sábado, 4 de maio de 2013

Relógio sem bateria


Ando sem tempo
não sei se fui eu que o perdi ou ele que me quis perder
ando sem tempo
sem hora nem minutos
com os segundos todos espalhados ao chão
não dou-me ao trabalho de juntá-los
nunca o fiz e não vai ser agora que irei começar
ando sem tempo e ando leve
às vezes pego o tempo emprestado dos outros
porque a vida não é só olhar a sombra que o sol desenha
e a andar sem tempo
tenho aprendido a deixar as coisas no seu tempo
tenho me desprendido do tempo
mas ainda guardo o medo de que ele passe e deixe-me só
leve as pessoas que amo, leve o mundo afora
deixando-me leve do que me importa
até que ele mesmo caia no esquecimento
que ele e também eu não passemos de memórias
de alguém que levou o tempo que era para mim.

*À propósito, vou buscá-lo amanhã.

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