quinta-feira, 14 de março de 2013

Gauchês


Um das coisas que sentia mais saudade era de ouvir a "minha língua" ou as expressões que o povo do sul fala. Por exemplo, aqui não se diz semáforo, diz-se "sinaleira", pechada é acidente de carro, nega maluca é bolo de brigadeiro, sendo que brigadeiro aqui é negrinho. Por falar nisto, foi inventado aqui e pelo menos temos direito de dar o nome não?
Depois tem o famoso "Bah" que tanto serve para admiração, surpresa, medo, tristeza e outros, dependendo da entonação. E o "tri" qualquer coisa: tri bonita, tri legal, tri fácil. Para gaúcho tudo é tri. Depois tem o "te larguei", o "não me faz te pegar nojo", "to louco então", vem "na manha" (quer dizer devagar, na malandragem). O "não te fresqueia" é clássica. Quando alguém dá piti, fica "amarelando" com uma situação, solta lá um não te fresqueia, problema resolvido. 
Também tem o tchê (lê-se thíê), usado como o Bah: tchê me alcança o chimarrão? Tchê, esta picanha tá de lamber os beiço.
Guria e guri, então é só aqui (ficou parecendo slogan). É como menina/o, já piá serve para ambos e quer dizer criança. O mesmo que o tal moleque.
Maloqueiro vem de maloca, casas indígenas, mas agora passou a designar as casas precárias das favelas e portanto, favelado para o resto do país, para nós é maloqueiro. 
Fora a história de só falarmos o tu, tu, tu. Não existe você a não ser na escrita. No resto do país é o contrário, só você e o tu é falado pelos marginais, pelas pessoas de pouca instrução. Tantas diferenças, às vezes até parece um dialeto...


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