quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

E se...?

E se o mundo dos bloggers fosse como a vida real? Seria assim:






Lulu fechou a janela do quarto da filha com persianas ultra resistentes. Mandou colocar insufilme nos vidros para que ficassem espelhados e escuros para quem visse de fora. A filha de Lulu só pode frequentar a sala e a cozinha (peças com janelas amplas e sem proteção) se usar uma máscara da Tinkerbell com os olhinhos furados para que veja alguma coisa. Lulu só permite que vejam suas roupas, seu vestido de bolinhas brancas e vermelho que usou para o Natal. Lulu trata a filha pela sua inicial ou às vezes lhe chama por apelidos quando está sob observação. Às vezes Lulu vai ao contador e vê que recebeu mais de cem olhares aquele dia. Por vezes algumas dezenas lhe batem à porta, para dizer que sim ou que não (mas a maioria das vezes que sim), a comentar sobre alguma pergunta que ela lhes fizera enquanto estava no sofá da sala e o homem-mais-perfeito chegou. Lulu também recebe algumas criaturas mal intencionadas. Elas vem de máscara de esqui, batem à porta e lhe dizem desaforos, criticam seu modo de agir, a educação que dá para sua filha, o seu jeito de pensar alto para que eles escutem. Ela quase nunca os deixa entrar, às vezes responde e às vezes instala um sensor para máscaras de esqui na porta. 
De todas as coisas engraçadas que lhe aconteceram desde que resolveu deixar as portas e janelas de sua casa aberta, foi as pessoas a tocarem na porta e deixarem bilhetes: visitem a minha casa. Lá também tem janelas para ver. E tem gente para pensar alto também. Pensar com palavras. Ela sorri e vai. Outras vezes não retribui a visita por pura preguiça. Cada casa tem as suas regras e algumas chegam a ter demais. Outras de menos. Algumas parecem casas de alterne, com luzes neon e, outras parecem conventos e também há aquelas que são como aqueles filmes. Tudo está sempre no lugar. Lulu desconfia que não. Será que devem chorar para o banheiro? 
De qualquer maneira, deixar as janelas abertas foi uma decisão sua, pois também gosta de olhar para a casa dos outros. Lulu que se chama Sonia apenas para os íntimos (os que possuem passaporte diplomático para o seu mundo), acha estranho e perturbador o fato de que a internet transformou-os a todos em voyeurs digitais. E até talvez a culpa seja sua, pois mesmo quando estão dormindo, há pessoas a espiar pelas cortinas os fantasmas deles que lá ficam a nutrir-lhes sua sede de vida.

2 comentários:

  1. onde foi este filme? Ou é mais um manuscrito para um futuro livro eheh

    Estranho este mundo virtual, nao gosto, nao gosto e pronto!

    Bjs
    Marina

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  2. Hehehe! Pois, tenho andado a divagar, a maioria das coisas que escrevo são recortes do que vejo por aí :)
    beijinhos

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