"C'est lui pour moi,
moi pour lui dans la vie"..
No sábado à noite a mãe saiu com pressa a fim de falar com a sua tia, queria saber mais sobre o irmão que o vô teve fora do casamento (ou melhor, antes do casamento) com a minha vó. Não entendo porque este desespero súbito por saber da história toda, já que ela teve mais de cinquenta anos para isto. Enfim... Depois contou-nos que o vô tinha sido nas palavras dela um "cagão" ao não assumir aquele filho. Ainda doeu-me o peito do estômago (como lhe chamo o lugar onde dá aquela dor na barriga), não gosto quando falam mal dos meus. Sim, ele foi um cagão da mesma forma como o foi o meu pai biológico, mas ele tem a desculpa por assim dizer, que se fosse tratá-lo como um Costa teria de comprar uma briga feia com a minha vó. Ele preferiu deixar como estava e a falta de interesse por parte da mãe do C. por nunca o ter procurado, reforçou a maneira como se levava o assunto.
Posso compreender meu avô, acredito até que há uma tendência quando os filhos se "intrometem" nos assuntos de casais, que o homem tome partido da mulher e a mulher penda mais para os filhos. Talvez por ter uma opinião menos apaixonada sobre a maternidade, confesso que meu marido está sempre em primeiro lugar, nunca imaginei ser de outra forma. Os filhos crescem, vão a sua vida, constituem família, e passam a ter as suas prioridades. E às vezes se não soubermos resolver os atritos, destruímos uma relação em nome de que mesmo? De alguém que mais cedo ou mais tarde vai alçar voo e descobrir por si mesmo como é delicado relacionar-se. As mulheres infelizmente acham que existe algo de muito forte e sobrenatural que lhes liga às crias e não há ninguém no mundo que possa cortar este fio. Disse-me a minha mãe quando tem lá os seus ataques de choro em que me abraça em convulsão, de que eu e o neto somos tudo o que ela tem. Na verdade devíamos nos bastar, devíamos ser completos sem ajuda de ninguém, mas já que não é possível, devíamos ao menos ser mais justos conosco e valorizar quem está do nosso lado. Acho mesmo que neste e em outros aspetos tenho um cérebro masculino, vejo a vida com outra lógica, com menos sentimentalismo e mais objetividade. E claro, talvez, com mais egoísmo.
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