quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Eu não me basto

Eu sei que já vi por aí naquelas pílulas de sabedoria do facebook, algumas frases do gênero "a felicidade não depende de ninguém além de nós mesmos", "não devemos transferir para os outros as nossas expectativas", entre outras que muda-se as palavras, mas a essência é sempre a mesma. Pois concordo em tese com isto, ainda mais agora que há cada vez mais gente armada em psicóloga da internet e que todos tem a chave da felicidade em suas mãos, a mim nunca me pareceu tão difícil ser feliz.  Isto porque infelizmente eu não me basto. Preciso de alguém para me ajudar a ser feliz, para dividir minhas angústias que ultimamente tem sido muitas, para me dar um abraço e um cafuné. Eu preciso do meu marido para me sentir bem. Sem ele fico meio à deriva, perdida com o Fabian, porque ele tem uma paciência de Jó e eu, bem eu tento muito me controlar e às vezes consigo, às vezes não. Hoje por exemplo, tive vontade de largar ele no mercado. Virar o carrinho e sair assoviando a olhar para outro lado, porque esta peste só fez de tudo desde a hora que levantou. Só birras e mais birras.
Sei bem lá no fundo que deveria ser mais autónoma emocionalmente, que deveria ser mais forte, não parecer, mas ser mais forte. Mas não sou. Por vezes venço meus medos, outras deixo-me ser engolida por eles, por vezes sorrio e aguento o peso do mundo e por vezes eu quebro, eu choro, eu destruo tudo. Tive uma vez um professor que dizia que nós temos de ter menos expectativas conosco, temos de aceitar que não conseguimos chegar lá, que estamos a todo momento fazendo o melhor que podemos. E será que não há uma supervalorização da felicidade? De que temos de ser felizes todos os dias, de que temos de ser felizes com o que temos, de que temos de nos bastar? Mas e quem é que se basta?
Acredito que a felicidade é confundida com euforia. Ninguém pode ter um orgasmo que dure mais que meia hora (dizem que os porcos...que inveja dos porcos...), niguém fica feliz com uma notícia depois de uma hora. Nem se ganhar na loteria. Quando fiquei grávida por mais ou menos quinze minutos fui a pessoa mais feliz do mundo (acho eu), senti uma sensação de explosão, de preenchimento e de repente eu não cabia no meu corpo sentada, eu queria sorrir, sorrir e gritar. Mas passou. Com o tempo passou, diminuiu e voltei a mim, acostumei-me com a ideia. E de cada vez que lembrava nunca mais foi com a mesma sensação como da primeira vez. Felicidade como usualmente a entendemos assemelha-se muito ao efeito de uma droga. E dizem as pesquisas que para o cérebro não há mesmo distinção. Agora felicidade como eu entendo hoje tem mais a ver com paz. E com momentos. Ninguém é feliz um dia inteiro. Uma semana inteira. Mas alguém pode ser feliz por quinze minutos. Alguém pode ser feliz em um jantar, jogando bola, fazendo amor. Alguém pode ser feliz escrevendo, vendo o filho dormir quietinho, sentindo o cheiro da casa recém limpa. Alguém pode ser feliz nos minutos que acaricia o cachorro. Ou quando recebe um telefonema. Um abraço. Alguém pode ser feliz quando não está infeliz. Isto porque a felicidade não é cocaína, a felicidade é paz, é ausência de sofrimento. Então posso dizer que em muitos momentos sou uma mulher feliz. Completa. E mesmo não me bastando, sou feliz. Tenho alguém que me ama e respeita e que por minha vez também amo e respeito. Isto é felicidade. E isto basta.

3 comentários:

  1. Eu sempre ouvi dizer que um homem não é uma ilha, por isso precisamos mesmo de mais alguém para contribuir para a nossa felicidade, e às vezes também contribui para a infelicidade.
    Além disso, a felicidade é o caminho, não o ponto de partida ou chegada. Posso ser mt feliz a comer um belo bolo, mas não sou feliz com as consequências.
    Agora concordo que a felicidade e a paz andam juntas, a paz de espírito, que nos permite respirar dá felicidade.

    Em relação às birras....que dizer, andam todos assim. Lá por casa tenho 2 em estado vamos-lá-fazer-mais-uma-birra

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  2. Muito bonito este post, vai de encontro ao que sinto neste momento...sim a felicidade é o caminho e como dia a Nany a paz de espirito é concerteza um estado, talvez um dos melhores estados de felicidade!!!

    E tem preço, o estado de espirito?? nao, nao tem...

    Se feliz
    Beijinhos
    Marina

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  3. Tem razão meninas :)
    Nany, ainda bem que aqui é só um, do contrário acho que enlouqucia!! lol
    beijinhos as duas

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