quinta-feira, 26 de julho de 2018

Sobre identidade e nacionalidade

A noticia é velha, a França ganhou a copa. Não foi a África, ou foi? Estava falando anda hoje sobre isso com o marido e a resposta dele era que estava quente demais para filosofar. Vou te contar, esse corta tesão é o pior de todos (ainda bem que tenho o blog). Para mim existe duas coisas distintas: uma se refere ao que esta na lei e a outra tem a ver com identidade, muito mais subjetiva e complexa. Ora bem, meu filho é português, nasceu em Portugal quando tanto eu como o marido tínhamos adquirido nacionalidade portuguesa. Perante à lei ele é tão português como qualquer cidadão que nunca tenha posto os pés fora de Portugal. Mas ele não é português de "verdade" embora o politicamente correto queira afirmar. Ele não tem sotaque português, ele é filho de brasileiros criado na França. Um filho de imigrante africano, árabe que seja, não é francês de verdade no quesito identidade, não há aqui paninhos quentes e isso se deve por uma porção de fatores, seja porque não é branco; porque em suas relações mais próximas só se comunicam na língua materna; seja por toda a diversidade cultural em que foi inserido desde que nasceu, a qual tem importância maior do que a francesa. A isso, no caso especifico francês, se soma ao limbo com que foram criados no qual filhos de estrangeiros, ainda que legalizados, só podem reivindicar a nacionalidade aos 18 anos, depois de terem passado por um período mínimo de cinco anos frequentando o ensino francês (contagem a partir dos treze anos e não dos primeiros anos escolares). Isto resulta que nem o filho de imigrante se sente francês, nem os franceses o classificam como tal. Ah mas dizer isso é ser racista, não existe mais essa historia de "francês verdadeiro". Não é bem isso, uma família que esteja há umas cinco gerações vivendo aqui veio se "afrancesando" pelo caminho, seus costumes foram se misturando aos franceses, afinal é isto que torna esse pais multicultural. Imigrantes que ganham a nacionalidade ou filhos diretos de imigrantes não se veem como franceses legitimos e não da para jogar a culpa somente na xenofobia e esquecer toda sua herança genética fortemente ligada ao legado cultural,  e que estas baseiam o sentimento de pertencença a um determinado grupo social. 
O Problema das pessoas é considerar os jogadores franceses quando ganham a copa, porém aqueles que na comemoração do titulo destruíram Paris, são por sua vez, imigrantes. Assim, a legitimação é sempre ligada à fatores externos: o que nos traz orgulho faz parte de nos, para todo o resto, ignoramos. Como aquela historia de que falamos "brasileiro", no entanto se o Brasil faz qualquer coisa para promover a língua portuguesa, ai já falamos português. 
Quem venceu a copa? So sei que não foi a Alemanha!

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