sexta-feira, 13 de julho de 2018

Passado

Tenho um medo danado de procurar gente que eu nunca mais vi nas redes sociais. Acho que fica melhor deixa-los como fantasmas pairando na memoria com aquele filtro amarelado do instagram. Medo da decepção. De descobrir que o José Mário, o preferido dos meus quatro amores da quarta série, se transformou em um trintão careca, meio barrigudo e que escreve #bolsonaro2018 a cada post. De descobrir que a Ana Carolina, amiga de tantas brincadeiras de boneca, culpabiliza as mulheres e paga biscoito para macho, ou posta fotos de biquini e salmos. No fundo tenho medo que os personagens da minha infância tenham se tornado tudo aquilo que eu mais detesto. Gente sem empatia e que resume qualquer discussão a mimimi. Mas eu tenho amigos coxas, tenho familiares que são a própria caricatura da direita. A diferença é que mal ou bem eu aprendi a gostar destas pessoas apesar de serem o que elas são. Sei que existe um mundo além das farpas atiradas no facebook, mundo este que não se contextualiza sozinho e que demorou anos para se formar. Colocar uma pessoa destas de para-quedas diante dos olhos, é apenas etiqueta-la. E frente a isso eu prefiro mantê-la aqui dentro, longe do tempo e de tudo que possa destruir o carinho que tenho por ela.

2 comentários:

  1. Concordo totalmente !

    E "sinto tua dor"...


    Praticamente passei a mesma coisa com uma ex-colega,
    aliás, isso também no mesmo passado (ou seja, na época deste post).


    Sobre a direita, menos mal que os fatos comigo são com completos desconhecidos...


    Até breve (tentarei voltar); abração !

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