segunda-feira, 30 de março de 2009

Dedos


Que meus dedos
Desenhem a felicidade singela de um coração
No vidro de qualquer ônibus, carro ou banheiro,
Enquanto espero a hora de passar mais essa hora.

Que meus dedos
me acariciem quando a solidão for bastante
Para fazer-me pensar
Em desistir do corpo.
Que me protejam
Quais fossem as cordas de um barco ancorado
Temendo o mar bravio da vida.

Que gelados e magros,
tenham paciência quando chorar,
Sequem meus olhos insones
Pela abstinência de ti
Risquem palavras apenas para
Não esquecer-me das coisas do mundo, eu que
Estou tanto tempo nesse lugar algum.

Que meus dedos entendam meu prazer,
Que me amem apesar de tudo,
E que, enquanto não chegas, se façam teus
Os meus dedos...

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