quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Ah o Natal!

Ah o Natal! O Natal é daquelas coisas em que ou se ama ou se odeia. Impossível ficar em cima do muro quando se trata dele, até porque o natal serve mesmo para testar a quantas anda a convivência com a família. Já sabes desde a adolescência que é particularmente difícil livrar-se daquelas reuniões afinal nem estar longe é desculpa suficiente.  Das coisas que enfrentamos no Natal está entre uma delas a comida fria, a mesa ricamente decorada em que metade das coisas ninguém gosta, mas fica bonito para foto (amendoas, frutas secas, panetone, etc). O coitado do peru de pernas abertas enfeitado com fio de ovos e recheados com coisas que na verdade nem queremos saber. Também há o cd do Roberto Carlos tocando em looping, depois de gastar a Simone querida com "então é Natal" e em meio ao desespero da cena, há os parentes. Às vezes dezenas deles. São como aquela vez em que pegamos gripe com direito a nariz entupido, dor de garganta, dor de ouvido, frieira e hemorróidas. Não sabemos quem incomoda mais, é como o iron man da paciência. Eis a lista de situações que já deves ter passado em algum natal...
Então é verdade que você está dando mais que chuchu na cerca?

Tia fofoqueira: este personagem nada faz a não ser olhar de alto a baixo e dar aquele sorriso de já me caguei enquanto faz perguntas e mais perguntas sobre como foi o ano, se estás namorando, se estás trabalhando, quanto ganhas, a curiosidade não tem limites. Geralmente a tia  não escuta minimanente o que dizemos. Ela faz o seu próprio enredo porque fofoqueira que se preze tende a ser mais criativa que escritor de novela. Depois de sugar as novidades ela sai de cena entediada e procura outro para o mesmo fim. Solução: inventares tu mesmo o enredo, contar que estás tirando aulas de voo, que namoras o marido da tua vizinha,  e que ultimamente andas com o teu ginecologista ao mesmo tempo. É só ver o queixo da tia cair e deixar um rastro de maionese no vestido florido. Depois te afastas com um "emagreceste né tia", quando se sabe que é justamente o contrário.
Não traumatiza o cachorro Alicinha!

O primo/a mal-educado/a: pode ser filho da tia aí de cima. Este anjinho é usualmente tratado com o nome no diminutivo: Adolfinho, Ricardinho, Maurozinho sai de cima da árvore do avô. Não subas no capô do carro. Não puxes o rabo do gato, meu filho. E sempre são aquelas sentenças chochas em que a criança sequer pára o que está fazendo. Funciona como um olhem-me que estou a tentar ser boa mãe, mas o fulaninho não deixa. Solução: depois do Adolfinho derrubar a árvore de natal e conseguir abrir alguns presentes antes da meia noite, convide-o a ver o que o papai noel deixou para ele. Eu usaria o meu olhar bruxa da Branca de Neve para aconselhá-lo a parar com isto, caso contrário irei de noite buscar todos os seus presentes.
Quero ver quantos likes ganha o tio dançando lambada!


Cunhado bebum: Sabe aquelas pessoas inconvenientes quando estão sóbrias, mas que conseguem se superar quando bebem? E quando cantam e te zapam para dançar enquanto passas com a farofa? E depois desatam a falar aqueles segredos cabeludos que todas as famílias tem, como o quanto a avozinha deu na mocidade, a virilidade do sogro ou a sua própria,  quanto deus é justo, mas mais justo é ainda o vestido da fulana. Solução: Grave. Grave tudo. E depois coloque no facebook ou no youtube. Provavelmente na próxima ele vai pensar mais vezes antes de começar com a cerveja.
O que seria das lojas de meias  no natal se não fossem as avós? Fala sério, alguém melhor para lembrar que as suas meias andam furadas e com elástico frouxo? Hein? Hein?

Avó surda: Não adianta berrar, mesmo assim ela entende errado. A avó gosta de agarrar no braço para conversar e depois a conversa é mais ela falando e tu sacudindo a cabeça do que outra coisa. 
Solução: concorde com tudo, mesmo que se tenha entendido que ia casar com o açougueiro ao invés de acabar com o formigueiro.
Espelho espelho meu, existe alguém mais puta do que eu? 

Irmã decotada: Ela não desiste de lançar olhares  para qualquer coisa que pareça ter um volume nas calças. Ela é só roupas curtas e justas e decotadas que as tantas parece que vai haver ali uma competição para ver o que salta primeiro. Quando sentamos à mesa ela faz questão de sentar próximo da vítima da vez e faz questão de soltar aqueles gritinhos finos e risada escandalosa enquanto cruza nervosamente as pernas para ter certeza de que todos visualizaram sua calcinha rendada. Solução: Além de ir tesuda para a festa e mostrar o que se tem de bom, cantar a música do Caetano "Não enche" e fazer com que soe extremamente casual enquanto olha para ela.
E depois que inventaram a rede social é possível se vingar com os cliques mais engraçados desde olhos entre abertos, bocão pronto para tascar uma perna do peru, as celulites das exibidas-coloridas-de-plantão e claro, tudo isto terminando com um "amo muito minha família gente, uhhuuu é tudo para mim, amo vocês!". Ah, não esqueças de marcar os fulanos no álbum. Ótimo, agora...já sei a próxima resolução de ano novo. 

O protótipo de beleza da mulher-macho

Já se sabe que conceito de beleza é relativo e muda com o tempo, com a cultura e com a idade. Mas agora o modelo da vez aqui no Brasil é a mulher-stallone. Coxas estilo pernil de porco, seios de silicone pulando com aquele toque de bóia de salva vidas, abdome tanquinho. Para completar cabelos extremamente compridos, roupas justas/coladas/curtas e saltão. Sério, as mulheres da vez mais parecem travestis na parada gay. Onde estão as curvas da mulher brasileira? Aquele bumbum, os seios pequenos, a cintura fina de pilão? Eu se fosse homem estava muito mal servido...
                                            Isto ou isto?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Fome emocional

Eu já tive magra, depois já tive gordinha, depois já tive magra bem estilo revista de dieta e me mantive  assim até a redondez, ops gravidez, desde então já tive mais magra quase quase no meu peso mas...depois descambei a comer. Minha vida mudou 180 graus e eu que sou tão ansiosa descarreguei nos doces e em tudo que via. Isto não deveria ser desculpa, é verdade. Mesmo sem ter grana para academia eu devia correr/caminhar na rua, fazer abdominais em casa, pular a maldita corda. Não estou aqui para dizer, sim Jeanyne, coitadinha de ti, tens todos os motivos e mais outros para estar assim uma patrola desenfreada. Não. Eu engordei de novo porque desisti de mim. Por estes meses tenho estado em desespero, com a ansiedade lá em cima e deveria ter escolhido outra válvula de escape. Afinal se é para ser compulsiva então que fosse com exercício e não com comida. Ah se as coisas fossem fáceis assim. O problema é que a comida alivia a tensão, por alguns momentos me sinto preenchida. É como se com a barriga cheia, os problemas desaparecessem ou diminuíssem. É uma forma de compensação que o inconsciente cobra por ter se chateado emocionalmente e por não cuidarmos e escutarmos ele quando deveríamos. É aquela chupeta para calar a criança. Não resolve nada, antes o contrário, mas dá imenso jeito na hora. O problema é depois que vemos o resultado no espelho, nas roupas que voltam a apertar. O problema é ter de enfrentar a realidade, a de que queremos nos esconder novamente, esquecer biquini, esquecer as celulites que pulam quando caminhamos, as pernas que flexionam a nos lembrar do quanto nos afastamos de nós. Junte isto ao desânimo de não ter vontade de dar um mea culpa e recomeçar sem ressentimentos e aí me têm. 
Toda noite deito a cabeça no travesseiro e penso que amanhã vou fazer diferente. Mas o amanhã chega e a fome volta. O desespero volta. E eu cedo. Às vezes é por pura preguiça de me exercitar, às vezes é porque chove, às vezes porque venta, às vezes porque não tenho com quem deixar o Fabian ou até tenho, mas ele não quer ficar e assim vai passando. 
É dolorido admitir que a comida as tantas passa a ser um conforto, uma droga que entorpece por algum tempo. Ela está ali quando ninguém mais está para nós. Está ali para camuflar o amor que falta conosco, que está para o marido, para o filho, mas não para nós. Mas depois fica um vazio. E este vazio que fica pede para ser preenchido novamente. Se pudesse fechar os olhos e escutar este vazio, o que será que ele me diria? Acho que tenho fome de aceitação, de segurança, de amor...fome antiga, fome de quando era uma criança pequena. E você, tem fome de que?

Fotógrafo russo transforma pessoas comuns (diga-se feias) em celebridade



Eu digo...o que está faltando para mim é um maquiador e photoshop, litros de photoshop. Assim até eu fico diva!
Reportagem aqui.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O mar

Hoje fomos à praia duas vezes. Não levei cadeira nem guarda-sol nem nada, só um balde e toalha, afinal eu sou mãe de um menino de dois anos, que que eu espero? Ler de bunda para cima durante duas horas?? Nãooo, acho que devo ter feito uns tantos boios de calate (chocolate) e turugas e pão de queju. Depois umas tantas puladas e fugidas de ondas naquele mar castanho que mais parece um Nescau. Mas estava bom, apesar de não ter o esmeralda de Cascais, a temperatura compensa. Se a mamãe aqui não estivesse um boto rosa tinha entrado um pouco mais. Enfim!
Quanto ao desfralde, decidi adiar. Pelo menos até termos a nossa casa ou quando ele mesmo comece a querer o penico. Não sei o que vai ser o primeiro hehehe! 
Como é bom estar perto do mar!! Esta era uma das coisas que senti falta ao voltar para o Brasil. Gosto do cheiro, gosto de caminhar ou correr a olhar o mar. Gosto de não ir, mas saber que está lá para quando eu quiser. Quando olho para ele sinto medo, mas ao mesmo tempo gosto de ver as ondas se formando e arrebentando. A espuma nas bordas vindo vagarosamente pousar aos meus pés. A areia fina e fofa cedendo, as conchas e as tatuíras enterrando-se a cada vez que o mar se recolhe. Aquele movimento de ir e vir ir e vir incessante dá uma sensação de segurança. Faz sentir-me parte do mundo, da melodia da natureza, das suas leis. E também me dá um pouco de esperança de que tudo que me foi tomado me será devolvido, porque é assim que acontece no mar. Uma onda após a outra, um ciclo que se fecha para logo em seguida outro se abrir.

domingo, 25 de novembro de 2012

Na praia


Hoje o dia foi de muito trabalho, muita faxina. Não parei desde de manhã... aff esta casa não via escova há muito tempo. Amanhã quero ver se levo o Fabian na praia para ele brincar na areia e quem sabe no mar. Comecei muito de fininho o desfralde. O moço não quer saber de fazer coco no penico, chora quando tiro a fralda e pede para por de volta. Por enquanto não tenho tempo para cuidar quando ele se prepara para fazer coco, porque ainda tenho mais uns dois dias de limpeza, mas depois sim vou começar mais a sério. Acho que vou tirar a fralda e deixar ele de calção até para perceber quando faz xixi. Mas tenho que ir com calma, ele não é uma criança qualquer. Ele anda sentido como nós por esta situação, isto deixa-o inseguro o fato de a gente estar constantemente mudando-se. Quando ele viu que estava arrumando a mala ontem, disse para mim: mamãe, mamo mudá di casa? 
Bem vou indo que hoje to cansada mesmo! Só quero saber de por os pés para cima :)


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Conviver

Existe alguém fácil de conviver? Para mim todo mundo é difícil de conviver. Até a gente mesmo. Quantas vezes me deixo falando sozinha e vou ouvir música, tomar banho, sair para correr? Para conviver há que ter jogo de cintura, não é com tango que se preserva a paz, é com rumba, é com samba. Precisamos saber calar, mas também precisamos escolher que guerras vamos sustentar a fim de que nossa personalidade não perca o viço. Precisamos errar, discutir, sacudir a poeira para por tudo nos eixos outra vez. Coisa que admito tenho dificuldades, pois quando vejo já vai o trem desgovernado rumo ao precipício.  
Quando comecei a me interessar por espiritualidade, imaginava que tinha de ter uma tarefa neste mundo, algo que fosse grandioso, que fizesse melhor a vida de muita gente. Hoje onde vou reparo nas pessoas pela rua, fazendo o seu trabalho, nos vendedores, nos mecânicos, nos varredores na calçada. Penso que missão, que tarefa terá cada um deles. Mas alguém tem de servir, de arrumar os carros, de dirigir um ônibus. Alguém tem de recolher o lixo. Mas e não estamos todos aqui por algum motivo? Percebi que não está destinado a ninguém algo grandioso, salvo excessões como Gandhi, Jesus, Buddah, etc. O que nos é pedido não é nada além de fazer o bem para a gente ao nosso redor. É fazer o favor de convivermos em paz. A própria palavra conviver implica em contato, em intimidade de certa forma. Se convivermos com harmonia com os nossos já estamos mudando o mundo. E não quer dizer que por ser simples que seja fácil. Mas é um consolo saber que não é esperado nada além do nosso alcance, que a missão grandiosa está em conviver, conosco principalmente. E não, ninguém é fácil de conviver. Então melhor aprender a sambar. E a cantar ao mesmo tempo. Diz-se que quem canta os males espanta. Os males não sei, mas pode-se evitar algumas discussões enquanto mantém-se os ouvidos ocupados pelo som da própria voz. 

Eu não me basto

Eu sei que já vi por aí naquelas pílulas de sabedoria do facebook, algumas frases do gênero "a felicidade não depende de ninguém além de nós mesmos", "não devemos transferir para os outros as nossas expectativas", entre outras que muda-se as palavras, mas a essência é sempre a mesma. Pois concordo em tese com isto, ainda mais agora que há cada vez mais gente armada em psicóloga da internet e que todos tem a chave da felicidade em suas mãos, a mim nunca me pareceu tão difícil ser feliz.  Isto porque infelizmente eu não me basto. Preciso de alguém para me ajudar a ser feliz, para dividir minhas angústias que ultimamente tem sido muitas, para me dar um abraço e um cafuné. Eu preciso do meu marido para me sentir bem. Sem ele fico meio à deriva, perdida com o Fabian, porque ele tem uma paciência de Jó e eu, bem eu tento muito me controlar e às vezes consigo, às vezes não. Hoje por exemplo, tive vontade de largar ele no mercado. Virar o carrinho e sair assoviando a olhar para outro lado, porque esta peste só fez de tudo desde a hora que levantou. Só birras e mais birras.
Sei bem lá no fundo que deveria ser mais autónoma emocionalmente, que deveria ser mais forte, não parecer, mas ser mais forte. Mas não sou. Por vezes venço meus medos, outras deixo-me ser engolida por eles, por vezes sorrio e aguento o peso do mundo e por vezes eu quebro, eu choro, eu destruo tudo. Tive uma vez um professor que dizia que nós temos de ter menos expectativas conosco, temos de aceitar que não conseguimos chegar lá, que estamos a todo momento fazendo o melhor que podemos. E será que não há uma supervalorização da felicidade? De que temos de ser felizes todos os dias, de que temos de ser felizes com o que temos, de que temos de nos bastar? Mas e quem é que se basta?
Acredito que a felicidade é confundida com euforia. Ninguém pode ter um orgasmo que dure mais que meia hora (dizem que os porcos...que inveja dos porcos...), niguém fica feliz com uma notícia depois de uma hora. Nem se ganhar na loteria. Quando fiquei grávida por mais ou menos quinze minutos fui a pessoa mais feliz do mundo (acho eu), senti uma sensação de explosão, de preenchimento e de repente eu não cabia no meu corpo sentada, eu queria sorrir, sorrir e gritar. Mas passou. Com o tempo passou, diminuiu e voltei a mim, acostumei-me com a ideia. E de cada vez que lembrava nunca mais foi com a mesma sensação como da primeira vez. Felicidade como usualmente a entendemos assemelha-se muito ao efeito de uma droga. E dizem as pesquisas que para o cérebro não há mesmo distinção. Agora felicidade como eu entendo hoje tem mais a ver com paz. E com momentos. Ninguém é feliz um dia inteiro. Uma semana inteira. Mas alguém pode ser feliz por quinze minutos. Alguém pode ser feliz em um jantar, jogando bola, fazendo amor. Alguém pode ser feliz escrevendo, vendo o filho dormir quietinho, sentindo o cheiro da casa recém limpa. Alguém pode ser feliz nos minutos que acaricia o cachorro. Ou quando recebe um telefonema. Um abraço. Alguém pode ser feliz quando não está infeliz. Isto porque a felicidade não é cocaína, a felicidade é paz, é ausência de sofrimento. Então posso dizer que em muitos momentos sou uma mulher feliz. Completa. E mesmo não me bastando, sou feliz. Tenho alguém que me ama e respeita e que por minha vez também amo e respeito. Isto é felicidade. E isto basta.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os nomes de antigamente

Os brasileiros são conhecidos pelos nomes estranhos e estrangeirados é verdade. Só acho um pouco injusto pois que em outros países também é assim, inclusive nos EUA, ou não se lembram dos filhos das celebridades do tipo a Apple filha da atriz Gwyneth Paltrow? Aqui há outros exemplos.
E no meio de tantos Cleversons, Braian, Uilhans (willian), Béberlis, esquecemos que antigamente não havia somente Antônios e Joãos. Eis aqui alguns nomes da época que chic mesmo era falar francês.
Meu marido uma vez contou que quando era jovem tinham uma empregada que se chamava Edone, que era casada com o seu Mirtírio. Só depois de um longo tempo descobriram nos documentos dela que o nome era Idônia e o marido se chamava Martírio.
Gilete era o nome de uma velhinha na praia que eu costumava ir todos os anos.
Percílio é o nome do meu falecido sogro.
Maturino é o pai do meu padrasto.
Lothário é o avô do meu marido.
Inocência é uma amiga da minha sogra.
Emerenciana é o nome do meio da minha avó.
Haidé é o nome do meio da minha madrinha.
As tias do meu marido também tem lá uns nomes esquisitos: Diná e Dedite.
A minha dinda teve uma vez uma vizinha que se chamava Bélgica. E por aí vai...

Para o Natal...

Se eu tivesse minha casa, a árvore já estaria montada desde o início do mês, porque isso de datas certinhas não é lá comigo, já repararam que a minha casa virtual está equipada né? Agora quanto ao Natal vamos passar na praia, os três. Depois daquela discussão peguei no Fabian e nas nossas malas e vim para a minha mãe. Hoje o marido tem entrevista em outro estado, vamos ver se não é finalmente o nosso presente de Natal. Já nem sei, nem quero saber porque as tantas começo a desanimar se faço planos e depois nada se realiza. Então temos levado a vida assim um dia após o outro... E este período a sós vai fazer-nos muito bem. E assim aproveito e deixo a casa limpa para quando a sogra for lá pelo fim do ano, e aí nós voltamos para são Leopoldo. Porque agora preciso de paz, não quero me estressar com ninguém. Eu percebo que sou uma pessoa que guarda muita mágoa, mas que depois de explodir sou difícil de voltar atras. Imagino que deveria deixar saltar a tampa aos pouquinhos assim a sujeira não seria tão grande. Mas paciência, acho eu que para conviver é preciso troca e cedência de ambos os lados. Estou cansada de segurar sozinha a corda. Então é assim, Natal em família, a família que realmente importa. Espero que o bom velhinho não se esqueça de nós. Eu juro que tenho me comportado este ano!!

domingo, 18 de novembro de 2012

Ninguém é dono da verdade

Quando escuto alguém dizer, "daí eu disse umas verdades para ela", ou qualquer variante disto, a primeira coisa que me vem à cabeça é: que verdade? Verdade para quem? O que conhecemos por verdade não passa do nosso ponto de vista sobre alguma coisa ou alguém. E o outro também tem lá o seu ponto de vista, a sua visão de mundo, só aí juntando dois mais dois, chega-se a conclusão de que a verdade não existe. É simples e óbvio não? Então porque as pessoas insistem em acreditar-se donas da verdade? Em acreditar que estão sempre certas e o resto errado. Ah é importante, quando dizemos isto a elas podemos ver as emoções irem a outro polo. Sai o rosto de quem é o proprietário orgulhoso da razão e entra o sentimental beicinho e a frase: tá bem, é sempre assim, eu sou a errada, vocês estão sempre certos. 
E porque isto hoje? Porque tcham tcham tcham... tambores...não sou o Dalai Lama! Suspeitaram desde o princípio? É porque eu acho que tem gente que pensa que sou. E não, não é porque uso roupas compridas (ahahah nunca usei). Hoje me saltou a tampa, fiquei com a macaca, mas nem sequer posso por a culpa na tpm porque já estou no fim disto. Conhecem a minha querida sogra, já apresentei ela por aqui? É uma velha carola, daquelas que acorda as 5 da manhã para rezar o terço e canta o dia inteiro músicas de igreja. Acho que não tinha dito ainda que ela é surda, embora aprecie a surdez para dizer bem alto coisas do tipo para implicar e quem pegar aquilo para si começa já uma discussão em que ela tem de sempre sair vitoriosa, ao menos na sua cabeça, porque as tantas desistimos e a velha continua a falar sozinha. 
Já repararam que as discussões sempre começam pelo motivo mais bobo? E que dentro delas vai crescendo uma onda gigante de indignação e mágoa, onda esta que se escondia durante todo o período que tentamos bravamente manter a calma? Comigo é assim. Estou a mais ou menos mês e meio ininterruptos a ouvir bocas. Todo dia é uma novidade, pergunto-me se vai ser de manhã, à tarde ou à noite. Tenho tentado mesmo, mas muito mesmo manter a calma, ficar em silêncio, contar até mil, sair de perto, desabafar para o marido, enfim...são muitas táticas que uso. Mas não adianta. O problema é que o problema em si não muda. Eu acho que é o meu carma. Não quero ser a coitada que só sofre,eu sei que tenho meus defeitos e tenho um gênio difícil que só o meu amor para me aguentar. Porém quando estou na casa dos outros tento sempre me segurar, tento respeitar a forma da dona da casa de ser e levar a sua vida, mesmo que a forma de levar a sua vida seja ficar resmungando o dia todo coisas sobre mim e o meu marido e o pedreiro e sei lá mais quem. É que machuca. É que irrita. É que estamos numa puta duma situação de merda e paciência é o que menos sobra. É que sabemos que não é nosso canto e que não mandamos nada.   
Hoje a discussão foi por que ela queria que lavasse e guardasse a louça. Até aí tudo bem, concordo, porém a louça já estava lavada e não tinha sido guardada porque o marido e ela estavam ocupando a cozinha e a cozinha é onde era a área de serviço, ou seja, tem só um metro quadrado mais ou menos (porque ela o quis). Eu disse então o porque de não ter guardado a louça e ela então começou a ironizar que quando eu viesse da outra vez tinhade fazer uma cozinha maior só para mim. E que eu ainda estava de camisola e que não suportava me ver assim em pleno domingo (?!) deste jeito, e que eu não sou uma boa mãe, uma boa dona de casa, que onde já se viu. Onde já se viu o que? A casa não é minha, ela quer que eu levante com paninho na mão e vá dormir de vassoura? Não basta o que fiz no aniversário dela? Que nenhuma das noras e netas fez na vida? Mas ela disse com todas as letras que não bastava, que preciso fazer mais. Mais…mais… as pessoas sempre querem que a gente faça mais, que a gente mude mais. E nunca é o bastante. O nosso mais é pouco para elas. Porque elas não conseguem ver a luta interior que é para ser mais. E melhor.
Hoje me saltou a tampa. Não sou o Dalai Lama. Disse algumas coisas que estavam presas, mas queria dizer muito mais. Às vezes penso o que a vida quer me mostrar pondo pessoas assim no meu caminho? Eu tenho mesmo feito uma análise dos meus pensamentos, das minhas ações, mas não consigo mudar para o jeito que elas querem, e também nem sei ao certo o que elas querem de fato.
Quer saber, hoje vou aproveitar que estou bem doida. Vão mais é se fuder as duas sogras da nossa vida. Vão mais é a merda!!! 

sábado, 17 de novembro de 2012

10 coisas inúteis musthave# para pais de primeira viagem

Quando estamos esperando o primeiro (e às vezes último) rebento temos a impressão de que de repente caímos em um mundo estranho. E entre fraldas e mamadeiras, de repente há uma série de pessoas, inclusive desconhecidas, que tem sempre um palpite a dar. E claro, como se não bastasse a confusão toda, a felicidade e/ou surpresa da notícia, as tias e futuras avós com os seus chás e conselhos, temos a mídia, esta malvada insaciável. E então, eis que muitos pré-papais são bombardeados com emails e propagandas nas revistas e sites com uma série de itens totalmente indispensáveis para esta aventura que é criar outro ser humano. Tenho a noção de que comprei algumas coisas inúteis e sei também que cada bebê é diferente, o que funciona com um, pode nem fazer coçar o outro. É por isto que esta lista tem como base a minha experiência (e também a de algumas pessoas que conheço).




Espreguiçadeiras hig tech#
Quanto mais sem noção melhor, com luzes, com músicas, com programa para girar e tremer. Coitada da criança, deve parecer que esta em um liquidificador. Não sei quanto a vocês, mas as pesquisas recentes apontam para que bebês gostam mesmo é de colo e aconchego. O meu então ficava o tempo todo ao meu lado sem descanso. Tive uma espreguiçadeira emprestada daquelas bem simples e ele sentou ali duas vezes e nunca mais. Média de preço: de 200 a 400 reais.




Esquentador de mamadeira# 
Sério que alguém compra uma coisa destas? Tá bem, é elétrico e tals, mas se você não costuma acampar e carregar junto um minigerador, é uma tralha. É caro e não é lá muito útil para quem tem um microondas em casa, são só 20 segundos e já está, enquanto o aparelho demora mais que o triplo do tempo. E quando se tem um bebê desesperado gritando no seu ouvido de madrugada, meu filho, tempo é muito importante.



Adicionar legenda



Tapete de atividades#
Ou deveria chamar de tapete do grito? Esta eu marchei. Admito que comprei um, mas foi no minipreço, dos males o menor. Como eu já disse, o Fabian foi daqueles bebês que queriam sempre estar no colo ou no mínimo encostado em alguém. Ele olhou para aqueles bonecos pouquíssimas vezes, olhou para o espelho, mas depois de ver que aquilo não saía, irritou-se e toda vez que tentava pô-lo era um berreiro só. ps: eu acho que estes bebês de anúncio são montagem. Quer um substituto? Põe ele embaixo de um varal olhando para as ceroulas da vovó. Dá no mesmo.

Babá eletrônica#
Se você não mora em uma casa de mais de quinze quartos, então provavelmente é frescura. Isto porque ouve-se um bebê chorar pelo menos num raio de um km, ainda mais quando estão esfomeados. Imagina que tem gente que escuta os vizinhos transando e acham que não vão escutar os decibéis do anjinho ali ao lado. Só para terem a ideia de quanto custa uma brincadeira destas: entre 500 e 700 reais.




Coleira para crianças#
Esta foi uma indicação de uma amiga que se arrependeu de não ter comprado. Fora o fato de ser no mínimo esquisito e parecer que se está passeando um cachorro, só me vem à cabeça o personagem dos Simpsons e os seus óctuplus, o que este produto oferece é a ideia de poupar um pouco nossas pernas quando os pequenos entram na fase de fugir de nós (ou seja dos 2 aos 20 anos). Porque é inútil? Porque apesar de tentador isto não resolve o estresse de ter de arrastá-los porque a birra vai ser grande. Imagine assim: tentamos conter um potro com uma cerca de papelão. Até pode iludi-los por algum tempo, mas depois vamos ter de dar aqueles berros. Conselho: deixemo-nos de esquisitices e toca a correr atrás das pestinhas. É mais saudável e ainda queimamos aqueles pneus da gravidez.





Chupetas termômetro#
Eu sei que a tentação é grande, mas contém-te mãe neurótica que habita em cada uma de nós. E isto aproveito para dizer, chupetas, roupas indicadoras de febre, colheres que mudam de cor se a comida está quente, etc.  É fácil perceber estas coisas...e o bom e velho modo de medir a febre dá para o gasto, até aqueles mais modernos que podemos verificar pela testa ou ouvido são bons.

Rede para comer frutas#
Em que mundo estamos? Realmente não sei como nossos pais conseguiram nos criar sem toda esta segurança que é oferecida hoje para nossas crianças. Sério que precisam disto para comer fruta ou qualquer outro alimento sólido? Não basta por nas mãos em pedacinhos e ficarmos por perto? Se pode se engasgar? Pode, mas nada de um tapinha nas costas não resolva. Aliás, estamos vivos para contar não é?

Sapatos de bebê#
Tá certo, eles são fofos, muitoooo fofos. E se tiver esperando uma menina as chances de ir a loucura com a variedade são o dobro do que uma pré-mamãe de menino. Porque é inútil? Porque se não for aqueles de tricô oferecido pelas avós e se não morarmos em um lugar frio, há grande probabilidade de serem usados uma única vez se muito. Porque nos primeiros tempos o melhor e mais confortável para os bebês são mesmo os tiptops (babygrows) e sendo assim, quando for a hora de tirar aquela foto é possível que o pezinho já nem entre nos tênis adidas tamanho XS. Sugestão: deixe para as tias e madrinhas e guarde dinheiro para as fraldas. Você não tem ideia de como vai precisar.
Quarto temático#
Em Portugal não é tão comum, mas no Brasil há uma necessidade de reproduzir aqueles quartos de revista, com direito a papel de parede, pinturas, quadros, cadeira de amamentação (bonita porém desconfortável), lustres, etc. O problema é que se investe muito dinheiro e o quarto fica obsoleto antes mesmo de terminar as prestações do cartão de crédito.
Almofada de amamentação#
Qualquer apoio serve! O braço do sofá, a barriga do marido, até (pasmem) as almofadas comuns que já temos. Não precisa sair comprando e fazendo coleção das mais compridas, das mais fofas, das mais coloridas. Tem mães que nem chegam a amamentar mais de dois meses... E estes foram o que me vieram à cabeça porque podia ficar o dia inteiro falando sobre isto. Hoje há tantas, mas tantas coisas inúteis que nos convenceram de que são indispensáveis para o nosso conforto e dos nossos filhos, que se não mantivermos o bom senso a vinda do bebê abre uma cratera no orçamento. Mas lá está, às vezes  tem coisas que só aprendemos com a experiência. E vocês o que compraram que acham que não valeu a pena?

Who wears shorts short?

É... agora calor chegou mesmo para ficar e com ele a vontade inevitável de mostrar as carnes. Não sou daquelas que olham feio para meninas de roupa curta, como já disse aqui, eu olho e admiro (e às vezes me entristeço porque as minhas pernas já conheceram melhor forma). No entanto, também não vamos ser hipócritas pois que as roupas curtas exigem corpo em dia, não há a menor dúvida. Mas para mim o grande teste da boa forma é o famoso shortinho. Até eu ficava com receio de usar mesmo quando estava nos meus 58 kgs. Implicava com as gordurinhas e culotes que imaginava sempre maiores do na realidade e aquela bolsinha chata no meio das pernas era o que mais me incomodava. 
Conjunto completo: putamodeon#
Mas o shortinho exige além daquele corpinho sarado, elegância, muita elegância. Se você não possui pernas de garça como aquelas modelos, o melhor é ter cuidado porque do contrário corre-se o risco de ser confundida com aquelas meninas de vida fácil. Vocês sabem, as putas. E a forma principal para este feito nem fica pelo comprimento, é mesmo o conjunto. Acho terrível quem usa com botas, brincos enormes e batom forte, é quase um letreiro neon de estar ali, pronta para o trabalho. 
Aquilo é vulgar, isto é sexy.
Aí vai uma foto de uma garota normal, já que a outra parecia  ter perna de garça.
Para não ter erro, uma sandália rasteira, uma blusa que cubra a barriga, não necessariamente um casaco por cima como tenho reparado pelas fotos do google. E isto que nem sou lá grande entendedora de moda, além disto são conselhos tão simples de seguir que hoje em dia só é vulgar quem quer. Sinceramente não sei porque tem gente que gosta tanto de chamar atenção pela negativa. Usando roupas assim estas mulheres só vão atrair operários, bêbados e aqueles velhos tarados. Se seguirem a regra básica do tapa aqui esconde ali, talvez comecem a atrair a atenção daqueles de quem realmente valha a pena escutar cantada. 
Aí ele olha para você e diz: preciso voltar a estudar mitologia grega. Esta deusa eu  não conhecia!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Penteado para o aniversário

Infelizmente não pegou direito as mini piranhas...mas tá valendo.

Os chatos

Não sei o que há com as pessoas chatas que não consigo deixar de lê-las/vê-las. É quase como a minha auto punição ou um vício, talvez porque tem alguma coisa nelas que atrai. A sua chatice/ignorância/pedância me dá vontade de saber se a cada vez elas vão superar o feito anterior. E há chatos de todos os tipos, daqueles adultos que falam tal e coisa como criancinhas cheia de gírias, há aqueles que querem ter sempre razão, há os cheios de mania, os que não nos deixam falar, há os que adoram atirar sua raiva ao mundo e segure-se a quem serviu o chapéu. 
Mas lamento dizer que o mundo não sobrevive sem os chatos. As fofocas não sobrevivem sem os chatos. O mundo dos blogues também não. É claro que em algum momento nós mesmos somos chatos para alguém, mas isto é normal, os de que falo são aqueles que em mais da metade do tempo realmente se esforçam para tal. Porque afinal de contas, o que todo o chato gosta é de atenção. Os chatos devem ter tido uma infancia insossa quanto a isto. Lembro de uma vez sentar na frente de um ex colega de faculdade do marido e ele passou o tempo todo dizendo os feitos de sua vida. Este chato era do tipo eu sou mais eu. Ele tinha cozinhado em um aniversário para mais de duzentas pessoas sem ajuda, ele tinha sido chef de cozinha em um hotel cinco estrelas, ele tinha os piores e mais arteiros filhos do mundo, ele era presidente da associação dos ciclistas da Bahia. Ufa, até eu que sou uma burrinha inocente que acredita em tudo comecei a encher o saco.
Às vezes penso que há, como na atração sexual, uma espécie de feromonas a pairar em volta dos chatos, senão como explicar esta relação amor e ódio que temos com estes indivíduos?  Como explicar que ao mesmo tempo que queremos fugir, há uma vontade tremenda de ficar? Será a humanidade contraditória ou vendo por outro lado, o mundo está dividido entre chatos e implicantes? Não sei, mas confesso que se tiver, sou uma implicante nata.  

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Conversa de homem

Eu chego para o marido: e então o que vocês estavam falando? E ele, "coisas". Ante a minha cara embasbacada, ele acrescenta: um monte de coisas. Aquilo como se estivesse explicado muito. Não to vendo A coisa. Quer dizer que vocês ficam ali horas a falar e tu não sabe me dizer sobre o que? E ele então suspira e às vezes diz que fulano comprou um carro e eu mas que marca? É novo? Que cor? E o marido suspira, não interessa. Interessa é que comprou um carro! E quando me vem com a noticia  de que fulano foi pai. E eu, é menino ou menina? Nasceu cabeludo? Foi parto normal? Chora muito ou é quietinho? Ele se exaspera: não sei, não perguntei. E eu, mas ele não disse? Não interessa, será que tu não vê que não importa se é grande ou pequeno ou se é bonito ou feio, não faz diferença. E eu fico pensando, será a conversa feminina muito mais detalhada ou são mesmo os homens que ficam ali a falar uns com os outros frases soltas a que nenhum se dá o trabalho de perguntar e fazer assunto? Eu imagino que seja mais ou menos assim:
Então fulano, como vai A coisa?
Vai bem e contigo?
Tudo bem também. Ah tu sabe, comprei uma casa ontem.
Que bom!
....
....
Esta cerveja tá quente, vou buscar outra. - volta dois minutos depois. - então?
....
....
Bota lá no futebol.
...
...
Não me admira nada que não tenha muito a falar. Imagina, odeio fofoca pela metade, sempre que posso, e quando é criança ele faz uma excessão, pergunto o que quero saber para ele perguntar para a criatura. Deve ser por isto que conversa de homem raramente tem discussão e talvez seja por isto que haja menos inveja, já que não contam detalhes de nada, tanto faz um fusca como um audi, eles ficam felizes uns com os outros. Se repararem, conversa de mulher, metade é para falar das amigas que não estão presentes e metade sobre homem/filhos. Mulheres apreciam o enredo da história, mastigam os detalhes com voracidade, homens apreciam a companhia, a presença do amigo ao seu lado. Homens apreciam mais o silêncio do que a própria conversa em si. 

Hoje vai ter uma festa

Estou cansada, meus olhos imploram para que volte a dormir. Ontem esfreguei com escova todas as paredes da parte de baixo da casa da sogra. Ficou um brinco! Tirei o pó, dos móveis e dos lustres e dos quadros que ela tem. São muitos, inclusive um é o rosto do meu marido quando tinha uns trinta e tenho adoração por este. Mas hoje estou meio down, fiquei menstruada, com aquela vontade básica de esgoelar o marido e o filho. Hoje o Fabian vai ver filme toda manhã, ao menos não escuto a voz dele por um tempo. Eu digo que não preciso ficar bêbada para ter ressaca, basta estar naqueles dias e ter uma noite péssima com o Fabian me pedindo a chucha cinco vezes, para acordar como se as pessoas usassem um megafone nos meus ouvidos. Ainda por cima tenho que passar roupa porque o marido tirou da secadora e amarrotou-as, sendo que se houvesse boa vontade, dobrando com paciência, não era preciso ferro. Irra!! Acho que vou precisar de um chocolate, afinal quem disse que os diamantes são os melhores amigos de uma mulher? Para mim quem resolve tudo é o bom senhor chocolate!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

It's me

 Sou assim uma pessoa meio compulsiva-obsessiva, oscilo entre oito ou oitenta. Entre uma vontade louca de viver e uma paralisia viciante frente ao computador. Sei que deveria buscar o equilíbrio e de fato às vezes busco, mas ele foge. Foge porque a inspiração precisa de um que de loucura. E desprendimento. E honestidade. Escrever é para mim um exercício de espelho. É como se tirasse todas as notas do pensamento e me pusesse a analisá-las, a alisá-las na esperança de reter um pedaço de mim que se esconde algures da minha memória. Na esperança de reencontrar alguém que deixei de ser, fixo alguém que poderia ter sido e ele foge. Por algum motivo ele tem medo de mim. Talvez porque lhe roubo os pensamentos. Talvez porque se lhe segurar ele passa a ser novamente eu. E morra. Escrever é viajar por si mesmo, é dar enredo a sua vida, é dividir sua experiência entre as personagens. Aqui sou diretor do futuro e tudo sei sobre o passado e presente. Aqui não há tempo, as cenas repetem-se e nem sempre na mesma ordem. Mas não confundo-me, sei cada pedaço de minha história. E acuso-me mais leve quando a escrevo e reescrevo. Porque escrever é uma forma de treinar para ser. Mas é também saber que a unidade empobrece a alma, pois que os desencontros são as farpas que nos fazem crescer. É ter a consciência de que ninguém está só, que por trás de cada homem, muitos outros escondem-se e por trás de cada sombra, um universo espera para ser contemplado. Conhece-te a ti mesmo. Escreve sobre ti mesmo. Ou simplesmente escreve. A mágica acontece quando ninguém vê.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O tal

Eis aqui o motivo maior (entre tantos outros) para eu perder uns quilitos. Comprei na Mango quando ainda estava grávida tal foi a paixão desde que o vi. Já me serve, mas temo que fico com um ar de Kristen Stewart. Vocês sabem, a tal que está sempre prestes a dar um traque. 

Cinco coisas que só fazemos quando somos turistas

Todo turista é meio como um Mr. Bean solto em uma cidade que se visita pela primeira vez. Turistas são como crianças de dois anos que maravilham-se com a coisa mais banal possível e agem como se aquela estátua suja fosse o próprio Davi. E quando há um grupo deles, com aquelas câmeras gigantescas no pescoço, eu passo com medo que eles me fotografem acidentalmente em suas fotos panorâmicas. Mas apesar de achar muito engraçado, identifico-me com eles porque eu mesma já fui e pretendo voltar a ser turista. Eis algumas coisas que nunca faríamos se fosse a nossa cidade.

Visitar igreja# 


Batman visita a Capela Sistina

Primeiro podíamos ter em conta que a maioria das pessoas que conheço são católicas não praticante. E o que quer dizer mesmo isto? Quer dizer que algum dia entraram na igreja, um dia que não foi por suas próprias pernas, e que algum gordo de lençol lhes derrubou algo gelado nas carecas. Pessoas assim só entram na igreja se for a capelinha da Nossa Senhora de Deus me acuda lá do alto de  Belém do Pará. Pessoas assim olham para mim quando digo que nem a pau entrava na Notre Dame como se eu fosse uma gárdula. É que igreja é tudo igual. Maior ou menor, tem sempre aquelas pinturas no teto, os anjos pelados, a Cruz, a paixão de Cristo. Não importa se foi Michelangelo quem pintou ou o Zé do Pipo. Tá bem, não sou nenhuma ignorante para saber que um é um génio e o outro, bem o outro deve ter sido contenção de despesas, mas é que olhar tudo da lááá de baixo não se vê grande coisa, além de geralmente ser um lugar escuro e no qual não permitem fotografar com flash. Ou seja, nem a porcaria de uma foto decente vou poder levar para casa!



Lugares inusitados#
Afinal ir à Paris e não conhecê-la profundamente, é o mesmo que não ter ido.

Ah que bom deve ser o ar dos esgotos de Paris! É imprescindível conhecer aquele monte...aquele monte de canos e tubos e subir aquelas escadas intermináveis....com....com aquele cheiro de cocô francês. Não sei, mas desconfio que não cheiram tão bem quanto os seus perfumes. E porque diabos isto é interessante? Nunca me passou pela cabeça acordar e dizer: hoje vou conhecer os esgotos de Porto Alegre, mal posso esperar!!


Andar feliz em transporte público#

Olha que fofo, até Porto Alegre tem um!

Não é bem um lugar imprescindível para ver, mas sim um transporte. E aqui aproveito para dizer, andar de trem, ônibus e aqueles ônibus abertos, o que costumo chamar de supra sumo do torturismo. Quando somos turistas aceitamos de bom grado aquela espremessão daquele monte de gente em volta de nós, fazendo uma massagem involuntária nas nossas costas, bundas e pressionando nossas barrigas. Mas não faz mal, olha ali à direita temos o arco do triunfo! Cadê a porra da máquina?! E lá sai uma foto da careca do cara ao lado e um dos arcos meio torto e um dedo da periguete que estava bolinando seu marido. Um à parte para aqueles ônibus em que há uma luta para ver quem senta em cima e de preferência bem na frente. Eu acho aquilo um raio de ruim tanto no inverno com a chuva, quanto no verão com o sol queimando a cabeça rosa daqueles gringos que mais parecem tomates em fim de feira. Fora que se corre um risco terrível de tomar vários tapas daquelas árvores que odeiam turistas. De acordo com as minhas estatísticas, os chineses são os mais atingidos. Vai se lá saber porque.


Comer na tasca mais podre#


Com gosto de vingança: viu mãe, comi sem lavar as mãos e vou sair sem escovar os dentes!

Quando estou na minha cidade faço de tudo para evitar lugares com higiene duvidosa, mas quando somos turistas sentimos que podemos dar férias aos sabonetes protex e encaramos qualquer, digo qualquer coisa que tenha uma fila maior de vinte pessoas. Deve ser muito bom mesmo! É a nossa tentativa de nos misturar com os nativos e incorporar sua cultura, esperando que ela nos prenda pelo estômago. Nem sempre funciona, é verdade. Quem acaba preso, ou melhor, solto solto é o nosso amigo intestino.Turista prevenido deve ter sempre papel na bolsa e uma cara de pau daquelas para entrar nos restaurantes do caminho em busca de alívio.


Parar para ler o nome de cada estátua#
Carlos Drumond de Andrade, escutando bêbados desde 2001

Até hoje passo por alguns monumentos na minha cidade e sequer sei  quem é, quem fez e o porque está ali. Mas já tenho mais fotos do que tiraria em um ano das estátuas de Lisboa e Paris. Tenho um monte de fotos de pessoas e cavalos de pedra, de vários ângulos que na hora parece uma coisa legal, mas em casa tenho vontade de deletar tudo. Uma coisa que as fotos digitais trouxe foi a falta de objetividade em uma viagem. Se ainda tivéssemos que depender dos rolos não tirávamos tantas fotos de florzinhas e pombinhas na praça nem de placas de rua. Mas também não tirávamos aquelas fotos que todo mundo tem que esconder antes de editar todas em um cd. Paraaaa tudo! Vocês sabem de que fotos falo!
Agora sério, deixo aqui uma mensagem para todos os turistas acidentais ou não:
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
 Amir Klink

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Quando vou ter a minha cajinha?

Estes dias o Fabian brincava com uma das meninas da vizinha da frente, e voando de bicicleta ela disse  que meu filhote tinha contado que nós não morávamos na casa da minha sogra, mas que só estávamos ficando lá. Com que palavras ele disse, eu nem imagino, pois que a construção de frases dele é mais ou menos como a de um americano falando português. Porém aquilo me deixou pensando, afinal meu menino não é assim tão alheio a nossa realidade. Ele tem brincado muito de cajinha,  se esconde pelos cantos e entra e sai dizendo Tau, vou pá minha cajinha. Ontem perguntei se ele gostava da nossa casa nova. E ele: mãe, é Celita cajinha. E eu mas não é do Fabian também? Nãoo, Celita cajinha. 
Se até uma criança de dois anos sabe perfeitamente o quanto é importante termos o nosso próprio canto, quem sou eu para dizer o contrário. Confesso que às vezes me bate uma de o material não é importante, que importa o amor e isto temos de sobra...só que sai deste corpo que este corpo não é teu! Eu gosto da matéria, Jesus como gosto. Acho que esta nova onda de despertar para a espiritualidade distorce um pouco as coisas. Podemos ser melhores sim, mas podemos e merecemos ter conforto. Eu mereço ter a minha casa, porque não? Eu acho bárbaro as pessoas dizerem que o dinheiro não é fundamental, acho lindo mesmo, me vem lágrimas aos olhos. Principalmente quando elas se viram para atender uma chamada no seu iPhone 5. 
E neste balanço, vejo que faz seis meses precisamente que o meu marido perdeu o emprego. Permitam-me um pequeno desabafo. Foda-se aquele filho da puta daquele português viado que fez o meu marido perder o emprego para colocar dois amigos dele no seu lugar, ganhando o mesmo que o meu marido ganhava!!!!! E já agora, sua francesa ordinária, espero que tu vá dançar cancan lá no inferno, porque só ele para te dar um pega. Sua ridícula que não quis aceitar o meu marido quando todo mundo já tinha concordado para ele trabalhar em Paris!!! Obrigada. Sinto-me um pouco melhor. Eu sei, tudo que a gente tá passando é porque a gente precisa passar. Tudo faz parte de um plano maior, que a princípio não sabemos porque, mas fomos sorteados na loteria dos que vão ficar com o cu assado de tanta merda. Mas tudo bem, dizem que no final tudo melhora com um pouco de hipogloss. Mas ó senhor do show da vida, uma novela só com desgraça não dura tanto tempo senão não há audiência que aguente. Um pouquinho de felicidade para a mocinha aqui, pode ser?
Ps: felicidade em notas de € 500 por favor.

Adendo

A minha sogra vai mesmo fazer a festa de aniversário. Depois de tantas discussões com ela mesma, decidiram, ops, decidiu que vamos ter uma torta de abacaxi, uma de bolacha e salgadinhos. 

domingo, 11 de novembro de 2012

O que há com as revistas femininas?

Alguma coisa acontece quando se chega quase aos trinta. Quanto a mim, deixei de acreditar em revistas femininas. A começar pela capa, eles photoshopam tanto a atriz/modelo/filha-do-editor-da-revista que deixam a criatura com cara de museu de cera. Lá pelas tantas um braço ou um umbigo é esquecido, mas ninguém nota não é mesmo? Todas querem aquela cintura de "quebrei algumas costelas por isto".
Madonna é você??
Depois há aquela sessão básica de "faça 20 looks diferentes usando alparcatas com um paletó rosa do seu marido". Depois tem a parte de artesanato ultra chic que os preços estão sempre acima de três dígitos antes do zero (dica importante: não tente fazer isto em casa...ficará ridículo, acredite). E tem também aquela parte das perguntas da leitora: se eu fizer sexo oral quando ele estiver com diarreia corro algum risco?
Como posso esquecer o carro chefe que é a dieta?? A dieta da vez não tem nada que não se saiba. Comer bem (pouco), se matar na academia fazer exercício e muita água. 
E você esperando o que? Algum chocolate que emagreça?
Há alguma coisa estranha com a entrevista da modelo de capa: tem sempre um corpo invejável que conquistaram com... não comer depois das 18 horas? Sério que alguém faz isto? São todas naturais, são contra botox e cirurgia porque querem envelhecer bem. É que a natureza foi muito generosa com elas, só isto. Que maldade ficar procurando as cicatrizes da lipo meninas!
Confessa que você não faria tudo pelo telefone do cirurgião dela?

É bizarro, muito bizarro constatar que estas revistas são supostamente direcionadas para mulheres maduras, não para adolescentes. No entanto o que vendem é tão batido, sempre as mesmas coisas e as mesmas ilusões que até duvido se secretamente elas não sejam mesmo feitas para as meninas que já tem vergonha de ler a Capricho. Mas o pior de tudo, o que me fez aos poucos desconfiar deste jornalismo cor-de-rosa, foram aquela parte das "histórias reais", contos eróticos, como diz o meu marido, mela-cueca, em que a mulher conta (absolutamente tudo) sobre o seu encontro para lá de hot e perfeito com o cara mais gato do café cubano que encontrou enquanto ia acompanhada com as amigas em uma despedida de solteira . A ladainha é sempre a mesma, muda-se o local e o nome fictício, mas de alguma maneira surpreendente sempre consegue-se chegar a múltiplos orgasmos com um desconhecido e que garantem elas, nunca mais querem vê-lo. Jura? Se um cara conseguisse isto comigo seria o David Copperfield. E eu não largava do pé dele até ele revelar a mágica para o meu marido. Ops, não, mas este seria o Mister M. Mágico errado, mas também tava valendo...                       

Resumo da história guarde os tostões para um cachorro-quente, porque a gente já sabe que a dieta começa segunda. E a gente sabe que não vamos passar da primeira semana sem querer cometer um homicídio. Vamos ser feliz com o que temos, que na minha opinião modesta, homens devem preferir fazer amor com mulher de verdade, mesmo com celulite e estria, do que ficar batendo para uma de papel. 

das coisas que gosto no verão 2


Buffet de sorvete! Foi o que senti mais falta em Portugal... Apesar de descobrir aquele orgasmo gelado que é o doce de leite da Häagen Daaz, faltava alguma coisa. Esta coisa seria ter à minha escolha mais de vinte sabores, mais de cinco coberturas, mais de dez tralhas para se por ao cume da montanha calórica. Isto para depois acabar por sempre escolher os sabores chocolate, coco, doce de leite, leite condensado e chiclete. Vá entender!

sábado, 10 de novembro de 2012

Dividir um quilo de sal

Quem é casado sabe provavelmente o quanto é difícil conviver com outra pessoa, não refiro-me naqueles dias em que acordamos de mau humor, nos de TPM, pois estes dias passam e a normalidade dos sorrisos e do amor volta a pairar na casa. Afinal este foi O cara que escolhemos para viver e se com ele já há dias assim , imagina morar com quem não se faz a mínima, digo bem minúscula vontade? Aqui há dias e dias. Eu passei pela fase da simpatia e gratidão genuína, já passei pela fase de relevar o que escuto, já passei pela fase fuck you old bitch em que imaginei várias formas de matar a dona da casa. Já passei pela fase de aparentemente estar em nirvana e queimar de raiva por dentro, peraí, ainda estou nesta fase. Como disse, morar com quem se ama, tem lá os seus momentos bons, mas os dias na casa da sogra não. Ultimamente tenho entendido todas aquelas piadas de sogra. Acho que as pessoas que as inventaram devem ter passado um tempo beeem juntinho com a dita. 
Não me interprete mal consciência, todas as pessoas se tornam chatas quando dividimos um quilo de sal. Todas as pessoas ficam mais implicantes com a convivência. É como aqueles realit shows. Não, é pior, é como feijão na panela de pressão, feito no calor de trinta graus, que deixa a casa cheirando a pum e todas as pessoas olhando umas para as outras. 
Eu até acho lá no fundo que queres que eu seja paciente, agradecida, e todas aquelas tretas de querer que eu seja a boa moça que deveria ser. Só que não. Eu acho extremamente chato ter uma pessoa querendo que eu faça isto ou aquilo, tudo que eu e o marido fazemos é errado, tem que ser assim ou assado, pois que moda é esta de que quando viram sogras passam a sócias majoritárias na empresa da verdade? Eu já vi esta novela antes. 
Minha sogra tem quase oitenta anos, tenho que dar um desconto e eu juro que dou. Mas a velha já mudou de idéia mais de vinte vezes sobre fazer o aniversário dela aqui, lá na praia, na casa do outro filho, aqui de novo, mas aqui não dá porque a sala está em obras e o pedreiro é um vagal que não vem terminar isto. Mas afinal ele é um coitado que não deve estar bem de saúde. Mas mesmo assim ele deveria já ter terminado isto. Como pode demorar tanto tempo?! Mas eu posso esperar porque quero tudo arrumadinho e bem feito. Mas que coisa que não aguento mais esta imundice, eu já disse, não vou receber ninguém aqui para o aniversário. Vou já encomendar duas tortas e fazer uma de bolacha e uns salgados. Uff, sério acho que minha sogra é bipolar. Ou ela faz um esforço muito grande para testar minha paciência.
Enfim, ainda nem dividi um quilo de sal, mas as agulhadas começam a perder a graça. Espero de coração que das duas uma: ou o marido arrume emprego antes do fim de janeiro ou me leve na mala para Paris, mesmo que para isto tenhamos que eu e o Fabian andar a tocar violão no metrô.

Diferenças entre homens e mulheres (no bar)

Elas comem batata frita, arroz, bife, ovo frito, lasanha e não sei o que mais e pedem um refri light. Eles bebem mais de dez latas de cerveja e comem apenas meia porção de fritas para não criar barriga.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Um filho especial

Ontem em uma tentativa de refrear o Fabian em um consultório médico, reparei nas sandálias estilo franciscano que a mãe do menino havia deixado. O Fabian com a agilidade de um furacão a levantar tudo que vê pela frente já as reclamava para si, pois são iguais as suas. As sandálias repousavam sobre a cadeira de rodas do menino que estava consultando, eram tão imaculadas de brincadeiras de criança, de sujeira, de riscos e até do descascado nas biqueiras tão característico de um calçado de menino. Óbvia a minha constatação. O menino não anda. Não trepa em cima de muros, não rala os joelhos. O menino não fala. O menino não faz as birras que o meu faz de atirar-se ao chão para eu arrastá-lo. Pensei com vergonha nas vezes que odiava a energia inesgotável do Fabian, em que não gostaria que ele corresse tanto, que exigisse tanto, que me puxasse tanto para acocorar-me ao chão com ele. Senti vergonha de querer que ele seja perfeito, contido, educado. Vergonha porque eu não teria sob mim olhares de desaprovação, pois que fiz um bom trabalho em domar a fera. 
Certo dia estava na casa da minha sogra e escutei uns uivos persistentes. Achei que eram os cachorros que aqui pipocam por todos os lados. Mas logo aqui ao lado há uma "creche" para pessoas deficientes. Os gritos eram deles. Já passei ali tantas vezes, mas nunca tinha reparado bem nos jovens e crianças maiores que por ali andam. Aliás são daquelas coisas que não sei exatamente como reagir. Não sei se olho ou se finjo que não vi. Não sei se é pior a curiosidade ou o descaso. Não sei, porque não sei o que sentir. Não sei se é errado sentir pena, dor ou impaciência. 
Meu filho vai crescer, vai com o tempo tornar-se mais civilizado e vai fazer sua vida. Mas uma pessoa assim segue de certa forma a ser criança pelo resto da sua e como a família lida com isto pode amenizar ou não o futuro destes filhos. Alegra-me ver que as pessoas tratam com mais naturalidade, que não escondem como antigamente estes seres em quartos escuros. E claro, ao constatar isto também fico aliviada pelo meu filho ter saúde e até por ser assim tão estouvado. De qualquer forma, aquelas sandálias em cima da cadeira me deixaram a pensar. Tão limpas, do mesmo tamanho 26 do Fabian sendo que o menino aparenta ter uns sete anos apesar de muito pequeno... Todos os filhos são especiais, mas há uns mais especiais que outros. 

Das coisas de que gosto no verão






Biquinis, biquinis e mais biquinis. De preferência bem coloridos e pequeninos, daqueles de bolinha amarelinha que mal caberiam na Ana Maria. Ai céus, é por isto que estou numa dieta e pular corda imaginária todos os dias para sentir-me bem nos meus biquinis. 
Uma coisa que gringo não deve entender nunca é porque temos quase a bunda toda de fora e não colocamos os peitos ao léu. Também não entendo, há muito pudor por mais um pedacinho de carne à mostra. Mas uma dica: também não entendemos andarem as vossas mulheres nuas da barriga para cima e abaixo do umbigo estar um lençol colorido que mais parece aquelas fraldas de bebê antigas. Sim, porque até as fraldas evoluíram. Enfim...é uma questão cultural. Agora não é lá por andarem as moças aqui nuas no sambódromo que a sociedade vê com bons olhos a nudez assim por tudo e nada em uma praia não-nudista. É porque tem aparecido muitos gringos nus no litoral do Rio e São Paulo, as pessoas veem, filmam, mas não denunciam. É que repito, o atentado ao pudor é crime, salvo nas novelas, nos programas de auditório, nas revistas e publicidade. É que nudez assim tão nua e crua, tão espontânea sem querer vender nada, não estamos acostumados.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Brasileiros com "Z" por favor

Eu já falei disto muito recentemente, mas enfim, volto a falar porque isto realmente me deixa enojada. É feio, muito feio esta ânsia que vejo nas pessoas que emigraram que comem merda e querem arrotar caviar para os outros. Porque o importante mesmo é mostrar que são pessoas de sucesso, quando a gente que está mais perto sabe que não é bem assim. A minha cunhada mora no Havaí e vive falando mal do Brasil, é que lá nos EUA é que é bom, lá se tem qualidade de vida, lá se tem os melhores serviços, mais segurança, um multibanco a cada esquina. Quem a vê falando e expondo sua vida na rede social e fotos de carros e viagens, pode questionar-se se ela é médica, advogada, publicitária. Nada disto. Ela trabalha como faxineira, como camareira, como massagista de hotel, enfim nada contra as profissões que são muito honestas, mas nada de glamouroso em se segurar uma esfregona, não é verdade? Nada de glamouroso em se trabalhar 12 horas por dia, em se tirar uma folga a cada quinzena, em ser demitida por causa de uma lesão e nem sequer ter direito a indenização. Nada de mal também em não se ter seguro de saúde público, nem garantia de aposentadoria, pois sendo privada, pode a empresa falir e vai-se todo o dinheiro sem nenhuma garantia de reavê-lo.
O primo do meu marido mora na terra do tio Sam há duas décadas e também é a mesma história, tão repetida em frases do tipo: sou rico, tenho uma casa com piscina de água salgada (vejam como sou excêntrico), para mim se o presidente se reeleger ou não tanto me faz porque vou ali investir na bolsa (da mulher?) e já saio com um BMW novo. Quem o lê não imagina de que todo o esforço que foi enriquecer partiu do sogro e não dele. Não que a pessoinha não tenha trabalhado, mas de fato só chegou lá porque já encontrou o caminho feito. Quando leio estas coisas dá vontade, mas dá tanta que venho aqui no blog desabafar. É que sei que é inútil, ninguém muda ninguém, mas me revolta cuspir no prato que comeram por muitos anos, me revolta esquecerem que os seus pais tanto fizeram para lhes dar o melhor possível, pagaram curso superior e tudo. Esta foi a vida da minha cunhada, saiu do Brasil com um diploma para trabalhar de camareira primeiro na Austrália e depois nos Estados Unidos. Não acho mal de todo se for para uma experiência, ou para dar um pontapé inicial no mercado de trabalho, ou se for para aprender a língua. Mas ficar mais de dez anos estagnada em sub emprego e com um discurso de que apesar de limpar a sujeira dos outros lá é melhor, não entendo.
Eu mesma já trabalhei na fábrica da Triumph, já trabalhei em restaurante e não tenho vergonha. Mas nunca quis dizer ao mundo de que tinha uma vida de princesa. Isto não existe, não é a realidade de 99,9% dos brasileiros que emigram. Acho mal, extremamente mal quando ainda por cima se passe a escrever Brasil com "Z", é porque agora esta gente não quer ter mais nada com nossa língua, nem quer ter mais nada com as suas raízes. E como bons estrangeiros que são já começam a olhar "aquele bando de brasileiro" com vergonha, com nojo, com preconceito. Gente assim só é brasileiro na hora de dizer que está com saudade do churrasco e gente assim só se pinta de verde e amarelo quando o Brasil ganha um jogo. Gente assim já não faz falta e já vai é tarde.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coisas que enfeiam o verão

Ou melhor, que enfeiam a vista...
Saia mullet...se houvesse uma figura no dicionário para a palavra esdrúxula, teria de ter esta imagem acima. Coisa mais sem pé, parece aquelas calças saruel, ninguém sabe quem inventou, quem disse que era bonito, mas todo mundo usa. A impressão que dá é que a distinta criatura a roubou do varal de alguém, mas que ao puxá-la saiu rasgada, colocou e saiu andando. Para piorar é só combinar com bota...realmente um espanto.

Tênis sneakers agora em versão verão. Se no inverno já estava terrível, imagina agora em cores mais berrantes e com buracos para ventilação. Pessoas que usam isto me lembram aquelas peruas que vão a academia maquiadas, reboco e rímel, aliás parece pensado para as mesmas, as tais que não descem do salto nem para dar uma corridinha na esteira. Conselho: deixe para as peruas e suas calças legging. 
Os shorts de cintura alta. Tá bem, percebo, mais tecido para cima e polpa da bunda de fora. É uma questão de opinião, mas acho muito esquisito que há alguns anos atrás todo mundo gozava da mamãezinha quando via aquelas fotos antigas dela com um centro peito jeans e agora ficou in? Para as magrinhas ainda é passável, mas se temos um kg a mais podemos correr o risco de nos darem os parabéns e a pergunta de praxe: menino ou menina? Sim garotas, estes shorts deixam vocês com barriga de sapo! Ou papo de sapo, sei lá. 
Na dúvida, um bom vestidinho solto não tem erro.



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Das coisas que não esquecemos

Poucas coisas na vida pode-se dizer que são marcantes para toda a existência. Há algumas que são momentaneamente boas ou ruins, mas que com o passar dos anos vão se desvanecendo entre outras lembranças apagadas que com o tempo já não sabemos se realmente lembramos daquilo ou se mais que a metade são invenções para preencher as lacunas de nossa história. Todo mundo diz que o nascimento de um filho é das coisas mais preciosas para uma mãe, mas confesso que pouco me recordo do momento e do que senti. Eu tento, mas não chego lá. Tenho fiapos soltos, um pé, um choro, mas não consigo reconstruir isto e reviver. 
Quando levantei cedo em uma manhã de domingo, estava de mau humor, mas a minha mãe dissera que ia encontrar uns amigos. Cuidadosamente havia escolhido a minha roupa: um conjunto azul de calça fuzô de que particularmente detestava. Lembro-me de andar de ônibus, de sentir os pés balançar   acima do piso de lata. Quando chegamos ao parque que já conhecia, minha mãe agarrava-me a mão. Estava um dia lindo de sol sem nuvens e sem vento, e eu procurava ansiosa pelos amigos dela, estranhando o fato de que nunca vi minha mãe com amigos nenhuns. Atravessamos a rua e lá estava um homem de bolsa a tiracolo. A minha mãe o conhecia, aproximou-se dele e me disse: este é o teu pai. Fiquei completamente paralisada, sem saber o que fazer ou dizer. Ela simplesmente me largou com aquele estranho por alguns minutos, talvez, mas pareciam horas e o abismo entre nós pareciam anos, os anos de ausência dele em minha vida. Ele foi educado e ofereceu-me pipocas e algodão doce, coisas que qualquer criança não conseguiria resistir e que se não fosse vindo dele, eu talvez aceitasse de bom grado. Depois de mostrar-me na máquina filmadora o que supostamente ele chamou de meu irmão, ele deixou-me novamente com minha mãe. Ela convidou-o para almoçar, mas ele não aceitou. E educadamente retirou-se de minha vida. Eu achei que poderia finalmente ter o seu rosto em um papel denominado pai. Mas seu rosto também recusara-se a ficar. Por muito tempo senti aquele abandono, aquela rejeição pelo simples fato de eu existir como sendo parte de mim. O que tinha de tão errado que fizesse ele não me amar? Um adulto pode entender coisas muito difíceis como a perda de alguém. Pode lidar com isto de muitas formas, pode escolher fazer terapia, correr, chorar, gritar com seus subordinados no trabalho. Mas uma criança não. Uma criança é um ser em formação que está a recém aprendendo como lidar com seus sentimentos, aprendendo que o mundo não é a extensão dela mesma. Mas uma criança é frágil demais para suportar as escolhas dos outros, a sua incompetência emocional. Porque uma criança só quer uma coisa: ser amada. E não, agora que sou mãe sei que apesar de simples, este desejo não é fácil. 
Por muitos anos meu pai foi odiado silenciosamente, porém apesar de não falar no assunto e de dizer-me bem resolvida, a nossa origem é das coisas mais marcantes da existência. E eu odiava o meu pai. Odiava o abandono. Odiava ter conhecido ele não porque o mesmo quisesse, como imaginei por muito tempo, mas sim porque minha mãe havia insistido o bastante para que aquele encontro fosse possível. A ideia de que eu sou mais eu e ele é que está perdendo de conviver comigo bastou por um período. Mas para aceitar isto lá no fundo são outros quinhentos.
Uma coisa é certa. Quando se é pai conseguimos enxergar com outro olhar. Vemos além da mágoa e reconhecemos de que nossos pais não são os depositários de tudo que aconteceu de bom Pu ruim conosco. Eles foram o molde, mas nós somos agora nova forma e constatamos que são falíveis assim como nós o somos neste momento. Meu pai foi uma criança birrenta que não quis assumir responsabilidades, que lutou para que eu não nascesse. Se disser que o perdoo estarei mentindo. Mas o entendo, hoje o entendo apesar de toda dor que ele sequer imagina que plantou em mim. No entanto a lacuna que ele deixou em minha vida nada o preencheu, nem meu avô, nem meu padrinho, nem meu padrasto. Por ironia do destino , quem me ajudou muito a superar isto foi meu marido. Ele foi o pai que escolhi. E por consequência, o pai que escolhi para o meu filho.