Já devo ter mencionado aqui o quanto minha mãe é ansiosa...mas ultimamente tem me deixado louca, tipo tortura chinesa. Antes era o refrão: tu não tem leite. Tem leite? Tem certeza que tem leite? Este menino tá com fome, porque não dá uma mamadeira?
Agora mudou para: tem que aferventar os bicos, tem que lavar as mãozinhas dele toda hora para não dar sapinho. Este carrinho é muito grande e inseguro. Porque não arranjam um menor, mais prático?
Eu só respiro, lembra de respirar, Jeanyne. E quando vejo estou com o peito inflado, a minha cara deve ser muito amistosa, mas não falo nada. A minha mãe vem de um processo de recuperação de leucemia, pelo que não posso ficar batendo de frente toda hora, mas eu acho que se não quiser ficar louca (de vez), preciso ter uma conversa com ela.
Quando era bebê, minha vó contava que tudo era esterelizado, aferventado, a minha banheira recebia álcool toda vez que ia tomar banho. A minha roupa era fervida e passada à ferro bem quente, eu era uma boneca de louça. Não consigo ser assim tão ansiosa. Aliás, eu fico sofrendo toda vez que a mãe me cobra o porque disto ou daquilo e parece que quer dizer que se eu não fizer tal coisa o mundo vai acabar e no juízo final, vou ser considerada a pior mãe do mundo. Por favor!
Eu não podia chorar que ela vinha correndo no mesmo segundo, e agora ela faz o mesmo com o neto. O Fabian não pode nem resmungar que ela vem gritando (gritando!) musiquinhas e palminhas de São Tomé. Faz duas noites que a criança simplesmente não dorme e não me deixa dormir. E coincidência: faz dois dinhas que a minha mãe chegou de um retiro de uma semana.
Ontem eu podia ter conversado com ela no parque, ficamos em silêncio e estávamos só nós três. Eu podia ter falado, mas, sou tão, mas tão "delicada" quando falo que preferi ficar quieta. Vou ter que treinar no espelho...