segunda-feira, 3 de junho de 2013

A ti

Tenho saudades de Portugal, da minha casinha, do clima, daqueles verões perfeitos de dias de sol após dias de sol. Tenho saudade dos vizinhos, até da voz anasalada da E. e das suas brigas com o seu filho B. Da vizinha estressada da frente, do casal de velhinhos simpáticos de cima. Tenho saudades de morar perto do mar, de vê-lo em tons safira a despejar uma onda após outra, a bater mansamente nas pedras ou a entornar o caldo por cima das barras de proteção. Tenho saudades das pipocas do cinema Lusomundo, como sempre tinham de ser doces e em tamanho médio. Do sorvete Fagoletto sabor arroz doce e coco, do cachorro quente de Cascais de chili com queijo emental. Tenho saudades do sotaque português, do preço acessível ao impulso para  roupas e sapatos. Tenho saudades de buscar o Fabian na escolinha e encontrar as educadoras felizes (e cansadas) com uma tabela que me informava quantas vezes ele tinha feito cocô. Tenho saudade de quando os meus problemas se resumiam em cocôs. Do ginásio do ex-fisioculturista Manel (não vou dizer academia desta vez), em que vi derreterem 16 quilos em pouco mais de sete meses. Tenho saudades dos amigos que deixei, da minha amiga S, minha mineirinha, o coração que mais me adoçou neste tempo. Do casal R. e M. que sempre encontravam motivos para tirar estes bruxos de casa. Da festa dos santos populares, das festas de verão de S. Domingos de Rana, dos algodões doce e churros que comi. Da minha coelha Fuinha que me acompanhou nestes quase seis anos, da minha faculdade, de alguns colegas, de ter prazos de estudo. Tenho saudades do Oceanário e do zoô, do zelo geral das pessoas pelas crianças (e claro pelo meu filho). Tenho saudade ao perceber que este ciclo fechou-se e com certeza aprendi muito. Foi em Portugal que tornei-me mulher, que casei-me, que vivi os melhores (e os piores) momentos com o Fernando. Agradeço por tudo, até pelas lições amargas, muitas talvez devido à minha própria inflexibilidade para com a vida... 
Pretendo voltar um dia para sentir sem pressa aquele mar, aquela gente, aquele sol sem fim. Espero que este novo ciclo traga-me outros aprendizados, faça-me crescer, evoluir. Depois de Portugal percebo que nada é para sempre, cada vez mais vejo urgência em buscar uma segurança interna, pois que mudam as paisagens, mas esta é a "casa" que nunca deixamos para trás.
Portugal, um até logo, porque adeus ainda me parece definitivo demais.

5 comentários:

  1. Ora bem... "Não se pode ter tudo", é o que dizem. Se estamos aqui, queremos estar aí e vice-versa. Vai-se lá entender tudo isso. As experiências vão sempre conosco, é o que vale :) E, claro, podemos sempre voltar.

    Beijinhos, entendo-te perfeitamente.

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  2. Beeem! Fiquei emocionada e, simultaneamente, nostálgica. Percebo e sinto, exactamente, o mesmo. Vivi em Lisboa nos últimos 7 anos e, todos os dias sinto a falta das pessoas, dos cheiros, do chiado (leia-se das lojas), do rio tejo, das praias da linha e, sobretudo, dos santos populares, até porque as comemorações estão aí à porta. Apetecia-me tanto uma sardinha com uma salada de pimento. Yammmyyyy!

    De resto, só queria deixar os meus votos de muito boa sorte para o teu futuro e, para o ciclo que começará em breve.

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  3. É verdade meninas, ainda mais que já tinha me adaptado a Portugal, custou ter de deixar tudo pra trás...
    Beijinhos

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  4. Volta Bonitinha. Nós recebemos-te de braços abertos...agora fiquei assim emocionada....beijinho!!

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  5. Mamã, volto sim, quero fazer uma escala prolongada em Lisboa (chego pela manhã e saio no outro dia bem cedo com destino a Paris). Vai dar para respirar um pouquinho o ar de Lisboa e rever amigos!
    beijinhos

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