quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O nosso tempo

Não tem coisa melhor do que ver a lista de amigos on line e ler "Você está invisível. Deseja ficar visível para que seus amigos possam falar consigo?". E responder com um sorriso indisfarçado um grandessíssimo N-ã-o! Quantas vezes já não quis fazer isto, principalmente naqueles dias negros que antecedem a maldita menstruação. Estar ali em silêncio, observar o que os outros fazem, mas permanecer invisível a todos. Enrolar-se sob a capa da invisibilidade como se ela desse mais poderes que ao super-homem, e sentir-me uma heroína cansada de fingir. Que norma de educação é esta que impomos ao rosto em que só podemos sorrir? E lá dentro vem uma voz apertada que manda e desmanda ficar calada, sentar quieta, agradecer, não discutir. Ah não sabe rir? Eu lhe ensino, a boca arreganha assim. Os dentes tem de espiar todos a rua, entendeu? Eles não podem ficar escondidos, infelizes.  Aliás após toda esta luta pela democracia dos sentimentos, eis que vivemos em plena ditadura da felicidade, onde todo mundo tem uma vida maravilhosa, daquelas super oxi action multi, estilo vanish no mais alto rosa choque. Se é mesmo assim? Acho que quanto mais perfeito, mais desesperado soa aos olhos. Mas a vida mudou e levou-nos com ela para este mundo virtual, onde as pessoas vagam enganando umas as outras. E enquanto isto, deixo-me ficar invisível, guardo a tristeza como se de uma coisa clandestina se tratasse.

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