sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Loucuras femininas

Muitas, mas muitasss coisas que as mulheres fazem para ficarem bonitas e chamar atenção dos homens não faz a mínima diferença para eles, lá isto é verdade. Preocupam-se mais com o o recheio do que com a "embalagem" e a maioria não sabe dizer se o que a moça está vestindo é uma saia balonê, uma plissada, uma lápis ou envelope. Nã! Para os homens só interessa se aquelas coxas  o conjunto é apreciável a vista. Portanto pergunto eu...para quê tanto chilique com esta onda de unhas?? Sério que quando eles reparam é porque passou da linha do exótico para o ridículo. Unhas de pelúcia? Unhas de oncinha? E aquelas chinfrins de flores e flores...ah não...hoje a cafonice está além de singelas pétalas de margaridas. A primeira coisa que me ocorre é o pensamento de que aquilo parece coisa de criança. Muitas nem mesmo disfarçam que mais serviriam para meninas de seis anos. Gente, uma coisa é eu gostar da Hello Kitty (e gosto mesmo), outra é sair na rua com uma mochila cor-de-rosa com a cara da gatinha.
Não sou contra a vaidade, nem quem pinte as unhas. Vermelho paixão, roxo, cor-de-café... Eu mesma já tive mais ligada nas minhas unhas, mas é que sinceramente não sei como alguém que tem filho pequeno (que ainda depende de fralda) tenha unhas assim tão... à madame de novela das oito. É porque não dá jeito. E vá um cheirinho de merda nos dedos e descobrimos constantemente cocos escondidos. E vá uma loucinha, uma escova no rejunte dos banheiros... E vá toda a porra do esmalte e a paciência que se teve para pintar sem deixar borrocos e bolinhas. E vá as unhas descascadas outra vez. O marido já garantiu que nem gosta assim de unhas grandes, acha até feio. A única coisa que não abro mão é de mantê-las limpas e curtas. Tá bem, às vezes com um brilho incolor porque ninguém é de ferro.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Existe gordo feliz?

Geralmente o que noto são aqueles chavões: ah eu sou gordo, mas sou feliz! A gente tem que se amar do jeito que é! A minha madrinha sempre empunhou a frase "sou assim, este é o meu modelinho". Mas  com muito quilos a mais ela vive resignada a uma poltrona o dia todo. Não vejo nenhum amor ao seu corpo, apenas preguiça, resignação e tristeza. 
As pessoas tem muito não me toques hoje em dia porque gordura virou doença, virou compulsão alimentar, virou genética. Virou desculpa. A maioria é gorda porque come. Ninguém pega calorias do ar que respira nem da água que bebe. Eu sou gordita porque como doce, porque muitas vezes tenho que preencher meu vazio com comida e por uns instantes fico bem, mas logo a ansiedade volta e começa tudo de novo.  Gordura devia ser tratada tanto com dieta (odeio esta palavra), como com exercício, como em um psicólogo. Porque a gordura é só consequência de uma situação que não conseguimos resolver sendo honestos conosco. É quando desistimos de nós, deixamo-nos vencer pelos problemas. Deixamos que o estômago passe a decidir o que antes o coração desertou. 
Não existe felicidade onde há desequilíbrio. E não venham com aquela história de diversidade e blablabla porque todo mundo sabe que a máquina que é o nosso corpo foi feita para estar em movimento. E quando movimento se carregamos 20, 30, 40 quilos a mais?  
Lembro de ouvir a palavra dieta quando tinha a volta do onze anos e era magra. Bem magra. Mas a minha mãe achava que eu tinha que me cuidar e vigiava muito minha alimentação. Depois resolveu fazer uma dieta vegetariana e todos os dias por alguns meses íamos em um restaurante macrobiótico. Se ela soubesse o impacto que teve esta modinha dela na minha vida, talvez não tivesse feito isto. Hoje sou uma pessoa que simplesmente odeia verduras, qualquer tipo de alimentação saudável, legumes e frutas, algumas como muito de vez em quando. E doces que eram proibidos e algumas raras vezes tínhamos em casa, passaram a ser o meu consolo nas horas difíceis. Desde que fui morar com o marido, abusava deles, no entanto mantinha a forma malhando 5 vezes na semana durante duas horas. Depois da gravidez não pude mais manter esta ritmo e o resultado tem sido uma barriga terrível, pernas flácidas e pipocada de celulite. Sou tão nova para me sentir assim, para entregar os pontos deste jeito. Admito, sou gorda mas apesar de comer quase tudo que quero, não sou feliz. Claro que o meu corpo não é o único motivo, mas ajudaria olhar para ele de manhã e voltar a sorrir.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

No divã

Olho para o espelho e constato: minha pança aumentou. Minha cara voltou a parecer-se com uma bolacha Maria. Oh céus, que raiva! Mas sei que isto tudo se deve ao fato de eu ser tão ansiosa e tão pessimista ao mesmo tempo que acho quase imprescindível adoçar um pouco a minha vida. E como e como. Às vezes fico pensando...quando temos certeza de que estamos fazendo a coisa certa, de que estamos sendo pacientes, dando um tempo para a vida? É uma linha tênue que separa a persistência da teimosia. E eu não sei até que ponto estamos sendo mulas a insistir e se iludir com a cenoura que nunca alcançaremos. Passou segunda e ainda não obtivemos resposta de São Paulo. Provavelmente a resposta é o silêncio. Exaspera-me não conseguir escutar meu coração ou fingir que não consigo porque dói demais saber que daqui uns dias o marido se vai. Tenho medo. Tenho medo de que não consiga um emprego fixo, que ganhe para trazer nós dois até ele. Tenho medo que isto leve a uma separação. E to muito chateada com isto tudo. Tenho raiva e não consigo deixar de sentir raiva desta vida. 
Um dia minha vó disse uma coisa que concordo plenamente... "não adianta, todo mundo pode dizer que entende, ou mesmo tentar entender, mas só aquele que tá ali com o sapato apertado é que sabe como dói."  Se tem uma coisa de bom nisto, é que estou aprendendo que não sei nada sobre empatia. E que por outro lado os outros também não sabem nada. E que nestas horas quando não se tem nada melhor para se dizer, o melhor é ficar quieto.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

Um tapinha não dói

Tenho lido muito ultimamente. Descobri um site de downloads de livros e agora tem sido uma festa! E claro, fui até ele à procura do famoso "Cinquenta tons de cinza". Ainda estou no meio do livro e o que posso dizer? Que dou a um livro uma chance de vinte páginas...se ainda não me agradou, sinto muito, mas não consigo ficar remoendo uma coisa que não gosto. Este foi especial...isto porque detesto livros narrados em primeira pessoa, dá uma impressão de que falta algo, somos obrigados a nos identificarmos com o personagem principal. Além de que quando ouvimos alguém contar uma história, sabemos na maioria das vezes que esperamos um enviesamento natural, ninguém gosta de contar sua participação no lado implicante do outro.
 Sinto-me incomodada ao ler tantos eu isto, eu aquilo. Enfim, o que me prendeu foi nada menos que sexo. Do início ao meio (até agora). É um livro erótico, um tanto maniqueísta, mas quem disse que as fantasias tem de fazer sentido? Parece isto mesmo, alguma coisa saída de uma fantasia no meio de uma transa... mas quem disse que precisa de grandes floreios para se chegar ao principal? E quem disse que não precisa? Afinal bem sei que se fosse só olhar para o homem lá não me traria o ápice. E quantas vezes não amaldiçoei este aparelho que deixa muito a desejar comparado com o tão anatômico e sensível pênis? Vá lá meninas, alguma coisa neles é sensível...
E deve ser por isto mesmo, quem faz sexo é o cérebro, pelo menos no que diz respeito à ala feminina. Não há exercício melhor do que imaginação, a grande aliada do botãozinho lá de baixo. E sim, este livro fez o clic. E fez pensar que preciso ter uma conversa com o marido, ou melhor...chega de conversa. Ação!

Ai...

Paulo Rocha e Ricardo Pereira...duas aquisições lusas que o Brasil não vai devolver tão cedo (ou pelo menos espero que não).

sábado, 22 de setembro de 2012

Alegria e inveja

Eu não sei, mas quanto a mim posso dizer que dificilmente senti/sinto alegria sincera por alguém. Tenho que gostar muito da pessoa para isto. Veja bem, quantas pessoas estão ao nosso lado quando estamos para baixo e quantas realmente se sentem felizes quando estamos bem? Certo dia li em uma pesquisa sobre isto. Os entrevistados em sua maioria escolheram ganhar menos sendo que todos os seus amigos ganhariam ainda menos que eles do que ganhar o dobro do salário sabendo que os seus amigos ganhavm todos eles mais. Isto é realmente interessante porque o ser humano é extremamente competitivo ainda na modernidade, embora a sociedade nos faça ocultar tais pensamentos, julgando-os feios demais para serem aceitos. 
Quando alguém consegue algo, geralmente tem necessidade de contar para o mundo, seja um carro novo ou um emprego, um aumento, enfim...parece até que a pessoa "quer" ser invejada. E se for conhecido, amigo, parente, lá temos que dar vivas e sorrisos e parabéns quando na verdade, bem ao fundo temos inveja. Ou porque fulana emagreceu, ou porque teve filho, ou porque foi a uma lua-de-mel justamente aonde tanto sonhamos. Só sinto-me satisfeita com a vitória de alguém que "julgo" que merece, com alguém sofrido, que sua história seja daquelas mais marcada que novela mexicana. E acho que não estou só...reparem bem naqueles programas de reality show, no querido mudei a casa, nos americanos reconstrução total e todo e qualquer apresentador que vem mudar a vida de uma família cheia de misérias e chororôs. Se fosse alguém comum lá com suas lutas e dificuldades ordinárias ninguém veria, antes sentiriam-se ultrajados. Porque não eu? Porque ele tem mais que eu? E porque ainda é modaserfilantrópico, dizer o que acha que ficaria bonito, lá escondo o azedo da inveja, porque bem lá no fundo sinto raiva de não ter me dedicado como deveria, tenho raiva da minha preguiça, talvez muito mais do que inveja. E tenho raiva porque é isto mesmo que as pessoas querem que sinta. E por outro lado fico satisfeita por lá ter iluminado um pouco da minha escuridão. E fico satisfeita porque ao reconhecer estes pensamentos posso ser mais eu. E quem sabe um dia sentirei alegria sincera por mim.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Aceitar que a dor faz parte


  1. E quando carregamos um pouquinho mais de juízo nas costas, percebemos que tudo na vida é agridoce. Tem um senão. Não há felicidade que perdure, não há vitória sem sacrifícios e sem um bocado de dor pelo caminho. Dá alento pensar em finais felizes depois da aposentadoria ou da quitação de uma casa. Depois dos filhos formados e encaminhados, depois da plástica nos seios, depois daquela calça de antes da gravidez fechar o último botão sem que seja preciso uma novena e um milagre. E quando se chega em uma determinada idade paramos de sonhar com isto e a certeza da imperfeição da vida, da nossa ineficiência em sermos satisfeitos toma uma sensação de alivio. Ufa, só precisamos aceitar para as coisas voltarem a fazer sentido. Só precisamos de um pouco de complacência com esta criança amuada que habita em cada um de nós. "Só" precisamos do resto da vida para exercitar esta constatação.

domingo, 16 de setembro de 2012

Domingo de chuva



Ele suspirou e em um movimento brusco puxou as calças. Então olhou para as ancas da mulher enquanto ela rodopiava e rebolava para caber em um jeans justíssimo. Os cabelos grudados nas costas nuas lembravam rios negros descendo sobre a cintura fina de quem ainda não tivera filhos. Foi quando sua voz saiu rouca por entre o algodão da blusa.
- Acho que devia se separar. Não sei como você suporta tudo isto.
- Isto o que? - disse subitamente já lembrando do que perguntara.
- Isto...viver assim sem sexo. Quantos meses...oito?
Ele sacudiu a cabeça. - Sete meses. Eu sei, se está difícil para você nós podemos continuar só amigos, não há problema nenhum. 
Ela virou-se devagar enquanto penteava os cabelos com os dedos. E disse em um suspiro que não, que não suportava vê-lo naquela situação. E que eram amigos e aquilo era apenas mais uma demonstração de carinho que  podia haver entre eles, amigos há alguns anos. Ela olhou para o relógio no canto da cama e colocou a sandália de salto. Sentiu que os olhos dele estavam postos em seus dedos enquanto ela passava as cordas pelo tornozelo. De repente estava pronta e ele deu-se conta de que estava com o tronco nu e ainda sem sapatos. 
- Acha que ainda ama ela?
Ele era todo silencio. Um suspiro e vestiu a camisa, apertou os botões a cada respiração prolongada pela agonia de lhe responder. 
- Eu não sei. Acho que a certa altura nos acostumamos com o outro. E depois tem o menino. A fisioterapia... O ar escorregou pesado pelas narinas. E...bem, já estamos na hora. Deu uma sacudida nos cabelos grisalhos e abriu a porta. Pagou o motel como era de costume e largou-a na esquina da rua em que ela morava. Embaixo de uma árvore, discretamente trocaram um beijo no rosto. 
- O que você vai dizer a ela desta vez?
- Não sei...vou dizer que era domingo e que choveu.
Ela jogou os cabelos para trás e sorriu delicada.
- E quer saber, vou torcer para que chova novamente. 
- Quem sabe?
Ficou a ver a silhueta da jovem ficar pequena até desaparecer na esquina. Ficou olhando para o jeito que a cintura mexia-se e para o traseiro redondo que havia apertado no êxtase naquele quarto. E sorriu amargamente, porque ela sequer imaginava que ainda naquela noite faria amor com sua mulher, que seu casamento era feliz, aparentemente. Sequer imaginava porque era  nova demais para saber das mentiras que os homens contam. Mesmo para suas melhores amigas. E filosofou que quando descobrisse provavelmente não mais lhe falaria e então ficaria como aquelas mulheres amargas depois dos trinta. Deu a partida no carro e sorriu. Saberia aproveitar enquanto pudesse. E nos seus olhos fugiu uma gota. Não chorava, era apenas o seu reflexo no espelho retrovisor. E não é que ficava mais sensível nestes domingos de chuva? Ou pelo menos gostava de pensar que sim.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Seguro contra filhos

Existe seguro contra acidentes naturais, existe seguro contra incêndio, contra acidentes de carro, existe seguro de vida, agora nunca ninguém pensou em fazer um seguro contra filhos? Talvez porque dificilmente fosse rentável. Mas pensa bem, quando tudo corre mal, quando já não se suporta mais "mãe, mãiiii, mãe (sacudindo e puxando sua blusa) , mmmãee... ohh MÃE!"? E de repente surge à sua frente uma equipe de massagistas e você dá-se conta que já não ouve nada mais, tudo ficou para trás como se estivesse em uma bolha. E uma viagem uma vez ao ano e um dia de dondoca uma vez ao mês e um jantar a dois uma vez por semana e uma noite de namoro com as crianças devidamente adormecidas e vigiadas pela super nanny.E tudo isto e muito mais: a sua garantia de que não vai enlouquecer aos berros quando o pequeno faz uma birra no mercado e que não darão mais de 10 anos sobre a sua idade. E nem terá orelhas eternas, nem culotes a mais. E garantimos que não terá de descontar nos doces, nem se contentará em lamentar a sorte da vizinha (que aparentemente tem os filhos mais educados do mundo). Isto seria bom demais para ser verdade, mas que faria muita mãe feliz, disto não tenho dúvidas...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O nosso tempo

Não tem coisa melhor do que ver a lista de amigos on line e ler "Você está invisível. Deseja ficar visível para que seus amigos possam falar consigo?". E responder com um sorriso indisfarçado um grandessíssimo N-ã-o! Quantas vezes já não quis fazer isto, principalmente naqueles dias negros que antecedem a maldita menstruação. Estar ali em silêncio, observar o que os outros fazem, mas permanecer invisível a todos. Enrolar-se sob a capa da invisibilidade como se ela desse mais poderes que ao super-homem, e sentir-me uma heroína cansada de fingir. Que norma de educação é esta que impomos ao rosto em que só podemos sorrir? E lá dentro vem uma voz apertada que manda e desmanda ficar calada, sentar quieta, agradecer, não discutir. Ah não sabe rir? Eu lhe ensino, a boca arreganha assim. Os dentes tem de espiar todos a rua, entendeu? Eles não podem ficar escondidos, infelizes.  Aliás após toda esta luta pela democracia dos sentimentos, eis que vivemos em plena ditadura da felicidade, onde todo mundo tem uma vida maravilhosa, daquelas super oxi action multi, estilo vanish no mais alto rosa choque. Se é mesmo assim? Acho que quanto mais perfeito, mais desesperado soa aos olhos. Mas a vida mudou e levou-nos com ela para este mundo virtual, onde as pessoas vagam enganando umas as outras. E enquanto isto, deixo-me ficar invisível, guardo a tristeza como se de uma coisa clandestina se tratasse.

O ministério da saúde adverte

Morar com a sogra pode deixar o seu marido temporariamente insano e inclusive causar separação.
Ah pois é, estou sem o marido até domingo...custa mas melhor assim do que ter de aturar seu mau humor para além do meu.  Eu sei, dizem que mãe deveria ser eterna e eu penso que não...mãe só tem uma, mas pena que dure tanto... 
Tenho uma péssima relação com a minha mãe. Acho que esta minha auto hipnose foi aperfeiçoada nos anos em que convivemos. Ela não se contenta só em falar e ser desagradável uma vez. Não, ela tem que repetir como uma vitrola quebrada o que ela acha que deveríamos fazer e no fundo ela já disse sem pestanejar que quer que o Fernando vá para longe e fique só a me mandar dinheiro para mim e para o Fabian. Às vezes eu ignoro, às vezes eu trato de lhe desmanchar este prazer. Ela quer tanto que eu tenha minha profissão, que me forme e tenha consiga meu sustento, mas se for a custas de ter de ficar na casa dela até conseguir caminhar com as próprias pernas, nã! Para ter uma idéia de como incomoda este pequeno defeito da minha mãe, ontem após ter me intimado a ir com ela numa consulta, me entra com este assunto em meio a sala de espera. Mas então o Fernando acha que vai para a França? Olha que aquilo também vai muito mal. E tu, tu tem que ficar aqui trabalhando. E eu, mãe, eu já disse que vou com ele assim que tiver condições. Acha que quero ficar cinco anos morando com vocês? Ah mas eu não vou mandar dinheiro para vocês, eu não tenho dinheiro pra mandar para vocês em euros. Não te preocupa, mãe, não vai precisar. E pensei, deus que me perdoe, mas prefiro morder a língua para matar a fome do que depender de novo de vocês. Quando eu digo que ninguém estende a mão sem querer algo em troca...ela quer apenas a minha vida, só isto: a minha vida.

Maria Albertina deixa que eu te diga...

Aqui se colocasse o nome da tua filha de Vanessa não ia causar espanto algum, muito menos um cabeleireiro iria ver aí inspiração para música. São tantos Robertsons, Kimberleys,  Willians e Michaels (às vezes escrito como se diz "Maincon") que uma Vanessa ia ser do mais comum que há lol.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Emigrar para o Brasil

Ora vejamos bem...se eu tivesse algum amigo que esteja pensando em emigrar para o Brasil  que dicas daria? Primeiro lugar, deve-se se possível ter um pé de meia, passagem não é de graça, dinheiro para os primeiros meses, é fundamental. Apesar de se falar que o Brasil anda possante, muito crescimento, muitos empregos, não é bem assim. Quem acompanha a minha história por aqui vê que nem sempre é falta de vontade. E depois, há empregos e empregos. Se há empregos para trabalhar em shopping e restaurante? E empregada doméstica e entregador de jornal? Há muito. Resta saber até que ponto você vai querer começar do zero, até onde se sujeitaria a ir para pagar as contas. E depois, começo é difícil em qualquer lugar. Levará pelo menos uns dois meses para arrumar emprego e talvez um ano para que a vida corra novamente sobre rodas. 
Segundo: não faça contas. Não faça conversões. Se eu digo por exemplo que aqui uma secretária ganha em média 1500 a 2500 reais (esta última se for bilíngue), não vá pegando a calculadora para transformar em euros. Isto porque aqui se vive e come em reais, conversão é coisa de turista. O custo de vida varia de acordo com a região, sendo que as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, apesar de terem maior percentagem de empregos, são as mais caras para viver. As regiões do nordeste são mais baratas, as do sul, como onde vivo, são caras, mas a qualidade de vida e serviços é melhor. 
Terceiro: você vai precisar de paciência. Paciência para se adaptar à língua, à cultura, ao ritmo de trabalho (que é bem mais exigente). Vai enfrentar preconceito, vai ter saudade. Vai querer desistir... É mais fácil quando não se vai sozinho, quando se tem alguém do lado para partilhar as derrotas, um ombro para chorar e outro para dar ânimo. E quando se é apenas um casal, também é diferente de quando já se tem filhos. Tem que procurar escola, dependendo da idade existe um período de adaptação maior. Mas acredito que as crianças neste sentido, saem-se melhor que os pais. 
Quarto: você vai ter que conviver com a sensação "não-pertencimento", cada coisa diferente vai fazer você lembrar de que aquela não é sua terra e isto às vezes parece desesperante. No entanto, para alívio geral o povo brasileiro é acolhedor, não é tão difícil fazer amizades. Mas você vai comparar tudo, desde o primeiro dia. É normal. "Lá" vai ser sempre melhor do que "aqui". Depois passa... e inverte-se a situação. Acredita em mim. 
De qualquer forma, além de coragem, é bom levar na mala, um pouco de esperança e boa vontade. Ninguém é tão duro que não consiga mudar e se adaptar. E é por isto que estamos aqui até hoje não é?

Países irmãos

Tenho visto um monte de imagens de ódio ao primeiro ministro português Pedro Passos Coelho, algumas até beiram a completa falta de senso e educação. As pessoas esquecem-se de que o homem não é o responsável pela crise e digo até mesmo, pelas medidas de austeridade que anunciou. Qualquer um que estivesse no lugar dele, seja de que partido for, teria de mais cedo ou mais tarde  tomar estas decisões. Isto porque vamos ser sinceros, Portugal não tem de onde tirar dinheiro a não ser de aumentos sucessivos de impostos. Portugal não produz em grande escala, não tem grande mercado interno, não tem quase indústrias, as poucas que tinha terminaram por falir ou mudaram-se. Além de por muito tempo ter oferecido um sistema de políticas de beneficio social a que não podia suportar. Tá certo, se eu acho que é justo ir sempre ao bolso dos mesmos? Não, não é. Se eu acho que poderiam estender estes cortes aos grandes, que ganham para além de cem mil euros por ano? Sim. Mas não sejamos ingênuos, Portugal é um país de meia dúzia de famílias e que como é obvio não querem ter prejuízo sob nenhuma circunstância. Portugal assim como o Brasil é um país corrupto, onde muitos mamam e tem um povo que prefere discutir futebol do que política e partilhar sua indignação no facebook ao invés de protestar como fazem os franceses. Portugal é o país do deixa estar, do reclamar enquanto beberica cerveja, dos que querem a mudança, mas que sejam os outros a se mexer. Portugal tem os governantes que merecem, assim como o Brasil, é tão fácil bradar aos ventos o quanto se odeia políticos, que são todos uns ladrões etc etc, mas não importam-se de endividarem-se sem condições de pagarem, de passarem-se nas contas do irs ou mesmo no troco no mercado que receberam a mais. Enquanto ainda for normal e bem aceito a política de levar vantagem em tudo, vão seguir-se Pedros, Joãos, e aumentos de impostos, diminuição do poder de compra e crise. Não acredito que vá melhorar nas próximas décadas, e sinto muito, mas não concordo em colocar a culpa em Pedro Passos Coelho, mas se isto os fazem sentir melhor...

sábado, 8 de setembro de 2012

Assim como são as pessoas, são as criaturas

Tenho pensado ultimamente que quanto mais o tempo passa, mais compreendo aqueles malucos americanos  que saem por aí aos tiros. Não, continuo achando uma péssima ideia passar o resto da vida atrás das grades, no entanto fico imaginando que se a vida destas pessoas está um inferno completo, tanto faz onde se vai passar o resto dela. Desde que passe.
Provavelmente já viram aquele filme "Um dia de fúria" com o Michael Douglas. É bem isto. O problema é que de fato a maioria destes indivíduos eram considerados "normais", mas um belo dia...pum pum pum. Cada cabeça, um alvo e pronto. O problema é que as pessoas não sabem que o copo está transbordando. Elas a cada sapo que tem de engolir, vão enchendo mais e mais e às vezes por um motivo bobo, uma frase no meio assim de uma conversa acaba por se tornar a última gota. 
Já falei para o marido que se ele for para Paris, talvez um dia abra o site de notícias aqui do rio Grande do Sul e dê com a manchete: mulher mata mãe, padastro, seis cachorros e duas gatas. Já começo a pensar que não vale a pena ficar aqui por mais cinco anos nas casa deles. Eu vou pirar antes disto com certeza. 
Hoje fui fazer um arroz à carreteiro que o Fernando gosta muito, me passei um pouco no extrato de tomate, mas nada que ficasse ruim. E chega meu padastro sem ao menos ter comido e fala: tá boa esta massa de tomate né? Porra. Foi a última gota. O copo transbordou e felizmente não tinha nenhuma arma por perto porque ia ser uma dia de fúria. Uma coisa boba destas que me chateou principalmente porque ele cozinha mal para caramba e eu era incapaz de dizer isto. Porque procuro fazer as coisas que quero que façam comigo e as pessoas não estão nem aí. Isto só me faz ter mais afeição pelos psicopatas. But, lá vamos nós...ainda temos mais uma semana de espera. Já to achando que até São Paulo é perto de mais. Com licença, vou ali aprender mandarim e já volto.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Das madrugadas

A minha mãe mora num condomínio de seis casas, uma colada na outra. Pois de uns tempos para cá uma mulher e duas adolescentes estão tornando nossas noites um inferno. Ou melhor, pelo menos as minhas porque a mãe e surda que e uma porta. Eu acho que as pessoas tem o direito de se divertir e fazer o que quiserem com as suas vidas, mas bom senso e bom e eu gosto. Muito. Resultado disto e que cada vez que dão uma festinha, meu padrasto chama a policia para acabar com a bagunça. E eles vêm sempre porque ele e coronel aposentado. Alias, expliquem-me uma coisa:porque gente jovem gosta tanto de gritar uhuuuuuu? E que e ridículo, irritante e a certo ponto eu começo a ter vergonha alheia. E porque sentem uma estranha atracão pela buzina a altas horas da madrugada?
Ontem estive a espiar de camisola no portão o bate boca. Se tem coisa que gosto, e ver o circo pegar fogo lol. Para o meu espanto, a tal mãe das meninas estava junto e compactuava com aquela falta de respeito. Imagina se eu faço isto com o Fabian, mas e nunca. Porque uma das coisas que já nasci sabendo e respeitar os outros e outra que aprendi nestes anos, e exigir respeito em troca. Afinal somos sozinhos neste mundo?!
Ps : teclado fora de formatação...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Os gostos mudam...

Já gostei mais de cachorro. Alías, já gostei mais de bichos. Hoje não, não é que vá sair por aí maltratando, mas já não me dói quando vejo algum animal perambulando ou quando escuto os gemidos da cachorra velha aqui da mãe. Fiquei mais dura sim, sem paciência. Às vezes tenho até raiva de tanto bicho. Não sei como a mãe vive com estes cachorros todos e as duas gatas, é um cheiro terrível, mesmo que a empregada limpe, logo vai um ali e faz um chichi ou um coco... Bicho para mim agora é como filho: um só e já tá sobrando. Eca, vou eu querer uma casa cheirando a merda...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

então é isto.

Sabem aquela sensação de quando se vê novela em que começa-se a estressar quando a mocinha só sofre, só sofre, quando acontecem mais e mais imprevistos e o final feliz não chega e apercebe-se que ainda tem mais um mês pela frente? É pior. Porque a vida imita a arte, mas infelizmente não no final feliz. 
Sexta ligaram para o marido para saber se ele ainda estava interessado no emprego e ele disse que sim, mas perguntou se dava para conseguir um aumento, visto que o salário seria o mesmo que ele ganhava em Portugal, só que em reais, sem fazer conversão. Eu já disse que aqui o custo de vida é muito alto e ficaria beem apertado para nós. A mulher com quem ele falou ficou de retornar segunda com uma resposta e na mesma sexta ele ligou para a empresa de São Paulo para saber se poderiam dar um retorno sobre a entrevista. Moral da história, estávamos confiantes, pelo menos um deles iria sair. Fizemos as contas, vimos preços de aluguel, de restaurantes, de escolas para saber o mínimo possível para se viver em São Paulo. Tinhamos preferência por este, pois seria direto com o banco, com possibilidades de crescimento ao invés daqui de Poa que seria um emprego terceirizado e com salário fixo. Agora ficou sabendo que lhe retiraram do processo de seleção sem ao menos lhe dar o retorno e disseram para a pessoa que fez esforço para contratá-lo que ele não estava interessado. Meu coração anda apertadinho, miudinho. Já disse que é a última esperança aqui no Brasil, se não der ele vai para a França. E já conversamos sobre isto. Nos abraçamos e choramos. Esta é a terceira vez que o vejo chorar nestes 9 anos. Não quer ficar longe de nós e principalmente do Fabian. Não quer repetir a sina de não ver os filhos crescerem. E eu não sei de mais nada. Quero o tiro de misericórdia porque to muito, mas muito cansada disto tudo. 

E porque estou perto dos trinta...

Tenho pensado um pouco sobre isto. Voltei a conviver com a minha vó, viúva há quatro anos. Pois e não é que a minha vó que é super antenada e tem até facebook, arrumou namorado pela internet e agora anda a passar mensagens e receber telefonemas como se fosse uma adolescente? Eu gosto disto. Acho que a vida é assim mesmo, bola pra frente que atrás vem gente. Mas ela tratou de todo assunto com o maior dos cuidados com os filhos, porque tinha medo da reação deles e porque muitas das vezes tinha até medo da própria reação diante de um novo relacionamento. 
Vamos combinar que envelhecer não é a melhor das coisas neste mundo. Envelhecer deixa-nos frágeis, dependentes de atenção porque os amigos que partilhavam da mesma época vão morrendo e aos poucos, não sobra-nos nenhum confidente. E porque os filhos tem sempre a sua vida, e porque os netos já não aparecem regularmente, às vezes só quando querem alguma coisa, e porque as pernas e as costas já doem tanto que um simples passeio transforma-se numa competição de iron man. E porque as pessoas de repente não tem mais paciência para as suas histórias que provavelmente já ouviram mais que uma dúzia de vezes. E porque muitas vezes fica-se apenas com as fotografias e os causos e conta-se e fala-se sozinho ou deixa-se a tv ligada para calar o silêncio pesado de uma casa vazia. E porque olhamo-nos no espelho e de repente passaram-se décadas. E uma ruga aqui que não estava ali e um papo, uma pele caída. E celulites. E seios caídos ou barriga ou ambos. E desejo, não temos mais desejo porque o desejo foi feito para gente jovem. E até a natureza sabe disto. E se quisermos muito, procuramos hormônios e lubrificantes, mas se não tivermos aquele amor do nosso lado de que vale? 
E sentimo-nos sós como nunca havíamos estado. Porque vemos que somos os mais velhos da família e muito provavelmente logo não estaremos mais aqui. E isto traz um misto de alívio e medo. Porque as pessoas tem medo da morte. As pessoas tem medo de "não-ser". E de serem esquecidas. Medo da morte física, mas principalmente medo da morte no coração e pensamento daqueles que amam. Sentir antecipadamente que seu nome sairá cada vez menos nas conversas dos filhos, dos netos e que provavelmente o bisneto que ache ao acaso uma foto sua não saberá de quem se trata, de quem foi e para que viveu. As pessoas tem medo do tempo que lhes resta. Se estão a aproveitá-lo bem, tem medo de serem um fardo. Tem medo de incomodarem com as suas limitações, com as suas manias e talvez com as suas demências. Isto porque velho plenamente feliz é só para comerciais de vitaminas e margarina para baixar colesterol. A vida não é assim. A vida constantemente te faz lembrar disto e não da melhor forma. Já não consegues mais por os sapatos, depois já não consegues mais fazer isto ou aquilo que dantes tão simples, agora precisa de mais tempo, mais força ou de ser feito pelos outros. 
Dizem que envelhecer traz sabedoria. Porque a beleza física abandonou o corpo, deixando um vazio a ser preenchido com coisas que não sabemos bem ao certo. E aos poucos as pessoas vão tendo mais paciência para esperar os domingos em que alguém vem tomar café com elas. E vão valorizando mais um raio de sol porque suas juntas doem menos no calor que no frio. E vão sorrir quando verem um beija-flor porque alguém veio lhe dar bom dia. E vão chorar quando verem um filme ou quando ouvirem o sorriso de uma criança e vão fazer as pazes com o passado. E assim devagarinho, vão se tornando o que sempre foram, mas que a obrigação de ter tempo para tudo não deixou que aprendessem a conviver consigo.

Rugas

Rugas são a estrada percorrida pelas emoções. 
São o riso, o choro. 
São a raiva, a surpresa. 
São fotografias amargamente impressas
 mais que tatuagem 
mais que um sinal de que já se viveu dias mais felizes, 
que  antecipam o outono da vida.
Quiçá no inverno
a volta dos rios desprendidos
façam renascer as lembranças
nos sulcos 
e nas rugas. 

domingo, 2 de setembro de 2012

Os sustos

O Fabian anda assustado. Eu acho que ele vê coisas porque semana passada foi duas vezes ao quarto que estamos ocupando e voltou correndo e chorando. Tentei acalmá-lo e perguntei porque tinha medo, que não há nada de mal no quarto que estava em penumbra. Ele limpou o ranho e disse: mamãe, mamãe, medo...titio... Ele chama todo mundo de titio e titia como é costume aqui no Brasil ao invés de senhor e senhora, as crianças quando pequenas são ensinadas a tratar os outros assim. Provavelmente viu alguém no nosso quarto. Como já tinha dito anteriormente, eu não costumo falar dessas coisas a não ser com o meu marido porque geralmente as pessoas são céticas e me deixam irritada com aqueles comentários: mas tu tem certeza que viu mesmo? Não foi um sonho, uma sombra, um gato de botas a equilibrar-se num guardachuva?? Dã! Se eu disse que vi, foi porque vi. Não bebo nem nada. E acho que se alguém visse o que vi não teria outra escolha senão acreditar, mas pronto. As pessoas são assim... inconstantes...porque não acreditam em espíritos, mas acreditam em azar ou sorte por exemplo. E pior: acreditam em acaso. Só digo isto: quando morrerem não venham me incomodar e dizer que afinal de contas estava certa...eheheheh!
                Segunda temos novidades e coincidentemente esta noite sonhei que me mudava