quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Lar?

E chegamos mais uma vez no Brasil. Embora desta vez não tenha tido muita vontade de vir, acredito que já esteja mais acostumada com Portugal e por vezes tenha apenas uma breve saudade daqui. É estranho como com o tempo passamos a ser estrangeiros em nosso  próprio país, ficamos lá pelo meio, quase apátridas, como se não nos encaixássemos em lugar algum. Uma hora preferimos nosso país, exaltamo-nos quando alguém "cospe no prato que comeu", ora nos vemos aconchegados em nossa casinha, em meio as nossas coisas, andando pelas ruas que já nos são familiares. Já conseguimos ver o que há de bom em cada lugar e o que não gostamos também, e ficamos muitas vezes perplexos com a nossa necessidade de querer juntar as duas realidades e só o lado bom de cada uma. 
Não entendo as pessoas que não gostam do seu país, a menos que haja alguma razão para tal, como ter passado por situações humilhantes  ou ter vivido em extrema pobreza. Eu gosto de onde vim, não tenho vergonha de ser brasileira, nem de falar como eu falo, como o gaúcho fala: o tu e o verbo em terceira pessoa. Embora muitas vezes seja desafiador ser o diferente em um grande grupo. 

Como um signo terra que sou é natural que seja uma pessoa de criar raízes, de querer estar na minha terra e estar sempre em busca de segurança, de chão. Foi muito difícil me adaptar em Portugal, mas agora não me vejo morando em outro lugar. A minha mãe torce muito para que voltássemos, que o Fernando arrumasse um emprego por aqui, mas quando imagino a situação, sinto uma coisa estranha. Não é que não me adaptasse,  a verdade é que o ser humano adapta-se com tudo de bom e de mal nesta vida. Porém, acho que Portugal já entranhou-se em meu coração, assim como uma árvore vai tomando a casa com suas raízes, levantando alicerces e fazendo-se notar, modificando a construção. Dizem que lar é onde mora o coração, não é? Pois o meu está mais tranquilo agora, lá algures sobre Cascais, onde há uma lareira que nunca acendemos, um cachorro chato, mas feliz, brinquedos e mais brinquedos espalhados. E por aqui, a saudade é vivida, qual como se de uma recordação se tratasse, como se fosse um sonho. A impressão é que quando acordar estarei em casa. na minha casa de onde nunca saí.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Não entendo aquelas pais que não publicam fotos dos filhos. Acho paranóia, sei lá. Uma coisa é não querer por em um blog público, outra é nem sequer vê-los em uma ambiente controlado em que apenas pessoas da amizades dos pais podem ter acesso. Um coisa é não por fotos de uma criança em ambiente de banho, mostrando os genitais, de maneira a preservá-la. Agora juro que não entendo quem tire fotos das crianças de costas, ou corte cabeças ou simplesmente não a publiquem de modo algum. Dois pensamentos que me vem à cabeça: ou o seu filho é feio que é um raio, ou você acha que vou fazer mal uso da foto do seu filho. Please...ri-dí-cu-lo.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Natal de 2010 e Natal de 2011. Estou muito feliz!!!

Eu no divã

Durante uns bons anos da minha vida tinha um sonho recorrente. Estava dirigindo um carro fugindo de alguém e nunca tinha carteira de motorista, daí eu ter muito medo de ser vista. Às vezes o medo nem era assim tão grande, mas a sensação de frio na barriga não me largava. Há algumas semanas inscrevi-me numa auto escola e na mesma noite sonhei que estava aprendendo a dirigir. Não fosse por eu já ter feito 2 vezes a prova de condução e não ter passado, não veria qualquer drama nestes sonhos. Mas a verdade é que eles estavam entalados no meu subconsciente como se fosse a prova do meu fracasso. Sempre tive medo de dirigir. Lembro-me das primeiras aulas no inverno em que deixava o banco completamente encharcado de suor. E tinha um professor que me deixava ainda mais nervosa, gritava, se passava com os meus erros e eu cada vez mais aterrorizada no volante.
Depois de rodar na primeira prova, lá fui  eu tentar de novo. Fiz novas aulas em outra escola, desta vez com um professor mais calmo e que me rendeu uma quase, mas quase aprovação no exame. Ainda hoje acho que foi pura sacanagem ter rodado já nos últimos momentos e sem ter cometido qualquer erro. Foi porque eu avancei num cruzamento em que o outro carro vinha mesmo muito longe e devagar (visto que era um carro de auto escola também), havia tempo de sobra para passar e o examinador pisou no freio de mão o que me desclassificou na hora. Fiquei com tanta raiva que saí dali chorando. Tinha chegado tão, mas tão perto e...puf aquele homem me tirou a carteira das mãos. 
Agora tenho a oportunidade de recomeçar, no entanto ainda não fui em nenhuma aula por estar mais preocupada agora com as provas. Mas na semana que vem espero começar as aulas de código e ahhh vou voltar ao meu terror sim senhora. Preciso enfrentar este medo, pois agora com o Fabian estou comendo o pão que o diabo amassou, tendo que ir de trem, subir escadas com ele e com o carrinho, demorando 1 hora quando em 15 minutos ia e voltava. Para não falar no frio ou quando chove...
Dirigir para mim não é apenas dirigir um carro. Acho que é muito mais. Está ligado com um aspeto mais profundo da minha vida, está ligado com a minha crença de que não consigo ser independente, de que não consigo assumir minha vida, dirigí-la, ter o meu próprio dinheiro, uma carreira...
Dirigir para mim é um ponto crucial nesta etapa na qual me propus de me conhecer, aceitar e mudar o que me for possível. Espero que quando conseguir ultrapassar estes medos, eu seja mais capaz de ajudar outras pessoas que venham a ser meus pacientes ou não.