segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Datas


Às vezes penso que me assemelho a um presidiário a quem será dada a liberdade em poucas semanas. Organizo mentalmente o que farei, o modo como vou deixar-me ficar embaixo do sol sentindo o calor de cada centímetro de pele. O cheiro da brisa de verão, os sorrisos, a terra molhada. O cheiro das cores, sim, tem cheiro e um cheiro doce, daqueles perfumes de vó. 
Conto os dias, as horas, construo imagens como se estivesse prestes a estrear minha vida. Os personagens embaciados na película. Os abraços ainda precisam de mais ensaios para que saiam com a pressão certa desta saudade de quase meio ano cultivada. De repente as coisas aqui já não tem graça, é uma sucessão de dias monótonos em tons pastéis, tornei-me mesmo fadada à mesmice. No entanto, tal como um prisioneiro  ao mesmo tempo que odeio estar em parcos horizontes, tenho medo de como vai ser quando as portas atrás de mim se fecharem. Ecoarão fundo um rangido de liberdade que assusta, pois que a liberdade tem um quê de caos que já não estou mais habituada. 
Risca-se o tempo com pedaços de giz, primeiro o aniversário do Fabian, depois o dia dos pais, depois mais uns palitinhos e...Paris espera por nós. Enquanto isto espero, espero e espero que ainda dê tempo para um final feliz.

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