se os produtos tira-manchas cumprissem o que prometem... É que não é só adicionar na máquina, viu Vanish, nem só por um pouco em cima das manchas. É mesmo o poder ultra- oxi- action- multi dos nós dos dedos de moi. Só assim. Só assim...
terça-feira, 30 de abril de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
A passo de tartaruga
É assim que está correndo a adaptação e a mamãe aqui tá desesperando! Hirra! Não é por causa do Fabian que diga-se de passagem, está adorando o lugar e os amigos para brincar. É por causa da própria escola e filosofia de "tudo ao seu tempo". Detesto que me digam isto porque tenho certeza de que vai demorar. E muito. Já tinha dito que a professora me falou de qualquer coisa como três semanas a um mês, pois começamos terça passada e ficamos apenas uma hora. Nesta semana fica duas horas e já to vendo que semana que vem três. Ahhhhhhhhh!!!! Parei de procurar emprego por enquanto porque é impossível estar disponível a qualquer hora para uma entrevista e estar abobrando no sofá da creche.
Lembro que em Portugal ele adaptou-se muito bem em uma semana e tinha apenas 1 ano e dois meses, hoje o que ele mais quer é ficar lá com outras crianças, correr no pátio, dar uns safanões em alguém, tudo normalíssimo minha gente, para uma criança que passou quase um ano longe de rotinas. Portanto irrita-me esta postura da escola, acho que é válido para crianças menores que a recém estão ingressando em um ambiente assim, agora não faz sentido no meu caso. Enfim...
Posso comemorar?
Parece que terminamos o desfralde!!! Claro que alguns descuidos são possíveis de acontecer daqui para frente, mas o trabalho pesado em si já está feito. O Fabian usa fraldas só para dormir à noite ( ainda assim acordam 90% das vezes secas), durante o sono da tarde tenho deixado sem nada. O melhor de tudo foi o coco. Ontem inventei uma "cabana" na sala, feita com duas cadeiras e a cortina meio transparente. No meio coloquei o penico, ele sentou mas não quis fazer nada. Hoje ele me chamou de manhã para que eu montasse a tal cabana que ele queria fazer coco. Disse que só o faria se ele fizesse no penico e ele concordou. Saí e fechei a cabana e voltei para a louça na pia. De repente escuto: mamáe fizi cocô! E eu " não fez nada Fabian, volta lá para fazer", porque foi tão rápido que não acreditei. Na terceira vez que chamou fui lá ver e estava ele de pé a apontar para a sua obra de arte no penico. Sorte de principiante? À noite fez mais um cocô dentro da cabana. Acho que a minha missão impossível cumpriu-se.
Esta sou eu despejando o material do penico no vaso. Aiiii cuidado para não respingar!! Ploft. Tarde demais. |
domingo, 28 de abril de 2013
Ah é
Hoje lembrei de ti enquanto andava pelas estantes repletas de camisas sociais. Lembrei-me do quanto odeias a estampa xadrez, as cores rosa e lilás. Vi as tuas preferidas em cinza e listras discretas e pensei no quanto ias ficar elegante indo para o trabalho. Olhei os casacos e as calças imaginando aqueles para os quais torcerias o nariz, uns porque tem capuz, outros porque tem elástico embaixo, outro porque tem um bordado. Que chato que és! Lembrei dos sapatos de sola flexível, daqueles mais discretos, sem costura e com bico arredondado. Vi os calções de surfista que estavam em promoção e imaginei-te muito branco dentro deles e completamente insatisfeito por estar na praia. Ah, é claro que sei que nunca usarias calções de surfista. Preferes as bermudas escuras que já tens. E todo o tempo enquanto esperava a minha amiga voltar do provador, fiquei te imaginando ao meu lado, como fazíamos tantas vezes nos shoppings de Portugal. Pensava eu que tinha saudade do carinho, do sexo, da tua comida saborosa, mas não. Tenho saudades até das coisas mais banais, porque para mim a vida tornou-se uma banalidade sem a tua companhia...
sábado, 27 de abril de 2013
É tudo uma questão de roldanas
Quando estou entre séries fico a pensar em tantas coisas, entre as numerosas bobagens que me passam pela cabeça, lembrei de olhar para o peso que estava levantando: 100 quilos. Uau quando pensei que ia levantar 100 quilos na vida? Claro que esperava não serem os MEUS 100 quilos. Neste mesmo exercício lá nos meus tempos áureos, levantava apenas a metade e agora como podia a recém estar (re)começando a treinar conseguir este feito?! Claro, a culpa é das roldanas. Quanto mais roldanas tiver, mais leve fica para levantar, oh que me serviram as aulas de física! Enquanto a maioria dos aparelhos antigos tem entre uma e duas, este tem quatro (dizem que é para evitar lesões musculares).
Ora então se me pusesse a levantar 100 quilos no duro, não ia conseguir, com uma roldana talvez fizesse uma série apenas e com quatro, aquilo ainda me parece leve, mas não quero abusar. A realidade é como estas barras numeradas, existe, posso tocar e tentar levantar, mas para isto, tudo vai depender da minha força, e também das roldanas que tenho disponíveis no momento. Acho engraçado quando gabam-se de dizer "verdades", ora ninguém consegue perceber a verdade porque ela não é mensurável por si mesma. Depende do nosso crivo pessoal, das nossas crenças, das nossas roldanas que vão fazer a minha perceção mais leve ou pesada no meu olhar sobre o outro.
Acho muito educativo observar pessoas que gostam de dizer verdades. Pura e simplesmente porque quanto mais verdades elas dizem, mais revelam a sua fragilidade e os seus entraves sociais. Pessoas genuinamente maduras nunca se ofendem se são chamadas de infantis. Pois que são maduras e maturidade implica em saber relevar muitas coisas e saber escolher as brigas que valem a pena enfrentar. Por outro lado, o que aponta o dedo revela muito mais de sua personalidade do que a sua suposta verdade sobre o outro. É por isto a célebre frase de Freud: quando Pedro fala de Paulo sei mais sobre Pedro que de Paulo. Penso mesmo que somos todos espelhos uns para os outros, portanto a verdade tão reclamada por estas pessoas, é tão e só a sua verdade e que serve para ela mesma, com tudo de bom e ruim que a sua própria imagem reflete.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Tudo vale a pena se a mente não é pequena
Parafraseando Fernando Pessoa para falar de subemprego. Ahn? Como assim? É isto, de acordo com o dicionário subemprego é definido por:
"Emprego não qualificado e que mal satisfaz as necessidades de sobrevivência.
Aplicação (de valores) com rendimento baixo e sem garantia: subemprego de capital.
Situação em que a mão-de-obra só encontra trabalho periodicamente ou em que o número de oportunidades não alcança o de pessoal habilitado."
Então é assim, não sou contra os brasileiros irem ganhar o mundo e fazerem coisas que em sua terra jamais fariam, tais como lavar o chão de hotel, ser empregada doméstica, babá, etc, etc. Não sou contra viver em subemprego se a pessoa tiver um objetivo de vida, seja juntar dinheiro para comprar sua casa, seja estudar, ter um curso superior, seja viajar, conhecer novas culturas ou simplesmente aprender uma outra língua. Todos os motivos são válidos. Por exemplo, tive uma amiga em Portugal que foi trabalhar de promotora em supermercado (na época que ainda se pagava relativamente bem), ela juntou a grana e pagou toda a faculdade com este dinheiro. Ela tinha um fim que era sair daquele degrau e avançar, crescer, mudar. Agora uma coisa que nunca vou entender é quem saia de "casa" para viver com mais dez brasileiros em um apartamento, que trabalhe de dia para comer de noite e fique estagnado naquilo como se fosse a melhor coisa do mundo. Ah claro, posta fotos na net para os outros dizerem, olha o fulano tá ná Europa. Mas ninguém sabe o que o fulano faz. O fulano não conta que trabalha por turnos e que limpa merda de desconhecidos. E o fulano não tem qualquer perspetiva de vida a não ser viver um dia após o outro e pagar de vip em sua terra natal.
A minha definição pessoal de subemprego é aquilo que está conjugado entre se esta ocupação proporciona meios para além da sobrevivência e o fator de realização pessoal. Por acaso não conheço ninguém que um dia acordou e disse que seu sonho era ser lixeiro. Nada contra a profissão que é digna, mas sejamos honestos quem é que sonha isto para a sua vida ou a de seus filhos? Principalmente vindo de alguém que estudou e que tem dicernimento suficiente para render mais?
Não quero entrar na separação das profissões que são valorizadas em detrimento de outras, tais como medicina, advocacia, em relação à camareira, a atendente de mesa, etc. Eu mesma como já disse, trabalhei em uma fábrica. Não me orgulho e também não me envergonho. Eu mesma candidatei-me a uma vaga de camareira, não tenho qualquer vergonha nisto, mas é uma solução temporária, pois que valorizo a educação e esforço que tive e também reconheço que consigo mais e melhor. Não é a profissão em si que faz alguém ser mais que os outros, o que me refiro é uma separação óbvia entre a pró-atividade dos sujeitos. Não há nada de mal em ser empregado do Mc Donalds, nem em ser faxineira. O que está mal é ver uma pessoa com curso superior se contentar em ser isto indeterminadamente. Para uma pessoa que não possui quase instrução e que digamos bem a verdade nem tem vontade de crescer, varrer as ruas da cidade está de bom tamanho. Agora estranho, muito estranho é uma pessoa que teve uma boa formação se contentar em subempregos para o resto da vida. E pior, ainda achar que a culpa disto tudo é de seu país, o que é no mínimo incoerente. Mas lá está, nem sempre instrução anda de mãos dadas com maturidade emocional.
Que bom seria...
se as coisas fossem mais simples, se não gostas de uma pessoa, exclui do teu perfil, bloqueia os seus disparates. Se fizeres o sujeito delicado, então é só cancelar a assinatura, assim como quem está ao lado e abstrai-se da conversa. Se fosse fácil, proibirias de publicarem no teu mural, assim como se protegesse a tua porta de desaforos e raivas. Mas a vida infelizmente não é assim, tanto que ainda somos pela ironia obrigados a cruzar com as mesmas pessoas que deletamos do pensamento tempos atrás. O mundo dá voltas e nada garante que um desafeto não está lá ao virar da esquina. Eu por hoje safei-me de alguém, embora com muita pena minha, apenas virtualmente.
É!
Gente mal resolvida na adolescência é normal, agora ultrapassar a barreira dos 40 e ainda pensar como menininha é dooooose!
quinta-feira, 25 de abril de 2013
O clube de swing
Já estava marcada há um mês a primeira visita em um club de swing, mas só agora pensava na loucura que fora ceder ao desejo do marido. Divagou hipnotizada enquanto olhava para o letreiro em neon: Liberté. No chão, um relvado macio pipocado de luzes escondidas entre as folhagens. Uma pequena estrada de pedras serpenteava rumo a uma porta de arco em madeira de lei. Seria a estrada da perdição? Estava tão absorta que mal deu pela mão do marido a lhe puxar delicadamente em direção à primeira pedra. A rua era escura, os carros ficavam estacionados em um terreno ao lado, guardados por três seguranças e dois cachorros tão fortes e mal encarados que ela evitou fixar o olhar. Via a casa sofisticada cercada de muros dos dois lados, pintados de uma cor escura não sabia se roxo ou preto. Já a frente era aparentemente desprotegida não fossem os avisos de alarme e câmeras por todos os lados. Era uma casa grande de dois andares, cujas janelas se encontravam misteriosamente fechadas e pelas frestas deixavam escapar algum perfume de mulher e o resquício de uma música doce, sensual. Sentiu que um de seus pés falseou ao afundar o salto na grama, mas o marido lhe ofereceu o braço largo e musculoso para que não caísse. Ele também estava nervoso ou seria melhor dizer ansioso? Não soube a resposta e mordeu o lábio com tanta força que sentiu o gosto do batom entre os dentes. Ao chegar na porta o marido estacou. Ela ficou logo atrás a observar a argola metálica na boca de um leão feroz. O marido abaixou-se suavemente em direção a um interfone. Disse uma frase em francês e deu-se um estalo. A porta se abriu. Instintivamente fechou os olhos como se algo muito ruim pudesse lhe saltar para cima. Quando voltou a si estava em uma sala mal iluminada a não ser por duas luminárias em forma da silhueta de um homem e de uma mulher. O marido lhe puxava e pôde ver mais adiante outros pequenos pontos de luz, um grande sofá provavelmente feito sob encomenda, que abarcava todo um lado da peça. Alguns casais conversavam amigavelmente e ao demorar-se mais, percebeu que estavam todos em trajes interiores. No lado direito, dois homens em cuecas escuras serviam os copos de cristal em um bar recheado dos vinhos mais caros, assim como uísques e vodkas fluorescentes. Não se sabe de onde surgiu uma mulher muito atraente em espartilho e cinta liga, ela dirigiu-se para o marido e os dois a conduziram para uma sala mais parecida com um closet. Ele começou a se despir ajudado pela mulher, primeiro a camisa e depois o cinto, as calças. Sentiu uma pontada de raiva, não queria que ela lhe encostasse um dedo, mas já era tarde. Estava arrependida, queria que o mundo parasse para que pudesse descer. Porém de má vontade foi desamarrando a gabardine que deixou caída em um cabide, enquanto ajeitava os seios em um sutiã bordado com swarovski que ele havia lhe dado justamente para a ocasião. Nunca sentira-se bem de fio dental, mas lá estava ela, em uma calcinha branca de laços em cetim.
Quando retornaram a música havia mudado, um globo de espelhos girava traçando pequenas estrelas pululantes no chão e nos corpos semi nus. De repente tinha-se cravejada de bolinhas e a sua lingerie adquirira um tom violáceo, quase neon, destacando-a do resto do grupo de mulheres. Sentia que haviam dezenas de pares de olhos em seu corpo curvilíneo, queria cobrir-se, e já que não era possível, ao menos sentar. O marido deixou-a no sofá para pedir uma taça no bar, ela perdeu-o de vista e ficou tonta ao tentar em vão distinguir qual daquelas nádegas masculinas seriam as dele.
Quase sem notar sentiu um calor nas coxas. Viu homens e mulheres se beijando ao seu lado, mãos começaram a explorar o seu corpo. Línguas desbravaram o seu pescoço. Os seus cabelos estavam rendidos a quem gentilmente os afastasse. E o calor foi aumentando, e a música e todo resto cada vez parecia adquirir menos importância. A certa altura deixaram de existir, agora tudo centrava-se nela e no seu prazer. Subiu as escadas carregada e acabou por pousar em uma cama macia de lençóis perfumados. Havia uma mulher que lhe acariciava e um homem que lhe colocava em posição de fêmea. Ela gemia e já não se lembrava do marido e do que quer que ele estivesse fazendo. Sentiu um estremecer e seus seios rijos acompanhavam o ritmo do membro que lhe prenchia até o âmago de seus pudores, os expulsando, desbravando, sustendo sua respiração. O homem dava-lhe tapas leves para que ela continuasse a mexer. Sua perceção foi ficando cada vez menor e mais concentrada, foi ficando cada vez menor e menor e menor...até que explodiu. Expandiu-se em graça, sentira cada célula do corpo vibrar e renascer. Sentira-se viva, leve. Depois percebeu a convulsão de seu parceiro e finalmente caiu entre as dobras do lençol. Ficou alguns minutos sem abrir os olhos, apenas resgatando a emoção avassaladora do primeiro orgasmo com um estranho. Era incrível pensar que resistira tanto tempo aquele convite, o qual tantas vezes estivera a ponto de cancelar. E no entanto lá estava ela entregue agora ao seu próprio corpo que jazia em dor, aquela dor que invade o vazio que o prazer deixa-nos depois. Quando descerrou os olhos viu ele. Não o homem que havia acabado de lhe foder, mas o marido. Estivera o tempo todo a se masturbar na poltrona ao lado da cama. Recolheu-se em sua vergonha, mas ele veio ao seu encontro e beijou-a toda, nariz, testa e boca. Foi deitando-a novamente e cobrindo-a de beijos até a dor desaparecer e dar início novamente ao prazer. Da primeira vez fizera sexo. Do bom. Do bruto. Agora fazia amor e não sabia qual deles a satisfazia mais. O sexo fê-la perder-se, mas o amor lhe trouxe de volta. E agora sabia que não conseguiria existir sem os dois. E a culpa toda era do marido. Ela bem lhe disse que podia viver sem Liberté.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Coisas ridículas
Curling
Estava há horas pensando em escrever sobre isto. Se tem um esporte que me deixa mais irritada é este tal de curling. Certo dia um bando de donas-de-casa estavam sem ideias sobre o que fazer, uma vira para as outras e pergunta: o que daria se juntássemos um ferro de passar roupa e um rodo? O curling. Aquilo parece coisa de gente neurótica, valha-me Deus. Não é à toa que no formulário de inscrição um dos requisitos é ter TOC para limpeza.
Ombreiras
Disseram-me que as ombreiras estão de volta, espero que não passe de um boato. Vindas diretamente da década que mais rendeu vergonha alheia nos álbuns de fotografia, sim sim, dos anos 80. Nunca vestir-se de soldadinho esteve tão na moda, ostentar uma caixa toráxica pouco feminina, nem nunca os gays estiveram tão felizes com a suposta falta de concorrência. Enquanto andávamos a marchar cabelos mullets e ombreiras, conjugadas com blusas brilhosas e maquiagem histérica. A mulher nunca esteve tão mal representada do que nesta época, por isto sempre que dizem que os 80 estão de volta, tenho vontade de mandar longe, bem longe. A moda devia ser proibida de tentar isto, anos 80 devia ser tabu.
Alparcatas
Jebus, como diria o Homer Simpson, volta pro mar oferenda! Isto é feio como um raio! Até entendo quem goste de coisas com um quê artesanal, mas isto é demais: é uma mistura de tapete com uns restos de pano da saia da avó. Puseram uns grampos e oh que fashion! E depois com o uso vai alargando e se tornando disforme. De sapato vira chinelo, pois que as pessoas tendem a dobrar aquela parte do calcanhar e ficam com um andar parecido com os elegantes usuários de crocs (não confundir com outras coisas mais pesadas).
Transformar o carro em uma boate ambulante
Meu amigo, se som alto chamasse mulher, o tio da pamonha tava cheio! Ainda estes dias estava saindo da casa da vó e vejo o meu primo entrando com o carro e tudo, tudinho mesmo que estava num raio de dois metros dele, começou a tremer. Quase nem distingui a música, apenas o dummmmm dummmmmm. É ridículo não importa a idade do condutor. As pessoas acham que estão abafando quando na verdade o resto só pensa em quando este filho da puta vai baixar a música. Oh primo, as mulheres não olham por causa do som, olham para ver quem é o ridículo com tanto mau gosto que está passando na rua delas. Te liga e desliga (o som)!
Levar o celular para o treino
Aí você está lá no meio de uma corrida, super empolgado e de repente toca o celular do cidadão ao seu lado. Ele a bem dizer nem estava muito a fim de se puxar na corrida, pára e fica um tempão ali falando com a namorada, a mãe, o amigo, o vizinho, etc etc. Aí depois dos abdominais, você vai correndo para o supino inclinado e tá lá o sujeito com a toalha alugando o lugar e dê-lhe trolóló no telefone. Se é para ficar falando fica em casa, mas acho que estes caras gostam de ficar se fazendo em uns tênis mizuno amarelo-caganeira, pagando de gostoso e ainda fazem cara de cansado quando deixam a academia. Depois se perguntam porque não emagrecem, mas só malham o ouvido porra!
Poder de sedução
Para mim nada é mais sedutor em um homem do que a voz grave, rouca. Apaixonei-me pelo marido primeiro pelas poesias que trocávamos e depois pela voz, muito antes de ter qualquer foto. Não sei explicar, mas a voz vem do interior da alma, se formos bons observadores, podemos ler quando é verdadeira, quando treme de amor, quando mente, quando omite. Até hoje quando o escuto pela internet (que infelizmente não é a mesma coisa que pelo telefone) fico mexida. Lembro-me a primeira vez que escutei a sua voz, foi em uma tarde de julho, fiquei horas a tremer os joelhos de tão nervosa, qual animalzinho assustado. Como naquela época não tínhamos webcam, o que nos ligava era a voz. Aquela voz morna e rouca me acalentou meses a fio quando estava carente, quando tive medo, quando tudo o que queria era fugir. Por detrás dela estava o homem por quem me apaixonei, mas no princípio era só ela, como se tomasse corpo e me abraçasse, como se fosse a única coisa a provar que não era tudo minha imaginação. E agora depois de quase uma década, aqui estou outra vez à espera que sua voz me envolva e me cale as preocupações. Que sua voz me sustenha e que nunca me diga adeus.
Juro que não sei
Não entendo porque as pessoas aqui não usam o home bank. É tão, mas tão mais prático do que andar em filas para pagamento, andar em trocentos bancos em um só dia, fora que no fim e no início de cada mês é um Deus nos acuda. Quando estava em Portugal tinha algumas contas em débito direto e o resto pagava pela net. Nunca tive problema algum com isto, tem-se os códigos ou o sms dependendo do valor a ser pago e é um sossego. Guardava todos os comprovantes separados por mês e por serviço, em uma tarde tinha tudo despachado e podia ficar tranquila até o próximo mês. O pessoal daqui é desconfiado, decerto acham que vão ser roubados por hackers ou coisa do gênero. Já eu acho que é muito mais provável isto acontecer quando saem do banco... Já desisti de convencer a minha mãe a fazê-lo, se bem que ela quer é uma desculpa para andar sempre na rua.
terça-feira, 23 de abril de 2013
pssshiuu (aqui entre nós)
O Fabian não fez nenhum xixi na calça hoje. Pediu duas vezes para fazer e das outras fui eu quem o colocou no penico. O coco como é de praxe fez na cueca, fazer o que. Espero que continue assim!
Dona Inês
D. Inês mexia nervosamente os pezinhos enfiados em chinelo carmim. Colocava e voltava a tirá-los, colocava e voltava a tirá-los. Ela sabia que esta mania incomodava o marido. Podia ouvir a sua respiração pesarosa por detrás do jornal e dos óculos de moldura severa, tal qual seu dono. Ela sabia que estava a chegar a hora, este era sempre pontual. Com que roupa viria? O que traria consigo desta vez? Um ramo de rosas ou uma caixa de bombom? Ou... riu-se baixinho a imaginar o que ia dentro da sacola de uma sex shop. De repente os ponteiros do relógio resolveram brincar, não andavam. Simplesmente balançavam para lá e para cá, no movimento nervoso dos seus chinelos. Suspirou e olhou para a tv muda, há tempos não contentava-se com nenhuma novela e os programas de auditório pareciam ainda mais histéricos do que quando tinha paciência para assistí-los, já ia um par de anos... Achava que seu passatempo agora era bem mais natural para uma velha senhora de robe de bolinhas brancas e chinelos carmim. De repente a porta do elevador gemeu, foi reclamando enquanto vagarosamente fechava com um estrondo do ferro a bater no ferro. Era ele possivelmente. Podia sentir o perfume almiscarado cobrindo o corpo que lhe parecia esbelto, embora ficasse distorcido pelas suas lentes. Levantou cuidadosa em direção à porta. Como boa alcoviteira, fechou no caminho a claridade da cozinha para que não vissem seus pés diminutos pelo friso da porta. Os passos apertavam no corredor. Toc toc toc. Graves, era um sapato bom, sola de couro. Podia agora ver a nuca do homem, o cabelo bem cortado e as costas largas em um paletó negro. Deu dois toques de leve com o dedo: era o sinal. Silêncio. O homem olhava para a porta do elevador, talvez com medo de que alguma coisa ou alguém lhe pudesse denunciar. As paredes tem ouvidos e as portas tem olhos, pensou D. Inês, mas ainda são mudas meu filho. A porta permanecia fechada, às vezes a vizinha gostava de se fazer de difícil. Ele pigarreou, olhou para o relógio, mas ela tem certeza de que não viu as horas, apenas os milésimos de segundos que passou estancado à porta verde de trinco dourado. Ajeitou a alça da sacola. Hummm era escura, não dava para ver o que era. D. Inês subiu nos dedos o mais que pôde. Maldito do Zé que sempre esquecia de que não fora favorecida pela natureza. Não conseguiu saber, a vizinha abriu a porta e engoliu o homem na escuridão do apartamento. Ela saiu e voltou a sentar no sofá. Os pés balançavam nos chinelos, o olhar perdido entre as velhas da televisão e a apresentadora que gritava e ria escandalosamente sem emitir nenhum som. O único barulho era o jornal do marido e da sua respiração. Uma hora e meia depois o homem saía, os sapatos a ecoar no corredor vazio e iluminado pelas luzes de emergência. Vinte minutos depois, era o das botas de borracha. Às vezes vinha com macacão e uma maleta de metal, às vezes com um frango assado que comprava do outro lado da rua. Mas vinha sempre de botas. Oh céus como rangiam. Rangiam as botas no corredor e rangia a cama e rangia a mulher. Depois um senhor muito magro e baixo. Tinha bigode e uma roupa de corte ultrapassado pela moda. Depois o das tatuagens e calças largas. Tinha um crucifixo tatuado na nuca, este fazia a vizinha rezar muito. Também havia o da moto, professor de jiu jitsu, o representante de remédios. Não eram todos em um dia só, revezavam-se. Saberiam uns dos outros? Especulava para o marido, que só lhe respondia para que parasse de querer saber da vida sexual da vizinha. Mas muitas vezes não era dela que queria saber, era do corno. O último homem a chegar à casa tinha passos de sapato barato e solas gastas. Abria a porta com dificuldade, atrapalhado com uma criança pela mão e outra menor no colo. Sua careca suava enquanto fazia aquele que deveria ser o seu único exercício do dia. D. Inês tinha vontade de abrir a porta para cumprimentá-lo, perguntar qualquer coisa sobre o tempo ou reclamar que a faxineira não havia limpado o hall do prédio. Mas não conseguia, por mais que quisesse não conseguia olhar para o homem de olhos azuis, com duas crianças penduradas e mochilas e chaves. Tinha medo dele ver que sabia. Tinha medo de ver que ele por sua vez também sabia. E o olhar de um corno é das coisas mais tristes que há... Talvez devesse reconsiderar a ideia da neta e inscrever-se em um programa de auditório. Ela tinha razão: deveria ser apenas uma velha como as outras.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Ninguém fala de sexo
Acho interessante quando dizem, ah o amor supera tudo, tá pode superar, mas e o sexo? O sexo supera? O sexo espera? Casamento para mim tem de ser uma coisa concreta e por mais que hoje se tenha o skype (amém!), o facebook, o telefone quando dá, não é de longe a mesma coisa. Deixa-se muito a desejar, não há o contato físico tão importante, aí vemos na rua os casais a andarem de mãos dadas, os jovens a se beijar na rua, alguém a sorrir quando abraça o outro, e...e... quando se vai a olhar para a janela a pensar na quantidade de gente no mundo que neste exato momento está fazendo sexo, nos damos conta do quanto estamos necessitadas.
Acho interessante esses casais que conseguem ter uma relação à distância, mas definitivamente isto não é para mim. Ficar na mão, também não. Porque isto não é falado, parece que só os homens tem necessidades carnais e nós mulheres temos de ficar no que? A contar carneirinhos? Lembro-me de na consulta do pós parto a médica ter me recomendado abstinência por um mês e meio, visto ter sido recozida depois do parto. Aí cheguei lá para checar a cicatriz duas vezes e nas duas consultas ela me perguntou como o coitado do marido se aguentava por tanto tempo sem. Bom, mal sabia ela que já tínhamos quebrado a promessa de estarmos quietos e depois porque não perguntar de mim? Só o homem sente vontade? Ou estava ela interessada em poupar meu marido do sofrimento?
Não é fácil, claro que não, ainda mais em datas pessoais. Temos o dois de julho como sendo o início de tudo, é o que separa a minha vida em A.F e D.F. (antes de Fernando e depois de Fernando). Tenho visto pouco a pouco se aproximar do calendário o nosso Natal privado e tenho andado a sofrer antecipadamente (olha aí uma coisa tão minha) que vamos estar separados neste dia e tal, e os casais que vou ver vão me dar pontadas e mais pontadas no coração, e quando passar na frente daquele motel vou lembrar dos momentos que poderíamos estar tendo, e das saudades de quando o esperava no alto dos meus saltos em lingerie e maquiagem, e que ele por outro lado também está lá sozinho... Isto é outra coisa ruim na distância, não é que seja uma pessoa muito ciumenta, mas se disser que não me importo nada é mentira. Longe do meu olhar, não ponho a mão no fogo por ele, aliás homem nenhum, e embora confie no marido, sei que confio desconfiando. É, não é fácil...
De novo a escola
Hoje foi dia de entrevista com a professora da nova escolinha do Fabian. Ficamos mais de uma hora conversando, quis saber toda a vida dele, a gravidez, o parto, como dormia, o que comia e no meio disto tudo, tive de contar a missa (ou seria o calvário mesmo?) da nossa empreitada pelo Brasil. Não vou dizer que desta vez me fui às lágrimas, mas a voz escorregou algumas vezes em uns nós mal desatados, é uma coisa que ainda mexe muito comigo, esta incerteza, esta insegurança, esta falta de chão.
Talvez seja uma coisa que as pessoas não entendem, porque quem está de fora consegue ver com mais clareza, é certo, mas só quem está com os olhos no "microscópio" é que sabe bem o que está sentindo. Como diz a minha vó, onde aperta a bunda.
Assim ficou combinado que amanhã ele fica uma hora entre as 16 e às 17 horas e vou ficar por ali. Quero levar um livro para me distrair, só fiquei alarmada quando ela disse que poderia durar de 3 a 4 semanas a adaptação. Meu Deus não! Acho que uma semana despachamos isto, que eu ando louca com estas entrevistas e para lá e para cá com ônibus. Este pessoal aqui acha que a gente tem um tele transporte a disposição, ligam e querem marcar para dali a duas horas! Oi? Será que desconfiam que eu tenho helicóptero?
domingo, 21 de abril de 2013
Assim não...
Pois fiquei sabendo pelo marido que a França combate severamente os downloads ilegais. Existe uma comissão que fiscaliza os provedores e cobra multa de 1500 euros para a primeira vez em que o delito ocorre e não é suspenso. Ora e como eu faço com os filmes e séries, principalmente (espero eu) indo morar em um país que não se sabe uma vírgula do idioma e em que tudo que é coisa é dublado para o francês? E os filmes brasileiros que não passam lá? E o meu Walking Dead e o Game of Thrones? E os meus CSI's em inglês original? Hein? Não pode ser... quero ir para Portugal então...
sábado, 20 de abril de 2013
To com saudade de você debaixo do meu cobertor e te arrancar suspiros, fazer amor
E aí será que você volta? Tudo a minha volta é triste...e aí amor pode acontecer de novo para você...palpite.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Brasil, o céu e o inferno no mesmo lugar
Deve ser muito confuso para as pessoas de fora se disser que não é nada demais ver uma carroça ao lado de um BMW à espera de que o sinal abra. Que não ligamos para um punhado de palafitas e casa construídas com restos de madeira, restos de papelão e restos de lixo, quando seguimos para o aeroporto (que é quase um shopping) novo e muito maior e mais bonito que o do Rio e de São Paulo. Que as escolas privadas são boas e que as públicas são deterioradas, tem goteiras, classes e cadeiras quebradas. Parece normal pagar para se ter educação. Também não nos preocupamos com as pessoas que dormem nas calçadas, com os animais na berma à cata de comida e água. Achamos normal gastar quase três reais de passagem para ir e mais três para voltar. Não valorizamos o asfalto cheio de buracos, embora se reclame muito dos radares de velocidade espalhados em cada canto da cidade. A prefeitura construíu alguns kilômetros de ciclovia e o que mais se vê nela são catadores de lixo reciclável com suas carroças para se protegerem do trânsito e da falta de paciência dos motoristas. Pessoas dormem em praças ou nas marquises com suas casas portáteis feitas de caixas e cobertores rasgados. Os pés nus e sujos se evidenciam, mas parecem fazer parte da realidade de um centro também sujo e com pessoas descalças de sentimento, anestesiadas pelo efeito constante da pobreza. Dizem que Deus é brasileiro... então ele deve ter esquecido de andar por estas ruas de desassosego, deve estar preso ao congestionamento ou simplesmente procrastinando no facebook.
E quando ninguém dá a mão, alguém oferece a pata: Cães aliviam dura realidade de moradores de rua..
Perder e nunca mais encontrar
Pois é, a Bonitinha aqui perdeu 3.100 kg desde que o marido se foi. Não, não foi de tristeza, foi de exercício e fechar a boca para doces e refrigerante durante a semana. O marido acha que é pouca coisa, mas isto é porque é homem e vamos combinar que eles podem engordar 10 kgs que as roupas continuam servindo. Bota a barriga para fora e abotoa o cinto mais para baixo e voilà. Experimenta ser mulher! É só engordar 5 quilos que já não entramos nas calças, que as blusas já ficam com o botão dos peitos estourando, que os braços fiquem espremidos nas mangas.
Estou agora com 73.500, a minha meta é os 59/60, mas para chegar lá vou fazendo pequenas metas, de 5 em 5 kgs, que é para não desanimar. Assim, faltam 3.5 kgs para o meu próximo objetivo. Já consegui fechar algumas calças e entrar de novo em umas camisas que estavam me estrangulando. Devagarinho eu chego lá e quero desta vez nunca mais sair deste peso. Será que a terceira é de vez?
#Chateado
Aí você entra em um blog que tem gif com glitter, uma música do nada começa a tocar bem alto que chega até a dar um pulo, o cursor é uma borboleta que deixa um rastro de estrelas:
O Fabian já tem escola
Foi uma legítima novela e história da creche do Fabian. A mãe me acusava de não ter sensibilidade para ver as necessidades do Fabian, que ele precisava urgente de atividade com crianças da idade dele. Ora sensibilidade eu tenho, não tenho é dinheiro, ainda mais para por na escola que ela quer. Meio turno nesta creche custa mais de um salário mínimo e como disse, por mais que trabalhasse ainda ia faltar dinheiro para a mensalidade. Ela disse que iria pagar metade, mas mesmo metade fica muito caro para mim. Depois fala que não quer impor nada, não é verdade, se escolhesse outra escola mais barata, teria de pagar tudo.
Aos poucos fui me enjoando desta história. Era sempre mais do mesmo, mesmas discussões, mesmas acusações, e as tantas estava cansada desta luta de braços. Cedi com a possibilidade de fazer as tarefas domésticas, mas ela não quis. Depois fui procurar emprego porque ou saía de casa ou enlouquecia. Mas cansa muito porque tudo o que a mãe quer é controle, é impor as regras dela. E se não faço sou dura, não aceito a realidade, não vejo o que é melhor para o meu filho, enfim. Hoje o meu padrasto resolveu que iria pagar a escola nos primeiros meses até eu arrumar trabalho, depois vou contribuir com uma parte da mensalidade.
Esta escola se baseia na pedagogia Waldorf que nada mais é do que o resgate à infância de antigamente, o brincar no pátio, na terra, com brinquedos artesanais de madeira e bonecas de pano. A alimentação é toda orgânica, as professoras tem mestrado em pedagogia e são cuidadosamente escolhidas, há aulas de música e expressão corporal. Nas paredes não há números, nem cores, nem figuras com nomes de animais e respetivas fotografias. Na sala há um colchão branco como aqueles sofás das arábias, com almofadas e um dossel. O chão é de madeira e a casa é antiga, da década de 20. Lá fora há um barco afundado na areia, há casas de madeira e pontes e escorregador. Há também uma pequena casa de barro com detalhes em fundo de garrafa de vidro.
Enquanto conversávamos sobre a adaptação do Fabian, o cheiro de pão recém saído do forno inebriava a sala. Estava na hora do lanche das crianças. Já havia passado pela entrada e visto a turma dos bebês a fazer piquenique no parquinho. Duas jarras de suco natural, frutas e bolacha integral. O Fabian correu solto enquanto preenchi a ficha e ainda bem que uma das secretárias se ofereceu para dar uma olhada nele enquanto isto. Creio até que a adaptação nem seria necessário, tamanha é a vontade do Fabian de estar lá. Vai entrar no turma dos de 2 anos e meio até 4 anos, e é o mais novo, porém da altura dos coleguinhas.
Segunda feira vou fazer a entrevista com a professora e terça começaremos a adaptação.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Os preconceitos embutidos
Para dasabar um preconceito é simples. Observa teus sentimentos, observa a forma como colocas as palavras e expressas tuas ideias. Todos tem preconceitos em algum grau e com alguma coisa. Faz parte do ser humano catalogar a realidade que o rodeia. Já falei sobre isto, de certa forma o preconceito tem a função de simplificar o conhecimento, não seria prático em termos evolutivos andarmos sempre a analisar tudo a todo o momento. Sim, nós evoluímos, mas a nossa mente não. Continua a mesma de trinta mil anos atrás, ou quase a mesma.
Entendo que seja complicado assumirmos determinadas crenças, sabemos desde a infância que é feio julgar, é feio dizer coisas sem pensar, é feio dizer que não se gosta disto ou daquilo e sem saber o porquê. Por exemplo, tenho uma série de preconceitos, tenho preconceito com mulheres que tem muitos filhos, tenho preconceito com gordos, tenho preconceito com gente que bebe demais, etc. Admitir um preconceito não é o mesmo que sair por aí a esfregá-lo em nosso alvo. Longe disto. Admitir é enxergar e aceitar. Mas acima de tudo é pensar na possibilidade de modificá-lo, e como poderíamos fazê-lo? Simples, a convivência com pessoas que o estimulam. Lembro-me de um filme muito bom que vi na adolescência: uma outra história americana. Falava de um jovem skinhead que foi preso depois de assassinar um negro. Na prisão depois de um monte de abusos físicos e sexuais ele tem o seu primeiro amigo, um negro. Aos poucos vai modificando o que neste caso do filme é um preconceito mais ferrenho e aberto, o racismo. Conviver com pessoas alvo ajuda a desmistificar o pensamento de que todas as pessoas daquela cor, daquele peso, com aquele comportamento x, são de fato assim. Desconstrói a ideia de coesão de personalidades, ninguém é igual a ninguém. Porém quando uma pessoa desconhece o seu preconceito, ela diz, fulano é bom, mas continua a achar que o resto daquela categoria a qual pertencia fulano estão errados, não prestam ou isto ou aquilo. Quando não se assume o preconceito fica-se em cima do muro, vê-se algo diferente, mas não temos coragem o suficiente para abandonar nossa visão antiga. Estamos presos ao medo e ao preconceito. Talvez, cá entre nós, eu tenha preconceito com as pessoas que fingem não ter preconceito. E preciso mudar isto.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Como saber se ainda não passamos para "coroa"
Ser tratada por moça é melhor que qualquer creme anti-idade. Deusólivre odeio ser chamada de senhora. Senhora tá no céu ou tá em casa fazendo tricô.
O que se aprende quando se procura emprego
Quando digo que sou formada em história na Ufrgs, que tenho um curso incompleto de psicologia na Universidade de Lisboa, ninguém acredita quando me inscrevo para ser camareira, recepcionista, atendente de balcão. Se eu podia dançar num cabaré e ganhar 2000 reais, podia, mas não era a mesma coisa! É que as minhas costas já não são o que eram.
Eufemismos
Porque alguém que faz uma interrupção voluntária da gravidez diz que "perdeu" um filho? Que eu saiba quando alguém perde é independente da sua vontade.
terça-feira, 16 de abril de 2013
Apontamentos sobre a última do Psy
- Coerana, japonesa, mulheres de olho puxado, enfim, ficam muito estranhas com cabelo loiro, parecem Barbie dos chineses, sei lá.
- Continuo só a entender uma palavra da música
- Porque há sempre alguém que parece estar tendo uma convulsão em segundo plano?
- Aquelas calças saruel me irritam. Parece que vão rasgar na hora da coreografia.
E é isto.
- Continuo só a entender uma palavra da música
- Porque há sempre alguém que parece estar tendo uma convulsão em segundo plano?
- Aquelas calças saruel me irritam. Parece que vão rasgar na hora da coreografia.
E é isto.
Fobia de tesoura?
Hoje foi dia de tosar o Fabian, não bem tosar, na verdade foi tipo a mãe: só as pontinhas. Quis dar um corte "principezinho", uma variação do cogumelo. Porém de todas as vezes que cortamos foi o estilo bem curto com um topete pequeno, por isto os fios cresceram uns maiores que os outros e a cabeleireira teve de fazer uma franja à lá Angelina Jolie em Garota Interrompida. A intenção é ficar conforme a foto, mas o rapaz ainda deu um baile, berrou e esperneou na cadeira, sumiu com o avental do pescoço e nem com uma bala na boca e duas na mão conseguiu sossegar. Entrou a mãe em ação e agarrou-lhe os braços e o queixo para que não se movesse um cm. Um fiasco só. Não sei o que está havendo porque desde o primeiro corte que se portou como um gentleman, tem sido cada vez pior e temo que daqui a pouco nem conseguir levá-lo, vou. E logo eu que odeio cabelo comprido em meninos...
segunda-feira, 15 de abril de 2013
O velho continente
Quem diria, será que para nós a solução é mesmo investir todas as fichas na França? Em pouco mais de um mês, o marido já teve o dobro de entrevistas que tivera em dez meses no Brasil. Como disse antes, nosso país é jovem, exige mão-de-obra jovem, e por sua vez o preconceito com a idade é grande. Se disser que não fiquei chateada é mentira. Fiquei e ainda fico quando este pensamento vem à baila. Afinal desistimos de tudo e viemos para cá com um punhado de esperança de que aqui as coisas iam dar certo e a vida iria finalmente ser vivida, deixando de ser apenas uma sucessão de dias cinzentos. E não deu. Paciência, engole teu orgulho mais uma vez e tenta de novo. Mas me magoo com o meu país, quase como se de um parente se tratasse. Tento ser justa com ele, não cuspo no prato que comi como o fazem tantos brasileiros depois que viram as costas para o terceiro mundo. Falo bem quando tem que falar e critico o que precisa mudar, mas sobretudo, tenho respeito por ser a terra que nasci, que vivi boa parte da minha vida, a qual pertenço como identidade gravada na pele, uma tatuagem culturalmente indelével.
Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro, abriste-me a cortina do passado e mostraste-me que não pertenço mais aqui. Aquelas fontes murmurantes nas quais matei a minha sede, já estão secas, ao menos se fazem secas para mim. Continuo a gostar de ti, com aquela reverência que se faz a um velho tio, mas sei no fundo que a nossa história está aos poucos se desalinhando e os fios separam-se. Sei que de minha parte nunca os irei cortar, mas levarei para longe e prometo, quando a saudade aumentar e transbordar, venho lhe visitar. Nem que seja em pensamento.
Está confirmado
A tia tem mesmo leucemia, só falta saber o tipo. Quarta feira chega o resultado da biópsia de medula. Com três crianças e uma casa, a vó não tem como ficar sozinha muito tempo. Eu poderia ajudar se não tivesse o Fabian para carregar, mais uma criança para juntar ao quadro. É complicado, quem poderia ajudar hoje foi afastada pelo marido dela, que a isolou de tudo e todos, inclusive da família. Temos pena, mas e agora tia o que se há de fazer?
domingo, 14 de abril de 2013
Esfriou...
Aqui em uma semana praticamente pulamos dos 27 graus para 9 em Porto Alegre porque para o interior estava previsto 0º. Brrrrrr! Não gosto nada de frio, de outono, de inverno, de folhas caindo, de ranho caindo, de gorros, de luvas, de pés gelados, de tomar banho no frio, de chuva que dura todo um dia, de calçadas escorregadias, de noites longas, de tosse e febre, de árvores nuas, de lavar a louça com água gelada, de céu cinzento. Mas tem uma coisa que gosto no frio. Só uma coisa. Gosto de dormir bem juntinho, com as cobertas tapando as orelhas, com os pés protegidos entre pés maiores e muito mais quentes que os meus (imagine que não precisa muito, uma iguana tem patas mais quentes que as minhas). Infelizmente o que acontece é que durmo eu e o Fabian na mesma cama, um sofá cama improvisado, com um buraco no meio. Coloquei uma toalha para amenizar o declive, mas isto não impede que ele se jogue, me puxe os cabelos e vá pouco a pouco se enrolando como uma múmia e deixando-me sem ter com que me tapar. Humpf... já disse que odeio o frio?
E agora José (ou será Maria)?
E agora Maria ? São três filhos para criar, um deles recém nascido. Tens 45 anos e tiveste uma pneumonia logo que saíste do hospital. O marido faz horas extras, as crianças exigem atenção. E agora Maria? Não tens com quem contar, a não ser tua velha mãe com quase 80 anos. Em três meses ela foi e voltou três vezes para o Rio. E agora Maria? Andas a cambalear sem forças para gerir a casa e levar os mais velhos à escola. Tens de ir à pé com a bebê nos braços. Tens o mundo nas costas. E agora Maria? Estás no hospital e não sentes nada. Não sabes de nada, mas sei eu. Sabemos todos. Tens leucemia mas ainda não te diagnosticaram o tipo. E agora Maria? E agora minha tia?
Poema de Drumond, cujo título do post é expressão muito usada por aqui.
- JOSÉ
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
O mundo é dos jovens?
Talvez o mundo de agora não seja dos jovens, mas são eles que de alguma forma preparam o mundo que serão dos nossos filhos amanhã. São eles quem levantam os braços inconformados e lutam por uma realidade menos segmentada, só de relance lembro-me de casos como o movimento diretas já e o impeachment do governo Collor. E agora mais recentemente tivemos o exemplo da revogação do aumento das passagens de ônibus em Porto Alegre de 3.05 reais para os 2.85 anteriores.
Não é que não existam pessoas com mais idade a lutar, mas é inegável que a "mão-de-obra" massiva para a transformação é jovem. Com o tempo, infelizmente, a tendência das pessoas é ir sedimentando ideias e crenças, principalmente o conformismo com o sistema econômico e cultural. Há o pensamento de que não adianta nada mexer-se do sofá, cancelar compromissos de família ou a simples rotina de um domingo de sol. Para quê ir ao centro da cidade protestar pelo que quer que seja? O jovem, talvez por a recém estar vivendo o mundo adulto, ainda carrega consigo a fantasia da infância de que tudo é possível, basta querermos, irmos em busca. O jovem traz mudança, transgride, choca com seu modo de ser, causa inveja dos que já não são mais jovens e que negam que fizeram o mesmo anos antes.
O jovem desde os tempos mais antigos é visto com desconfiança por aqueles que repetem as normas sociais como de um rito se tratasse. A maior mágoa é a de que não respeitam a ordem. Pois claro, a ordem vista por olhos jovens é uma coisa absurda. Só olhos jovens e que ainda veem de fora, podem espantar-se com o processo de auto-sabotagem do nosso sistema capitalista. Só um olhar jovem para indignar-se ante privilégios de classe, a admiração tola por deuses do saber que andam a contradizerem-se em atos e palavras.
Digo eu que tenho o meu lado velha há muito, tinha desconfiança também da juventude. Tinha porque temia a mudança (ainda não somos melhores amigas, mas pronto), idolatrava uma ordem que mesmo sabendo não ser justa, é algo que conhecemos bem. É uma ordem que pagamos caro, a custa de muita alienação e uma mídia cooperante. No exterior uma manifestação é protesto, no Brasil é bagunça, é furdunço. Na Grécia, Espanha e França é habitual vermos notícias do povo incontido, da força juvenil a querer ser ouvida entre tantas vozes mais poderosas. Não somos um povo habituado a lutar, é verdade, somos um povo que desde os "descobrimentos" tomamos a postura de abdicar quase pacificamente de nossos direitos. Sim, tivemos lutas, guerras e guerrilhas, no entanto em sua maioria foram revoltas feitas pela própria classe abastada quando se encontrava insatisfeita com as decisões do Estado. Foram lutas para perpetuar a ordem e não para pô-la de cabeça para baixo. Porém também somos um povo jovem, um país jovem e que agora está se conscientizando do seu poder de mudança. Na minha cidade em dois meses foram dois protestos que renderam frutos e é só o começo. Mas são pequenas vitórias como estas que vão semeando a ideia de que o poder está ao nosso alcance, e para isto é preciso muito mais do que um "like", é preciso pernas e mãos e vontade de viver um mundo melhor.
sábado, 13 de abril de 2013
Será a terceira de vez?
Estou tentando há três dias tirar as fraldas do Fabian. Já é a terceira vez!!! O rapaz segura o xixi até não poder mais e depois faz na calça, mesmo eu insistindo e colocando ele sentado no penico frequentemente. Ups, lá se foi mais uma calça e cueca, com sorte não preciso trocar a camiseta. Esta fase é uma merda, um xixi! Tenho dito.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Qual é o limite do humor?
É um fato: o humor é espremido entre uma combinação de estereótipos em que sempre o lado gozado é o que sai em desvantagem. Seja em piadas de norte-americanos, argentinos, portugueses e brasileiros. E entre os últimos temos o regionalismo subdividido em gaúchos, mineiros, cariocas, baianos e paulistas. Há quem defenda que temos de saber rir de nós próprios e concordo, no entanto, ao mesmo tempo que tento aprender a rir quando acusam os gaúchos de serem todos viados, quero também rir do baiano que é preguiçoso e do carioca que quer levar vantagem e acaba se dando mal. Não aceito piadas de um lado só.
Também há quem defenda que é preciso bom senso por parte de quem faz humor: não é inteligente se por a contar piadas de judeu em um auditório repleto destes, nem de falar de temas delicados como enfiar Hitler goela abaixo apenas para fazer graça. Ainda que provavelmente a mesma piada seria bem recebida em um lugar mais "neutro" por assim dizer.
No Brasil há um programa escandalosamente intitulado "Pânico", supostamente de humor, em que explora até a exaustão mulheres gostosas em roupas indecentes. Chamou-me a atenção uma postagem no Facebook sobre um tal estupro praticado por Gerald Thomas em Nicole Bhals, uma das apresentadoras. Em primeiro lugar, não considero uma passada de mão constrangedora estupro, foi assédio sexual sim, mas estupro é coisa de mídia histérica. Em segundo lugar, deixa aceso o eterno debate mas afinal quem é o culpado: o tarado que se expõe antes às câmeras ou a mulher que deixa-se tocar e perpetua este estágio de objeto sexual? É uma questão antiga a de culpabilizar a mulher pelo comportamento inadequado dos homens. Mas ela estava de saia curta, estava pedindo uma passada de mão na bunda, ou ela estava com os seios saltando, e um não quer dizer um sim disfarçado, é o que dizem. Aqui no caso, o "tarado" defende-se que entrou na brincadeira e que de maneira nenhuma o faria em uma situação normal. Até acredito, mas o que ele quis fazer ao tornar explícito o que segundo ele qualquer marmanjo tem vontade de fazer, foi infeliz... Por exemplo, tenho uma tara pelo George Clooney, assim como outras mulheres, mas nem por isto se o visse iria direto nos seus "documentos".
Por outro lado, não quero pôr-me aqui a comentar a falta de roupa da Nicole, até porque não é um personagem, na vida real veste-se assim também. As francesas usam micro-saias inclusive para trabalhar, mas em nenhuma parte as vejo descritas como meros objetos sexuais. E qual é a diferença? Postura. Minha filha, postura é tudo. Não é o comprimento da roupa em si, mas a forma da mulher se apoderar de seu corpo que determina o modo como este será percebido. Enquanto a Nicole está sendo muito bem paga para mostrar as belas coxas, permitindo por sua vez, um humor baseado no estereótipo de mulher bonita e burra, mulher esta que aceita que os homens lhes digam coisas, que aceita ser (como eu digo) uma mulher-frango, em que se tira a cabeça e aproveita-se as coxas e peito, não pode exigir outro tratamento. É como se plantasse batatas à espera de couves. Não, não é preconceito, só um pouco de ação e reação. Atenção que aqui falo de um caso específico e não de todas as mulheres que usam roupas curtas, até porque eu sou adepta de pele à mostra.
Assim, qual seria o limite do humor? Primeiro ponto: para haver humor é preciso um bobo da vez. Ponto. Não vamos ser ingênuos quanto a isto. Segundo, o humor pode e deve ser inteligente. O humor serve para aliviarnos da realidade da vida, nem sempre com tanta piada como gostaríamos. Agora o tipo de humor que o Pânico (e quem diz Pânico diz Praça é nossa, Zorra Total, e inclusive alguns programas portugueses que tive o desprazer de ver) que exploram a mulher-objeto, para mim não tem a mínima graça.
Reportagem Aqui.
Assim, qual seria o limite do humor? Primeiro ponto: para haver humor é preciso um bobo da vez. Ponto. Não vamos ser ingênuos quanto a isto. Segundo, o humor pode e deve ser inteligente. O humor serve para aliviarnos da realidade da vida, nem sempre com tanta piada como gostaríamos. Agora o tipo de humor que o Pânico (e quem diz Pânico diz Praça é nossa, Zorra Total, e inclusive alguns programas portugueses que tive o desprazer de ver) que exploram a mulher-objeto, para mim não tem a mínima graça.
Reportagem Aqui.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Porque o pai nos faz falta
Talvez por ter tido um pai que foi apenas o progenitor biológico, que a primeira coisa que me vinha à cabeça quando pensava em namorar, era imaginar como seria se o rapaz fosse pai. O marido foi de certa forma o pai que escolhi não só ao meu futuro filho, mas a mim. O Fernando foi daquele tipo de pai que pegou junto sem preguiça desde o primeiro dia. Aquele tipo que segurou as pontas e dividiu-se quase literalmente em dois, ao acalmar um recém nascido em ataque de cólicas e a mãe que vomitava e se cagava com reação aos antibióticos. Ele foi aquele tipo de pai, que mesmo não tendo direito à licença paternidade (tirou apenas 2 dias de férias), levantava todas as noites, e confesso que até na maioria das vezes foi quem atendeu o Fabian nos meses que se seguiram. Dar banho e trocar fraldas é o nível básico no percurso de ser pai. Nível intermédio é fazer papas, brincar sentado ao chão ao invés de por somente desenhos e nível avançado: acordar à noite, atender as birras quando a mãe já está estressada o bastante e só pioraria a situação.
Este tipo de pai é aquele que inventa histórias, que canta e embala. Este tipo é o que leva à praia mesmo detestando, o que entra na água fria de Cascais apenas para satisfazer a curiosidade de pézinhos fofos. É o tipo que dá comida na boca, que faz cócegas, que ajuda a fazer bagunça. É do tipo que chega louco de saudades quando vem do trabalho e a segunda coisa que faz ( a primeira é o café) é pegar ao colo e ficar sentado horas com o filho nos braços, só pela vontade de sentir a sua cria.
Este tipo de pai é aquele mais calejado, que já passou por muita coisa e tem saudade também pelo que deixou de fazer quando fora pai pelas primeiras vezes. Era este tipo de pai que precisava. Um pai com paciência e boa vontade, um que soubesse dizer não, mas também dar o colo tão necessário. Não tenho dúvidas que muitas, mas muitas vezes, nos momentos em que não consegui dar amor ao meu filho, o pai fez-se de pai e mãe. Não vou dizer que é o melhor pai do mundo porque acho que isto é um tanto quanto ridículo, cada um sabe o pai que tem em casa e deve haver por aí muitos pais com P maiúsculo. Mas simplesmente era este o tipo de pai que sonhei e o Fabian um dia saberá o quanto foi acertada a escolha da mãe.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Isto de nomes
Ah a história dos nomes tem muito pano para manga, por exemplo, não gosto daqueles pais que dão os mesmos nomes para os filhos, que acabam por Fulano Filho ou Júnior. O que já se sabe é que o tal fulano será sempre chamado não pelo nome, mas pelo seu diminutivo: assim Paulo o pai e Paulinho o filho. Mariano e Marianinho (exemplo da minha família). Isto dá-me uma enorme má vontade, parece aquela história dos gêmeos em que as personalidades ficam difusas em roupas da mesma cor. Neste caso, a impressão é ainda pior porque remete à ideia de legado, de esperar que o filho carregue não somente o nome, mas a personalidade paterna e principalmente as suas qualidades.
Outra coisa que me faz confusão é colocarem um nome e nunca o utilizarem porque preferem o apelido (em Portugal, alcunha). Dou um exemplo: tinha um conhecido português que era casado com uma brasileira, o nome do filho era Carlos Henrique, no entanto sempre, sempre mesmo, o chamavam de Kaíque. Perguntei porque não haviam posto Kaíque no menino, ao que me respondeu, veja bem, uma coisa é chegar na casa dos pais da namorada e dizer que se chama Kaíque e outra bem diferente é dizer que é na verdade Carlos Henrique. Putz, nem argumentei, melhor deixar para lá. Sério isto? Se tem tanto preconceito com o nome, talvez com aspeto brasileiro, então que chamassem de Carlos ou de Henrique.
Outra coisa que me irrita são as combinações, aquelas que não tem nada a ver, que combinam dois nomes muito fortes ou muito compridos, tais como Guilherme Francisco, Alexandre Daniel, Carolina Madalena, Sofia Gabriela. É ridículo porque só serve para contentar os dois pais ou seja lá quem bateu o pé para que se colocasse o nome no pobre do bebê. Mentira, também serve para personagens de novelas mexicanas e para saber se a mãe está falando mesmo sério. Se gritar Fernando Ricardo já sabem, vão correndo para casa que aí vem bronca. Os portugueses falavam muito dos nomes brasileiros (e com razão), no entanto, nada melhor que olhar para as listas de chamada e ver a imaginação do povo com as combinações de gosto duvidoso que eles fazem.
Depois tem nomes que "caem" melhor nos ouvidos do que outros, não apenas por uma questão de familiaridade, como também da época em que vivemos. Tenho pena de quem se chame Maísa, Mafalda, Aloísio, Soraia. Soraia é triste porra...lembra mesmo uma vilã mexicana.
E por fim, destesto pais que não tem o cuidado de conciliar o nome com o sobrenome, criando desta forma aliterações e casos um pouco vergonhosos. Tive um colega que era Gabriel Gabbardo, outro era Rodrigo Endrigo, uma atriz conhecida chama-se Thayla Ayala. Uma vez vi uma reportagem que os pais lutavam na justiça para porem o nome da filha de Amora Motta (em Minas Gerais, marmota é sinônimo de pessoa panca das ideias, meio burrinha).
Não sei se mais tarde o Fabian vai gostar ou não do nome que demos, mas foi um nome que sempre esteve presente desde que namorávamos e não pensei em outro, mesmo que em Portugal não deixassem registrá-lo. Se ele reclamar, vou dizer o que o funcionário do cartório falou ao meu marido: porque não chamá-lo de Fabião? Ohh céus, ele vai me agradecer por ter deixado meio à francesa o seu nome.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Bolinho de arroz
- Pshiu. A mãe disse que não era para falar.
- Não era para falar o que? - pergunta a mais nova.
- Que o Tonico morreu.
- Ah. Mas ela não sabe?
- Saber, sabe. Viu ele.
- Viu?
- Viu. Todo de branco e cheio de flores.
- Mas se viu porque não pode falar?
- É para não lembrar. Cada vez que se lembra chora que só ela.
- Então e o que dizemos? - Aprumou a saia florida e pôs cuidadosamente as sobras de tecido para baixo das pernas.
- Qualquer coisa. Ou talvez nada.
- Acho que é melhor não dizer nada.
- Isto.
-Olá, Martina, olá Maria.
- Olá. Respondem as meninas em uníssono.
- O que querem para o almoço? - a empregada coloca o avental e dirige-se à sala novamente.
- Quem sabe bolinho de arroz? - diz a mais nova.
A mulher estanca e com os olhos sem vida pára em direção à janela. O reflexo do vidro desenha seu nariz largo e negro. Os lábios amarronzados se entreabrem e começa a balbuciar - ele...ele...- não termina a frase e lágrimas grossas rolam pela sua cara de cera.
As meninas ficam por segundos a olharem-se e depois fogem para o quarto. A mais velha muito enraivecida:
- Está satisfeita agora? O que a mãe disse?
- Mas...eu não falei nada...
- Não lembra, o Tonico que gostava de bolinho de arroz. Agora a mãe vai ficar braba. Quero só ver se ela vai contar e vai sim. Agora é tua vez de ficar sem sobremesa.
A mais nova cala, calou durante todo o almoço. Era o morto que não lhe saía da cabeça, assim como também não lhe saía a ideia de que os bolinhos estavam salgados demais...
- Não era para falar o que? - pergunta a mais nova.
- Que o Tonico morreu.
- Ah. Mas ela não sabe?
- Saber, sabe. Viu ele.
- Viu?
- Viu. Todo de branco e cheio de flores.
- Mas se viu porque não pode falar?
- É para não lembrar. Cada vez que se lembra chora que só ela.
- Então e o que dizemos? - Aprumou a saia florida e pôs cuidadosamente as sobras de tecido para baixo das pernas.
- Qualquer coisa. Ou talvez nada.
- Acho que é melhor não dizer nada.
- Isto.
-Olá, Martina, olá Maria.
- Olá. Respondem as meninas em uníssono.
- O que querem para o almoço? - a empregada coloca o avental e dirige-se à sala novamente.
- Quem sabe bolinho de arroz? - diz a mais nova.
A mulher estanca e com os olhos sem vida pára em direção à janela. O reflexo do vidro desenha seu nariz largo e negro. Os lábios amarronzados se entreabrem e começa a balbuciar - ele...ele...- não termina a frase e lágrimas grossas rolam pela sua cara de cera.
As meninas ficam por segundos a olharem-se e depois fogem para o quarto. A mais velha muito enraivecida:
- Está satisfeita agora? O que a mãe disse?
- Mas...eu não falei nada...
- Não lembra, o Tonico que gostava de bolinho de arroz. Agora a mãe vai ficar braba. Quero só ver se ela vai contar e vai sim. Agora é tua vez de ficar sem sobremesa.
A mais nova cala, calou durante todo o almoço. Era o morto que não lhe saía da cabeça, assim como também não lhe saía a ideia de que os bolinhos estavam salgados demais...
Ai ai
Hoje o Fabian senta à mesa da cozinha com o prato de plástico verde. Coloca uma colher cheia na boca e depois outra. De repente pára, os olhos tristes e diz: sodadi... Saudade de que meu filho? Sodadi do papai. Já tinha perguntado à tarde umas quatro vezes onde o papai estava e eu sempre explicando que tinha ido de avião trabalhar para termos nossa casinha. Esperei que tivesse se aquietado um pouco, mas à noite novamente suspiros e mais suspiros. E pronto, corta o coração esta saudade. Está difícil para nós três...até quando meu Deus?
O ciclo
Cada vez mais acredito que o corpo é um reflexo do que acontece na mente. Ele reflete, ele adoece, ele fica alérgico, ele quebra, ele torce. Não somos um corpo, nós temos um corpo que é simples veículo e palco, mas quem comanda os bastidores é a (in)consciência. O ciclo menstrual também acompanha este ritmo, sei que quando estou mais calma quase não tenho cólicas, a menstruação flui, fica poucos dias e vai embora. Porém, como desta vez estava uma pilha de nervos, quase em ponto de ebolição, fiquei de tal forma que a sorte que já estava chegando à casa dos meus dindos. Fiquei com a calça jeans completamente vermelha, nunca havia me acontecido uma coisa destas. Tive muito fluxo este mês, o desequilíbrio hormonal foi tanto que me deixou com dores de cabeça (o que é raro ter), muito inchada e enjoada.
Acredito que embora não seja muito bom ser visitada pela monstra, ela nos traz a possibilidade mensal de fazer um balanço em nossas vidas. Traz à tona problemas mal resolvidos, dores, o choro sai mais fácil do que em qualquer altura do mês, nos torna sensíveis (e chatas, mas pronto). É como uma faxina no organismo, ela vai tirando o pó debaixo do tapete, arreda o sofá, a geladeira, tira os cotões de poeira que deixamos complacentemente lá estar, quando só levamos o pano onde passa a procissão.
É duro, e é uma coisa que os homens jamais irão entender. Quase voltamos à infância em que uma ação aparentemente insignificante toma toda uma proporção inimaginável. Tal como uma frase fora do lugar, um sapato jogado na sala, a falta de um abraço. E sim, é como se nascêssemos novamente e tudo o que precisamos é de colo e proteção. Não é de críticas nem de estupidez. Bom seria se o mundo inteiro nos compreendesse, a começar por nós mulheres, já que todas passamos pelo mesmo. Mas é até ofensa perguntar: tá na tpm? Não. Estou em construção. E destruir e voltar a por tudo no devido lugar, cansa, mói, desgasta as energias.
É no corpo feminino que a natureza se sobressai: em apenas um mês, nascemos, desenvolvemos, crescemos, envelhecemos e morremos. Todos os meses. E a morte dói. É uma morte simbólica e física ao mesmo tempo. Há dor, há sangue. E depois começa tudo outra vez. Nosso corpo é programado para morrer todos os meses, mas também para nascer, e uma parte é responsabilidade dos hormônios que impulsionam-nos para isto. Aliás, hormônio descende da palavra humor, estão extremamente ligados e relembram-nos de que todo o ciclo da natureza habita em nós. Nascer, viver e morrer, nós mulheres estamos sempre em "construção".
Um sonho
Esta noite tive um sonho estranho. Sonhei que tinha um amigo que roubava casas e carros e eu ajudava-o. Roubava um carro que era uma beleza, com gente dentro ou com ligação direta, lá íamos nós. No entanto, sabe-se lá porque uma jovem delicada, loira de olhos verdes apareceu e o meu amigo achou por bem acolhê-la no nosso "bando". Acontece que a jovem estava grávida de poucos meses e achei muito má a decisão dele, já que tínhamos uma vida clandestina, sempre a fugir da polícia e com medo que as pessoas nos reconhecessem. Lembro que quanto mais o sonho passava, mais a barriga dela crescia e mais andávamos atarefados à procura de um lugar seguro em que ela pudesse dar à luz. O engraçado era que no sonho eu não tinha gênero, não era homem nem mulher, embora muitas vezes pela afinidade com o marginal, sentisse que estava mais para o lado dele do que do dela. No fim assaltamos uma casa grande que sabíamos que a família havia viajado, mas fomos surpreendidos pela polícia. Foi angustiante porque a jovem estava em trabalho de parto e lutei para ajudá-la a sair. Tive de matar o policial e já havia matado o seu parceiro tempos antes. Sentia que devia continuar e que não havia volta para o caminho que tinha escolhido. Acordei ainda tentando fugir e fiquei com aquela sensação de culpa como se houvesse realmente assassinado duas pessoas que tentavam me impedir de cometer mais crimes.
Acho muito interessante ficar divagando pelos sonhos que tenho, por exemplo, creio que tanto o homem quanto a mulher fazem parte de mim, pois que não tinha gênero. O homem está mais ligado à força, à violência, à transgressão. A mulher grávida, à feminilidade, aceitação passiva, ao medo, à busca de segurança. A criança traz o novo, a mudança, novas possibilidades.
Acho que trazendo para a vida real, posso avaliar que tenho sido uma pessoa agressiva, sempre com raiva e inconformada com a minha situação. Os roubos significam que quero as coisas, mas sem esforçar-me para isto. Quero uma casa, quero um carro, quero o que os outros tem, mas sem o ônus e o sacrifício que eles fazem para ter. Os policiais que matei são as normas sociais, representam as regras que quero aniquilar, é a pura vontade de fazer o que quero, mas que sou impedida por uma corrente que me prende a uma cultura e as suas leis. Noto que inicialmente nego este lado mais doce que é o feminino. A criança é um estorvo que não queria, mas ao mesmo tempo poderia significar a mudança no curso de uma vida de erros, a possibilidade de assentar e tomar outro caminho. Noto que apesar de sermos um trio, sempre fora eu quem tomava a iniciativa, o que reforça a ideia de que tanto o homem como a mulher habitam dentro de mim e enquanto o homem age e a mulher espera, eu posso sempre escolher como vou seguir a minha vida. E talvez a criança seja também a esperança de que daqui a pouco algo bom vai acontecer. Mudanças precisam-se.
domingo, 7 de abril de 2013
Karma
Sempre disse que por mais raiva que tivesse não poderia ser injusta a ponto de proibir as avós de conviverem com o neto. Hoje é dia de almoçar na sogra. Deus sabe como é difícil cumprir esta resolução, até porque tenho uma fórmula pessoal: o expoente de felicidade e paz aumenta conforme a distância destas pessoas também aumenta. Hoje terei que aguentar três karmas juntos: minha mãe, minha sogra e o doido do meu cunhado. Bahhhhhhh
sábado, 6 de abril de 2013
sexta-feira, 5 de abril de 2013
A conversa já chegou na cozinha
É isto mesmo, o Brasil tem vindo a crescer e não apenas no campo econômico, mas está trabalhando para o fazer no meio social. A revolução chegou na cozinha, com o novo pec dos empregados domésticos. Agora caseiros, motoristas, empregadas de limpeza, babás, enfim, vão ter direitos igualitários com relação a outros empregados regulares. Isto quer dizer que além de férias e 13º (que permanecem), acrescem o direito a salário desemprego, alimentação, fundo de garantia, plano de saúde, auxílio cesta básica, seguro contra acidente de trabalho e as mulheres que tem filhos de até cinco anos, podem ganhar auxílio creche.
Vai ficar mais caro ter empregada e a tendência é se tornar aos poucos como nos países desenvolvidos em que as pessoas que os possuem devem ser ricas para mantê-los. Já tinha ouvido falar da tal crise das babás, fiquei pasma de ver que pagam em média 3 mil reais para uma interna, às vezes chega a 5 mil. Isto é muito mais do que ganha um biólogo, um informático em início de carreira, pessoas que estudaram, se especializaram e não chegam nem perto muitas vezes de um salário destes.
Minha mãe sempre teve empregada desde que me lembro, já deve fazer uns 15 anos no mínimo que ela ficou poucos dias sem uma. Mandava embora, vinha outra. Agora é uma dificuldade de encontrar, a que ela tinha era muito boa, de confiança, no entanto não pôde mais trabalhar porque já tem quase 60 anos. Ela até pensou em contratar outra, mas logo depois anunciaram o tal do pec e desistiu. Andamos nos revezando, mais eu do que eles, se é que me faço entender. Fiz uma proposta a ela semanas atrás, eu podia ficar trabalhando como empregada e ao invés dela pagar o ordenado, pagava a creche do Fabian que daria no mesmo, só que sem estes encargos todos que teria se fosse uma pessoa qualquer a trabalhar. Mas não quis...e agora fica me enchendo a paciência porque ele precisa de uma escolinha e tals, já disse que a chance passou, agora escola só quando nos mudarmos.
Enfim...vai ter muita patroa a voltar a lavar louça, quero ver se ainda lembram como é. Vá, não precisam ter medo que não cai os dedos, só descasca as unhas (não digam que não avisei).