sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Na vida coisa mais feia é gente que vive chorando de barriga cheia

É uma música do Zeca Pagodinho, mas poderia muito bem servir de trilha sonora a um casal de amigos do marido. Foram na mesma época que ele para Portugal, o homem informático, a mulher técnica de enfermagem, penaram como todo mundo para se adaptar, embora se adaptar recebendo muito bem seja mais fácil. Mesmo assim a mulher foi fazer tudo que foi trabalho temporário, dizia que naquela época fazer promoção em supermercado dava dinheiro. E ela fez. Conseguiu se formar e como não arranjou emprego na área começou a trabalhar de administrativa na própria faculdade em que tirou o curso. Quando chegou a crise para nós, marido ficou desempregado, começaram a pensar em voltar para o Brasil. Pediu demissão, deu adeus aos recibos verdes e foi trabalhar no negócio da família. Ah pois é, muito trabalho, muita correria, completamente diferente de Portugal. Nós vivemos o american way sem a parte boa. O camarada então está há um ano no Brasil e vive reclamando, mas o detalhe é que em primeiro lugar conseguiu não só manter o padrão de vida que possuía em Portugal, como manter os dois (sim dois!!!) apartamentos que possui neste país. Em segundo, conseguiu rapidamente comprar um imóvel no Brasil, tem dinheiro para a hora que quiser ir passar umas férias na Europa e a única coisa que lhe falta é tempo. Sim, tem de trabalhar muito em um negócio que é deles, que não estão sendo explorados por patrão nenhum e que como é ligado a safras e adubos, pode folgar uns meses no período de colheita.  Mas reclama! Ah como a vida é difícil! Ah coitados de nós temos de nos sujeitar a tanto trabalho, não termos o mar perto, termos uma vida muito cara no Brasil (que por mais que seja cara podemos pagar)! Haja paciência, eu bem que tento, mas é sempre a mesma lamúria!!! Não ficaram desempregados mais de um ano, não ficaram a viver com os pais e/ou sogra, não ficaram devendo, não ficaram dependendo de ninguém, mas olha que interessante, o ônus disto é o trabalho e a falta de tempo. Só me dá vontade de dar força, voltem para Portugal! Voltem a trabalhar em promoção de mercado e quem sabe ele consiga um salário que hoje oferecem um terço para esta área. Voltem e vejam que provavelmente o banco lhes tomará sendo otimista, um dos apartamentos porque não devem conseguir uns 1500 para sustentar os dois. Nós bem queríamos voltar, o marido às vezes suspira e diz que se ganhasse no Euromilhões comprávamos uma casa em Carcavelos ou Estoril. Mas porra, daí a largar tudo que conseguimos até agora como se fôssemos bestas, ignorando que o bicho tá comendo por lá, é no mínimo, vá lá, ingratidão para com a vida.

4 comentários:

  1. Falta de tempo, mas na cabeça é o que digo que essas pessoas costumam ter.
    Bjs

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  2. É claro que se sabe que uma adaptação não é fácil, mas seria bom que olhássemos para o lado, o país que eles deixaram já não é mais o mesmo. E no caso a mulher já disse que nunca vai se adaptar no Brasil novamente, o que a espera é muita dificuldade, caso escolha voltar.
    beijinhos

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  3. Todos nós nos queixamos quando temos dias maus. Faz parte da natureza humana. Agora passar a vida nisso, quando se tem uma vida boa, não há paciência!

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  4. É isto mesmo amigos das onze horas, estão sempre a queixarem-se! É claro que sabemos que não é fácil adaptar-se, leva tempo, mas eles deveriam agradecer aos céus que estão ainda numa situação privilegiada.
    beijinhos

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