Tenho um tio, um filho fora do casamento (antes mesmo deste) que o meu avô teve. Já falei mais ou menos sobre isto aqui. Pois hoje ele faleceu de câncer como o pai dele. Apesar de nunca lhe ter falado, nem ter escutado a sua voz, apenas vi umas fotos no facebook em que de fato nota-se a semelhança, estou triste. Não pelo destino que não entrelaçou nossos caminhos, não por ter desconhecido até então mais uma prima. Mas porque hoje senti falta do meu avô, senti raiva desta distância, de não estar junto dele nos últimos dias, de não escutar aquele jeito desbocado que herdei quando mandava a gente ao "cu da vó", muito menos a força de vontade e teimosia de não se entregar, a qual infelizmente não lhe agarrei dos genes. Embora tenha a crença espiritualista de que esta brincadeira chamada vida não acaba por aqui, hoje senti falta da presença física, e quando estamos longe, impotentes, quando nos mentem que ainda há chances, mesmo sabendo que não haveria, mesmo quando nos mentem já no velório que tudo está bem, mesmo quando nos querem proteger. Não há respostas, não há consolo, não há tempo. Há apenas uma estúpida duma puta distância que não cura. E quando acordamos no meio da noite lavada em lágrimas porque sonhamos com uma despedida que não houve, temos certeza. Certeza de que tudo que fazemos é pouco, e que no fundo não passamos de crianças com medo do escuro.
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