Passamos a imagem de que no Brasil tudo é festa, tudo é zuação. Mentira. O Brasil leva o sexo muito à sério. A sexualização das letras, das coreografias, do tal se eu te pego, a dança da bundinha, dança da garrafa e aí meu irmão, segura o tchan porque é como coçar: é só começar.
Nas novelas as cenas quentes de nudez deixariam qualquer filme erótico da década de 80 no chinelo, na praia o fio dental impera, na tv e sites todo ano temos garota verão, quadro do pega sabonete na banheira, e há até quem faça disto carreira. Nunca ouviu falar do Miss Bumbum? E o pior ou melhor, já nem sei, é que não faltam mulheres bonitas e com gingado nesta terra. Não vejo com maus olhos a admiração ao corpo feminino, mas a bundalização da cultura brasileira já está ultrapassando minha paciência. É porque isto cria uma atmosfera insana que nos remete ao estereótipo de boazonas e putas e que desperta o interesse dos homens e a raiva das mulheres no geral. Particularmente até não desgosto da minha bunda, mas daí a ganhar a vida com ela, ou viver em função de uma bunda é demais.
Como dizia a música "não sou freira nem sou puta", acho sinceramente que até as minhas conterrâneas andam cansadas de tanto agachamento e glúteos com caneleiras de 20 kgs. E dieta da lua, da proteína e açaí com água de coco e estar em forma 15 dias depois de parir. No Brasil vive-se o corpo intensamente, ainda mais para cima, que no Sul temos o frio que sempre dá para esconder as gordurinhas. Como o resto do país é praticamente verão o ano todo, vá de ginástica, dieta, lipos, silicones e drenagem linfática. Num país que explora exaustivamente o sexo, não podemos estar mal na fita. Num pais que se escandaliza com as celulites de uma famosa na praia, ao invés de preocupar-se com a inflação indomável, a precariedade do ensino público (exceto o superior) ou a saúde deve ser porque isto toma muito tempo. E realmente toma, que o Renatão que cobra quase cem reais a hora está esperando para mais um treino bombástico. Não disseram que fevereiro tá quase aí? Carnaval etc e tal?
Gosto muito do meu país e às vezes fico pensando se seria possível sermos um povo alegre e ao mesmo tempo sério como os alemães. Se podíamos ser leves e ao mesmo tempo responsáveis como os ingleses. Se podíamos acompanhar com fervor os jogos do Brasil e ao mesmo tempo ir nas manifestações como os franceses. Se podíamos gostar de sexo, que não há pecado nenhum nisto, e ao mesmo tempo termos vontade de crescer, estudar e viver uma vida melhor como os holandeses. E fico divagando ao mesmo tempo que olho para mais uma bunda com sufixo de "atriz" nos seus quinze minutos de fama. Pagu pra vocês porque "nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda":
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