçar um serviço, que só rezar é coisa de bunda mole (com todo o respeito).
Que chatos!
Ativei a moderação de comentários porque ando sendo bombardeada com comentários spam, todos americanos, propaganda para outros blogs e sites, etc. Como faço para voltar a ter paz???
sexta-feira, 10 de maio de 2013
E é dia das mães
Neste domingo se comemora o dia das mães no Brasil, tinha até esquecido disto quando combinei um encontro com uma amiga durante à tarde. E só me dei conta quando ela pediu para transferir para uma hora depois, já que os almoços se estendem um pouco em dia de comemorações. É assim, não vou ser hipócrita e escrever tudo aquilo que é de praxe porque aqui todo mundo sabe que falo o que (realmente) penso. E penso que é um dia como os outros, assim como o é o dia dos pais. Não é lá por não falar o tempo todo disto que mudei de opinião, continuo não gostando de ser mãe. Se ganhasse um real a cada vez que vem o pensamento de que se pudesse voltar atrás teria feito um caminho oposto, estava rica.
Há quem não entenda minimamente quando ouso dizer que a mim não compensa ser mãe. É mais ou menos como fazer dieta durante um ano, correr e se exercitar como se tivesse preparando-se para uma competição de Iron Man e no fim das contas emagreces um quilo. Ah e tal é um quilo, veja bem. Há quem fique muito feliz com um quilo a menos. Há quem sinta-se recompensado pelo seu esforço e por tudo que botou para trás para perseguir um corpo mais magro. Mas também há quem sinta-se frustrado porque seguiu a receita dos outros e perdeu um quilo. Há quem olhe para trás e sinta que não valeu a pena, que há tanta vida que deixou de ser vivida. Que há a morte do sossego, da intimidade, da personalidade. Um minuto de silêncio por favor para o meu "eu" antes de ser mãe. Ele morreu. Quem sabe volte daqui vinte anos.
Compreendo perfeitamente que há quem sinta-se realizada com o papel de mãe. Não é o meu caso. Não acho que compense minha sanidade mental, já disse que o Fabian é um menino hiperativo (não sei se apenas no sentido figurado), consome muito da minha energia. Ele literalmente cansa todos os seus coleguinhas um por um. E também tem uns ataques de loucura diários em que quer atirar coisas, empurrar o carrinho de mão em direção aos cachorros e hoje quebrou a tv de plasma da minha mãe quando bateu-lhe com um balde. Acho tudo muito lindo quando se está longe do filho durante 8 horas e se vê o pequeno, dá banho, o jantar e se põe para dormir. Quero ver passar o dia com uma pestinha destas, sem vida social, sem amigos, sem nada. Hoje o Fabian está frequentando uma creche, mas apenas no turno da tarde e apenas por três horas, visto que tem de dormir antes para depois ir.
Talvez eu devesse tomar uma atitude quanto ao que sinto, porém por onde começar? Que atitude? Sou da opinião que sentimos inconscientemente, não é uma escolha de vida detestar a minha realidade. Será que se eu repetir um mantra que "adoro ser mãe" quatro horas por dia resolve?
Sempre gabei-me de ser uma pessoa responsável e assim tenho sido, cuido, dou limites, dou umas palmadas quando tem de ser, conto história e vou a piqueniques. Mas não consigo mudar o que sinto, apesar de me esforçar por fazer o que se espera de mim. Sinto-me inclusive culpada por ter o que algumas pessoas desejam e juro que se pudesse, se existisse uma compensação no universo em que a minha vez de ter filho pudesse ser repassada para um casal que sonhasse ter, faria de bom coração esta escolha. Mas não é possível nem isto, nem voltar no tempo, nem passar vinte anos em um piscar de olhos. Portanto hoje a única coisa que desejo é que não me venham com estas merdas de Feliz dia das Mães.
Porque nunca acreditei em Marx
Um dos requisitos para se fazer História na Ufrgs era ser fã de carteirinha desta célebre personagem histórica: Karl Marx. Afinal isto dava um ar sério à coisa de adolescente filhinho de papai revolucionário-dos-tênis-allstars (agora Converse). Confesso que além de ter achado muito chato, já que o querido era da economia, apesar de atuar em outras áreas (filosofia, jornalismo, história). Sua linguagem nunca se afastou muito dos fatos numéricos e da sua obcessão pela luta de classes. Sua paixão pelo proletariado, a sua raiva para com a burguesia virou até piada para burguês ver. O negócio é que o Marx apesar de ser completamente contra qualquer religião e chamar os que acreditavam em Deus de tolos iludidos, foi nada mais nada menos que também um tolo. E digo isto porque? Ora vamos ver, esta história de socialismo para chegar ao cume do regime perfeito e solidário que é o comunismo esbarra por um obstáculo no mínimo curioso: a mesquinhez humana.
Se perguntar a alguém se acha o sistema capitalista injusto, se este não for o Eike Batista, creio que 99.9% das pessoas vão responder que sim. Então o melhor seria o oposto disto, onde se oferece iguais chances de crescimento, educação, etc. Concorda? Concordo. Pois, um exemplo: se tu tivesses duas fazendas enooormes com terra a perder de vista, e do outro lado tivessem dezenas de famílias sem casa, darias uma fazenda para que se pudesse alojar esta gente? Claro, de bom grado. E se tivesses uma frota com dez carros importados e há escolas e centros de saúde com carência de viaturas, darias nove destes carros? Sim, claro. Pois e se tu tivesses três galinhas na tua granja e dois vizinhos a passar fome, davas duas das tuas galinhas? Eu hein, mas e depois de comer a minha não iria eu e minha família mais tarde passar fome?
Pois é. Na teoria é tudo lindo, maravilhoso...até chegar no que é nosso. Marx jamais contou com o egoísmo, com a avidez de dinheiro e poder que move a maioria deste mundo. Ele sequer imaginou que o Capitalismo não é em si o culpado por isto, mas tão somente o fruto desta forma de agir. Tão rápido combateu as crenças em um ser invisível e nunca enxergou o lado mais óbvio do seu "proletariado". Que é se um dia pudessem estar sentados em uma confortável cadeira de couro, com uma poderosa caneta à mão, fariam de tudo para que ninguém os depusessem deste devaneio.
E outra coisa muito importante: mesmo que hoje fosse possível concentrar todo o dinheiro e riquezas deste mundo e depois dividí-lo igualitariamente com todos os habitantes, iria amanhecer o dia e já haveria pobreza e desigualdade novamente. E porque? Porque somos todos diferentes. Uns iam gastar o dinheiro em pinga bebendo a noite toda, outros iam guardar, outros iam pegar o dinheiro daqueles que esbanjaram para investir em seu bar para lhe render mais dinheiro, outros iriam roubar, outros vender o corpo. Não é justo também uma pessoa que se esforce, que trabalhe mais, que faça mais sacrifícios do que os outros, receber menos. Não é justo alguém que nada faça, receba no fim do mês a mesma quantia do que se mourejasse de sol a sol.
Não, não sou uma ferrenha capitalista nem tão pouco odeio Marx e o comunismo, no entanto gosto de questionar sempre o que há por trás de tanta pompa (e às vezes arrogância). Também não escondo que se pudesse seria rica e não sei bem quais seriam as minha preocupações com quem ficou abaixo da minha renda. Acho que o comunismo até agora tem sido bonito na teoria, mas sabemos que na prática só deixou regimes de opressão e ditaduras familiares. O povo também deve querer viver desta forma, e vamos combinar que por enquanto o povo não quer. O povo quer é ganhar na loteria.
Vergonha alheia em 3...2...1
Quer dizer que agora saem os sneakers de cena? Oba, beleza!
Mas... a nova moda é os sapatos creepers...
quarta-feira, 8 de maio de 2013
A cartomante
Nunca fui de acreditar muito nisto, acho que há para aí muito charlatã(o) a tentar enganar pessoas desavisadas e inseguras. E foi com desdém que recebi a noticia que uma amiga tinha ido a uma cartomante. Já tinha sido indicada por uma colega de trabalho que lhe havia falado maravilhas desta pessoa. Eu andava muito preocupada com esta amiga, já que estava em fase de separação de um casamento que nunca chegara a sê-lo. Não que ache que morar junto não seja o mesmo que casar, muito pelo contrário, mas porque a pessoa em causa tinha uma família antes (mulher e 5 filhos adultos) e nunca fizera o mínimo esforço para oficializar a separação da primeira mulher. Sempre lhe perguntei o porque de ainda aturar isto (a ex fazia de tudo para controlá-lo), mas via nela um medo muito grande da solidão, uma crença que mal estava, mas que não iria arrumar alguém melhor, talvez nem pior. Achava que não iria mais ser desejada por outra pessoa.
Esta amiga de partida em breve para a sua casa própria, estava na dúvida se levaria ou não o traste junto, qual peça de estimação se tratasse. A torcida contra era grande, segundo ela, eu e mais toda a do flamengo (ou melhor, do Internacional que é o nosso time). Sentia ela balançar e ceder à possibilidade dele estar sozinho e necessitar de apoio, de uma pena fingida que só queria proteger a si mesma. Falei com ela depois da consulta à cartomante e olha, tenho que dar minha mão à palmatória. Se é verdade ou não que a mulher é médium não sei, pode até ser, mas só dela lhe ter garantido que ela ia se separar e mais tarde encontrar uma pessoa que ia lhe fazer feliz, já valeu e muito! Como se diz por aqui, a minha amiga é muita areia pro caminhãozinho dele, se é!
Tenho saudades
Tenho saudades daqueles passeios que dávamos aos finais de semana, mesmo quando não tínhamos carro íamos quase sempre que tivesse tempo bom. Andávamos pelas ruas tortas e quase desertas de Lisboa, pelo Chiado, pelas casas de portas pequeninas e ceroulas balançando ao vento. Andávamos de mãos dadas, um puxando o outro, o outro puxando o um. As vezes tropeçando pelas pedras e lembro em muitas ter me valido teu braço forte quando ao invés de folgadas as pedras se tornavam zombeteiras e escorregadias. Olhamos as vitrinis, perturbamos as pombas, corremos atrás de estátuas e certa vez ficamos (não, fiquei) fã de uma torrada que se fazia em uma tasca. E lá como somos pessoas de hábitos íamos sempre sentar à mesma mesa e pedir a mesma coisa com um suco de laranja. Ficávamos a observar cães passarem, assim como as conversas alheias e ríamos a olhar um para a cara de espanto do outro. Sim, lembra daquela senhora e do neto a elogiarem os óculos de um tal de António, ou seja lá como se chamava o pobre iludido do homem? Ó mas com estes óculos é que se vê mesmo bem! Dizia o rapaz que sequer precisaria de um. E toca o seu António a pagar a companhia o consumo das duas criaturas que fingiam pior do que uma criança de dois anos.
Depois continuávamos à pé a descida até o Cais do Sodré, passávamos pela loja de animais, o que sempre rendia uns "óinnn que fofo", viu aquele? E aquele? Sim, eu também lembro que algumas vezes insistias para atravessarmos a rua antes, ao que só me sentia menos triste por não ter de suportar o fedor de peixe ao lado da loja. Chegávamos e seguíamos a viagem de meia hora até o Estoril. Eu sentava à janela para ver o mar e as pessoas caminhando no paredão. Tu apertavas a minha mão e a beijava com os nossos dedos entrelaçados e assim víamos o pôr do sol, com pena de ter de voltar a nossa casa. Sim, quando ainda tínhamos casa. Éramos muito felizes e sabíamos.
Gosto muito
Pois é, como já disse acho pouca graça no frio que se aproxima, aliás faz três dias que descemos para mínimas de 5º, mas de uma coisa eu gosto: o retorno dos sapatos mary jane. Sou completamente apaixonada por este estilo, já tive um na cor caramelo que usei até ficar beeem gasto. Tenho um em plataforma, mas tenho usado pouquíssimo salto desde que voltei a engordar. Ainda tenho um em preto com salto mais fino, social, porém usei apenas duas vezes. Não me dou bem com saltos assim, acho que devia comprar uma almofada de silicone para não doer tanto quando tirar, é que aquilo parece que fica pegando fogo! Será só comigo?
terça-feira, 7 de maio de 2013
segunda-feira, 6 de maio de 2013
A ironia da vida
Alguns dias atrás o marido viu um documentário e insistia diariamente para que eu visse também. Confesso que à noite quando sento para escrever, fico bailando de blog em blog e quando vejo já é quase meia noite e tenho que dormir. Pois bem, ontem foi o dia marido!
Imagine um homem de origem latina que fosse descoberto nos anos 70 em um bar sujo e decadente de Detroit por dois caçadores de talentos de uma gravadora. É aí que a história começa, Rodriguez, compõe e canta de maneira sofrida, conta da vida nas ruas de uma cidade fria, de casas abandonadas e sorrisos gelados. Gravou dois cds mas não obteve qualquer sucesso e desistiu de cantar. Continuou sua vida modesta e o trabalho na demolição e construção de casas, completamente alheio ao que se passava do outro lado do oceano.
Por acaso, uma jovem ao visitar seu namorado americano gravou uma fita com o primeiro cd de Rodriguez: Cold Fact. E não se sabe exatamente como, mas de regravação em regravação, a obra tornou-se um sucesso. Em uma sociedade onde reinava o apartheid e a sensura, uma música que falava de sexo, revolta e de mudança social, caiu como uma luva para jovens sul africanos.
O filme gira em torno da busca pelo artista o qual sabiam apenas o nome "Rodriguez" e a foto de um hippie com traços de índio nativo-americano e óculos escuros. Por muito tempo pairou o mistério sobre quem era, o que havia sido feito dele, até que com a revolução informática, os mundos se encontram. Bem, e é espetacular contar ao homem de vida simplória que ele era e é mais popular que Elvis Presley. Que seus cds até hoje são vendidos e que teria direito a pelo menos cinco discos de ouro.
A vida é mesmo irônica...depois de tantos anos a achar que fora em vão perseguir aquele sonho, quando finalmente põe-se totalmente de lado qualquer tentativa de sucesso, há milhares de quilômetros, suas músicas inspiraram uma geração inteira a ir contra o regime de extrema direita* e de segregação racial. Simplesmente bárbaro, não é todos os dias que se vê uma história real tão tocante quanto esta.
* erro corrigido, comunista eram os meios televisivos, daí mais um motivo para a censura.
A arte de observar
Todo bom escritor tem de ser em primeiro lugar um bom observador. Às vezes um escritor pode ser tido como aquele que pouco arrisca. E de fato arrisca pouco na vida material, mas arrisca sua própria alma na escrita. Engana-se quem acha que escrever é uma arte de domar as letras. Não, escrever é mais sobre conduzir e ao mesmo tempo deixar ir, perder-se em um oceano de ideias e sentimentos e cheiros e desconhecidos. É como andar à cavalo, ao homem cabe dar à direção, mas também acompanhar o galope do animal para que juntos cheguem a bom porto. Se um escritor tenta à força refrear as palavras, saiba que estará fadado ao fracasso. Palavras são mais ariscas que qualquer animal selvagem, isto porque as palavras não aceitam pertencer à ninguém, são livres por natureza. As palavras devem ser conquistadas, todo bom escritor sabe disto.
Escrever é também deixar um pouco de si em cada texto: não se doa sangue, medula, ógãos? O escritor doa memórias, amores, os pensamentos mais intímos que nunca revelaria a alguém. E no entanto revela ao papel. Escrever é traduzir ao mundo tudo que já aconteceu em pensamento, é parir os diversos eus que o habitam, na forma de gente já crescida e muitas vezes sofrida. Desta forma todo bom escritor sente-se como Deus deste micro-universo, que manda e desmanda na vida de um punhado de pessoas que nem sabem ao certo se acreditam nele. Todo bom escritor dá a cada um uma centelha de criador e é consciente que a brincadeira só termina quando ele assim o desejar. Todo bom escritor sabe disto. Quisera eu um dia ser um (a) bom (boa) escritor (a).
sábado, 4 de maio de 2013
Contradições de revistas e sites para mulheres
Quando uma receita hiper calórica e atrativa nos deixa a babar, para logo abaixo aparecer uma nova dieta da alface! Olha que legal, não passe fome, a alface pode ser ingerida a qualquer hora, só tem 14 calorias!
Ham ham, quando vamos deixar de ser assim hein?
Relógio sem bateria
Ando sem tempo
não sei se fui eu que o perdi ou ele que me quis perder
ando sem tempo
sem hora nem minutos
com os segundos todos espalhados ao chão
não dou-me ao trabalho de juntá-los
nunca o fiz e não vai ser agora que irei começar
ando sem tempo e ando leve
às vezes pego o tempo emprestado dos outros
porque a vida não é só olhar a sombra que o sol desenha
e a andar sem tempo
tenho aprendido a deixar as coisas no seu tempo
tenho me desprendido do tempo
mas ainda guardo o medo de que ele passe e deixe-me só
leve as pessoas que amo, leve o mundo afora
deixando-me leve do que me importa
até que ele mesmo caia no esquecimento
que ele e também eu não passemos de memórias
de alguém que levou o tempo que era para mim.
*À propósito, vou buscá-lo amanhã.
Bobagens testosteronísticas
Se tem coisa que não entendo é o fascínio que a ala masculina tem em escutar entrevista de jogador de futebol. Principalmente quando o juíz apita, termina o jogo e lá vão os repórteres atrás deles suados, mais preocupados em tirar a camisa do que no resto. Se ganham é sempre um: ah e tal demos tudo de nós, 100%, o time trabalhou para isto, fomos com tudo em cima do adversário e levamos a melhor. Se perdem: a gente deu tudo que tinha, mas não deu, o adversário estava melhor em campo, melhor preparado, vamos em cima, temos que focar mais no resultado e fazer de tudo para ganhar no próximo jogo". Acho até que deve existir um cursinho básico para entrevista, devem decorar umas frases e já está.
É sempre a mesma coisa!!! E aqueles programas de comentário sobre as rodadas? Comentar o que? Já ninguém viu o resultado? Quem ganhou ganhou, quem perdeu perdeu. Ponto. Depois falam que as mulheres que gostam de bater sempre na mesma tecla.
Então o que você achou Roberson? - É, eu acho que o time tava unido, mas fizemo muita cagada, aí pronto, o Anderson levou treis em nóis. Sinceridade: o que todos nós queríamos. |
Sábado de manhã
Sábado é dia de Muay Thai, assim como terça e quinta. Eu como sempre ando morrendo pela elíptica, com o olhar distraído entre os vidros que ocupam toda a fachada da academia e os meus colegas esforçados (ou nem tanto) nas esteiras. No princípio tive curiosidade e até ponderei entrar na aula, logo eu que não gosto de aulas de grupo! Mas depois vi que aquilo se encheu de tal forma que os chutes tinham de ser dados com muito cuidado para não dar na bunda do colega da frente. O engraçado é observar as pessoas durante o aquecimento e depois na luta propriamente dita. As mulheres são evasivas, exitantes nos chutes e socos. Os rapazes são ansiosos por se mostrarem melhores que o seu adersário. Acho que esquecemos que apesar de tudo temos muito de animal irracional em nossos genes. E eles nos dizem que as mulheres não nasceram para lutar, nem tem reflexos para isto (salvo raras exceções), os homens tem músculos desenvolvidos e a rapidez necessária para derrubar outro oponente ou uma presa. Basta olhar para um grupo de adolescentes, no modo como passam grande parte do tempo a empurrarem-se para impressionar as meninas, em uma brincadeira de fingirem uma luta entre risos e palavrões. Como diria uma amiga "é mesmo que ver" os filhotes de leão ou qualquer outra espécie a treinar para futuros combates.
Interessante é ver que ali não há raiva, mas mesmo não havendo raiva o olhar deles muda: ficam focados no adversário. Cada investida encontra uma resposta, uma defesa e posterior ataque. Cada olhar busca uma fraqueza, busca derrubar o outro no chão. De toda a turma, apenas um está avançado, ele é um homem muito feio, alto, cabelo cortado deixando o topo da cabeça mais comprido e tingido de loiro. É afoito, sabe que por enquanto é o melhor. Mas está no meio entre os outros alunos e o professor. Já as meninas estão parelhas, talvez ainda pelo medo de se machucarem, mesmo sabendo que estão todos devidamente protegidos com caneleiras e faixas. Entre elas, cada tentativa uma risada, pensam demais, analisam demais. Talvez a fulana devesse usar uma calça menos berrante ou um top maior...e...e...acabou o tempo. Próxima dupla, grita o professor.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Lugares para ir antes de morrer
Bora Bora, Seychelles ou Maldivas? To na dúvida...
Rio de Janeiro
Além do Cristo, de passear no Leblon, tenho vontade de comnhecer a Lapa e passar a madrugada escutando samba de raíz, comendo coxinha de galinha com catupiry e quem sabe até ver o Diogo Nogueira cantar.
Nápoles
E também se possível Roma e Pompéia. Eu sei, tenho uma curiosidade mórbida por Pompéia, mas foram tantos anos que se falou nas ruínas e no tempo congelado em lama e cinzas de vulcão que está na lista.
Mont Saint Michel
Por enquanto acho que é isto.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Todo o apaixonado é um pouco chato
Pois é já tive muitas fases e formas de olhar para o meu marido. De uma paixão platônica e virtual, até a mais louca fantasia carnal. Já amei demais, já amei de menos. No início fui eu quem insisti para que não morressemos ali tão perto de entrelaçarmos o corpo e a alma, já que os pensamentos se encontravam fundidos em uma vez só. Depois foi ele quem sofrera, quem esperara e desesperara por um contato, um email. Depois quando finalmente fomos viver juntos, passei a amá-lo tão intensamente que tinha medo da falta que ele faria nas horas vazias e ficava contando a vida e correndo do tempo que nos impunha a separação.
Hoje acho que estamos quites de passado, entre soma e multiplicação de todas as vezes que pensamos no outro, subtraindo lágrimas e lamechices de apaixonados. E é certo que a todo o momento que a cabeça desliga-se do mundo, há um mantra que pulsa em toda a vida que escorre em mim. Eu te amo. Eu te amo. Quando? Quando? Deve ser o incosciente cansado da dieta que lhe imponho. Dieta de amor, dieta de ti.
Posso perdoar uma grande cagada, mas não vários peidinhos
Cheguei a conclusão que além de ser uma pessoa rancorosa, daquelas que se móem meses a fio com algum mal entendido, prefiro mil vezes esquecer uma grande mágoa do que várias e várias e várias espezinhadas. Ora digo isto porque errar todo mundo erra, mesmo que, vamos lá deixar na dúvida que aquilo que nos machucou pode ter sido sem intenção. Agora quem fica constantemente pisando no risco, destes não consigo esquecer. Refiro-me ao esquecimento porque perdoar é muito mais profundo do que isto, sendo que no outro caso a pessoa tem muitas chances de mudar o seu comportamento e não muda. Nem vai mudar por minha causa, seria até inocente pensar que sim. Logo, o meu comportamento é o de mágoa e afastamento. Já dizia Lulu Santos naquela que considero minha música: ainda vai levar um tempo para fechar o que feriu por dentro, natural que seja assim, tanto para você quanto para mim. Ainda leva uma cara pra gente poder dar risada, assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade.
E vou dizer mais, talvez as pessoas pensem que tenho até sorte de não estar morando na rua nem passando fome, mas vou dizer que sinceramente já me passou muitas vezes pela cabeça que seria melhor estar em uma situação pior e não ter que ouvir tudo que ouço e tenho que engolir diariamente. Não é à toa que neste período engordei 10 kgs, nunca imaginei que engolir sapos engordava tanto. E é por coisas tão pequenas tão mesquinhas que nem parece de adulto. Uma das de hoje foi o meu padrasto me cobrar lavar a louça que de fato fazia umas duas vezes que não lavava. Lavei a louça e deixei tudo no escorredor e duas panelas por lavar, achei que já estava mais do que na hora do Fabian dormir, depois eu voltava e terminava o resto. Escuto ele me xingar que estava tudo uma imundice que patati patatá. Faço o Fabian dormir e volto para lavar, secar, guardar o que faltava e fui dizer a minha justiça. Mas não se pode mais esperar meia hora que a louça sai correndo?! Nãooo ela continua paradinha lá me esperando. Resumo da história, discutimos, e sinto que ele põe a sua frustração com um péssimo casamento em mim, tipo bode expiatório mesmo. Vontade tinha eu de quebrar uns tantos pratos, mas silenciosamente tracei um plano de vingança à lá novela mexicana. Viro as minhas costas e nem que eu coma bosta nunca mais venho ficar na casa de quem quer que seja. Quero virar as costas no aeroporto e não ver mais as caras desta gente. Chega! Vão é a merda.