Noto que nesta blogosfera tenho sido um pouco eremita, às vezes até com muito orgulho. No entanto tal como na vida real, gosto de visitas (quando elas avisam antes), surpreendia-me a cada vez que via que o meu blogue tinha sido visto no Azerbaijão, ou na Inglaterra ou na China. Oh todos estes países querem saber o que uma lunática escreve? Não tontinha, a culpa é do google. Ou melhor, das imagens que eles lá pesquisam e pumba: o domingo mais chuvoso aparece. Mas tem uma coisa que sou realmente lida e ironia das ironias ocupa a segunda posição do google quando se digita: "porque quero ser mãe". Escrevi aquilo quando estava cansada de tanto desejar ser mãe e por questões financeiras não podia tentar um tratamento, que por questões do casamento anterior do marido, tinha-nos levado aquela situação de infertilidade. Sabe, na verdade nunca senti-me infértil, não o sou, tenho o corpo saudável de uma mulher da minha idade. Nem enxergava o marido assim, ele fez uma escolha, da qual não se arrependeu mesmo depois de um filho ter entrado nos nossos planos. Talvez por isto não tenha sentido aquela dor que lia muitas vezes. Senti sim foi revolta, não sei se a revolta de uma menina mimada que não tinha o seu desejo atendido a tempo e a horas, mas aquele desespero, não. A infertilidade para mim foi uma escolha. Se tivesse mudado de marido e casado com outro cara saudável como eu, provavelmente a gravidez ocorreria de forma natural. Claro que achei chato tantos exames, hormônios, não poder ter aquela gravidez surpresa que anda por aí. Mas sinceramente acho que se não fosse assim não daria valor, nem sei bem o quanto de valor. Mas segundo me conheço, seria ainda pior porque não consegui seguir à risca o que tinha pensado sobre a maternidade. É o meu fantasma que está lá sempre a balançar no armário. Não sei hoje porque as mulheres querem ser mãe, mas faço uma ideia. Não sei é hoje porque quis ser mãe. Eu amo meu menino, mas sendo sincera, por tudo que passei não tenho problema em admitir que se fosse um sonho e eu acordasse (tal como no filme do Nicolas Cage), não escolheria este caminho. Sou egoísta, sou imatura e novidade: ser mãe não me fez mudar isto. Não em questões proporcionais ao que esperava, talvez até esperasse demais de mim. Continuo a querer ser eu, eu e eu. Continuo a querer um banho quente e solitário, continuo a chorar pelo meu corpo de antes, continuo a deixar que o pai assuma o meu papel muitas vezes. E não tenho uma solução na manga, há certas escolhas que se fazem em que é impossível voltar atrás.
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