sexta-feira, 28 de março de 2014

E o prêmio vai para



"contos eróticos com carolas"!
Não sei, não sei mesmo porque este indivíduo veio parar aqui. Mas fico imaginando e a primeira coisa que me vem à cabeça são vovós de terço a olhar libidinosamente para o padre, mas pensando bem isto está mais com cara de publicidade de vitamínicos para a terceira idade do que para bem...erótico.

Turisticar

Pode parecer meio esnobe o que vou dizer, mas eu fico perplexa com gente que compra aqueles pacotes de quinze dias pela Europa e já sai dizendo com pompa: conheci a França, achei os franceses assim, assado! O sujeito passa dois dias em Paris e afirma que conhece a "França". Não, fio, você conheceu a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo (de dentro do ônibus de teto aberto porque provavelmente achou perda de tempo enfrentar mais uma fila para aquela vista mixuruca). Você conheceu o Louvre, digo, a Monalisa e consigo imaginar a sua decepção quando viu que era bem pequenininha e passou reto para a Vênus de Milo, olhando com desinteresse as milhares de obras  no corredor. Você transformou uma visita de um dia (ou mais) em duas horas já contando com a fila homérica na entrada. Não, meu querido, você não conheceu a França, ou a Itália porque viu o Coliseu e andou de gôndola ou fez aquela clássica foto empurrando a Torre de Pisa. Você turisticou a França, Portugal, Inglaterra, whatever. Conhecer é uma palavra tão profunda para o que fazem, que acho mesmo que fazer turismo deveria se tornar um verbo. 
Depois que fixamos morada em algum outro país, que acordamos dia após dia com o ranço e ao mesmo tempo a beleza de sermos emigrantes, que sentimos por vezes a "febre da ilha" que é a vontade insana de gritar "Puta que o pariu que que eu to fazendo aqui?! Quero voltar para a minha terra!!", podemos enfim dizer que "conhecemos" a França, os franceses, os americanos, etc. Obviamente que todo conhecimento é flutuante e sofre mudanças consoante o nosso humor e também conforme  amadurecemos. O olhar sobre o outro, a tentativa de se desvendar a si próprio à medida que brincamos de antropólogos, são os ingredientes indispensáveis para uma certa apropriação deste conhecimento. Acho que no fundo, não vou parecer tão esnobe se estas mesmas pessoas tiverem um dia na situação de desconforto que é morar em outro lugar. Porque quando vamos de viagem e vimos coisas, visitamos monumentos, tiramos gigas de fotos e dormimos em uma cama fofa de hotel, estamos sim espairecendo, realizando um sonho talvez, mas voltamos para casa e continuamos quase exatamente como éramos antes de sairmos. Há quem escolha destinos mais exóticos e experimente um pouco deste estranhamento cultural, mas se for para ficar uma semana ou duas, é muito pouco para que realmente mexa conosco. 
 Quando nos dispomos a conhecer, no fundo passamos a saber mais de nós, porque não há conhecimento sem desconstrução, sem comparação, sem paciência e perseverança. Se vamos a lugares e não nos abrimos porque não dá tempo ou não dá jeito, estamos apenas conhecendo coisas inanimadas e fora de contexto e que por não fazerem muito sentido acabam até por desaparecerem da memória. Eu já turistiquei muito e tem tantas fotos que olho e não lembro que já estive ali... Vai ver que é porque nunca ali estive mesmo.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Mais um

De repente me vi como em um tubo no tempo, um tubo que me deu alguma vertigem, confesso, como aqueles elevadores que antes de chegarem em um determinado andar, sobem a bílis até a garganta. Na atmosfera respirava medo, terror. Pessoas gritavam, outras fugiam, escondendo-se como pudessem. O céu  da Alsácia estava nublado e escuro, não sei ao certo que horas eram porque fazia frio e os dias de inverno tem este dom de passar lentamente e nos transpor a um estado de torpor e alheamento. Mas eu vi ele destacado entre tantos soldados, cabelos loiros em um corte militar enquanto dava ordens a eles. Sorri de um modo estranho e o meu capitão não esboçou qualquer empatia por mim. Trazia no cenho o peso do mundo e a aceitação da morte iminente. Quando finalmente mergulhei em seus braços o contato com seu peito forte soube a pouco, não havia tempo, infelizmente na guerra nunca há tempo para o amor. Ele carregou-me pela mão e fomos em direção a uma capela, ninguém lhe negava um casamento às pressas. Depois de casados aos olhos de Deus, saímos em busca de algum lugar para consumá-lo, percorremos ruas fazendo muitas vezes a contra-mão dos que buscavam a salvação. Procuramos casas abandonadas e tivemos o cuidado de evitar as com cadáveres de gente que havia decidido que não daria a chance do destino decidir nada por elas. Entramos em uma casa onde ouvia-se a voz de um homem a falar ininterruptamente e até pensamos tratar-se de uma televisão (pois parecia pertencer a uma família abastada) ou mesmo de um rádio, mas ao abrir a porta nos deparamos com um velhote muito magro. E completamente louco. Já cansados, invadimos um hotel e o gerente disse que não iria cobrar-nos nada ao ver a farda dele, deixou-me que escolhesse o quarto que quisesse. E eu me lembro daquele cabelo loiro e sabia que ele era tu. Tinha os mesmos olhos rasgados que me levavam a ti, o olhar cansado e meio ausente de quem já havia encontrado a morte vezes demais. Não eras um monstro para mim, eras apenas o homem que eu amava e que reencontrava a cada esquina do destino. Lembro-me sim, e não sei como, já estávamos despidos da carne e ias para uma nova existência. Queria com todas as forças assistir ao processo de reencarnação, mas não me foi permitido. Orei. Fechei os olhos e pensei em todo o horror daquelas ruelas, dos gritos, do sangue e do nosso amor. Fechei os olhos e acordei sentindo ainda mais vivo este laço que nos une vida após vida, há muitos séculos atrás... Não sei quando fora a primeira vez, sei apenas que hoje cada vez que meus olhos batem nos teus, há sempre a faísca de um reencontro e um certo despeito por um ponto final.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Era lá naquela peça minúscula que começava na área de serviço e terminava em um banheiro de um vaso espremido ao lado de uma pia pequena. A vó chamava de "quartinho de empregada" embora nenhuma tenha dormido ali enquanto ela viveu lá por duas décadas. O quarto era cheio de tralha, poeira e abrigava com um buraco negro a densidade do papel, da gaiola da cocota da minha tia e a bicicleta azul do meu vô. De todas eu lembro da Lina, lembro do meu olhar de criança se admirar das suas mãos pretas e fortes ao mesmo tempo e de como mesmo a palma da sua mão não era clara. Branco mesmo a Lina só tinha os olhos e o sorriso. Eu adorava ela, quando ela ia na casa da vó o parquet ficava lustroso e cheirava a cera, um cheiro que entranha, que era invasivo e bom ao mesmo tempo. Mas a relação dá vó com a Lina era tipo chiclete, ia e voltava, uma hora era a melhor coisa, outra hora não servia mais. A vó reclamava do pó que a Lina deixava, passava um tempo e lá chamava ela de novo. Depois eu lembro de uma que tinha mania de limpeza, levava a própria maleta com faquinhas para limpar os frisos de madeira da janela, os buraquinhos da persiana branca. Não sei porque não durou com a vó, uma empregada com toc não seria o paraíso para uma patroa? 

Lança menina, lança todo este perfume

Há qualquer regra aqui que eu quebro quase todos os dias. As pessoas me olham, tenho certeza que sim. Ahh, aquela criatura (visualizem os olhos apertados de despeito)! Como ousa? Será o possível que só euzinha tenho a coragem de aparecer assim? É que não vi ninguém até agora a rasgar a bandeira e gritar do alto de um banco: sim, eu lavo os cabelos de manhã! Sim, eu tomo banho to-dos os dias! Juro que estou só comentando...mas vai fazer sete meses que estou aqui e até agora não vi uma, uma só pessoa de cabelo molhado na rua. Claro que isto não quer dizer que as pessoas não tomem banho (fora aquelas que dá para fritar as batatas todas do mc Donalds do fim de semana). Pode ser que sequem antes de sair, mas eu duvido, porque cabelo assim sai voando e fica soltinho e brilhoso. O que acontece é que as pessoas tomam banho à noite, aí levantam de manhã e não "perdem" tempo ficando cheirosas e tals. O problema é que isto não é de fato perda de tempo, porque as crianças a gente desculpa, mas gente bem grandinha fedendo é brabo! As pessoas não se dão conta que de noite a gente sua? E baba e o desodorante vence? 
Tenho muita boa vontade, mas o meu nariz não me acompanha e eu realmente não sei o que é pior: se no inverno que as pessoas acham que não suam e por isto não fedem e por isto continuam a usar over and over again o casaco asudo. Ou se no verão que é um libera geral, abra suas asas, solte suas feras e caia na gandaia.
Qualquer dia destes além de militante do cabelo molhado ainda apareço de air wick em punho e "Lançaaaaa , lança perfume tchi chi". Ninguém merece.

Palavras

Para mim palavras são como as pessoas, umas a gente adora, outras a gente detesta. Odeio ver à baila certas palavras, sei lá, parece que me dão alergias só de ouvir serem pronunciadas. Uma delas por exemplo é chinois, chinês em francês, mas que se diz com um O fechado a escorregar para o A no final, bem escancarado. Diz-se "chinôá" e eu nem sei bem o que me irrita se é a sonoridade da coisa ou se é o movimento bucal, porque lá está, eu tenho tendência a olhar mais para bocas que para olhos. Depois tem outra que nunca me caiu bem no ouvido que é peut-être (pûtétrrê), não tenho certeza se pelo significado (tem lá coisa mais irritante que um talvez dito de um jeito meio blasé?) ou pela ruga no queixo que se forma e depois desvanece ao fim. E claro, depois há as palavras em português tanto do Brasil como de Portugal. Detesto a palavra "raça", parece algo velho e puído como um pano encharcado pousado sobre um tanque de roupa. Não gosto de paralelepípedo porque me lembra daquelas pessoas chatas que querem tudo explicadinho. Não gosto de sujidade, não gosto de embrulho. Não gosto da maioria das palavras francesas que fazem parte da minha memória: abajour, demodê, frisson... E é como aquele desconforto que sentimos diante de algumas pessoas, não sabemos ao certo o porquê, mas incomoda engolir certas palavras.

domingo, 23 de março de 2014

citações

Em nosso espírito, ou antes em
nosso coração, continuamos a pensar o amor materno em termos de necessidade. E apesar das
intenções liberais, vemos sempre como uma aberração, ou um escândalo, a mãe que não ama seu
filho. Estamos prontos a tudo explicar e justificar de preferência a admitir o fato em sua
brutalidade. No fundo de nós mesmos, repugna-nos pensar que o amor materno não é
indefectível. Talvez porque nos recusemos a questionar o amor absoluto de nossa própria mãe...

O amor materno é apenas um sentimento humano. E como todo sentimento, é incerto,
frágil e imperfeito. Contrariamente aos preconceitos, ele talvez não esteja profundamente inscrito
na natureza feminina. Observando-se a evolução das atitudes maternas, constata-se que o
interesse e a dedicação à criança se manifestam ou não se manifestam. A ternura existe ou não
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existe. As diferentes maneiras de expressar o amor materno vão do mais ao menos,
passando pelo nada, ou o quase nada. Convictos de que a boa mãe é uma realidade entre outras,
partimos à procura das diferentes faces da maternidade, mesmo as que hoje são rejeitadas,
provavelmente porque nos amedrontam.

http://brasil.indymedia.org/media/2007/01//370737.pdf

http://brasil.indymedia.org/media/2007/05//382082.pdf

sexta-feira, 21 de março de 2014

Como eu me sinto quando...


                                 Vejo que não lembro de quase ninguém dos meus contatos do celular


A gente percebe que não dá uma atualizada na agenda do celular quando guardamos o número de um conhecido que morreu há mais de cinco anos!! Não sei o que eu ainda faço com ele nos meus contatos... fora que mais de 80% é de gente que eu já não faço a menor ideia de quem seja. Doutor Torres? Laura? Sérgio (seria o ex da minha tia?)? Logo eu que me orgulhava da minha memória minuciosa...

segunda-feira, 17 de março de 2014

A nova colega

Esta semana fiquei a saber o nome dela. Hafize o tinha escrito em meio a flores no papel para que o professor pudesse sabê-lo. Agora éramos colegas de curso, já que passei para o segundo nível de francês. Magra e alta, tinha os ombros largos que se deixavam marcar no casaco. Hafize é turca e mora aqui há quatorze anos. Todos os dias a via  buscar e levar o filho tantas vezes como eu. Fiquei sabendo que Alpharren é o melhor amigo do Fabian, que inclusive ele sempre aponta para a letra A do amigo e repete. Mãe, é A de Alpharren! Apesar de nos vermos frequentemente e já lhe ter juntado o filho que se estrebuchara a minha frente, ela apenas sorrira para mim. E só o fato de nos tornarmos colegas pareceu hoje  razão suficiente para que estabelecêssemos um diálogo. Hafize havia me chamado a atenção há muito tempo já, por duas razões: primeiro porque sempre traz um turbante preto à cabeça e depois porque lembra muito mesmo uma amiga de infância. Quase a posso chamar de Bruna, não fosse a verdadeira andar milhares de quilômetros longe daqui. Mas nossos filhos são melhores amigos, trocam olhares e frases cada um em sua língua materna. E nós sorrimos, às vezes chamamos a atenção para que não atravessem a rua na larga calçada em que correm. Não sei bem se ando a enganar-me propositalmente, mas é tão bom quando topamos com um rosto conhecido, mesmo que seja um truque da nossa própria mente...

sábado, 15 de março de 2014

Here I go again

Quando me dispus e tive a coragem de expor o meu sentimento em relação à maternidade não foi para convencer as outras que pensam-na e a vivem como um renascimento ritualístico, com realização pessoal, a passar para o meu lado e se tornar a bruxa má da sociedade. Mas foi justamente para mostrar a outras mulheres que pensam como eu que não estão sós. É polêmico, eu sei, mas é como dizem: para arranjar inimigos basta dizer o que se pensa. Perdoem-me se não suporto a hipocrisia da propaganda de margarina. Porque como já disse, há realmente quem ache que ser mãe lhes tornou outra pessoa, quem inclusive se anule pois  que seu filho está sempre em primeiro lugar, isto é uma escolha (o de se anular), embora já não podemos dizer o mesmo do sentimento, e depois há as outras como eu. Não há como forçar algo que não acontece, mas as pessoas simplesmente não percebem, deve haver qualquer erro de interpretação nas minhas palavras. Vamos lá outra vez: quando digo que detesto ser mãe eu não sou uma irresponsável que não dou de comer ao meu filho, não lhe abraço, não lhe dou colo, não leio para ele ou lhe canto as músicas que me pede. Eu não odeio o meu filho, eu odeio a ideia de que o mundo me force a achar que apenas sou uma pessoa melhor se for mãe, que o amor incondicional vem em um pack com a maternidade, que devo colocá-lo acima das minhas necessidades sempre. Quando não ajudo a veicular esta falácia de que ser mãe é o supra sumo da felicidade absoluta estou indo contra uma sociedade preconceituosa e retrógrada que apenas aceita que eu repita o refrão que não é verdade para mim. E eu recuso-me. Nunca, nunquinha vão me ver censurando uma mãe que ache a maternidade uma maravilha, mas pensava eu que no meu espaço virtual eu pudesse ser sincera. Que a confissão destas mulheres anônimas que partilham comigo este pensamento, e deixaram seu depoimento no meu blog, estivessem a salvo de serem xingadas, ofendidas e humilhadas. Mas querem saber? Isto é a cara da sociedade. Isto é a cara de um mundo que pensa desde o século XVII que a mulher além de servir apenas para parir (homens principalmente) deve dedicar sua vida, pensamento e liberdade tão e só para criar filhos (foi quando começou a surgir a ideia do papel materno como sacerdócio e sacrifício, pois que antes esta tarefa era delegada à ama). Não deve se divertir, não deve sair com as amigas, não deve estudar e trabalhar. Este seria um post para ser escrito mais tarde, com maior reflexão, mas agora foda-se, os foristas levantaram uma questão que iria abordar aqui num dia ou noutro. Eu não sei se são a maioria, mas muitas, muitas mulheres que espalham fotos orgulhosas dos filhos nas redes sociais e que dizem o quanto os amam etc etc, são as mesmas que os deixam doze horas em uma creche. São as mesmas que os colocam com três meses para voltarem urgente para o trabalho. Um dia em conversa com uma amiga que fora a antiga professora do Fabian, fiquei sabendo de casos alarmantes. Como o de uma mãe que está de férias em casa e deixou a menina de dois anos às sete da manhã e às dezenove e meia da noite ainda não tinha ido buscar a filha. Segundo a minha amiga, que foi lhe entregar a criança no carro porque estava de biquini e toda molhada, a mãe tinha ido ao clube e esqueceu-se do horário. E este não é um caso isolado. Costumamos dizer que este fenômeno é chamado de "criança terceirizada", pois hoje só quem cuida dos próprios filhos são os pobres. Os ricos, a classe média baixa e alta os entrega nas mãos de terceiros: de babás e creches. Mas estranhamente se olharmos para estas mulheres, a cara está estampada de felicidade e todas se acharam no papel de mãe. Vejam bem, o que proponho sempre é a honestidade consigo mesmo. Estas mães que vem aqui não são monstros que surram e maltratam crianças. São mulheres falíveis, tristes, cansadas... algumas não tem ninguém com quem contar, pois que o pai é ausente mesmo em casa. São mulheres que fazem o seu melhor, que é claro, perdem a paciência como é normal, mas principalmente quando vem aqui, vem para desabafar.  E há uma diferença grande entre um sentimento e uma ação. Serão muito piores apenas porque disseram como se sentem ou deviam elas continuar a sorrir e compartilhar fotos sobre o quanto ser mãe é a melhor coisa que lhes aconteceu?
 Às vezes até conjecturo se não serão estas as que mais se esforçam (talvez empurradas pela culpa) para cuidar e dar uma melhor atenção do que as mamães de facebook e fóruns de puericultura, aquelas mamães perfeitas que a primeira oportunidade, querem ver-se longe dos filhos. Eu hoje consigo enxergar que sou uma mãe mais afetuosa do que muitas que eu convivo e que são da filosofia que o filho é tudo para elas. Só para dar um exemplo: eu nunca deixaria meu filho chorar a noite inteira e não lhe pegar ao colo como uma conhecida o fez para que o mesmo dormisse a noite inteira hoje. E por fim, minha gente, vocês entram nesta casa, leem um post e acham que sabem da minha vida? Nem se lessem todo o blog saberiam, mas pronto, já é um começo. Leiam, tentem empatizar, mas se não conseguirem, sigam o vosso caminho, deixem estas mulheres que já tem um fardo bem mais pesado nas costas do que os vossos insultos.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Quando eu penso que nada mais me acontece

Realmente nem tenho palavras... que não sejam palavrões e partir para uma ignorância com a qual não me sinto confortável, pois apesar de tudo sou uma pessoa educada. Um site chamado "mundo realista" suportado por um machismo tremendo, basta apenas dar uma olhadela nos tópicos e nas respostas do fórum, publicou um dos meus posts no espaço de "discussão" e quando fui lá ver é isto...
Sem palavras. Ia fazer um print mas deu tanto nojo que não consegui. 




Tudo igual



É impressionante! Ou na verdade não, pelo menos para quem conhece um pouquinho de história. Quando a coisa começa a ficar feia o povo se encareta, "vira" à direita, extrema direita. É preciso achar culpados. Massacra-se as vozes contrárias, agarram-se muitos à religião, fazem marchas da família. Afinal é preciso achar culpados como se nos outros governos não os houvessem suficientes. Gente pobre calçando nike e já nem é mais falsificado. Gente que rouba, gente que mata. Por nada. Violência escorrendo nos telejornais. O Brasil vibra e pulsa à beira de um colapso. Estamos diante de um golpe comunista, dizem eles. Esta gente delira. Será que tem a mínima noção do que estão dizendo? Direitizam-se e a única solução é um golpe militar que por incrível que pareça tem até candidato. E aí arranjam uma musa, Raquel Sheherazade, a loira do horário nobre que diz "tudo o que o povo tem vontade de dizer e não pode". Acho bárbaro, de última mesmo, será que as pessoas são tão ingênuas a ponto de acreditar que todo este discurso parte dela? Que ela não tem lá um script que pouco improvisa, pois os mesmos patrões que a pagam mantém o controle do que o povo deve ou não saber. Esta crítica é tão rasa e apenas fala às massas sobre o horror ao outro. Porque é o outro que agride que deve ser preso. O outro que deve ser linchado, expulso, marginalizado e morto. Dá um alívio quando o problema não é nosso e sempre desta tal "outro", né não?
Grécia, Alemanha, Espanha, Portugal, e até a França viram ressurgir com força, vozes que se julgavam esquecidas. Mas foi só as luzes de emergência da velha Europa a afundar-se que lá estavam eles. É preciso achar culpados. Fora imigrantes que nos tomam os empregos (que nós não queremos)! Fora com as ajudas àqueles que não trabalham! Fora com os ciganos! Fora com os países que não contribuem no Euro! Fora! Fora! Os corpos fétidos do nazismo, do fascismo e da ditadura erguem-se e caminham como zumbis pela humanidade. Engana-se quem os acreditava mortos e enterrados, pois justamente quem ontem horrorizava-se com o holocausto anda para aí a gritar (mesmo que virtualmente) as mesmas ideias. É o velho individualismo de sempre, é que sabe, nunca há salva vidas que cheguem para todos... 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Dias ensolarados

Eu achava que estava deprimida, mas afinal o que me faltava era o sol! Desde a semana passada o tempo melhorou tanto e fez até calor! Quinze graus para mim agora significam manga curta, tá bom, nem tanto, manga comprida e um casaquinho na mão. Acho incrível como alguém consegue gostar do inverno e pior, até fazer uma maldade consigo mesmo indo para o gelo praticar ski como um colega de curso o fez nas férias. Isto é muito masoquismo! Quem é que gosta de andar sempre encolhido, com o cenho nublado, onde as pessoas rosnam ao invés de falar? Parece mágica, todo mundo mais leve, casacões que mais parecem edredons jogados no armário... Que venha a primavera, que venha com força, senti muitas saudades!




segunda-feira, 10 de março de 2014

Fiz um trato comigo.

 Estou deixando para lá o "je ne sais pas parler français". Quando alguém me aborda e não sei porque, mas tem aumentado cada vez mais como se o universo todo soubesse da minha decisão, eu me viro. Falo francês com inglês, faço gestos e às vezes até falo em português. Estes dias um homem perguntou-me onde ficava a Mairie quando eu estava quase chegando com o Fabian em casa. Poderia ter dito que não havia entendido só pela preguiça de ter de me "débrouiller", ensaiei, me enrolei toda. Parece que quando estamos aprendendo uma língua surge uma gagueira sei lá de onde, mas consegui. Levei o homem até avistar a ponta do prédio que é bem próximo de onde moro e ele seguiu sozinho com as minha indicações. Ele perguntou se eu falava espanhol, talvez pelo sotaque ainda dismorfo, mas ao saber que falo português, jogou-me em alto e bom som um "obrigado". E eu completei em pensamento "merci a vous". É, decididamente  eu falo francês, mal, mas falo.

domingo, 9 de março de 2014

Le Carnaval


Às vezes eu penso que moro tão no fim do mundo que até o carnaval chega atrasado. Acontece que como aqui não tem feriado, o pessoal tem de se virar mesmo é nos finais de semana e assim, chegou a vez do Bouc Bleu dar o ar da graça em Schiltigheim. Carros alegóricos puxados por tratores, confetes, balões e saquinhos de pipoca para o público. O carnaval apareceu eclético e um tanto desconexo. Das bandinhas alemãs, ops alsacianas com um toque de techno ou de rock, às cheerleaders vestidas à moda da oktoberfest, sorrisos chochos ou tímidos e um adeuzinho com o braço. Alguns arriscavam um mexer de ombros como quem não quer nada, câmeras (como a minha) registravam um mar de cabeças antes de qualquer coisa. (Porque não calcei meus andaimes?)
Cada grupo que desfilava possuía sua própria música e com sorte, a sua própria banda. Um deles trazia um polvo que reclamava para si os impostos, em um jeito de brincar tipicamente francês. Os dois grupos de brasileiros que passaram, levantavam expectativas, mas a verdade é que não tiveram muito sucesso. Quando ouvi a bateria do segundo se distanciar, senti uma melancolia, uma espécie de acerto de contas com o passado. Aos dois anos, depois de uma disparada homérica e de ser alcançada pela corrida desesperada da minha mãe, voltei para os braços do meu padrinho e perguntei chorando: "dindo, tu pompa um panaval pá mim?" Com mulatas, com bateria, com brilho, com tudo tudo? E sem perceber ele passou por mim e desta vez eu não corri. Fiquei estacada com a maioria da multidão a balançar o ombrinho. Mais alguns foliões passaram vindos da vizinha Alemanha, de Baden-Baden, mais uma corja de bruxas e palhaços estilo Rod Stewart. Ao dobrar da esquina se avistava o último grupo sendo seguido de perto pelas ambulâncias. E no prenúncio de que o melhor fica para o fim, observei com ansiedade os dançarinos vestidos de dourado, preto e vermelho que se aproximavam em uma dança com pinceladas de candomblé. O som ao viajar pelo vento, acertou em cheio o peito: as batidas do surdo e do meu coração sincronizaram-se. E aquela máxima que diz que quem não gosta de samba ou é doente da cabeça ou doente do pé, mostrou-me que os franceses não desgostam nada do samba, tem é qualquer probleminha ali mesmo, nos pés. Nesta hora eu já não quis saber de mais nada, sambei, sambei e sambei com sede, uma sede que só quem está longe sabe. As pessoas passavam, olhavam e se cutucavam, e eu continuei. Fui seguindo o carnaval até a multidão ir se despedindo, os grupos se dispersando, os foliões se desfazendo de suas fantasias. Enquanto houve música sustentei a ilusão de que aquele era o carnaval prometido que muitos anos depois tinha enfim me encontrado. Quem diria que  havíamos de nos esbarrar aqui neste fim de mundo? E desta vez eu ri, corri e ninguém veio me segurar!... Pena mesmo foi não poder levar para casa o carnaval que ganhei...

sexta-feira, 7 de março de 2014

Amor é novela, sexo é cinema

" Sexo é imaginação, fantasia

amor é prosa,

sexo é poesia"




Estes dias estava pensando porque sexo é super bom nos filmes? A mocinha sempre fecha os olhinhos como se algo muito mágico fosse acontecer, o mocinho nuncaaaa tem bafo, a mocinha não precisa tentar se estimular porque sempre há um orgasmo vaginal (luck girl!). O mocinho não fica horas tentando achar o ponto G, nem põe a camisinha se é sexo casual, pra quê quebrar o clima, né minha gente? 
Aí eu penso o que que eu to fazendo de errado? Não ouvi sinos, não sei uma posição do kama sutra, nunca experimentei velas e incensos já que não tenho fetiche por templo budista...
 E enquanto via a Liv Tyler e o Charlie Hunnam transar na beira de uma mesa pensei, "ah e tu no feijão com arroz". E outra voz completa desdenhosa: também, eles não tem pirralhos para ficar chamando que querem água, que querem saltar para o meio da cama, que querem enfim, foder a paciência. E tu ainda tens que te concentrar no orgasmo, na fantasia, onde tu estavas? Aí te distrais porque ele não te toca como devia ser, porque ele também já tem sono, quem manda ser a esta hora da noite? E aí já ficas de saco cheio e já tens pressa que acabe, já tens impaciência com o teu próprio prazer. E acabas por pensar neste meio tempo na injustiça que é depender de um botãozinho delicado e de carradas de imaginação para chegar lá enquanto para eles bastam uns para frente e para trás e já está. Aí chegas a conclusão de que o sexo no cinema deve ser a extensão daqueles filmes disney em que as princesas só dão um selinho no final.
 Volto para a Liv que, com seus olhos profundamente azuis mastiga minha inveja todinha, caramba vai ser linda assim na China... Enquanto a simultaneidade do orgasmo entre os dois acontece, o que o torna ainda mais etéreo e irreal. Pelo menos não foram felizes para sempre, que aí já era demais!

"Sexo vem dos outros,                        

E vai embora

Amor vem de nós,

E demora"




quinta-feira, 6 de março de 2014

O dinheiro não aceita desaforo

Selfie de hoje, querido primo diz: pronto para a balada! hahahah


O marido sentenciou: nem que eu fosse rico criava um filho assim! Isto porque eu havia lhe contado minutos antes sobre a mais nova aquisição do meu primo. Um tênis Nike de 700 reais. Ele tinha em seus pés exatamente o valor que uma pessoa leva um mês para receber. Sabe, eu não tenho inveja, juro que não tenho. Eu tenho é tristeza, é pena, é revolta, tudo misturado em uma bola só. Não é um tênis para um atleta nem que seja amador, não, é um tênis para desfilar no shopping. Não é simplesmente um tênis caríssimo comprado com o suor de seu trabalho ou mesmo por merecimento por ser um bom filho ou estudante (que não é). É um tênis símbolo de ostentação, mais um para a coleção como ele mesmo disse, terminando como termina todas as suas publicações: com um risinho histérico, nervoso. Desde que fez 18 anos, trocou três vezes de carro e sempre fez questão de mostrar com fotos e detalhes as modificações, a aparelhagem soberba de som, as rodas personalizadas. A coleção de garrafas Absolut guardadas no armário, o engradado de cerveja antes de cada festa. Quem vê o estilo de vida pensa que ela vai muito bem, e vai...à base de empréstimo e dívidas. 
O marido trabalhou 18 anos em uma bem sucedida empresa familiar antes de ir para Portugal, e apesar de riquíssimos, os donos da mesma faziam questão de que se algum dos filhos ou sobrinhos quisessem trabalhar nela, tinham de começar por baixo. Assim era ver os futuros diretores a fazer serviços de "boy" como tirar cópias, fazer recados, e todo o tipo de tarefas humildes que cabiam aos empregados.  Tal medida, além de ser uma forma de conhecer o funcionamento da empresa, servia principalmente para ensinar a dar valor ao dinheiro. Mostrar o quanto custa trabalhar um mês inteiro para ganhar um salário muitas vezes baixo dependendo do que se fizesse. 
A impressão que me dá é que os meus tios leram aquelas listinhas de como criar um filho tirano e as aplicaram sem se dar conta de que deviam ter feito o oposto. E esta má interpretação ou falta de sensibilidade para a ironia, transformou o meu agora não tão pequeno primo em um rei déspota, infantilizado e que leva muito a sério a sua torpe de bobos que lhe fazem a alegria da corte. Eu não sei, o marido aposta que vai acabar mesmo é substituindo o pai no sindicato, assim como este substituiu o meu avô. Mas isto só se for quando a mesada esgotar ou o banco cortar os empréstimos...

segunda-feira, 3 de março de 2014

Olha, na dúvida...

Não tem nada mais esquisito do que aqueles perfis de casais no facebook: Mário e Ariela. Suellen e Edimar. Joana e Sérgio patati patatá. Ah e as fotos dos dois abraçados e sorrindo como se fosse a capa de um thriller de um filme de paixão obsessiva! Fico pensando quem foi que fez questão de fazer um perfil único, será que foi ele ou foi ela para controlar os likes e mensagens de possíveis ameaças? Mas a pior parte mesmo é quando aparece lá no cantinho "Francisca e Renato faz aniversário hoje". Qual dos dois? Escrevo simplesmente um parabéns não comprometedor ou completo com te desejo tudo de bom amigo/a? Depois me lembro que não to nem aí para a porcaria dos aniversários (que faz tempo fiz um pacto comigo que só escrevo para quem eu acho que merece). E que só por acaso estes três casos de perfis duplos não se encaixam no quesito. Posto isto as alternativas aceitáveis para ter um perfil assim são:

A  ( )  Ser gêmeo siamês
B  ( )  Estar grávida (vale uma foto da barriga).
C ( ) Sofrer de distúrbio de personalidade múltipla (se bem que isto tem sido cada vez mais desmentido pelos psiquiatras).

Na dúvida o melhor é 

O BUM (de bomba mesmo) imobiliário



Acompanho de longe, mas também já estive perto e cada vez mais fico chocada. Será que as pessoas não vêem ou sou eu a melodramática que prevejo o mesmo que aconteceu no mercado norte-americano? Tá certo que eu concordo com o programa "Minha casa, minha vida" que proporcionou a oportunidade para gente humilde que nunca na vida imaginou que poderia se livrar do aluguel ter finalmente a casa própria. Agora precisava ser uma caixinha de isopor? Sério, apartamentos de dois quartos com menos de 50 metros quadrados? Onde uma esteira é sinônimo de sala fitness, duas mesas de plástico e uma mini churrasqueira fazem o "espaço gourmet", uma piscina de dois metros quadrados para quatro prédios só para deixar mais caro o condomínio? As portas, os acabamentos (ou seria os não-acabamentos) são tão frágeis que agora é proibido furar parede, claro, se o fizerem  prédio desaba! A cozinha que já era pequenininha na década de 90, hoje aderiu ao conceito "living", que é na prática, um exíguo corredor separado da sala por uma mesa de madeira e dois banquinhos altos de bar. No fim há um espaço para a máquina de lavar e só. Ah e não vão pensando que podem cozinhar em conjunto a não ser que o outro dê um apoio moral do sofá ao lado, enquanto estiver a meio metro da tv de 42 polegadas. E todo este conforto por uma bagatela de duzentos mil reais. É. E sabe aqueles imóveis "amplos" de 65 metros quadrados que estão construindo na zona nobre da cidade? Estes vão a 500 mil reais, isto mesmo! Segura o infarto agora para os apartamentos de um milhão, aqueles de dois quartos mais um mini escritório, nada de luxo não, apenas construído com a qualidade com que deveriam ser todos os imóveis. Há casas sendo construídas no litoral gaúcho (que nem se compara ao de Santa Catarina) que ultrapassam os quatro milhões e não estou falando de casas extremamente luxuosas. Ora se eu tenho este dinheiro vou logo gastar no Sul? As pessoas já pensaram que tá mais barato comprar um apê em Paris do que em Porto Alegre? É porque ovo por ovo, Paris é bem mais chic né? E sempre teremos o charme dos elevadores pifando ou simplesmente das escadas a subir com duas sacolas de mercado em cada mão, ou dos ruídos das necessidades fisiológicas dos vizinhos, ou das paredes abaloadas pelo tempo (ou falta de qualidade dos materiais). 
Esta semana, o marido recebeu um email daquele nosso amigo que morava em Portugal, dizendo que a casa que ele comprou valorizou 10% em um ano!! Isto é um dos bordões que um corretor aprende logo a dizer: com este mesmo dinheiro tu não compras este imóvel daqui a dois meses. Mas é aquela coisa, compra quem quer, só que não deixo de pensar como anda todo mundo doido para abocanhar um naco da onda do Mundial. E aqueles que dizem a frase pragmática como a gente já ouviu de muita vó (estilo: imagina se pega no olho!): "Imagina na Copa". Eu digo, com mais cheiro de naftalina ainda: Imagina depois! Quero ver o que vão fazer com todos estes prédios e conjuntos de casas que pipocam por tudo que é lugar se não há gente que tenha condições para embolsar uma grana destas. As pessoas esquecem que ao invés do boom pode vir mesmo o BUM, porque depois da bonança, vem a tempestade novamente.

Quem roubou o meu sorriso?



Tenho de fazer um esforço para lembrar...já faz tanto tempo. Diria que três, não, quatro meses. A verdade delegado, é que nem ao certo sei quando ele começou a me fazer falta. Estava eu passeando pela rua, você sabe, portando o meu sorriso. Não é um qualquer, porque todo mundo acha que é tudo igual, mas não é. O meu sorriso era assim do tamanho (medindo os dedos ao redor da boca. Olhar impaciente do ouvinte). Não sei, senhor, e não sei porque variava. Às vezes cabia uma nesga de sol, às vezes um Magnum de caramelo, às vezes expandia-se tanto que eu podia engolir o mundo inteiro. É...era um sorriso especial, não assim que fosse melhor que o seu delegado, mas é que era o meu. E não entendo como alguém pode ter a coragem de roubá-lo, ele não estava fazendo mal a ninguém, estava restrito e amarrado ao meu rosto... 
O delegado retira por momentos os olhos escondidos pelas sobrancelhas pretas: 
- Você é estrangeiro?
- Sim, senhor. Sou brasileiro.
O homem solta um suspiro.
- Já não é o primeiro caso. Estava a ponto de por um cartaz no tram a avisar. 
- Então, já sabem quem foi?
O homem chega-se à frente, debruçando-se sobre a papelada que os separava, disse em um tom conspirador:
- Nunca lhe contaram que aqui adoram roubar sorrisos?... Fazemos assim: deixe os seus contatos, se acharmos o seu nós avisamos. É por isto que a gente logo vê quem não é daqui. Há que ter muito cuidado e uma vez com ele, evite de deixá-lo à solta por aí. 
- Normalmente eu lhe apertaria a mão sorrindo, mas...
- Eu entendo, com o tempo o senhor se acostuma. - "Ces étrangères et l'habitude de penser que peut sourire impunément dans notre pays".