Neste domingo se comemora o dia das mães no Brasil, tinha até esquecido disto quando combinei um encontro com uma amiga durante à tarde. E só me dei conta quando ela pediu para transferir para uma hora depois, já que os almoços se estendem um pouco em dia de comemorações. É assim, não vou ser hipócrita e escrever tudo aquilo que é de praxe porque aqui todo mundo sabe que falo o que (realmente) penso. E penso que é um dia como os outros, assim como o é o dia dos pais. Não é lá por não falar o tempo todo disto que mudei de opinião, continuo não gostando de ser mãe. Se ganhasse um real a cada vez que vem o pensamento de que se pudesse voltar atrás teria feito um caminho oposto, estava rica.
Há quem não entenda minimamente quando ouso dizer que a mim não compensa ser mãe. É mais ou menos como fazer dieta durante um ano, correr e se exercitar como se tivesse preparando-se para uma competição de Iron Man e no fim das contas emagreces um quilo. Ah e tal é um quilo, veja bem. Há quem fique muito feliz com um quilo a menos. Há quem sinta-se recompensado pelo seu esforço e por tudo que botou para trás para perseguir um corpo mais magro. Mas também há quem sinta-se frustrado porque seguiu a receita dos outros e perdeu um quilo. Há quem olhe para trás e sinta que não valeu a pena, que há tanta vida que deixou de ser vivida. Que há a morte do sossego, da intimidade, da personalidade. Um minuto de silêncio por favor para o meu "eu" antes de ser mãe. Ele morreu. Quem sabe volte daqui vinte anos.
Compreendo perfeitamente que há quem sinta-se realizada com o papel de mãe. Não é o meu caso. Não acho que compense minha sanidade mental, já disse que o Fabian é um menino hiperativo (não sei se apenas no sentido figurado), consome muito da minha energia. Ele literalmente cansa todos os seus coleguinhas um por um. E também tem uns ataques de loucura diários em que quer atirar coisas, empurrar o carrinho de mão em direção aos cachorros e hoje quebrou a tv de plasma da minha mãe quando bateu-lhe com um balde. Acho tudo muito lindo quando se está longe do filho durante 8 horas e se vê o pequeno, dá banho, o jantar e se põe para dormir. Quero ver passar o dia com uma pestinha destas, sem vida social, sem amigos, sem nada. Hoje o Fabian está frequentando uma creche, mas apenas no turno da tarde e apenas por três horas, visto que tem de dormir antes para depois ir.
Talvez eu devesse tomar uma atitude quanto ao que sinto, porém por onde começar? Que atitude? Sou da opinião que sentimos inconscientemente, não é uma escolha de vida detestar a minha realidade. Será que se eu repetir um mantra que "adoro ser mãe" quatro horas por dia resolve?
Sempre gabei-me de ser uma pessoa responsável e assim tenho sido, cuido, dou limites, dou umas palmadas quando tem de ser, conto história e vou a piqueniques. Mas não consigo mudar o que sinto, apesar de me esforçar por fazer o que se espera de mim. Sinto-me inclusive culpada por ter o que algumas pessoas desejam e juro que se pudesse, se existisse uma compensação no universo em que a minha vez de ter filho pudesse ser repassada para um casal que sonhasse ter, faria de bom coração esta escolha. Mas não é possível nem isto, nem voltar no tempo, nem passar vinte anos em um piscar de olhos. Portanto hoje a única coisa que desejo é que não me venham com estas merdas de Feliz dia das Mães.
Sabes o que te digo, ainda vais engolir estas palavras todas ihihihi, daqui a uns anitos vais pensar doutra forma, queres apostar?? Aqui fico a espera!!
ResponderExcluirVa, coragem, ainda és tao jovem lol
Bjocas a ti e ao teu pestinha!
Marina
Hummm quem sabe daqui vinte anos? :P
ResponderExcluirbeijinhos
LOL nunca é tarde pa mudar de opiniao!
ResponderExcluirBjs
Marina