quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

E como se explica?


Como se explica a uma criança de dois anos e meio que o pai vai deixar-nos e mais uma vez vamos nos afastar? Temos dito todos os dias que o papai vai viajar de avião para trabalhar, para arrumar uma casinha e que depois vamos até ele. O Fabian responde: vamu ficá cajinha da fofó Xanda. Para ele ficávamos os três morando com a minha mãe. Ao que lhe digo que não pode ser, vamos ficar lá só por um tempo, mas que temos de ter a nossa casa, o nosso quarto, as nossas coisas. E pergunto-lhe se tem saudades da nossa antiga casinha, ao que ele fica muito quieto e me olha tristonho. Depois explica-me que o papai vai fazer casinha porque a outra "caiu". 
É assim que tentamos, mas na cabecinha dele é difícil entender este mundo adulto tão cheio de adeus...

E hoje foi dia de arrumar malas...again.


E agora a pergunta: em quantas malas cabe a minha vida? E aquelas caixas que ainda repousam na casa da minha vó, entre a máquina de lavar e o pó habitual? Foi ilusão, hoje sei. Foi ilusão querer carregar mais um pouco do que não dava mais. E os caminhos se dividem em ficar e em ir e deixar. Cada escolha não esconde seu preço, tenho de pensar devagar, tenho de sentir devagar aquele pesar que fico quando respiro o pó da minha vida. Da vida que não consegui me desfazer. Enquanto isto escuto música, para calar os pensamentos. A música grita e chora, ao mesmo tempo que pede para que não chore. Ao mesmo tempo peço para que não chore. Everything´s gonna be alright. Em looping. Talvez acabe por ficar. Com a minha vida de volta.


Os filhos e as fotos


Já falei aqui, mas vou falar de novo. Não entendo quem tenha filhos e não ponha nenhuma foto em um ambiente que em tese é controlado pelos pais. Aí depois falam de pesos e medidas e gracinhas e se andam e se falam. Cadê a porra da foto? A certo ponto acho que devem ser produto da imaginação destes pais, porque fica realmente estranho. Quando se fala sobre exposição dos filhos na net, o primeiro argumento que salta é a tal privacidade. Olha aqui o meu olhar 49. Eles crescem (e não precisa muito) e vão ter sua página virtual, seu blog e antes que se possa imaginar já pipocam de fotos em festinhas, em aniversários, em boate. E nem vou falar das fotos que se expõem sem camisa ou em poses provocantes na frente do espelho.
Outro argumento é o do medo da pedofilia e do sequestro, sei lá mais o que. Gente, que tal fazer a lá Michael Jackson e por já agora, uma máscara na criança quando saírem na rua? Pense, quais são as chances de que algum tarado ou marginal vá querer te seguir, seguir o teu filho, ir a cata de endereço, da escola e finalmente ultrapassar todas as barreiras e roubá-lo? Pense melhor. Pense enquanto fazes check-in na foursquare. Pense enquanto nem te preocupas se o filho ainda está no balanço, distraído que ficas a jogar no smartphone. Pense enquanto achas normal que o tio da criança lhe agarre tempo demais. Pense enquanto ficas descansado ao deixá-lo na casa dos amiguinhos, com completos estranhos. Ah mas são os pais do fulaninho, colega de inglês. E pergunto: e daí? O que acontece atrás daquelas paredes? Sabem? Não, mas afinal meu filho não está na net. O grande bicho papão da inocência. Idiotas, é isto o que são. Porque só idiotas para acharem que o anonimato virtual pode protegê-los de todo o mal.

Essa tal felicidade


Acho engraçado as pessoas que tem de mostrar que são felizes. Não sei porque mas desconfio disto, sou daquelas que acham que se são realmente felizes e completas não é necessário dizer, nem mostrar em fotos, nem em declarações sem sentido nenhum. Mas isto sou eu que acho que também não cheguei lá no quesito felicidade, que tenho como objetivo dar a volta por cima e esfregar na cara de quem duvidou e gostou de me ver nesta situação. Serei feliz? Não, apenas terei uma vida melhor. Porque como disse, felicidade não precisa ser divulgada, já que se trata tão e somente de necessidade de os outros acreditarem que se é feliz.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Que raiva!!!

Completamente fula da vida!!! Eu digo que dinheiro na mão do marido é vendaval, é porque é mesmo. Fui conferir a conta em Portugal com o resquício do que sobrou do irs e necas. Nada! Sumiu dois terços do dinheiro. Ah mas é em ninharia, pois claro. Em supermercado. Em pão e leite e coca cola. Pois claro. Mas é assim que o dinheiro se vai. De vinte em vinte e até menos. Que raiva!!! Tá para nascer alguém que se importa mais com isto do que eu! Já vi que precisamos ter uma vida espartana, se é que haverá "nós" daqui para frente. Será que haverá "vida" daqui para frente. 
Não dá, não está certo. Já vi que quando abandono o meu posto, as coisas ficam assim ao léu e o dinheiro se escoa. Gastamos muito mais do que deveríamos, é verdade. Em parte porque a vida aqui é caríssima, em parte porque não abrimos mão de algumas coisas. E é isto que precisa mudar. Se pudesse escolher o pior defeito do marido, seria este: é um gastador e tanto. Acho que mesmo que ganhasse na loteria, seria capaz de gastar tudo, não duvido.

Dos erros mais comuns

Voçê se pergunta se fica bem
e já que acento não dá para sentar
ao menos que se concerte com esse.
 Um só. Ou dois. Depende.
Sente para não ficar ancioso.
Não se encomode,
Simplismente fassa o que quizer
que ninguém vai lhe enxer o saco
Esperimente o cafésinho
e a empada de mertilho
que a muler fez.
É difíciu comer uma só.

Coisas blogosféricas

O diz-que-me-disse

Acho que as pessoas sofrem de falta de criatividade na net. Explico-me: basta ver uma reação em cadeia do que um escreveu para o que outro completou, para a resposta ou contra resposta, ou contra-contra-resposta. Tanto contra né? 

Temas polêmicos

Tem gente que pensa: ah isto está muito parado, vou escrever sobre como odeio gordas que se casam com magros, ou vou chamar de vesga aquela menina, ou vou dizer que tenho a melhor vida do mundo, ou vou bater na tecla do racismo, já que está resulta sempre.

Anônimos

Uma coisa chama a outra. Um anônimo (mal intencionado) fica urubuzando à espera de polêmica e felicidade alheia. Pronta a refeição do anônimo. Aí vem comentários dos donos dos blogs a discutirem  e se defenderem.  Será que não perceberam que quem escreve o que quer lê o que não quer? E que ter um blog é como por a bunda na janela, vão estar sempre sujeitos a críticas assim como estão para os elogios, é a vida! Quantas e quantas vezes não pensamos o mesmo que diz um tal anônimo? Não é que vamos por aí, andar a comentar coisas indiscriminadamente não é do mais saudável. Eu opto sempre pelo silêncio, mas não vamos dar uma de velhas virgens por favor.

E não é que é verdade?

Como acho que estou quando alguém que não gosto fala comigo:

                                 


Como realmente estou:


Coisas que não sei como alguém acredita

Creme de baba de caracol 



Quando estava em Portugal e assistia a Record (shame on me) via esta propaganda a cada cinco minutos literalmente. Aliás, acho que esta emissora só tem dez comerciais que ficam rodando o dia inteiro. O que tem de tão imbecil neste creme? Pode ajudar a tirar manchas e cicatrizes? Não sei. Mas que é no mínimo suspeito mostrarem as fotos de antes e depois com a pessoa parecendo que foi acordada depois de um porre e a outra foto toda photoshopada, com a pele de louça.  Fica no ar como consegue-se por 50 euros livrar-se de um lábio leporino, inclusive com o rebaixamento da pele, coisa que acho eu só com cirurgia ou edição fotográfica.

Cintas modeladoras


Já repararam que as modelos que fazem propaganda são sempre magras, com tudo no lugar e quando colocam estas cintas até parecem que respiram? Isto dá-nos a ideia de que também poderíamos respirar se a comprássemos em 10 vezes sem juros. Só que não. Desconfiem se disserem que diminuímos dois números do manequim porque se estivermos mais que três quilos a mais de barriga, aquilo dá um resultado parecido com um chouriço: sobram gorduras para cima, para os braços, para as ancas e para a bunda. Aquilo não é milagroso minha gente, aquilo só espalha a gordura, não faz desaparecê-la. 
Plataforma Vibratória


Eu tenho e é simplesmente maravilhosa! No entanto o problema está em colocarem homens e mulheres musculosos a dizerem que bastam dez minutos diários para ficarem como eles. A plataforma ajuda, mas por favor, treinos diários de duas a três horas e mais pílulas e shakes de proteínas fazem os 70% daquele resultado. Gordinhos como eu não ficam sarados por se empoleirar e chacoalhar as gordurinhas, se não fizerem exercícios aeróbicos aquilo não vai ao lugar. E aí que mora desilusão, as pessoas ficam frustradas e a transformam no novo cabide da sala, ao lado da ergométrica.

Desodorante


Rexona, não te abandona. Até por ali. Claro que o cheirinho de cc vai depender de cada um, uns suam mais outros menos, vai depender também das atividades, se são esportistas ou sedentários e claro, do clima. Mas de maneira nenhuma um desodorante nos deixam ok por mais de 24 horas. Tem uns que dizem 48 horas. Oba, dá para dormir no namorado, tomar banho que ainda está tudo bem? Nã! No máximo deixam um "fedegume" (fedor com perfume) ou uma asa florida, porque aquele frescor inicial de depois de uma ducha, vai se esvaindo conforme suamos e não há qualquer vergonha nisto: é a nossa natureza. Temos é de nos munir de lencinhos de bebê e de um roll-on com o mesmo cuidado que temos para que não falte um gloss na bolsa.

Trabalhar em casa por um salário de 10 mil


E estava eu distraidamente a navegar na net e pulam mensagens de "trabalhe em casa por 10 mil reais".  Quando a esmola é demais o santo desconfia. Fui ver o que era, temos de preencher formulários e quanto mais fizermos, teoricamente mais ganhamos. Ah é fácil, posso fazer isto! Mas...primeiro temos de comprar dois livros que nos "ensinam" como preencher formulários. Bah, mas não é tão simples, precisa-se mesmo de livros para isto?? Ah não se incomodem, são 40 reais que já podemos recuperar com o primeiro salário. E que dizer? Como alguém ainda acredita nisto? Se é muito difícil alguém ganhar 10 mil mesmo com mestrado e doutorado, como alguém "preenchedor" de formulários vai conseguir? Talvez eu seja muito crítica e desconfiada, ou talvez haja por aí muita gente inocente para acreditar em coelhinho da páscoa e papai noel.


Te amo

Lembro-me da música "Eu preciso dizer que te amo" quando quero falar um sonoro te amo. Não consigo dizer assim ao léu por qualquer coisa, por qualquer pessoa. As minhas primas e até algumas amigas que já tive tinham esta mania de dizer que (me) amavam. Para mim parece um sacrilégio usar estas palavrinhas na banalidade. Não uso, além de dirigir ao marido e às vezes ao filho, ninguém ouve de minha boca ou de meus dedos a não ser o singelo "gosto".  Porque amar é muito forte e quem me conhece sabe que amo  poucos, mas com grande intensidade, é verdade.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O velho

Sacudiu o jornal e pigarreou. Fazia isto muitas vezes. Era um gesto em conjunto, o ato de sacudir as folhas, o barulho do papel a roçar no outro, o cheiro do impresso nas narinas e por fim, o pigarro. Não sabia o porquê de ter de fazê-lo. Se era a tinta que lhe incomodava ou os olhos que lacrimejavam ao antever a poeira do jornal. Sentava-se sempre à mesma mesa, pedia sempre a mesma coisa. Uma água com gás e uma empada de frango. A empregada com ar muito enfadado não lembrava-se ou fingia não lembrar de seu pedido frequente. Sempre perguntava-lhe se queria um café. Aliás, a sua relação com o café era um bocado estranha. Amava-lhe o perfume que ficava no ar, gostava do som das últimas gotas a cair para a xícara, mas odiava o gosto. Era como lhe tirar o encanto, como comer morangos depois de sorvete de morango. Perdia toda a graça. 
Olhou para o vidro à sua direita. Via as pessoas a andarem encolhidas pelo frio e pela chuva. Não era raro alguém entrar e pedir alguma coisa que fosse, pelo simples fato de ficar protegido até o pior passar. A chuva abrandava e eles armavam os guarda chuvas, as capas e partiam. Porém desta vez a chuva estava lânguida e distraidamente jogava-se nas pedras da calçada, no asfalto, nos carros. Beijava os postes mal iluminados e a mochila de alguns desavisados. Pouca gente entrou em busca de abrigo. Olhou para os lados e viu as mesas quase todas vazias a não ser por um jovem casal a trocar sorrisos e cochichos e uma senhora muito muito velha que bebericava um chá com metade da torta inacabada há duas horas.  
Queria não pensar, mas aqueles dias de chuva lhe traziam o fantasma dela. A mulher que deixou para poder seguir sua vida tão repleta de gozo material mas nenhum amor. Casou-se, teve três filhos, mas jamais fora tocado por este sentimento arrebatador do que quando jovem. Vinham à baila as sombras, os risos e os cabelos castanhos. E por mais que aqueles dias tenham ficado no passado, nunca vieram tão vivos e em cores como nos últimos anos. Devia ser da viuvez. Ou do afastamento dos filhos que sempre o acusaram de não ter sido mais presente. Agora eram eles a domar suas vidas, desta vez com seus próprios filhos. Agora eram eles a partir para mais uma dança junto aos seus outros fantasmas.
Não soube nada dela, além daquela festa, do vestido cor de pérola a lhe avivar a cintura de ampulheta. No entanto acordava e adormecia com aquela imagem, tanto que optava por sair, ver outras gentes, participar um pouco do mundo. E talvez seja por isto que agarrava o jornal como um náufrago avistava a esperança. E a cada pigarro, um suspiro por não estar ainda de volta aquele fatídico baile. Aquela única vez em que fora feliz.

Falo mal, mas também quando tiver que falar bem, eu falo

E o marido conseguiu um lugar para ficar! Viva!!! Alugou um quarto perto de Paris, terá de dividir com uma senhora (proprietária) e um jovem estudante que também aluga outro quarto. Isto tirou-nos um peso das costas, porque 10 dias em um hotel barato já pagam um mês de estadia e dinheiro não é coisa para se desperdiçar agora. E tudo graças além do marido, a um francês que ele sequer conhece e apenas troca emails nos últimos meses. Foi ele quem fez a mediação entre o proprietário e o Fernando, já que daqui pouco sabemos se a proposta é séria ou não.  O marido fará o pagamento assim que receber as chaves o que é mais tranquilo para ambos. 
Querem uma prova de amizade? Fiquem pobres. Sério, fiquem na merda. Vemos quem são as pessoas que estão ao nosso lado, vemos quem fica, quem se preocupa. Não falo de emprestar dinheiro porque isto nem sempre quer dizer nada. Mas digo mandar um email para saber como estão as coisas, um telefonema, uns anúncios de emprego. É incrível como pessoas que considerávamos amigas não estão nem aí, é tudo um "ai vai melhorar". O caralho que vai. Aliás, melhora sempre quando estamos bem. Não sabem o que é estar com a vida em suspenso. Eu explico: é mais ou menos como prender a respiração por nove meses. Conseguem? É porque já nem sequer estão vivos, estão a pairar vendo os outros "viver" lá embaixo. E sabem o que tem de mais irônico nisto tudo? É que um sujeito que era amigo de um ex colega de trabalho do marido, ter sido a pessoa que mais se preocupou conosco. A pessoa que esteve incansavelmente a ajudar a procurar casa, a mandar  currículos, a falar com outras pessoas da área para ver se há vagas. É aquilo que dizem que de onde menos se espera, pode sair alguma coisa. E não me venham com mensagens a dizer que não devemos ter expetativas sobre os outros porque na realidade ninguém consegue deixar de ter. A amizade não é uma via de duas mãos? Peço eu alguma coisa muito além do que compreensão e atenção? Tenho a certeza de que é bem razoável o que peço, mas nem assim, meus amigos, nem assim esta gente chega lá. E prontos, estou decepcionada com metade do planeta. Aos meus antigos amigos, desejo do fundo do coração que fiquem um dia na merda, aí eles vão saber quem está realmente no lado deles. Se ainda tiver paciência para lá estar, posso dizer-lhes que sei o que é.

Garotos nunca dizem não



Simplesmente amo esta música, não sei se  pela poesia, não sei se pelo clipe, ou se pela verdade contida na música. Porque afinal os homens, por mais adultos que sejam, perto de uma mulher são só...garotos.

Zôo


No fim das contas acabamos por ir só no domingo porque os horários não se encontravam: ora porque acordávamos mais tarde, ora porque o Fabian não queria dormir a sesta, ora porque dormia. Decidimos que iríamos por voltas das 11 horas, munidos de lanches, sucos, fraldas e chuchas. Um ônibus até o centro e outro até Sapucaia, onde fica o zoológico. Até que foi fácil, descemos na entrada, compramos os bilhetes e...uma longa estrada de terra batida. Caminhamos, caminhamos, caminhamos. Cadê os bichos?? Depois de dois km um grande lago cheio de patos e marrecos. Paramos embaixo de uma árvore enorme e descansamos em um banco. Eu já estava morrendo de fome nesta altura e o Fabian depois de abraçar todas as árvores ao redor, ansioso para ver "bichu". Ele mal comeu ou melhor não comeu nada mesmo. Algumas pessoas vão de carro, levam cadeiras de praia, toalha, isopor com bebidas e passam o dia lá. Nós andávamos como mochileiros, levando as tralhas nas costas e o pai com o Fabian no colo, só lembrava-me que estava completamente aborrecido com aquilo. O zoo tem o triplo do tamanho de Lisboa, talvez mais. É uma fazenda enorme, os animais tem bastante espaço, mas ontem estava tão tão quente (36º) que foi difícil ver alguns. Uns escondiam-se nas "casas", outros na sombra, outros nos lagos. Caminhávamos meia hora para ver os elefantes e quando finalmente chegávamos, o Fabian dizia: quero vê otro. Bahhh! Aí era mais meia hora a ouvir: uxo uxo uxo. Chegávamos nos ursos e ele: quero vê otro. Leãu, leãu, leãu. Quero vê otro.
O pior foi voltar. Eu já não aguentava mais a rasteirinha nos pés. Malditas rasteirinhas! Tinha a impressão que andava sobre alfinetes porque tudo que era pedrinha eu sentia nas solas dos pés. Caminhamos tudo de novo até a saída do zoo e depois atravessamos a autoestrada pela ponte. Do outro lado uma espera infinita, em pé, a ver os carros que passavam a 100 por hora e necas de ônibus. Ô pobre sofre viu? Até que chegou e conseguimos por um milagre vir sentados, o tal envereda por umas estradinhas de chão, buracos e pedras e era só nós sacolejando até chegar no fim da linha: a estação de trem de Sapucaia. Lá fomos nós, entra, sobe, senta, desce. E volta caminhando mais 15 minutos até finalmente chegar no sofá. Aleluia! Não me pegam nesta nos próximos dez anos. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Facebook

Ou como diz o marido, o facebico é uma selva interessante. E por falar em selva, amanhã vamos levar o filhote para conhecer o bicharedo. Já é nosso costume nos despedir vendo animais (em Portugal fomos ao Oceanário).
Ainda me choco com a quantidade de amigos que gostam de queimar o filme na net. Tem likes que compensem estas figuras tristes?

Estereótipos e questões de identidade entre brasileiros e portugueses

Há um mês atrás a mamã de peep-toe deixou um comentário que só vi ontem. Ela estava perplexa por ter visto um vídeo no youtube e ter se deparado com animosidade dos dois lados. Perguntou-me se era assim mesmo, se os brasileiros tinham  tanta raiva assim dos portugueses. Este vai ser um post longo...
Em primeiro lugar, posso falar com mais propriedade sobre o meu estado, o Rio Grande do Sul, e aqui além das piadas de português, além dos atores Ricardo Pereira e Paulo Rocha, o país e seus nativos não são sequer lembrados. Os argentinos ocupam todo espaço para raivas e querelas que um gaúcho pode ter. Depois, nossa capital foi fundada por açorianos, os doces mais famosos são os de Pelotas, que são derivados dos doces portugueses, embora isto não seja levado em conta. 
No meu caso por exemplo, só conheci um pouco da cultura porque a minha tia morou em Lisboa alguns anos e sempre que vinha nos visitar, trazia qualquer coisa, um lenço, um dvd da Mariza ou do Silent 4. Não tinha raiva, tinha curiosidade. No entanto isto mudou quando casei e fui morar em Portugal. Porque pela primeira vez senti preconceito. Sou branca, de classe média, era magra e relativamente bonita, nunca sofri preconceito no Brasil por ter estes requisitos. Isto foi a primeira coisa que me chocou, estarem a dizer que falo brasileiro (nunca imaginei que pudessem ter preconceito com a forma que falo) aliás, para quem nunca viveu aí isto é inconcebível, nós falamos todos português. Depois era com a forma de vestir e às vezes nem mesmo com uma roupa discreta, se sabiam que era brasileira era logo taxada de fácil, de puta. Sei disso porque trabalhei em um restaurante no qual homens (casados em sua maioria) queriam saber na latinha o meu nome e telefone. Além de olhar para a minha bunda de forma lasciva e espalhafatosa. Aí pensam, mas então é brincadeira, não sabes brincar? Gostariam que me pusesse a contar piadas e chamá-los de burros? Gostam? Gostam? É só uma brincadeira...
Comecei a sentir ódio profundo por todos os portugueses e este ódio aumentava cada vez mais. Aos poucos fui percebendo que era uma idiota, que este ódio era uma espécie de proteção para não me  ferir e que por ele, deixei de conhecer muita gente boa. E quem diz portugueses, diz lisboetas porque aquela altura era só o que conhecia, tanto que quando fui ao Porto fiquei maravilhada com aquela gente tão bem humorada e prestativa. Não tinham nada a ver com os portugueses que odiava. E além disto, odiava ainda mais os brasileiros que forçavam o sotaque para não parecerem brasileiros, a fim de se enturmar e não sofrerem preconceito. Tinha até uma amiga que ficava feliz quando diziam: nossa, nem pareces brasileira, tão bem que te portas, te vestes e falas!
Com o tempo fui aprendendo a desarmar-me, mas confesso que o sangue até hoje ferve quando leio alguma coisa a respeito de nós. Sim, digo nós porque é uma questão de identidade. Sou brasileira e ofendo-me por consequência se encontro alguém a escrever que os brasileiros são todos ladrões e as mulheres umas putas. Como não sentir um nó na garganta? Porém hoje opto por não falar nada, não me interessa mais ficar a discutir e enervar-me com este tipo de gente. Não vale a pena e acho que isto serve para os dois lados.
Não há qualquer sentido em os brasileiros ficarem a acusar e sentir raiva desta geração pela invasão portuguesa, pelo ouro que nos levaram, isto é completamente absurdo. É como culpar os alemães de hoje pelo holocausto. Até quando eles tem de levar a culpa por algo que não fizeram? Lá está, assim como é ridículo por outro lado, os portugueses continuarem a se referir a nós como seres rudimentares das ex-colônias, não reconhecendo que a nível econômico e cultural os ultrapassamos há anos. A literatura, a música de qualidade ( porque só é lembrado o forró e sertanejo, mas  há coisas realmente boas), no meio acadêmico, etc, etc. Não acho que deva ser um fato de andar a se esfregar na cara do outro, analisando bem e friamente, é apenas uma constatação, porque apesar disto nosso país ainda deixa (muito) a desejar no que se refere a bem estar social.
Tá mas e de onde vem este ódio? Vem tão e simplesmente do efeito que causam os estereótipos em nossa identidade, aqui falo de ambas as partes. O brasileiro é tido como perturbador da ordem, ladrão, malandro, as mulheres são putas profissionais ou não. O português é visto como tacanho, mau humorado, burro, desconfiado. E a questão dos estereótipos além de tudo se volta para o regionalismo brasileiro. Assim, o baiano é preguiçoso e lento (como o alentejano), o gaúcho é viado (de transviado, gay), o carioca é malandro e às vezes ladrão a querer se passar por "exxxxperrrto", o mineiro é pouco inteligente, o paulista é o corno porque está trabalhando 20 horas por dia.  Os etereótipos são uma forma simples de dar significado ao nosso meio, é uma forma feia, é estúpida, mas obviamente não é raro ver quem se utilize delas para classificar o outro. Eu mesma admito que já me passou várias vezes pela cabeça que os gordos são preguiçosos, que os cariocas não são confiáveis, and so on, and so on.
Sabemos que todo mito de pensamento, como é o caso dos estereótipos tem um fundo de verdade. Sim, foram brasileiros para assaltar bancos, foram mulheres para prostituir-se voluntária ou involuntariamente. E por isto muitos que foram para ganhar seu dinheiro honesto são vistos com maus olhos, às vezes sem sequer abrir a boca. Este é o principal problema dos estereótipos: não darem a chance da pessoa reverter a imagem que já se tem sobre ela. Aquela é puta e pronto. Aquele vai embora pro Brasil e não vai pagar o aluguel. Perguntem para qualquer brasileiro imigrante na década de 90, cujo visto deveria ser renovado no consulado  de Portugal e na maioria das vezes se optava por ir a Vigo, quem era a Pilar. A mulher que desmanchava-se em educação quando eram alemães, franceses e que era um poço de despeito quando ouvia o "bom dia" brasileiro. Isto é apenas um exemplo.
Por acaso depois de deixar Portugal, sinto saudades até do sotaque português. Acho que é um país muito bonito do pouco que vi, acho que a imagem que tenho hoje da maioria do povo é que são pessoas divertidas (ao menos pela blogosfera), e que imbecis há por toda parte aqui e aí. Acho que sobrevalorizei-os e sinto pena de ter sido tão bobinha, mas sempre é tempo de revermos nossas crenças. E nada melhor para quebrar um estereótipo do que a convivência. Enquanto nos mantivermos atrás de ideias pré-concebidas a respeito de seja o que for, perdemos a oportunidade de ser seres humanos mais ricos. Ficamos como os cavalos que só vem o que as rédeas "deixam". E o que são duas pessoas a discutir tendo como base estereótipos senão dois animais irracionais com antolhos?  

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Livros

Felicidade Autêntica - Martim Seligman

Ó Senhor

Fiquei sabendo o nome da nova namorada do meu primo: Luany Nichele.


Ça vá? Bah...não, saravá!

um curso de francês e uma aulas de mímica também...


O meu pior defeito com certeza é o pessimismo. E ele é tão antigo e tão presente que me é difícil andar a silenciá-lo. Não só difícil como também cansativo. Já o segundo pior defeito é ser medricas. Detesto mesmo!! Acho que fui criada tão protegida em um colégio de freiras, desestimulada a trabalhar em part time quando estava na faculdade, convencida a não ser boêmia pelos micos constantes que meus pais me fizeram passar que acho o resultado compreensível. Tenho medo de mudanças. Tenho medo de tudo que é desconhecido. Tenho medo de mudar novamente de país, desta vez para um que não falo patavinas e que entendo muito menos. Ler eu até chego lá, fiz um ano de francês instumental com ênfase em leitura e interpretação acadêmica. 
Fico verde só de pensar em ir ao mercado sozinha, em ir em busca de escola para o Fabian. Em que falem comigo na rua e eu fique tal qual um surdo mudo a fazer mímicas com uma baguete a balançar. As pessoas vão achar que sou louca. Já até decorei uma frase: désolé, je ne parle pas français. Tá mas e daí, o que me salva depois disto? O inglês? 
Tem horas que eu só penso, segura na mão de Deus e vai e vai. Não sei quando o marido vai conseguir nos buscar, mas é uma questão que me aflige. Será completamente diferente de Portugal onde mal ou bem entendíamo-nos, onde fui acolhida pelos amigos dele, onde fui perdendo o medo de andar sozinha porque a qualquer momento podia parar alguém e pedir ajuda. Já pensamos que será primordial a minha inscrição em um curso de francês quando lá chegar, mas tem outra coisa que me incomoda: o tal biquinho. Não gosto de fazer biquinho, sei lá, dá a impressão que to pedindo beijinho por aí, tal e qual aquelas peruas velhas. E depois são aqueles erres impronunciáveis, as élision chatas que me perseguem. 
O que me consola, é que ao menos vou realizar o sonho de toda pessoa civilizada que é soltar palavrões no meio da rua e ninguém entender. 

“Filhos são uma grande fonte de felicidade. O problema é que eles transformam todas as outras fontes de felicidade numa porcaria”

Muito interessante o artigo e o ponto de vista de uma mulher sem filhos sobre o mesmo.
Artigo.
Blog: Escreva Lola, escreva


h! Ter filhos deixa as pessoas mais infelizes, jura uma excelente reportagem de seis páginas da revista New York (cheguei lá através de um post do Alex). Eu não iria ler o artigo inteiro por absoluta falta de tempo, mas ele me fisgou. Algumas partes são muito divertidas, como esta no início, que cita um estudo menos negativo de um cientista que diz: “A mensagem geral não é que crianças fazem você menosfeliz; é só que crianças não fazem você mais feliz. Quer dizer, a menos que você tenha mais de um filho”. Mas como assimtodos os estudos apontam que casais sem filhos são mais felizes que casais com filhos? Mentiram pra mim a vida toda?! Toda vez que olharam pra mim e fizeram um “tsc tsc, tadinha”, estavam falando besteira? (Pergunta retórica. Eu sei que eles estavam falando besteira.Não preciso de pesquisas pra comprovar).
É evidente que essas toneladas de estudos são propositalmente escondidas da gente, porque o senso comum prega exatamente o oposto. Se eu ganhasse um real pra cada vez que ouvi ou li, ou me disseram na cara mesmo, que eu era uma mulher incompleta por não ter filhos, que eu só poderia ser infeliz, que é terrível não deixar meu legado pra humanidade, que o meu casamento não iria durar, eu estaria rica agora. E não creio que convém à mídia espalhar que pessoas sem filhos são mais felizes ― afinal, pessoas com filhos gastam mais. Muito mais.
E filhos não apenasconsomem uma enormidade, como não servem pra gerar renda. O artigo cita um estudioso que diz: “Crianças são economicamente inúteis, mas emocionalmente inestimáveis”. E parte para um interessante apanhado do passado recente. Até pouco tempo, vivíamos em zonas rurais, não urbanas. E, pra quem morava no campo, ter filhos era essencial para ajudar a cuidar da fazenda. Para quem tinha um negócio de família, crianças serviam pra cuidar da loja. Mas, com o tempo, isso mudou, e hoje não é aceitável associar inncia com trabalho (não estou reclamando. Concordo 100% que criança não deve trabalhar). Mais uma mudança: até poucas décadas atrás, os casais apenas tinham filhos, sem pensar tanto no assunto. Hoje pensam. E esperam pra ter filhos, principalmente os casais com mais dinheiro. Uma psicóloga explica que era diferente sair da casa dos seus pais para a vida de casado e com filhos, o que era quase imediato. Se o casal espera, quando tem filhos, ele sabe o que está perdendo. Para um psicólogo, “Filhos são uma grande fonte de felicidade. O problema é que eles transformam todas as outras fontes de felicidade numa porcaria” (não preciso de pesquisas pra saber que casais com filhos pequenos fazem menos sexo. E cinema acaba, né? A menos que seja pra ver filme infantil).
E os pais atuais, pelo menos os americanos (e os brasileiros de classe média, imagino, são bem parecidos), criam expectativas altas demais para o ato de criar filhos. E se culpam por não passarem mais tempo com seus rebentos (incluindo mulheres que trabalham fora; ah sim, todos os estudos mostram que mães são menos felizes que pais), apesar de passarem mais tempo com eles que os pais passavem em 1975. Jennifer Senior, a autora do artigo, resume o sentimento de criar filhos numa frase: “tanta felicidade e nenhuma diversão”.
Quero compartilhar alguns estudos fascinantes que pincei da reportagem. Um pediu que 909 donas de casa texanas elencassem suas atividades preferidas. “Cuidar dos filhos” ficou em 16o lugar... de um total de 19. Até limpar a casa veio antes!
Outro estudo reuniu 1,540 horas filmadas do dia a dia de pais e seus filhos. Assistir essa metragem, segundo um especialista, é “a mais eficiente forma de controle de natalidade já feita. Na história”.
Noutro estudo, cem casais casados há tempos tiveram que escrever detalhadamente sobre o que brigavam. 40% era sobre as crianças. Ter filhos significa mais stress no relacionamento e, óbvio, menos intimidade para o casal. O relacionamento conjugal melhora quando os filhos têm entre 6 e 12 anos, e piora quando chegam à adolescência. Casais com filho gastam menos de 10% do tempo que têm juntos, sozinhos, sem as crias. E, durante esse tempo, estão exaustos e assistem TV, você sabe.
No entanto, em países com bem-estar social maior e um histórico de governos que priorizam o social, pais com filhos são mais felizes. Por exemplo, na Dinamarca. Lá a licença-maternidade é de um ano, e homens também recebem licença-partenidade. Há creches à disposição e um ótimo sistema público de saúde e educação. Uma escritora americana reconhece: “Nós gastamos toda a nossa energia em ser pais perfeitos, ao invés de exigir mudanças políticas que façam a nossa vida em família melhor”. E aí, você acha que nós estamos mais próximos do modelo dinamarquês ou americano?
Já um estudo dos EUA mesmo mostrou que mulheres casadas com filhos têm menos depressão que mulheres casadas sem filhos. Provavelmente porque sobra pouco tempo. Agora, quer saber o grupo mais deprimido de todos? Pais solteiros! Dá pra acreditar? A especulação é que eles querem ter mais envolvimento na vida dos filhos e não podem.
Claro que a grande questão é: o que é felicidade? Para um psicólogo, a felicidade não é quanta diversão temos, mas o que fazemos com a nossa vida, o que alcançamos. As pessoas costumam se arrepender mais do que deixam de fazer do que do que fazem. Um estudo não quis testar felicidade e preferiu perguntar sobre atividades que são compensadoras e prazerosas. Cuidar dos filhos não foi bem no item do prazer, mas alcançou ótimos níveis na parte da recompensa (se bem que voluntariado e rezar vieram antes. Rezar, ó deus!). Sabe a atividade considerada menos compensadora pelos americanos?Dormir!
O artigo do New York Magazine é prazeroso e instrutivo até a quarta página, por aí. Depois começa a relativizar e querer agradar os casais com filhos, entrando na dureza que é definir felicidade. Eu sou uma pessoa feliz, e já deixei claro que não tenho filhos nem nunca quis ter. Mas desconfio que eu também seria feliz se tivesse filhos (quer dizer, filhos? No plural?! Um já estaria mais do que bom!). Seria provavelmente divorciada, porque só de ver como o maridão cuida dos gatinhos (“Amor, eu tô ocupada aqui, dá pra você brincar com o Calvin?”. E ele: “Já vai!”, e não vai), pode-se notar que ele não é daddy material e eu ficaria estressada por ter que mandar no filho e no marido. Talvez eu seja uma pessoa inclinada à felicidade porque não sou muito ambiciosa, nem espero tanto da vida. Ou talvez eu faça questão de ser feliz por acreditar que esta vida é a única que terei, então pra quê desperdiçá-la sendo infeliz?
Aliás, um ponto que não tá no artigo, mas que me tem feito pensar, é que crianças servem para medir a passagem do tempo. Acho que casais sem filhos percebem muito menos essa passagem. E isso não é necessariamente bom. Tipo: o maridão não se sente tão diferente de quando ele tinha 30 anos, e olha que ele já tem duas décadas a mais nas costas. Mas quiçá seja positivo não perceber a vida passar. Ficamos menos ansiosos.

A alma de uma casa

De todas as peças de uma casa a que mais me chama atenção é a cozinha. Não que passe muito tempo lá, porque quem cozinha é o marido na maioria das vezes, mas porque gosto de estar junto, de sentar e ficar conversando enquanto sinto o cheiro do alho e da cebola a fritar. Aqui na sogra é um descalabro, a peça tem apenas 2x2 metros se é que tem e o marido fica sozinho entre as panelas. 
Sou completamente apaixonada pelas cozinhas americanas, sempre quando vejo um filme fico babando pelos armários, pela ilha (acho chique ter uma), as panelas e colheres penduradas, o fogão de tampa de cerâmica. A cozinha para mim, deve ser a extensão da sala: comer, conversar (e lavar a louça depois) deve ser um ato de família. Embora a nossa antiga cozinha não fosse assim tão grande e bonita, foi lá que passamos os melhores momentos da nossa vida e hoje sinto uma certa melancolia quando lembro disto.







quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pela blogosfera...

Soa tão mal andarem nos blogs a pedinchar que visitem os seus... é como aquelas crianças chatas a pedirem de 2 em 2 minutos que lhes compre balas. E o pior é que são sempre os mesmos... Cansa esta gente viu!






terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Todo mundo já foi um pouco falso, um pouco egoísta, um pouco fofoqueiro, um pouco mal agradecido, um pouco impaciente, um pouco insensível.
Então qual a surpresa quando recebemos de volta um pouco do que somos?
Quando as pessoas vão perceber que são feitas de momentos e não de pontos finais?

Sobre as crenças interiores


Alguém já experimentou parar de pensar nem que fosse por alguns minutos? Nem que fosse um minuto?  Quando acha-se que finalmente conseguiu "limpar" a mente, percebe-se que estamos de volta a pensar. Acho muito interessante a ideia da meditação, mas simplesmente não consigo calar minha voz interior. Ela grita, ela canta, ela desdenha, ela conta-me histórias...tantas que já perdi a conta das vezes que o sono foi embora cansado de não ter atenção. Embora esta minha voz fale coisas importantes, me puxe as orelhas de vez em quando e me ajude a ficar quieta quando é necessário, esta voz diz-me outras que não são tão agradáveis de ouvir. E não falo daquilo que deve realmente ser ouvido, mas de crenças que fui colecionando ao longo da vida, desta e de outras. Coisas do tipo que ninguém ia gostar de mim, de que não tenho talento para nada, que não tenho capacidade para arranjar um trabalho que me proporcione independência, que deveria engravidar para prender um homem, que devia estar sempre à sombra deste em troca de carinho e proteção. 
São crenças em forma de mantras que me vem à cabeça sem serem convidados. São palavras em correntes grossas, presas a ideia de que não mudo, não cresço. São palavras que se escondem, atrás de outras menos ofensivas, mas estão sempre lá,  presentes. 
Quando comecei a fazer terapia, fui pouco a pouco me familiarizando com elas. Tinha raiva, à princípio. Quem gosta de querer-se frágil e oprimido? Tinha medo delas também. Tinha medo de que fosse verdade ou que de tanto escutá-las pudessem vir a ser...verdade. E quanto mais penso que certas crenças ainda nadam por aqui, mais sinto vontade de me conhecer, de me virar do avesso. Quem sabe um dia emendo começo, enredo e fim. Um final mais digno de mim, mais feliz.

Fabionices

O Fabian descobriu o seu primeiro palavrão. É vê-lo irritado por alguma coisa não dar certo para soltar um grande e sonoro:
Pocariiiiiaaaaaa!!!

Coisas que não ficam bem em qualquer um

Óculos Ray Ban Aviador



Há uma coisa muito importante que as pessoas deviam ter em mente: não é o óculos que vai melhorar o "visú", somos nós que melhoramos o design do mesmo. Não se ponham a usar uma coisa destas se não tiverem o rosto minimamente proporcional ao estilo Brad Pitt ou Megan Fox, este nível é bem difícil de alcançar, portanto não usem meu povo. Este óculos deixa vocês com cara de mosca precisando de botox, sério!! A menos que gostem de ostentar aquele olhar de cachorro Basset, aí é com vocês...

Vestido tomara-que-me-coma


Sem preconceito meninas, mas a verdade que a combinação: vestido curto, justo, decotado e salto alto só quer dizer uma coisa: vocês estão loucas para dar. É uma evidência daquelas que estão nos nossos genes há milhares de anos e só tem dois resultados: os machos (todos inclusive os feios e os velhos) vão cobiçar cada centímetro exposto de seus corpos e outro, as fêmeas vão olhar torto torto até vocês perceberem que tem o pescoço dolorido de tanto ser estrangulado em pensamento.
Este tipo de vestido fica elegante nas magras, naquelas magras de ruim, sem bunda nem peito, das escanzeladas, pronto. Qualquer curva a mais é too much, mas a velha regra do mostra e esconde está sempre na moda, acreditem!

Cachecol no verão


Quão cool uma pessoa pode ser se jogar um pano de prato no pescoço e sair por aí? Vai depender de quem ela é: é uma modelo, um intelectual ou o Jhonny Depp? Sinceramente em um calor de 30º ou mais é um pouco ridículo para não dizer outra coisa, andar com aquilo grudando no suor do pescoço e peito.  E isto vale tanto para os cuecas quanto para as calcinhas, porque mulher adora um lenço para pendurar, mas como é verão a dica da tia aqui: pendura uma melancia. Hidrata, fia!


Cabelo curto estilo escultura


A Rihanna tem desfilado com cada corte e penteado que faz com que os meus cabelos escorridos fiquem depressivos. O problema é que ela é pop, tem um rosto lindo e formato que ajuda com que o corte caia bem, o que não acontece com a maioria das mulheres que se aventuram nestas lides de fios espicassados. Tais mulheres, coitadas, penso sempre se o cabeleireiro teve um avc no meio do corte ou se foram lá nos louquinhos do sanatório com uma tesoura. Um corte assim exige uma ida por mês para aparar e dar forma, exige mousses para dar volume ao cabelo e não à cara. Porque um cabelo escultura e curto exige magreza, no rosto ao menos. Aceitar o corte e não assumir, faz com que saiam nas ruas a parecer o meu cachorro quando toma banho, e não é das imagens mais bonitas. 

Combinação calça + chinelos



As opções aceitáveis para usar são:
( ) Estar em casa.
( ) No desfile de uma passarela italiana ou outra famosa.
( ) Ser ator da Globo.
Nenhuma? Então desistam. Vão a um shopping com isto e só o que os seguranças pensam é que vocês são uns legítimos "chinelões" ou maloqueiros, dá no mesmo. Sabem a moda tem uma coisa engraçada que é tentar passar a ideia de que está ao alcance de qualquer um ser fashion, mas as aparências enganam. Não é à toa que há por aí tantos blogs de moda que fazem a alegria aqui. É preciso muito mais que non sense para se destacar na multidão, é preciso bom gosto. E bom gosto às vezes é questão de sorte. 



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Quartos e o xenofobismo francês



O marido anda à procura de quartos para alugar em Paris. Tem sido complicado porque temos visto muitos, mas muitos casos mesmo de fraude na internet. Por incrível que pareça há quem caia em certos truques, como por exemplo, colocarem um quarto à disposição por um preço relativamente baixo, ricamente decorado e depois pedirem um depósito caução para a reserva no valor de 600 euros em média. 
Na boa, somente um turista que nunca foi a Paris vai cair em uma coisa destas. Primeiro porque os quartos são em geral grandes, finamente decorados, o que me acende um sinal de alerta. Apartamento grande em Paris??? Really?! Que não seja caindo aos pedaços e com o perigo do vizinho de cima cair a qualquer momento no meu colo? Que não seja minúsculo, que não seja decorado com aquelas vigas de madeira e teto baixíssimo? Existe, mas quem tem grana para um lugar destes não precisa por um quarto para alugar. Depois, mostram quarto e restante das peças como que saídas de uma revista de decoração e provavelmente são, é só questão de paciência e googlar que com sorte se acha. Depois porque são sempre em inglês, há uma história mirabolante de que o apartamento está desocupado a maior parte do dia e quiçá da semana, são todos de fácil convivência, aceitam cachorro, gato, papagaio e pasmem: até criança! 
Curioso mesmo é ver que os quartos que aparentemente são de pessoas sérias, diga-se quartos pequenos, móveis simples, as tais horrorosas vigas no teto, estão sempre alugados. Curioso não? Afinal o marido apresenta-se como português, imagino o que seria se dissesse ser brasileiro. Péra, já sei, não se dariam nem ao trabalho de responder. 

Ainda os dentes


Eu que pensava que depois dos 10 meses não ia mais me preocupar com eles. Pois de vez em quando há guerras para abrir a boca, morde-se a escova do Bob esponja, quando dá foge-se para baixo da cama. Ex-quase-psicóloga que mora dentro de mim já resolveu a situação. 
"Filho, se não escovares os dentes vem uns bichinhos comê-los e vai cair tudinho, viu?" 
Sabem do que mais? Funciona.

Não sou de nhê nhê nhê

Graças a Deus não tive uma filha, porque acho que de tanto falar, a vida ia me presentear com uma daquelas meninas mais chatas e sonsas que odiei na minha infância. Não tenho paciência para aquelas meninas que se encostam nelas começam logo a chorar. As minhas primas eram assim. Sempre. Sou tão boa em inventar brincadeiras e elas sempre estragavam quando caíam ou batiam com o joelho ou coisa assim. Iam correndo contar para a minha tia que já tratava de as entupir com melhoral infantil, sim, aquelas "balinhas" cor de rosa. 
Não era uma joãozinho, mas era das fortes. Das que gostavam de brincar de pega ladrão, de elefante colorido, de caçador e por conta disto, alguns roxos nas pernas e tampas de joelho para acabar. Continuava correndo até o ar explodir nos pulmões, até sentir aquela dor de faca na barriga. E pergunto-me se estas meninas choronas foram felizes, afinal são elas quem dizem sentir saudades de quando eram crianças. Talvez porque naquela época ainda fosse aceitável se desmanchar em lágrimas só porque sim.

Porque nunca vou entender as pessoas (verídico)

Compartilhas uma reportagem sobre os efeitos prolongados da tortura sofrida por uma criança de 1 anos e 8 meses durante a ditadura brasileira: 0 comentários (não vou por curtidas porque isto seria o supra sumo da falta de sensibilidade).

Teus amigos compartilham uma foto cheia de putas amigas na balada, todas com copos na mão: 10 curtidas 7 comentários

Tuas amigas compartilham simplesmente: Fui no shopping : 27 curtidas 35 comentários

domingo, 17 de fevereiro de 2013

As despedidas

A criança pequena chorava. Chorava. Chorava e seu lamento era tão forte e monótono que a certa altura parava de incomodar. A criança maior lhe puxava a saia, um pouco escondida pelos raios do nascer do sol. Ficaram a ver a diminuta embarcação ficar cada vez menor e mais diminuta a medida que o horizonte a engolia.
- Mãe, porque temos de ficar aqui a olhar toda vez que o pai vai embora?
- Tens de aprender filho. A vida é feita de despedidas.
- E reencontros... - Completou o menino sonolento.
- Sim, filho. Mas temos de aprender a dizer adeus.
- Tu não amas o pai? Não queres que fique conosco?
- Eu amo. E é por amor que ele também se vai. 
- Já me disseste que é preciso trazer o peixe. Precisamos do peixe para comer e para vender. Para comprar roupas e outras coisas.
- É verdade. Olha, já passou da arrebentação. 
O menino encara o mar de um profundo azul escuro depois de todas as ondas furiosas que o pai passara. Mal suspirava. Tinha medo. E se o pai não voltasse desta vez?
- Filho, olha. 
- Não entendo o porquê de ficar a olhar! - Explodiu em lágrimas. A mãe abaixou-se e lhe agarrou um ombro.
- Toda vez que o teu pai vai embora eu finjo gostar um pouco menos. Finjo amá-lo um pouco menos...que é para que não doa tanto. Aprende, filho. Quanto maior a despedida, maior o preço da  afeição. Maior são as possibilidades dos deuses nos arrancarem os nossos. É por isto que uma despedida é sempre uma entre as outras da tua vida. Melhor que sejam pequenas a uma só: grande e definitiva. 
O menino limpou as lágrimas no dorso dos braços salgados do mar. Seu mar interior. A mãe levantou-se, agarrou a criança pequena que chorava ainda e voltou para a tapera. Enquanto isto, o horizonte engoliu o pai.

Como o corno, o último a saber

Fez tempo que tenho ouvido falar da tal série Game of Thrones, mas eu lá meio entretida com os meu walking dead, deixei passar. Adoro séries e filmes com fundo histórico ou mágico, vi Roma, mas com muita pena, pararam pela segunda temporada. Parece que esta é uma série americana, mas filmada no estilo inglês de Senhor dos Anéis. Ainda bem, porque aquilo que os americanos quiseram fazer com os gladiadores era realmente uma porcaria, só sangue e sexo sem qualquer enredo. Parece mesmo que foi feito para a mente de um adolescente de 13 anos. Adiante, Game of Thrones é simplesmente vi-ci-an-te, devorei duas temporadas em dois dias e não conseguia parar. Não é só por ter uma história que prende, não é só por ter aquele sotaque charmoso, não é só pela fotografia, pelas roupas, pelo sexo, pelas ironias de um anão inteligente. É por tudo e pela sensação de que afinal há gente muito bonita na Inglaterra (pelo menos querem fazer crer que sim), o que me surpreendeu de fato. É ainda mais por um tal Khal Drogo que pelamordedeus, isto é um homem ou um deus? Eu que nem sou de homem de barba e cabelo comprido...enfim. Vejam.
ps: há no filmescomlegenda.tv


Tudo eu, tudo eu



Às vezes fico pensando o porquê do jornalismo ser assim tão maçante na forma de nos entupir de tragédias, de corrupção, de mortes, de assaltos. Como se quisessem que nos sentíssemos mal por estarmos neste país de merda. Porquê a imprensa quer-nos tão frustrados a ponto de achar que isto não tem solução? Sou burra às vezes para estas coisas, mas é por isto que viver em outro país nos ajuda a ter uma perspetiva melhor sobre a nossa realidade. Descobri que em Portugal acontece o mesmo, embora com menos violência, é verdade, mas com os mesmos problemas (dos) políticos, de casos pontuais de mães que acabam com a vida dos filhos, de pobreza e crise. 
A bola da vez não é de hoje, baseia-se na crença de que o ano só começa no Brasil depois do carnaval. É certo, o país pára, ou melhor, fica em stand by, porque ainda há muita gente a trabalhar para que as coisas funcionem minimamente. São férias escolares, é verão, é a busca pelas praias, é a busca por descanso depois de um ano intenso de trabalho. Ah pára! Devíamos fazer como a Alemanha. Prontos, provavelmente quem o diz nunca esteve lá e não sabe que eles tem mais férias que nós e que se trabalha menos ainda que nós, com menor carga laboral que nós. Peraí, então em julho e agosto não desce Portugal inteiro para o Algarve? Os americanos não vão também em busca de suas praias ou da Disney? Para nós calha  o carnaval bem no fim das férias, acho natural que depois disto comecemos o ano, ou deveríamos fazer igual a quem?  Bem, já estou cansada de bater contra as rochas da ignorância e dos que adoram este sentimento de espezinhar sua terra. Não acho que devemos ser cegos para nossas mazelas, só acho que devemos abrir os olhos para o resto. E o resto é bom.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

É complicado (não me digam que não)

ver o mundo sobre os olhos dos outros. Sentir e entender o que faz uma mulher querer ter assim tantos filhos. Empatia é uma coisa rara por estes (meus) lados.

Raivinha miúda

Aflijo-me. Não gosto de ser mãe, mas gosto do meu filho. Não queria, talvez, era que ele o fosse, acho que merece coisa melhor. Agora a pouco o marido trouxe o Fabian nos braços a berrar. As crianças do outro lado da rua (da tal que tem 10 filhos) não querem brincar com ele. Andam de bicicleta os mais velhos, o mais novo não empresta nada. Não estranho, estranho é estarem o tempo todo a pedir que ele vá brincar e depois quando vai, não deem a mínima. Mas o que me fez ficar triste é o fato de ser aniversário de uma das crianças e não permitirem que o Fabian sequer se aproxime do quintal. Poxa...até eu que tenho um coração dos duros não deixaria que um pequenino (que nem dá tanto prejuízo em doces) fique só a olhar. Bravo a esta mãe que nada faz. Bravo a este pai que só faltou dizer em palavras para que esperasse do lado de fora que os outros iam cantar parabéns. Bravo para a besta aqui que acha é péssima mãe!

As minhas pesquisas

Continuo tendo imensa dificuldade em encontrar literatura sobre a maternidade, não sobre o quanto é maravilhosa, um mar de rosas ou sobre padecer no paraíso. Tenho sentido dificuldade em encontrar sobre quando a maternidade "não dá certo", quando as mulheres não realizam-se neste novo papel. Será por serem poucas? Será por ser um estigma social moderno? Será pela falta de interesse sobre o assunto ou sequer ser lembrado e estudado com mais afinco? Enfim, hoje encontrei isto:

"É apenas no séc. XVIII (no último terço) que
se dá uma revolução de mentalidades que conduz
a uma alteração na imagem de mãe, no seu
papel e na sua importância.
Só após 1760 surgem publicações que recomendam às mães que cuidem pessoalmente dos
filhos e os amamentem elas próprias.
O séc. XIX é, consequentemente, um importante marco na origem de uma «nova mulher»:
educadora, mãe, criadora da sociedade futura.
Passou a esperar-se uma quase omnipotência
por parte da mulher.
Cria-se assim à mulher a obrigação de, antes
de tudo o mais, ser mãe.
Segundo Badinter (1980) este é o início do
mito que, ainda hoje, quase duzentos anos mais
tarde, continua vivo – o do amor maternal enquanto amor espontâneo."  (Grifo meu).

É apenas um começo. Quem tiver curiosidade, é um artigo que faz um panorama sobre a maternidade, é curto, mas interessante.
Podem conferir aqui.


- Pai, estás com cara de chuva.
- É mesmo, meu filho? Mas porque dizes isto?
- Tens os olhos juntos. Tens os lábios presos em ventania.
- Sim.
- Tens o queixo armado como se fosse desabar água a qualquer momento.
O velho concordou com a cabeça e os ombros pendidos. Agarrou-lhe a mão para deixar o jardim de inverno, acompanhado do jovem. O filho não enxergava... mas via muita coisa.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Como eu me sinto quando...

vejo alguém tratar o filho com mais de 7 anos pelo diminutivo do nome.

Primeira impressão

Ah expressão admirada do Fabian ao ver a torre Eiffel na tv: ooooh casinha gandi!!

És o meu mundo, já te disse?


Quando virei-me para escutar tua voz, não te vi. Antes senti o teu beijo, as tuas mãos. Quando olhei para ti não foi amor à primeira vista, nem ao primeiro email. Quando finalmente olhei para ti, percebi que foi amor. Quando não sei, alguém sabe quando deixa-se levar pelos sonhos, quando vê que os pensamentos não lhe pertencem mais?
Achei-te velho demais para mim. As fotografias enganam? Tua experiência agigantou-se perante minha juventude, mas sem querer eu fui, e sem esperar grande coisa, fomos um só. Passamos por cima de nãos muito fortes, passamos pelos rostos fechados de reprovação. Caminhamos sobre piadas, sobre o preconceito de acharem que só queria o teu dinheiro e que tu só querias minha inocência. Mal sabem eles que as aparências mentem e enganam os fracos para ver. Tão fracos que não viam a velha que sou e o menino que és. E voando se passaram 10 anos desde aquela primeira vez. A primeira vez que te vi e que quis fugir, assim como quem foge com medo de ser feliz. E tentando fugir chegava cada vez mais perto de ti. E como não gostar de alguém que me fez enxergar e dar à mão a mulher que sempre existiu dentro de mim? Como não amar o homem que me faz sorrir, que é pai, é amante, é namorado, é marido, é amigo acima de tudo e todos?
Parabéns para  ti pelos teus anos bem vividos, pelos trinta anos que nos separam e que nos unem ao mesmo tempo. Porque dependi deste tempo para hoje seres o homem completo que ensinou-me a (me) amar.

O Fabian e o seu portuguchês


É interessante perceber que mesmo depois de tanto tempo (8 meses para ele é bastante), a entoação de certas palavras (que ele ainda não falava em Portugal), por vezes prevalece ao sotaque daqui. Por exemplo, não diz mãe, diz máe, não diz pão, diz páo. Diz chucha, diz mota, diz cáo ao invés de cachorro. Uns dias atrás perguntaram ao marido porque ele falava assim e se tinha nascido aqui mesmo. É, parece que estas coisas não se apagam, afinal o Fabian é português, com genes gaúchos, aqueles que o fazem gostar de picanha, chimarrão e andar à cavalo. À la fresca pá!