sábado, 21 de julho de 2012

Filho e aplicação na poupança

E ontem fiquei sabendo que a minha tia aos 45 anos está grávida do terceiro filho. Não é só a idade, não é só pela terceira cesariana que vai ter de fazer, não é só pelos quilos que não venceu das outras gravidezes. Não, não e não. É que não cabe na minha cabeça uma decisão destas, não hoje que é tão difícil se educar um filho. Acho uma tremenda irresponsabilidade as pessoas que tem mais de dois filhos. Sabem quanto custa uma creche em horário integral? Mil e duzentos reais, por aí. Sabem quanto custa o pacote de fralda da Mônica (a que entre as melhorzinhas é a mais barata)? Quarenta e cinco reais na promoção, 54 fraldas. E roupas? E calçados? É que aqui no Brasil não posso me dar ao luxo de por em uma escola pública, ou creche pública. Aqui estas coisas são só para pobres mesmo. Os prédios degradados, os profissionais nem sempre com formação, etc, etc. O Brasil é imenso, não é Portugal. Não existe tanta fiscalização, nem centro paroquial, nem nada. É do 8 ou 80. É por isto que ou os pais pensam "vou dar uma boa educação pro meu filho" ou "foda-se, vai se criar no público". E seja o que Deus quiser.
Hoje para ter três filhos ou se é muito rico ou se é muito maluco, sério, pirado na batatinha. Nem falo pela questão de gostar de crianças...isto é uma questão como disse, de gosto. Porque o bebê rechonchudo cresce, perde a graça, vira criança, adolescente depois. E o tempo passou, as rugas vieram, a barriga caiu e encheu de estria. Mas não faz mal porque tudo valeu a pena... Bahhhh não vou nesta história. Egoísta? Sim, com muito orgulho. Sou só eu que quero meu filho numa boa escola? Que quero meu corpinho em forma? Tempo com o meu marido? Que quero viajar e viajar? Pois...só digo uma coisa: criança cresce e envelhece. E empobrece o bolso e enche de lembranças das coisas que não se pôde fazer. Porque desde que nasce criança é 5% de alegria, os outros 95% é incomodação, é despesa, é noite mal dormida, é namoro e sexo nem ver. É. Não vai atrás de história da fulaninha que diz que filho não muda a vida da gente se a pessoa não quer. Ah, se a fulana for rica, tiver babá, pode continuar saindo à noite com o "namorido", mas se a fulana é normal com eu e a maioria da população deste mundo...a fulaninha deve estar mentindo para você. Porque filho muda tudo. Agora é uma escolha se as pessoas acham que estes 5% compensa o resto ou se querem doar pelo menos vinte anos de suas vidas. Acho que as pessoas se iludem muito, agem como se filho fosse aplicação de banco: vou gastar, vou me doar tanto por cento ao ano e depois quando ficar velhinho vou ter alguém que cuide de mim. Pois já sou mais realista: filho é um investimento de risco. E à partida a única coisa que se sabe é a forma como vais lidar com isto pelos próximos anos. Eu já fiz a minha escolha. Meu filho vai ser filho único e ponto. Traumatizado por não ter um irmão? Vamos ver se ele não vai me agradecer por ter um bom curso de inglês, viagem de intercâmbio, bom colégio, mais adiante... Porque no mínimo educação e qualidade de vida é a melhor herança que se pode dar a um filho.

4 comentários:

  1. ai amiga, sempre directa demais mas sempre verdadeira nas coisas que diz.
    Dito assim parece assustador mas é a realidade.
    Concordo!

    Mil beijinhos
    Maggie

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  2. Oi Maggie! Pois a verdade é que criar filho no Brasil é assim mesmo. Os preços de que falo nem é para uma escola de rico, é só para a dita classe média... Continuo horrorizada quando vejo alguém que tem 2 pensando no terceiro ou indo para o terceiro porque realmente é uma loucura para não dizer outra coisa.
    beijinhos :*

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  3. Não tenho a exacta noção, mas não me esqueço da minha prima me dizer que se os pais não a tivessem colocado numa escola particular, nem sequer valia a pena ela candidatar-se para medicina porque não seria aceite. Isso amrcou-me.
    Bjks

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  4. Pois Nany, é muito complicado o ensino público fundamental, falta professores, tem greve, falta infraestrutura, falta boa vontade, tudo enfim... agora o governo está fazendo cotas para alunos do público nas universidades públicas, em torno de 30%. Mas isto não adianta, devia era investir nas escolas, não nivelar por baixo... Agora as universidade são muitos boas, muitas vezes até melhores que as privadas e tem o seu glamour. Uma coisa é dizer que se formou na pública, que é muito, mas muito difícil de entrar. Para teres ideia, em psicologia aí na Ul entram 270 pessoas, aqui na UFRGS entra 80, e agora 30% destas vagas são cotas. o vestibular é muito mais difícil que as provas nacionais e bem mais afuniladores...

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