quarta-feira, 31 de julho de 2013

Na hora do almoço

Nunca vi nenhuma música retratar com tanta nitidez e poesia o retrato das famílias até então na década de 70. Quando vemos o choque das gerações, a falta de diálogo entre parentes, a situação ritualística que era sentar em torno de uma mesa como se aquilo assegurasse a união e talvez o amor que não se tinha. Cada vez que a escuto, transporto-me para uma cena que ainda bem, não vivi, mas não sei porque toca-me fundo. A música tem o seu quê de terapia e por isto algumas vezes utilizamos dela no consultório do meu antigo psicólogo. Para mim é a imagem crua do quanto somos estranhos uns para os outros, no quanto vivemos em um mundo próprio e sem pontes com os vizinhos, mesmo que estes vizinhos sejam a nossa família. 


"No centro da sala diante da mesa, no fundo do prato comida e tristeza. A gente se olha, se toca e se cala e se desentende no instante em que fala. Medo, medo, medo, medo, medo, medo. Cada um guarda mais o seu segredo, a sua mão fechada, a sua boca aberta, o seu peito deserto, a sua mão parada,  lacrada, selada  e molhada de medo.
Pai na cabeceira. É hora do almoço. Minha mãe me chama, é hora do almoço. Minha irmã mais nova, negra cabeleira. Minha vó reclama: é hora do almoço! E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza, deixemos de coisas, cuidemos da vida. Senão chega morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida. Ou coisa parecida ou coisa parecida..."


Ilariê

Não consigo dançar em público, não consigo. Faz parte do pacote sobre ser tímido deve ser. Das poucas vezes que fui a boates ficava sempre disfarçando com um copo de coca na mão e a fuga eterna em direção ao banheiro. Claro que levava minutos a passar no meio daquela aglomeração no escuro e era esta a intenção. A minha amiga J. nestas horas balançava a cabeça e entortava a boca em uma maneira muito particular dizia: tu ainda vai acabar como aquelas velhas dançando em festinha de criança! A simples imagem de uma velha de seios caídos e de  saia comprida, sacudindo as pernas cambotas ao som de Ilariê é tenebrosa! Deus, por favor me tira deste filme!! Esta cena acompanha-me a cada vez que decido não participar em uma aula de zumba, fico vendo outras até mais descoordenadas que eu. Ilarilariê ô ô ô. Eu vou me sentir ridícula. Dá um pulo vai para frente, de peixinho vai para trás. Traseiro grande se rebola e as crianças deixam cair pedaços de docinho pelas bocas abertas. E se eu piso no pé de alguém? Irraa se esgola a Xuxa. E se pior, eu caio em direção ao espelho e?... Jesus, a velha toma conta da sala e a transforma em pista de dança. Mais ilariê ilarilariê ô ô ô. A velha dança e se diverte da minha vergonha. E continua pelos mais de cinco minutos que dura a música ou até quando a professora bate palmas e termina com a aula. Na próxima eu vou, digo para mim enquanto faço o sinal da cruz mentalmente.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Nosso lar


Vamos morar em uma casa estilo enxaimel como já havia dito. Só que a casa é do século 19 ou 18, agora não lembro bem. E a casa é de alemães, já se vê pelos degraus que tem em algumas peças. Até aí tudo bem, o problema está nas alturas diversas que tem em cada cômodo, por exemplo, no quarto do Fabian temos 2.20, na cozinha 1.95 (simm quase que o marido precisa andar de cabeça baixa) e o nosso quarto 2.05. Isto é que está nos dando uma dor de cabeça, já temos a sala completa e mesa e cadeiras, o quarto do Fabian completo, a cozinha, nossa cama...e está faltando o nosso roupeiro. Ou são daqueles minúsculos que não cabem nada ou são de 2.20 ou 2.30. É 8 ou 80 grrrr!!! Já pensamos que podíamos colocar trilho embaixo e em cima, colocar as portas e por dentro colocar armários modulares, utilizando de um lado a outro da parede. Acontece que até os armários modulares são grandes demais para o nosso quarto... Ainda tenho esperança no ikea, de repente há alguma coisa com bom preço e que o marido não ache caro. Ultimamente o Fernando tem me saído um pão duro de primeira e eu ao contrário, estou cheia de caprichos! Deve ser a revolta por me ser tirado tudo e só quero que desta vez as coisas sejam do meu jeito (embora muitos móveis tenham sido de segunda mão)... 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Paisagem

Há qualquer coisa de obceno em um mercedes ao lado de um papeleiro e muita gente não sabe o que é.

domingo, 28 de julho de 2013

Ooooo que?? Pode repetir?

Falta um mês, um mêsinho só para nós pegarmos a muamba e au revoir Brasil! Ai me belisca, não, melhor, me joga numa piscina de mm's, me envolve em algodão doce, quem sabe eu acredite! Sinto-me tão estranha, sei lá me dá um medo que alguma coisa aconteça e caia tudo por terra. Coisas nada boas e estrambólicas passam na minha cabeça, parece aqueles filmes que quando está dando certo aparece um vilão para acabar com a felicidade do mocinho. 
De qualquer forma eu já disse que vou, pode ser num teco-teco, pode ter greve nos aeroportos, eu vou! A mãe pode ter gêmeos pelos ouvidos...eu vou! A gordurinha da picanha pode me segurar pela saliva, mas eu vou! E ultimamente quando escuto esta música, dá um frio na barriga, uma mistura de ansiedade e medo e saudade e tudo mais. To vazando...adeus arivederce sayonara goodbye au revoir!


sábado, 27 de julho de 2013

(des) Considerações


Depois de ter filho olho com mais condescendência para as crianças que fazem birras homéricas. Afinal, só muda de endereço...

Bonitinha indelicada

Aquele foursquare é o aplicativo mais esnobe que conheço. Do tipo olha estou aqui comendo churrasco com sushi e você está aí em casa comendo pão dormido! Olha estou aqui na boate Toafimdedá e você aí vendo filme depois da novela! Olha estou aqui na loja da Apple, em Londres, em Paris, em Miami! E eu pergunto "e na puta que pariu não vai, não?".

Foursquare, fazendo o chek in de todos os exibidos deste mundo.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Vó com açúcar ou com adoçante?



Lembro-me que o frio começava a despontar pelas vidraças daquele apartamento antigo. Enquanto brincava na sala sentia que aos poucos a atmosfera fazia-se doce, com cheiro de chocolate derretido. Era a minha vó desmanchando barras de um quilo para depois preencher as forminhas de plástico. Sabia que o chocolate era provavelmente o mesmo dos outros ovos, mas aquele cuidadosamente enrolado em fita mimosa era especial. Recordo-me também de ir na casa da minha bisavó e encontrar sempre ambrosia no pote redondo de vidro sobre a estante. Punha-me nas pontas dos pés a olhar para os cravos mergulhados no líquido doce. A minha bisa tinha a solução, dizia que havia feito uma para mim sem os cravos e voltava da cozinha com um pote cheio. Claro que mais tarde caiu a ficha, ela separava-os antes que eu chegasse... mas se não havia por qualquer motivo a tal da ambrosia, tinha pudim de leite condensado. Ou torta de bolacha. E quando passava tardes com ela, fazíamos pão. Pacientemente ela ajudava-me a fazer um "homenzinho" com olhos de feijão que mais tarde seria devorado quase com culpa e um bocado de pena. 
O amor pode ter muitas roupagens, quer dizer que pode ser demonstrado de muitas formas e uma delas é a comida. Por isto muitas pessoas auto medicam-se assim, mas de forma equilibrada, não vejo mal nenhum em os avós oferecerem momentos de gulodices aos netos. 
A minha mãe, como já disse aqui, é uma pessoa muito difícil no que diz respeito à alimentação, já não come carne vermelha há anos, não bebe nem refrigerante nem nada de álcool, não come doces, só come coisas biológicas e tals. Tudo bem, isto é uma escolha dela, se a faz sentir-se bem, ótimo. Acontece que fico com pena do Fabian... já viu vó não gostar de dar açúcar para o neto? A primeira vez que contei que ele tinha comido iogurte aos 6 meses ela desligou na minha cara o telefone. Vive me censurando quando sabe que dou alguma bala ou pirulito para ele. Neste quesito eu e o pai temos de fazer o papel reservado aos avós que é "desencanar" numa boa a dieta. Claro que não é todo o tempo nem todos os dias, mas penso que como vó a minha mãe saiu pior que imaginava, para piorar mesmo, só se fosse vegana! 

Não sou nojenta não


Acho que este é o mal que todos os tímidos padecem. Nosso silêncio é confundido com sisudez, nossos olhos fugidios com ser esnobe, nossa mania em querer passar desapercebidos com falta de educação. Não é a primeira e acho que não será a última vez que escuto: quando te conheci achei que tu fosse chata e nojentinha. Não sou não, meus senhores, sou até bem legal e inclusive não mordo. Mas gosto aqui do sossego e de uma roda (pequena) de amigos. Um dos males que me aflige quando tenho muitos olhos postos em mim é a gagueira. Odeio!! Por isto detestava tanto os trabalhos em grupo e consequentemente as apresentações para a turma na faculdade. Bem sei que muitos deles estão entediados a planejar o que fazer depois da aula, mas mesmo assim. 
Quando digo que sou tímida já houve quem rebatesse dizendo que se fosse não usava roupas curtas ou também não tinha um blog. Não penso que esteja relacionado com isto, minha timidez é presencial, daí o fato de escrever não ser tão desafiador. E quanto ao uso de roupas curtas, é uma questão cultural, no Brasil é muito comum mini saia e vestido, desde que não seja ao estilo drag queen, as roupas não chamam tanta atenção por si mesmas.
Acho que foi Vinícius  de Moraes quem disse que todo o tímido é no fundo um orgulhoso, pois ao não se expor não chama atenção nem para suas qualidades, é verdade, mas muito menos pra seus eventuais erros. E todo tímido tem medo de errar, de dedos apontados, de escândalo, de ser o centro das atenções. Ele tem lá as suas razões, até acho que gosto desta minha timidez inicial, faz-me sentir como uma paisagem inóspita em que só aqueles aventureiros de verdade ousam explorar e conhecer.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Quando tu estiveres velhinho quero estar ao teu lado. Quero te fazer o café nos finais de semana e te levar para que tomemos juntos embaixo das cobertas. Quanto estiveres de cabelos brancos e não te restar nem ao menos um fiapo negro, quero estar ao teu lado. Quero te abraçar e beijar a testa como tu fazias comigo quando ainda não te doía as costas. Quando teus dedos não tiverem a firmeza de antes, deixa que te ajude nas tuas tarefas. Quando tua memória se finar aos pouquinhos, só espero que não desprenda os momentos nossos em que fomos felizes. Quando estiveres muito cansado, deixa que eu seja a tua força e teu ânimo. Quero estar ao teu lado até o fim dos meus dias ou dos teus, não por pena, não só por gratidão a todo bem que fizeste a minha vida, mas porque preciso de ti. Porque te amo e porque prometi a felicidade que iria estar ao teu lado até nossos corpos irem se apagando e esmorecendo como a chama de duas velas na escuridão.

Porque eu leio blogs?

Por isto:

Outro dia nevou em Paris. Aí eu perguntei pro meu pai o que que era a neve. Ele disse que era o gelo bem fino que caía do céu. E eu perguntei se tinha congelador nas nuvens, pra poder fabricar o gelo. Meu pai disse que não era preciso, pois ficava tão frio lá em cima que a água congelava sozinha. Aí eu me lembrei que na nossa geladeira a água congelada vira uma pedrona de gelo e perguntei se no céu tinha uma máquina pra quebrar esse gelo em um montão de pedacinhos, pra virar neve fininha. Ele disse que queria ver o jornal e que falava sobre isso depois.

Percebi que o meu pai não sabia nada sobre neve e fui perguntar pro meu irmão mais velho, que é tão grande que consegue encostar o pé no chão quando senta na cadeira. Ele falou que a neve era um fenômeno meteorológico que fazia cair cristais de gelo. Aí eu perguntei pra ele o que era meteorológico e ele disse que eu era burra. Então eu chorei bem alto e forte e minha mãe veio perguntar o que tinha acontecido. Eu disse que o João tinha me chamado de burra e minha mãe falou pra ele ir pro quarto. Mas aí eu fiquei sem saber o que é meteorológico.

E quando minha mãe fazia um café com leite bem quentinho pra mim eu perguntei também pra ela o que era a neve. Ela me explicou que eram os vapores de água que se congelavam, lá em cimão, nas nuvens bem altas. Aí é que eu não entendi nada mesmo, pois pra mim o vapor é quente. Pelo menos é o que a minha mãe sempre me diz quando eu chego perto do fogão pra ver a chaleira soltando aquela fumaça. Ela diz "sai daí, Gabriela, esse vapor vai acabar te queimando". Eu também começo a achar que a minha mãe não entende muito das coisas. Se o vapor é quente, como é que ele não derrete a neve?

Sabe, eu nunca desisto de uma pergunta. A professora da escola diz que eu tenho espírito de cientista, porque eu gosto de saber tudo em detalhes. Mas não é nada disso. É que os adultos falam bobagens para as crianças, talvez com medo de que a gente não entenda a explicação de verdade. Mas o que eu acho mesmo é que eles nunca sabem as respostas, então inventam uma história qualquer. Ou então dizem "olha, é complicado explicar isso", "você ainda não tem idade pra saber", "depois da novela a gente conversa", "pergunta pro seu pai", "pergunta pra sua mãe" e esse tipo de coisa.

Por isso eu fui perguntar pro Mathieu, que é meu amiguinho da escola. O Mathieu é muito inteligente. Ele já consegue até amarrar o cadarço do tênis sozinho. Outro dia eu consegui também, mas depois minha mãe ficou reclamando comigo, dizendo que eu tinha dado tantos nós que mais parecia uma teia de aranha aquele cadarço e que ela ia ter que cortar tudo com a tesoura e comprar um novo. Pra mim estava bem bonito.

E o Mathieu falou que a neve era o que os adultos usavam para fazer o sorvete. Mas que eles guardavam esse segredo bem guardado que era pras crianças não tomarem sorvete o tempo todo. Aí eu perguntei pra ele como é que o sorvete chegava em um país quente como o Brasil sem derreter. E ele disse que todo o sorvete do mundo era feito nos países frios e depois era transportado em geladeiras muito grandes dentro de navios muito grandes.

Aí eu tive uma idéia muito muito boa. Falei pro Mathieu que quando a gente for grande pode pegar um avião, voar bem lá no alto e jogar sabores diferentes em cima das nuvens. Aí não vai nunca mais cair neve. Vai cair sempre sorvete, já prontinho. O Mathieu adorou a idéia e até já falou que vai ser piloto de avião pra gente poder fazer isso sem pedir a ajuda de ninguém. Aí eu falei que já que a gente ia ficar rico podia se casar e ter muitos filhos. E nessa hora ele saiu correndo pro parquinho. O Mathieu pode ser muito inteligente, mas às vezes ele ainda é um pouco imaturo.

Daqui.Chéri à Paris

O lado selvagem


Estamos há tantos séculos envoltos pela cultura, a suprema criação humana, nos mais variados tons e particularidades, que esquecemos que o background pouco mudou. Somos uns selvagens. E não digo isto pensando somente em situações de risco onde a voz da sobrevivência grita mais alto, em um monte de gente embolado e pisoteando-se mutuamente para escapar da morte. Falo dos pequenos vestígios que de tão diminutos passam  quase etéreos ao subconsciente, por exemplo, o fato (comprovado em pesquisas) de as mulheres arrumarem-se mais no período fértil. Na preferência destas durante o mesmo período para rostos  masculinos de traços fortes e viris, enquanto que passado estes dias, voltem a preferir faces mais harmônicas e de relevo quase feminino. O fato dos homens no geral tenderem para a infidelidade consumada ou não. Dos meninos adolescentes a lutarem entre si como o fazem a maioria dos filhotes machos da natureza. De quando moram mais de duas mulheres em um mesmo ambiente seus ciclos se sincronizarem.  Estas e outras situações habilmente relegadas ao acaso ou às vezes à personalidade, mas que são daquelas coisas que nos tonam tão bicho quanto os outros bichos deste mundo. 

Pra não perder o costume


Alguns ditados passados para o francês:

"Dans une rivière de piranhas, le crocodile nage sur le dos.
Em rio com piranha, jacaré nada de costas.

Bois qui nait tordu ne se redresse jamais.
Pau que nasce torto nunca se endireita.

Sortir le cheval de la pluie.
Tire o cavalinho da chuva.

Chaque singe sur sa branche.
Cada macaco no seu galho.

Qui ne pleure pas, ne tete pas.
Quem não chora não mama.

Le cobra va fumer.
A cobra vai fumar."

Dos comentários daqui:
Chéri à Paris

Mania de vira-lata


A sério que me irrita alguns brasileiros andarem sempre a criticar o seu país ora porque isto, ora porque aquilo, ora porque tem, ora porque não tem. Se concordo com o governo que está aí, com a corrupção e a falta de vergonha na cara dos políticos? Mas é claro que não! Porém é inegável que apesar de todos os problemas a miséria tem vindo a diminuir, há cada vez mais a expansão da chamada classe C, os antigos pobres e muito disto deveu-se às ajudas como bolsa família, bolsa escola, cotas universitárias, minha casa minha vida, etc. Isto é assistencialismo, dizem uns. Tem que se ensinar a pescar, dizem outros. Concordo, mas é o começo. Respondam-me como se pesca se não há de cara um bom ensino fundamental? Se faltam professores? Se chegam às vezes turmas inteiras com alunos de dez anos analfabetos? Ah que ótimo, damos a vara e o anzol e "te vira"? Como assim? O povo não tem educação, não tem assistência médica e reclamam do dinheiro que se dá para que as mães tirem os filhos da mendicância e frequentem uma escola para ao menos aprender a ler e contar. Que classe é esta que critica? Possivelmente gente que nunca teve que esforçar-se por nada, que os pais deram um duro danado para manter em faculdade privada e que tem o seu carro zero e viagem a Paris em 24x. Ah poupem-me! Como já disse no facebook, até é bom que vão para fora e abram os olhos. Na França há auxílio moradia, auxílio infância, há cursos de graça (obviamente financiados pelo governo) para estrangeiros aprenderem o francês, e muito mais e lá ninguém chama de assistencialismo. Lá ninguém tem vergonha disto. Lá é um Estado Social. Ah... vocês ainda tem muito que correr para curar esta síndrome de vira-lata.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

And the Oscar goes to...mom


Um dia ao falar do desejo que tinha de engravidar, um conhecido disse-me: não te isoles, sério, não faças isto. Na hora fiquei estupefata com o comentário porque não percebia a relevância deste conselho. Não me isole do que? E é como aquelas coisas na vida em que só passando pela situação para entendermos, afinal ser mãe a tempo (quase) inteiro é muito complicado. E arrisco-me a dizer, que é muito mais fácil a mãe que sai para estudar ou trabalhar do que a que fica em casa com seu(s) rebento(s). Isto porque a mãe que sai, respira novos ares, obriga-se a se recompor de noites mal dormidas, coloca uma base e um gloss e uma roupa no mínimo apresentável e ah, muito importante: penteia até o cabelo! A mãe que fica em casa, na minha opinião (que não quer dizer nada de verdades absolutas, não passa do meu ponto de vista), merece uma menção honrosa ou medalhas ou como acontece em Portugal, seu nome no quadro de honra. Geralmente a mãe que fica em casa, passa o dia tentando arranjar maneiras de não enlouquecer, tal como um náufrago com o olhar perdido no horizonte salgado, com a diferença em que neste caso não há tempo para olhar para o mar (ou relógio). As horas ora curtas ora vagarosas quando se aproximam da chegada do pai, a limpeza da casa, o preparo da comida, o cuidado da roupa fariam-se com o pé nas costas se não fossem os filhos. Os berros, as birras, as  fraldas, quando não são fraldas são xixis, mãeee limpa, mãe fome, mãe colo, mãe sede, mãe desenho, mãe dodói... 
A mãe cansa, às vezes grita por dentro senão grita por fora e cansa-se mais. Às vezes o dia passa e ela dá-se conta de que não fez metade das coisas e que ainda por cima mal cuidou de si. Olha para as fotos das amigas sem filhos ou com filhos crescidos muito joviais em jantaradas e pensa na última vez que saiu com uma delas que fosse para tomar um inocente café. 
As mulheres modernas reclamam da vida agitada, de como é difícil conciliar trabalho, cuidados da casa e maternidade e dou-lhes razão. No entanto acho que não se compara emocionalmente falando com as mães  que ficam em casa com filhos pequenos. Porque como disse, o problema está em isolar-se, em deixar-se naufragar em um oceano de fraldas e choros e músicas histéricas de desenhos animados. O problema está em conviver pouco ou quase nada com gente adulta. Está em esquecer-se no desespero das urgências do cotidiano. O problema está em achar que está tudo bem e que ser mãe anula automaticamente todos os papéis anteriores. O problema está em quando finalmente consegue dar uma escapadinha, ficar se martirizando pela má mãe que está sendo por necessitar de momentos longe das crianças. 
Agora entendo a importância de não se isolar. Entendo infelizmente tarde demais, depois de ter passado inclusive por uma depressão. Ser mãe não mudou em 180º a minha vida, não me fez alcançar o nirvana, nem andar sobre brasas. Tenho só um e pretendo continuar assim, porém não deixo de amirar ou às vezes achar loucura vá lá, quem tem mais que um filho e ainda por cima seja mãe a tempo integral. Sério, merecem um Oscar!

Dicionário das ruas #1

Botecar: prática frequente de saídas com destino a botecos (tascas)

Baranga: mulher feia, diz-se daquela que também tem modos rudes.

Embarangar: ato de envelhecer precocemente, mulher de carnes caídas e/ou mal cuidada.

Piriguete: mulher geralmente jovem que usa poucas roupas ou vestimentas chamativas, assim como acessórios espalhafatosos. Diz-se também mulher atiradiça. Vulgo perua.

Baranguete: mistura de baranga com piriguete. Mulher feia que se acha gostosa.

Exemplo de piriguete: Suelen (Ísis Valverde) em Avenida Brail.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Cidades

A minha cidade é feia, já aqui o disse. É feia e me dói admitir porque é quase como dizer isto de um filho ou de alguém que se gosta muito. Ando pelo coração da cidade perdida entre prédios altos e de fachadas decadentes. São como velhos curvados pelo tempo e pelo vento minuano. O centro é uma porção de ruas pousadas em morro e descidas íngremes, uma paisagem cinzenta e viva simultaneamente. Vozes anônimas cantadas, gritadas, resmungadas, adquirem o tom da própria voz da minha cidade. Passam todas elas em coro, ecoam em suas artérias pululantes, alguém vende ouro, alguém quer que eu venda meu cabelo, alguém oferece preços atrativos, alguém anuncia consultas para colocar aparelhos ortodônticos. Daqui a nada começam a anunciar, "ólhó promoção de silicone: prótese 230 ml na hora, na hora!". 
Os ônibus e carros circulam oprimidos em um mar de cabeças. Avançam e cortam obstáculos ao sabor da correnteza. É com uma ponta de desânimo e relutância que junto-me à maré. Faço a minha parte. Faço-me cidade e incorporo concreto e asfalto, de minha pele brotam paralelepípedos, de meus olhos janelas espelhadas. No meu sangue pulsa o Guaíba inteiro, de meu calor, agora o frio. Sou assim, um Porto Alegre cinzento de outono. E ainda dizem que as cidades pertencem às pessoas... não, as cidades é que as tomam para si e faz parte da vida esta inconsciência de que se é coletivo.
 Aos poucos preparo-me para deixá-la outra vez, ela se ressente, sinto-o. Não quer ver ninguém partir. Quer saber se volto e preocupa-se se lá onde vou outra cidade me irá acolher. Digo-lhe que não sei com a incerteza que me é costumeira, não sei de nada, nem do último olhar que lhe vou deitar quando estiver ao céu. Vejo meus punhos cerrados, misturo-me. Já dentro de mim Lisboa eriça-me a pele com as calçadas de calcário e basalto. Duas cidades disputam meu corpo, meu coração. Reviro-me, tenho a alma em carne viva. Meus pensamentos nadam em ruas fantasmas, sem minha história, sem memória de mim. Há o medo que escorrega entre pedras, há um medo aqui dentro, um medo sem fim. 

O bicho papão da solidão

Lembro-me de um dia enquanto estávamos abraçados desfrutando daquele silêncio em que quase não é preciso dizer nada, olhei para ele e sorri. Ele sorriu de volta e perguntou-me se estava gozando com a cara dele. "Não...sabe porque tu nunca vai ser rico?" Não, porque? Porque neste mundo não existe perfeição". Demos risada, e por certo achou que era mais um dos meus exageros, mas falei-lhe com todo o coração. Claro que o marido não é perfeito, mas dentro de seus defeitos consegue ser uma pessoa de convivência muito fácil, não é de discussões, é gentil, ainda é daqueles que abre portas para passar e de deixar a última fatia de queijo para mim. 
Quando olho a situação das amigas mais próximas, sinto um nó no estômago porque sei o quanto elas passam trabalho com as suas relações. Tenho por exemplo duas delas que simplesmente não se separam porque tem medo de estarem sozinhas. Uma porque tem de voltar à sua terra e recomeçar, morar na casa da mãe, procurar emprego, etc... e outra porque apesar de ser independente financeiramente, tem medo de dormir sem ninguém para lhe fazer companhia. Esta última perguntou-me se eu aguentaria o tranco da solidão, antevendo a cara que fazia enquanto contava-me a pseudo-quase-separação. Respondi-lhe que seria muito difícil e que às vezes penso nisto, não como uma situação de divórcio, mas de viuvez. E acho normal que estas coisas me passem pela cabeça por motivos óbvios. Ia ser terrível, mas muito mais porque nos amamos, não por uma situação em que este já não há e resta apenas a insegurança. A isto imagino que o mal já está feito, está presente e não é a forma de um corpo ao lado da cama que prova o contrário. Este vazio, este medo de recomeçar, juntar os cacos da frustração acumulada deu um amor que já partiu ou quiçá nunca houve, é duro, não digo que não seja. Esta mania das minhas amigas também em procurarem homens que agem como filhos colabora para isto. São mulheres desorientadas e com medo do próprio medo, vivem em sombras de momentos felizes porque não conseguem fazer o luto de um casamento. Sinceramente não queria estar no lugar delas, sei das minhas limitações e é por isto que agradeço todos os dias pelo marido que tenho. Ah não é rico nem lindo (já foi muito), não é jovem, mas é um homem bom, e que sabe ser filho, ser pai, amante e homem na medida certa do meu coração.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A minha vida em quatro malas

Já fiz duas malas, nem foi assim tão complicado, algumas coisas separei para doar, outras vou deixar aqui até que alguém possa levar (o que acaba por ser quase esquecer pois não sei quando isto irá acontecer). O Fabian viu-me a fazer a segunda mala, entrou, pulou, tirou coisas de dentro. Ao menos já vai mentalizando para a mudança que vamos fazer outra vez. Afinal elas até que ficaram paradas por estes quatro meses, mas agora está na hora de me mexer que não sou de deixar as coisas para a última hora. 
Esta semana até o dia 1 de agosto o Fabian está de férias e temos feito alguns programas com ele, parque, passeio na serra, shopping porque o tempo às vezes não ajuda muito. Semana que vem vamos ficar uns dias com os meus padrinhos em Gramado, lá tem piscina térmica e ele vai ficar muito tempo entretido. 
Agora que o tempo deu para passar um pouquinho, fico contando os dias, as semanas que faltam, agora dou-me conta que resta um pouco mais de um mês. E parece-me muito irreal como quando desejamos ansiosamente uma coisa e quando estamos prestes a realizar, o sonho fica em um limbo, carece de eventual realidade por muito tempo, talvez mesmo quando estiver sentada no avião, a mim será como se de um sonho não passasse... a vida custou tanto a entrar nos eixos que ainda parece-me truque de ilusionismo aquele bilhete que jaz no meu endereço eletrônico.

Inveja é aquela coisa

que dá quando se olha para a previsão do tempo e enquanto aqui estamos encarangando, um pouco mais para cima está trinta graus.


Enquanto isto aqui no Sul...

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Feliz

A balança mostra 68.800 Kgs, isto considerando que além de perder gordura, tenho aumentado massa muscular, como sempre aliás. E acho que não há alegria maior para uma mulher do que colocar uma roupa e o corpo não lutar para sair pros lados tipo a borda de uma pizza recheada. A primeira meta já está concluída agora a próxima é chegar aos 65.

Marido, te prepara que quem vai entrar carregado na nossa casa és tu!

Nisto sou como os homens

Não sei porque mulheres no geral não gostam de falar a idade e muito menos o peso. Isto é assim, a idade é apenas um número o que vai importar é se a pessoa está envelhecendo bem ou rápido demais. E quanto ao peso acho o mesmo, se estão gordas, estão e isto é notável, não é lá

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Para aqueles que tem blogs antigos

Não ficam sempre com a sensação de que estão comos os velhotes a repetirem histórias? Algumas eu até sei que já contei, mas pelo prazer que dá conto de novo e de novo. Agora tem outras que não sei mesmo, devem ser a repetição dos pensamentos que não foram publicados. Ficaram aqui dentro em repeat e quando saem dão aquela impressão de que já me vi passear por aquelas letras. 

Primeira vez nem sempre precisa ser ruim

Hoje foi a primeira vez que o Fabian pôs os pés em um consultório de dentista. Há tempos vínhamos adiando este encontro fatídico com a cadeira. Sabem, a tal cadeira que mete medo até em alguns adultos. O Fabian tinha tártaro na carreirinha dos dentes inferiores e por mais que escovasse aquilo não saía. É genético, eu também tive por algum tempo e depois passou como mágica. Antes da consulta fiquei fazendo mil filmes na cabeça e todos eles terminavam em choradeira e voltar para casa com o maldito tártaro. Começamos bem quando abri a porta da sala de espera e por todos os lados jaziam brinquedos. Em cima de uma poltrona, ao lado de uma cômoda que deveria abrigar revistas, no balcão da secretária. E pasmei, até um jacaré com a dentadura de vovó e uma escova de dente grudada com velcro estavam lá. O pequeno estusiasmou-se, chegou a largar o seu avião azul, companheiro de tantas viagens de carro. Mas foi depois de conhecer a dentista que nasceu uma pontinha de esperança que aquilo fosse dar certo. Ela entrou toda de avental laranja, dando beijinhos no rosto de nós os três e nos conduziu a sua sala, toda branca e lilás com muita bicharada no meio. O Fabian sentou na cadeira, viu o espelhinho, aquele que sai ar, o que sai água (perdoem-me mas não faço a mínima ideia de como se chama aquilo). Deu risada quando ela passou a mão em frente a luz e esta acendeu e também quando a cadeira subia ou baixava. No entanto, na hora do vamos ver, cadê a paciência do Fabian? Que nada, tivemos que suborná-lo com balões e apito, com uma escova de dente do Bob Esponja, com a historinha do dente do Dudu que havia estragado porque não escovava direito... Mas foi, primeiro deitado comigo na cadeira e depois em pé enquanto segurava três balões e um apito azul. Agora está com os dentes bem ajeitadinhos, só voltamos com indicação para mudar a pasta para com flúor somente depois de aprender a cuspir e para diminuir a chucha. A mãe já saiu desesperada a comprar uma para bebês até 6 meses, dica dada pela dentista para se tornar menos atrativo a sucção. Eu já acho que o melhor é ir com calma, estamos a quase um mês de uma nova e grande mudança. E a chucha tem sido uma fonte de segurança, acho que só vou mexer nisto depois que estivermos mais instalados na nossa casa. A recém ele va fazer três anos e ela disse que o mais preocupante é a partir dos quatro. Ainda temos tempo para se despedir da grande amiga do Fabian (e nossa!)...

Coisas que eu diria ao pessoal da academia

(se não fosse um bicho do mato)

Não corram nem caminhem na esteira com as mãos na dita. Vocês queimam 20% a menos em média de calorias se não estivessem segurando nas barras. Deixem isto para os velhinhos.
Não corram como pinguins com as asas abertas e nos bicos dos pés. Faz mal à coluna. O correto é primeiro colocar o calcanhar no chão e depois as pontas dos pés, as costas não devem acompanhar os quadris, somente o necessário para o movimento, ah e tentem manter  cabeça ereta. Mesmo se passar uma gostosa de legging fluorescente, isto já deu acidentes feios...
Não "aluguem" um aparelho. Não fiquem três minutos e meio descansando ou falando no celular. Infelizmente há quem tenha um treino em que não pare literalmente durante uma hora e quarenta minutos. Sim, por acaso sou eu.
Não me importo de revezar aparelhos, mas não deixem tudo ensopado quando for a minha vez, beleza?
Não gritem como se estivessem no meio de um ato sexual. Uma medida de bom senso que deveria servir para todos: nunca carregue pesos que você não pode suportar sem gemer e nem sem um instrutor ao lado para caso você enfarte não destrua a cara para o velório.
Não coloquem mais carga para aparecer (continuação com a de cima). É muito melhor fazer com menos e fazer certo do que prejudicar músculos e tendões, provocando lesões sérias.
Esta vai principalmente para os homens: caso não saibam, os músculos não crescem entre uma série e outra. Se medirem, os bícepes e os trícepes continuam do mesmo tamanho, isto é tão ridículo quanto me pesar depois de cada agachamento. Não funciona.
E por enquanto é isto.
ass: aquela combina os tênis com os fones de ouvido. 


Nem pensar!!


Já disse marido, não me apareças com violão, guitarra e muito menos bateria para o Fabian! Estou aqui há horas ouvindo o vizinho infernizar meus ouvidos ops, ensaiar e não aguento mais aquela repetição incessante. Tummmm dummm dummm du dum.  Já não chega os teus outros dois serem músicos? Pois acho que por aqui vamos mais para o futebol, há muito mais chances. Paris De Saint Germain ou Lyon? Tu escolhes.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Alguém me explica

O que este cidadão quis dizer com "coçando a bolacha peluda"? E o porquê de ter vindo parar aqui ao blog?

A diferença de idade e o amor

Confesso que acho graça em algumas piadas sobre homens mais velhos e mulheres muito mais jovens, mas fico um pouco triste quando vejo que para além da situação caricata, há pessoas digamos que a maioria delas, que acha impossível haver amor entre este tipo de casal. Tá certo que se vemos alguns exemplos em que o dinheiro e quando digo dinheiro, digo fortunas, está envolvido ou quando há uma situação de projeção na mídia, tais como aquelas atrizes a namorarem com diretores de novela e/ou filmes, ficamos com o pé atrás. Pfff aquilo é só interesse! E pode ser que sim, pode ser que não. Às vezes também pode começar por fama ou dinheiro e acabar em amor. Quem nos via a passear de mãos dadas, eu (na época) uma bela morena de salto alto e roupa curta com um homem que tem a idade para ser meu pai, pensava que estava com ele por interesse. Cheguei a ouvir uns jovens a gritarem do estacionamento: ela só está consigo por causa do seu dinhãiro (sotaque português)! Ou então o próprio senhor da conservatória de Cascais a chamar suas colegas e acusar-me de "caçadora". Enfim, fora os olhares, o julgamento transparente em risos de escárnio por entre as pessoas que passavam por nós. Com o tempo passei a ignorá-los, a fazer-me de idiota perante verdadeiros idiotas. Isto fez-me refletir sobre os meus próprios preconceitos e como parecemos ridículos quando nos comportamos deste modo. 
Na época em que nos conhecemos, meu marido devia uma vela para cada santo, fui eu quem ajudei a arrumar as finanças. Não viajamos, o nosso carro era um fiesta ano 90 (apelidado de caquinho) em que tínhamos que rezar para subir a lomba antes de chegarmos no nosso prédio. Quando o conheci, o marido ainda pagava uma polpuda pensão para os filhos, e apesar de não ter muito dinheiro não queria negar-me nada. Ele disse-me que teve certeza de que não era interesseira no momento em que entramos em uma loja  para comprar um casaco e eu recusei porque achei muito caro. Não queria casaco nenhum, apesar de estar com frio. 
Outra coisa que me irritou muito no princípio, foi os homens acharem que só porque tenho um marido mais velho, qualquer um deles poderia me interessar. Tsc tsc tsc. Também sofri comentários maldosos vindo da própria família a respeito de como vou lidar com a velhice dele, da impotência sexual e outras pérolas que ficaria feio dizer aqui. É chato ter de provar para os outros uma coisa que eles já tem como verdade em suas cabeças. Continuem lá acreditando nisto se os faz felizes que nós aqui sabemos que há amor e é isto que importa.

Bus oxi action multi

Ônibus Vanish: eu apóio!


Tá carente? Pega um ônibus. Pode ser que entre ser esmagada pela largeee lady e a mochila do rapaz de fones faça você sentir-se melhor. Sério, andar de ônibus tem mil e uma utilidades: serve para treinar surf enquanto o motorista brinca que dirige um caminhão de açougue. Dá para treinar um pole dance, já se tem até a platéia com notas de dois reais para por em seu cinto. Podemos aprender coisas novas ouvindo as conversas das pessoas em volta. Hoje por exemplo fiquei sabendo como faço para matar o vilão  de Final Fantasy. Os marombeiros de plantão podem sempre trabalhar os bícepes entre uma freada e outra. Ah e também podemos ter uma sessão de massagem low cost enquanto a pasta do indivíduo que se encontra em pé bate ritmicamente no seu ombro e costas. Lindo! Depois dizem que ser pobre não tem lá suas vantagens! 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Hoje

Passei o dia praticamente de cama: náuseas, intestino frouxo, dor de cabeça. Parece que eu e o Fabian fomos infectados por alguma leve gastroenterite qualquer. Acho até que o mais provável tenha sido ele ter me passado os bichos porque na creche sempre tem alguém assim. Mas quem eu to querendo enganar, sei que tudo é fruto do meu nervosismo e ansiedade... Meu padrasto logo viu que estava doente porque recusar prato de comida e doce uiiii, não é mesmo meu. E muito menos ficar deitada o dia todo. Ao menos me valeu para vasculhar os sites de móveis usados e dar de cara com alguns anúncios interessantes. 
Noite passada tive um sonho esquisito em que estava em uma aula de francês (na França) e que a professora era brasileira. Ainda por cima senta-me um alemão do meu lado para me pedir que traduza a aula para ele. Deve ser trauma de quando nas aulas de estatística, sentava entre uma belga e um italiano e para além de tentar entender aquelas fórmulas, tinha de fazer o papel de tradutora no meu adorável inglês. Bah...esta cabecinha anda às voltas!!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Preocupada


Estou aqui um pouco nervosa...o marido amanhã começa a comprar os armários da cozinha e talvez a geladeira, placa de fogão, forno, etc. O problema é que o marido é um tanto quanto desastrado no que toca a combinar coisas e se ater em detalhes. Tenho aqui todo o meu bom gosto a ser mitigado pelo atropelo "do que é mais prático" e nem sempre o mais prático é o mais bonito. Mas pronto... é cruzar os dedos e esperar... e torcer para não esgoelá-lo quando ver o resultado. 

domingo, 14 de julho de 2013

Daquelas coisas que o Mastercard não paga


Uma amiga da faculdade que não vejo há uns bons anos, enxerga-me entre as mesas da praça de alimentação e faz uma cara de espanto: nossa, tu tá igual!! Fiquei feliz, como é óbvio, eu quase balzaca*, ao ser informada que o tempo quiçá esqueceu-se de mim! Será dos cabelos ainda compridos? Será da minha roupa? Ou dos meus dentes arredondados? Ou será a bondade de sua miopia? Pois, não interessa, que ganhei o dia ganhei. E colocamo-nos a par dos anos que nos separamos, mais precisamente uma década. Agora já lembrei porque estou rouca...





*perto dos trinta

sábado, 13 de julho de 2013

E alguém entende?


Tenho uma amiga de infância no meu facebook que anda constantemente em guerra com o seu marido. O problema nem são as indiretas, mas sim que andam mesmo na porrada (os dois). Ainda há dias o rapaz aparece de olho roxo e ela de braço quebrado. Na outra semana trocam juras de amor e ficam irritados com aqueles que quando estavam machucados tentaram ajudar e/ou aconselhar. Sinceramente não entendo este tipo de amor, porque claramente não é uma situação de imposição e violência apenas por um lado. E ainda mais consternada fico quando a mãe desta amiga oferece-lhe a chance de trabalhar nos EUA com a sua tia, um trabalho em uma creche desta e ela não quer de jeito nenhum. Uma noite sonhei que ele a havia matado por negligência, espero que não seja daqueles sonhos que tenho e tão somente  o reflexo da minha preocupação por ela. Poxa, B. era a minha Barbie que apanhava do marido, não a tua! Ainda sinto que tenho alguma culpa nisto tudo.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Como eu me sinto quando...

por curiosidade ando a cuscar no site da Tap e descubro que ainda havia lugar para um voo dia 6 de agosto por mil reais a menos:
Sem comentários!! Estou fula da vida!!!

Chatos

Uma das profissões mais irritantes é operador de telemarketing. Eu sei, tento me sensibilizar para que estão ali os coitados trabalhando, mas porra, tem horas que dá vontade de repassar eles lá para aquele lugar. Outra coisa que me tira do sério são os cobradores. Aqui eles não infernizam só os que devem, como também aqueles cujo telefone foi dado como "referência" pelo devedor. Aí entramos em um processo coletivo de raiva que no fundo é o que eles querem, pois esta situação serve para pressionarmos o fulano que está com o nome sujo a pagar. Já nem aguento mais estas pessoas ligando para saber se conheço o ....., e algumas chegam a ser até arrogantes como se eu tivesse alguma culpa por isto. Agora vou parar de responder pela milésima vez e vou passar a desligar o telefone, simples assim. Vão catar coquinho!!

Estes novos talentos virtuais




Depois do youtube o mundo musical nunca mais foi o mesmo, não dependemos mais do rádio e tv para chegarem até nossos ouvidos os mais variados artistas. Basta um click e viajamos por mundos ainda não comerciais, inspirados talvez apenas pelo gosto em casar palavras e sentimentos. Foi assim que descobri a Mallu Magalhães alguns anos atrás quando ainda era uma jovem de 16 anos. Agora a Clarice Falcão e o seu cd virtual que não param de tocar em meu pensamento. Também divirto-me com as coreanas a darem um jeito meio romântico ao Gangnam Style. Com a Maria Gadu e seu modo meio Cássia Eller de ser. E   cada estação nos traz uma leva nova de desconhecidos, tenho certeza de que depois da internet só há monomanias para quem quiser!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

É caso para dizer: finalmente!


Temos as passagens na mão!! Saímos daqui dia 27 de agosto, chegamos dia 28 pela manhã em Lisboa. Vamos ficar na casa de um casal amigo recarregando energias e colocando a conversa em dia. Saímos de Portugal no dia 29 e chegamos três horas  depois em Paris, onde o Fernando nos espera. Ficamos o dia e dormimos em Paris para aproveitar o serviço de bagagens do trem. No outro dia seguimos de tgv até Strassbourg em uma viagem de duas horas e meia. Depois pegamos o tram até Schiltgheim e 20 minutos depois mais uma pequena caminhada...ufa! Finalmente em CASA! 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Calhou-me o leão na rifa

Tenho a certeza de que isto começou por culpa do biólogo. Naquele exato momento em que olhou para o microscópio em uma busca metódica pelo melhor nadador. Posso sentir como exitou quando percebeu que ali não havia qualquer concurso de quem nadava melhor, ou de quem chegava mais depressa na borda da placa de petri. Estavam todos boiando ao sabor da maré. O biólogo não se deu por vencido e procurou com mais afinco, deu umas sacudidelas com a pinça e voilà, surgiram dois frenéticos e hiperativos salva-vidas. Acho que foi assim que tudo começou. 
O Fabian não foi um bebê daqueles de dormir a noite toda ou boa parte dela aos dois meses (nem aos doze). Também não foi daqueles que ficam mais de dez minutos em uma espreguiçadeira. O Fabian não foi daqueles bebês que podem ficar brincando ao chão por algum tempo, nem dos mais calmos entre os colegas de creche. O Fabian sempre foi exigente e agitado, fujão e desobediente. Às vezes olho para ele e pergunto-me se fora a casca genética se há algo nele que seja como eu. E não consigo encontrar. Ele é alegre, efusivo, eu era tristonha e calada. Ele não pára um minuto, eu brincava com as corujas de louça da minha madrinha. Ele brinca de empurrões, eu brincava de fazer chá. Ele não suporta estar muito tempo sem um adulto a distraí-lo, eu ficava horas a desenhar e brincar de boneca. Ele disputa para ser o rei do pedaço, eu não gostava e não gosto até hoje de protagonismo. Tão, mas tão diferentes... que se eu acreditasse que a personalidade vem do corpo e não da alma, deixava a culpa toda ao biólogo! Não podia lá o homem pegar um daqueles calminhos? Aprendia a nadar aqui fora, ora bolas.

Fabionices

O Fabian olha para as bananas que estavam separadas por estarem podres e enegrecidas. Toca com o dedo indicador e vê que dali sai uma meleca. 
Fabian vira-se para a minha mãe:
- Vó, feizi pum na manana? 



A educação "realista"

Como já disse, não há certo nem errado, há o que achamos que funciona melhor em nossa rotina. Em um dos emails um pai disse que ensinava o filho a retribuir a agressão com beijinhos e abraços. Sério? Sinto pena desta criança porque eu mesma fui ensinada a não retribuir com tapas e o que estiver mais à mão, o que teve como resultado esta enorme agressividade passiva que trago ainda hoje. Não, para mim nunca deve-se começar uma briga, como diz um ditado aqui do sul: dou um boi para não entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair. Temos de ensinar as crianças a não serem agressivas, mas a saberem defender-se quando necessário. Não é retribuindo com beijinhos e abracinhos que as coisas mudam. Isto é irreal! Que tipo de adulto que este pai está preparando para o mundo? Alguém que vai viver no mundo dos pôneis cor-de-rosa?? Entre elefantes de bolinhas?? Pelamordedeus, não a educação positiva, sim, um grande sim à educação que leva em conta todos os aspetos da essência humana e um deles é a violência. Saber direcioná-la através de um esporte, de atividade artística como é óbvio, mas nunca negá-la e varrê-la para baixo do tapete. o resultado pode ser o oposto.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

domingo, 7 de julho de 2013

A imagem mental


Estou encurralada entre uma onda após outra. A onda é furiosa, um punhado de água com vontade própria. Bate-me nas costas, na cabeça, na barriga. Tento defender-me e quando consigo respirar em uns segundos de sossego, ela ataca novamente. Eu debato-me, as mãos e pés instintivamente, procuro permanecer viva. É isto, trata-se tão e somente de sobrevivência. E nestes momentos quem já passou por isto sabe que a cabeça pouco pensa: quem assume o controle é o corpo. Se fossem apenas as ondas...mas não, de um lado as ondas, do outro as rochas. Sinto-me a afogar em medos, mágoas e desilusões. A raiva de permanecer em um lugar cuja convivência beira o insuportável. A minha inércia ante as ondas, a minha raiva perante elas, inócua, pois dou socos incessantes sem obter qualquer sucesso. As rochas castigam-me com a sua rudeza, e reviro-me contra elas também indignada por não me oferecerem a saída para este pesadelo. Debato-me, protejo-me. E tenho a sensação de que nunca é suficiente. Tudo parece querer derrubar-me ao fundo. A tão sonhada paz e segurança se faz longe, angustia-me a solidão, a exclusão social e linguística. O desconhecido, os desconhecidos. O medo de enclausurar-me entre quatro paredes e andar por ali a construir muros e brincar de fossos e cercos, de ataque e defesa. Quando é que irei parar de procurar a idealidade nas coisas? O futuro brinda-me com duas escolhas: permanecer ou abandonar. Na dúvida convivo com as duas, as ondas e as rochas. E elas vão me minando o juízo aos bocados, deixando-me o corpo cansado e a mente em processo de permanente estado de emergência. Crescer dói. Mudar dói. Amar dói. Perder dói. Pensar dói. Lutar dói. Principalmente quando sente-se o mundo todo a empurrar para uma decisão.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O que fazer?

O que fazer quando já não há paciência, quando lê-se os emails dos pais a relatarem o mesmo com mensagens pouco sutis de que o meu filho é tão e só o único culpado da situação? Dedurar, pois claro! Não sou de fazer isto, mas também não era de chorar na frente de estranhos e bem...a vida tem me feito lidar com as coisas de uma maneira completamente diferente. Reenviei todos os emails para a professora e inclusive liguei para ela para explicar o que estava acontecendo. Disse-lhe que estou muito chateada não só com a questão do meu filho andar batendo nos outros, como também com estes dedos todos apontando para mim. Não me sinto confortável para ir em qualquer tipo de encontro destes, porque não estou para brigar com ninguém e como me conheço, do jeito que estou até a tampa, vou acabar falando o que não devo. Agora, uma coisa que me intriga: só mesmo o meu é o Judas da história? Really? É que estava aqui lembrando que no aniversário uma das meninas mordeu-o e puxou-lhe os cabelos duas vezes e ele não reagiu. Acho que briga de criança é normal, não quero de maneira nenhuma que o Fabian as fomente, no entanto, o que percebo como mãe e como pessoa que já lidou com crianças desta idade, é que geralmente nestas histórias não há um lado só. Ah e também a professora comentou-me que estes pais de repente tão preocupados com o comportamento do meu filho, não comparecem à reunião para falar dos desvios de comportamento dos seus próprios filhos, só a mãe aqui. A chata, a ruim. Pois é...como eu digo, hipocrisia me enoja.

E quando o nosso filho é o bullying?

Esta é uma questão que me aflige, tenho quase diariamente nestas últimas semanas recebido carta na agenda ou recado direto da professora sobre o Fabian estar batendo nos amiguinhos. Há alguns em que a situação ocorre com mais frequência pois são aqueles que como o meu filho são os mais teimosos em emprestar determinado brinquedo. Ainda esta segunda, recebi um aviso dizendo que ele bateu em uma colega com um pedaço de toco que eles tem para brincar na sala. Não sei como reagir, falo e explico exaustivamente que isto não se faz, que não se bate nos amiguinhos salvo em situações que precise se defender. Mas ensino-lhe a nunca começar uma briga, que devem emprestar seus brinquedos, etc etc. Mas eu sei no fundo que o Fabian anda em ebulição tal como eu. Angustiado, com raiva e inseguro. E pergunto-me, se é certo que devo ter mais paciência e tentar na medida do possível amenizar esta turbulência, mas como conseguir se eu mesma não encontro meu ponto de equílibrio? Às vezes tenho muita raiva entalada aqui dentro e fico pensando, aliás agora mesmo pensei sobre isto enquanto li o conjunto de emails de pais relatando os casos de agressão e deixando subentendido que o meu filho é o único causador desta. Fico com raiva porque lá falam da família e mimimi que não lhes falta nada, que tem suas casas, suas vidas estruturadas e grana claro, porque para colocar um filho naquela escola! Ninguém esteve nem perto da nossa situação, de estar AINDA sem lugar para viver, sem as suas coisas, de estar longe do pai por meses a fio. Ontem tive uma reunião com a coordenadora pedagógica e a professora e debulhei-me em lágrimas quando a última me contou, que quando algum pai vem buscar o filho, o Fabian sai correndo, abraça e dá beijinhos e chama de titio. Além de falar muito no pai, que tá longe, que tá lá na "Fança". Eu sei que isto não desculpa nada ou talvez sim, mas pronto, é o que sinto. Raiva de quem nem sabe o que é viver isto, tá lá com o cu bem confortável a ensinar sobre amor para os seus filhos. Ninguém diz para eles que o amor não é garantido, que o amor vai embora e que o amor não pode dar colo pelo computador. Raiva. Não sei como gerir isto. Insegurança. Não sei como desatar este nó. Falar, não sei quem merece escutar e quem sabe escutar. 
Dizem que o tempo resolve, mas o tempo  também é o culpado por não dar licença para minha impaciência passar...

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Me tira do sério

Aqui.


Porque este privilégio é para pouquissímas? Tenho a impressão  que só as magras de ruim conseguem este feito, uma mulher de peso normal (ou seja nem magra nem gorda), talvez demore praí de três a quatro meses a retornar ao seu corpo. Embora a flacidez muscular do abdomen permaneça durante mais alguns meses. Pior que isto só a cantora Cláudia Leite que saiu da maternidade com a barriga tanquinho como se nem tivesse estado grávida. Sério, nem um leve inchaço a dita teve. Isto é coisa para me fazer soltar imprompérios!!! 
Faz-me pensar em uma cena (se acreditasse na Bíblia): Deus criou as mulheres. Davam-se todas muito bem. Depois Deus coçou bem a barbicha, estendeu o indicador...e criou as magras. Pronto, nasceu a inveja feminina!


Gostaria que tu tivesses êxito amigo

Ao ter procurado no google e ter dado com os costados aqui no blog:
"relato verídicos (sic) de quem ganhou o euromilhões"
Infelizmente te enganaste, aqui somos pobres de marré marré marré.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

ODEIO anos 80!



Principalmente quando se acorda com esta música na cabeça e a tenebrosa imagem de bem...senhoras muito avantajadas a dançar com guarda chuvas: It's raining men, Aleluia!


Porque meu Deus, porque???

Vender a alma

Para quando um workshop  ministrado pelos políticos suecos?

É muita ingenuidade pensar que quem está no poder não precisou para chegar lá pisar no seu orgulho, na sua sensatez, isto considerando que a pessoa em causa tivesse alguma. Não quero defender os políticos, mas quem quiser olhar atentamente para a transformação que passam nossos representantes vai entender. De repente lida-se com milhares de reais nas mãos, tem-se imensos privilégios, desde auxílio alimentação, transporte, alojamento, etc. Como se não bastasse receber mais de vinte mil reais por mês para trabalhar três dias por semana. Mas vá, digamos que o João do Bairro seja honesto, seja um cara que quer realmente mudar a realidade dos brasileiros, principalmente se estes brasileiros são pobres como ele. O João é eleito e de repente começa a entender como funciona a política. É favorzinho para cá, favorzinho para lá. Se quiser realmente que o seu projeto avance, tem de ter aliados e isto às vezes significa ir vendendo sua índole aos poucos. Quem tenta andar na linha, tem sua vida vasculhada, o menor delito descoberto e usado como modo de calar a boca. Porque francamente, todo mundo tem rabo preso em qualquer setor da vida. Aí o João vai se acabrunhando e tem uma encruzilhada à frente: ou dança conforme a música ou sai da política. Simples assim. E infelizmente isto tem criado a consciência eleitoral de votar no menos pior, na esperança de que este mesmo que venda sua alma a saldos, faça alguma coisa por quem está aqui embaixo. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Gaúcho: o povo mais europeu do Brasil

É um fato, se percorrermos este país de cabo a rabo vamos encontrar muitas diferenças, mas nenhuma supera o abismo que há entre o Brasil e o "país de baixo". Não, não quero ser bairrista, mas a verdade é que o clima frio deixa as pessoas mais sisudas, formais. Estava falando com a mãe de uma colega do Fabian, quando percebi a sua pronúncia acentuada. Perguntei: é do nordeste? E ela disse que sim, era da Bahia. Pusemo-nos a falar da sua adaptação nestes oito anos que mora nas terras gaudérias (gaudérias com U, aqui isto não quer dizer puta, estamos entendidos?). O sorriso que agora trazia denunciava o desespero que foram os primeiros tempos. Quer dizer, para quem nunca passou por isto é realmente imperceptível, mas eu sei do que ela falava. A leveza com que o baiano leva a vida, o seu modo informal e carinhoso de tratar as pessoas, eu mesma vi quando passei o carnaval lá, já lá vão alguns anos. Ela descreveu-se a entrar em um consultório a sorrir e penguntar se poderia falar com o médico (é representante de remédio), falou-me da frieza das secretárias, da secura das nossas gentes. E não me ofendo. Apesar das pessoas serem educadas, nunca chamarão de minha linda, de meu nego em um local de trabalho. E isto não quer dizer que estamos certos e eles errados, é apenas uma questão cultural. Falei para ela do quanto foi difícil minha adaptação em Portugal, do quanto chorei por me sentir extremamente só naqueles dias. Da secura das pessoas que me agredia quase me fazendo crer que era eu o problema de seu mau humor. Imagino o abismo que sentiria ela no meu lugar. Sorrimos cúmplices, entre mortos e feridos salvaram-se todos. Quando digo que nos acostumamos com tudo nesta vida, é verdade, passamos a respeitar e entender o diferente. O caminho que leva a isto varia, mas geralmente faz-se longo e só. 
Somos o que mais próximo há de europeu no Brasil. Acolhemos alemães, portugueses, italianos, japoneses, ucranianos, espanhóis, etc. E talvez neste caldeirão todo há ainda uma certa geada que demora a derreter. Nosso sorriso não é tão fácil, nossas amizades não são tão rápidas, nossa casa não está tão rapidamente aberta como está talvez a de um baiano que sequer a fecha. Mas uma coisa é certa: quando nos conquistam,   tem amigos para a vida toda. 

O que a seca faz com as pessoas

Eu: leio motel de tv ao invés de móvel de tv na nossa planilha.
Marido: Estou com uma música na cabeça... "fui convidado pra uma tal de suruba, não pude ir Maria foi no meu lugar".

Status do dia

"Nem vem de garfo que hoje é dia de sopa."

Daqui.

Nós por cá, nós por lá


Fábio Porchat com a NET e eu com a CGD! A única diferença é que enquanto ele passa por vários rodeios e chega a lugar nenhum, eu passo (quando passo) por um funcionário apenas, também acabo por chegar em lugar algum. Ah péra, tem outra diferença: a conta do fim do mês, porque chamada internacional é PHODA.

Um brinde à incompetência

A Caixa Geral de Depósitos cortou-me o acesso à Caixa Directa sem mais nem menos. Sem nenhuma explicação, sem nenhum motivo que possa ter levado a isto, sem dívidas nem pedido do governo. Após tentar falar por três dias consecutivos em que o telefone chamava em exaustão, consigo falar com uma funcionária que aleluia, se digna a tentar resolver o meu problema. Diz ela que me mandaria um mail porque para ligar há toda uma burocracia e que assim seria mais fácil e rápido. Esperei...esperei...esperei. Hoje resolvi em um ato de sadomasoquismo ligar novamente para a minha agência. Novamente gasto as teclas do telefone. Novamente ouço a chamada, o tuuuuu...tuuuuuu....tuuuuu até cair. Repito dez vezes. Respiro, respiro fundo e tento outra vez. Até que finalmente falo com primeira funcionária que havia me repassado a ligação da outra vez. Ouço 15 minutos de música instrumental. Desconfio que no inferno toque música instrumental. E pronto, a criatura me deixa pendurada por mais dez minutos e diz para ligar dali um quarto de hora quando provavelmente estão todos saindo de fininho para casa. Em que ficamos? A agência NÃO atende. O atendimento ao cliente NÃO me ajuda, eu NÃO posso pegar um avião e ir pessoalmente xingar esta gente e continuo sem acesso a minha conta. Santa incompetência Batman. Ou há gente a mais ou há gente séria a menos. De qualquer forma, quem faz um mau trabalho não deveria ocupar espaço daqueles que estão loucos por uma oportunidade. Just saying.
Aguardo os próximos capítulos desta novela lusitana.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Dizem que



Nasci no verão. Nunca nenhum dia em que me lembre, choveu no meu aniversário. E isto podia dizer muita coisa e ao mesmo tempo não dizer nada. Sei que não sou uma pessoa ensolarada, de janelas abertas à brisa de verão. E talvez seja porque tenho carência de calor, que necessito sofregamente de todos os raios que o sol aqui depositar. Preciso de dias longos, de noites quentes, de praia, de mar ou piscina. Preciso das cores dos outros. Dizem que gostamos mais da estação em que nascemos, não sei, pode ser mais uma superstição cheia do rigor aprovativo do povo, mas comigo ao menos deu certo. Eu gosto é do verão. No inverno murcho... caem-me as esperanças no chão e fico a olhá-las amareladas e tristes, sinto-me nua. Fujo da rua e de qualquer desproteção. Vejo meus galhos quebradiços e dou-me conta do quanto me dobro quando o vento me castiga. A espera...inverno é espera. Alguns dormem esperando. Eu não, fico solenemente à espera dos brotos de uma  vontade indomável de ser feliz. 

Garoto de sorte

O Fabian não sabe contar. Não é novidade, porque poucas crianças com menos de três anos o sabem, na verdade o que fazem é decorar números, contar é bem mais complexo do que isto. Mas o Fabian também não decorou ainda os algarismos de 1 a 10. Faz a sua própria ordem que começa pelo três e termina...também no três ou em uma mistura de três e treze. O incrível nisto é que a forma com que "conta" tem valido para o marido uns bons euritos quando joga no Euromilhões. Da última vez ganhou 42 euros, sempre apostando nos mesmos  e neste momento escuto o avô a colocar o neto para colorir os números da cartela da loteria, na esperança que também traga-lhe sorte. Fabian, seria muito pedir além dos números, as estrelas todas? Prometemos que tu ganhas o carro do Comain* de aniversário! Que achas?


*Mcqueen

Me divirto


Gosto muito de olhar postagens indignadas a falar de corrupção, de superfaturamento, de mensalão do Pt, etc. Gosto principalmente porque lembro-me assim por alto de um dos meus parentes ter tido um cargo de confiança: para efeitos de contabilidade recebia 6000 reais, mas na prática recebia apenas 2000. O resto era reembolsado pelo político. Agora intriga-me, se sabia disto tudo porque concordou? Porque não procurou outro emprego e até denunciou esta pessoa? 
Outro conhecido vivia falando do jeitinho brasileiro (olha que Deus o tenha ou não), do Pt, das falcatruas deste país, difícil acreditar que esta mesma pessoa de tão boa índole tenha feito milhentos empréstimos e não tenha pago nenhum. 
Uma outra parente foi nomeada para uma junta que julga os processos das pessoas que recorrem pelas multas de trânsito, está a mais de dez anos nesta função, sendo que foi nomeada pelo marido, então chefe de um dos órgãos competentes. E esta mesma parente fala que é a favor de retirar as regalias dos políticos, inclusive daqueles que beneficiam familiares. Jura? Se eu bebesse, poderia agora saborear tudo ao gosto de um bom vinho, com os dentes e lábios avermelhados de gozo.
É engraçado também pensar em uma parente do marido que fala, fala, fala mal do Brasil e no entanto irá receber quando a mãe morrer a pensão do pai militar (que convenhamos é um baita de um privilégio por não ter feito absolutamente nada). Ah, mas peraí, só quem pode receber são filhas solteiras. E ela é casada. Acredito que vai esclarecer este equívoco e abrir mão desta polpuda pensão. Gosto de acreditar na bondade inata das pessoas (só que não).
As pessoas acham que o problema está em Brasília. Não está. Está muito aquém disto, Brasília é só a ponta do iceberg. O problema está nesta mania de querermos levar vantagem, se for para o nosso bem que mal tem? O problema está em 200 milhões pensarem assim ao mesmo tempo. Não dá certo, é como as pessoas do metrô que não querem deixar os que já estão lá dentro sair. Fica todo mundo embolado e perdido no meio de seu egoísmo. E digo isto porque sou anjo? De maneira nenhuma. Já tive a minha quota de mesquinhez, mas uma coisa é certa, olhar para o nosso rabo é a melhor maneira de mudar.


Tap, sua danada!!!

O marido quando foi para a França a passagem custava 2700 reais (só de ida), isto em março. Agora explique-me porque este mesmo percurso se encontra à venda por 3657 reais? Quatro meses depois, um aumento de mais de 900 reais! E ainda dizem que no Brasil a inflação está galopante (com certeza que está, mas a Tap bem podia ficar fora disto)!

Talvez seja a primeira vez

que vemos portugueses em peso torcendo para o Brasil. Ok eu entendo, torço também com todo o meu fervor para  Portugal quando este jogar contra a Argentina.