segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Estou de volta! Depois de uma prova chatinha de estatística e todo o tempo livre focada em estudar, fazer cálculos, decorar fórmulas, eis que agora me encontro de recesso de Natal e com mais tempo (para estudar). Nestes  últimos dias muita coisa aconteceu: tive a punção ontem e encerramento da doação de óvulos, na quinta foi a festa do Fabian na escolinha, na sexta a prova. 
O Fabian foi vestido de flor, não chorou quando viu o papai Noel, mas passou o tempo todo com a mão na barriga e com uma cara de sono! Quando chegamos em casa comeu muito e depois, que dormir que nada, o sono passou todinho. Devia ser de fome e não sono a carinha dele eheheh.
Alguma coisa tem mudado em mim, acho que desde que me propus  a falar sobre o que sinto, fiquei mais aberta a mudança. E parece mesmo uma sensação muito delicada, algo como se um fio muito fino tivesse desamarrando os meus medos, ardorosamente cultivados e os libertasse para a luz, lugar este que todos os medos anseiam por ir. E fui soltando, fui ficando mais leve. E fui capaz de sentir coisas que sentia antes, desta vez com mais clareza. Hoje continuo ainda com dificuldades de dar toda a atenção pro meu filho, mas já consigo ter momentos que são só nossos, consigo olhar mais no olho dele e sentir amor. Abraço e beijo muitas vezes e peço desculpa no ouvido dele, baixinho. Desculpa filho por não conseguir ser a mãe amorosa que mereces, mas eu to tentando e vou conseguir ser melhor a cada dia. 

A raiva que guardava em mim, amarrava meus pensamentos, impedia-me de viver. Eu só sentia raiva de ter de dar o meu tempo, de ter de ser uma pessoa que  não era eu. Sentia até muita impaciência com o meu cachorro, coisa que eu nunca tinha tido. Estava mais seca por dentro, mázinha também. Não é que tenha dado uma volta de 180º, nem tido qualquer epifania. Mas acho que cresci um bocadinho assim ó. Um centímetro talvez. Sinto-me mais leve. Os pés menos pregados ao chão. Os pensamentos mais soltos no vento.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sábado, 10 de dezembro de 2011

Anjinho ou...


Porque quando os pais chegam, transforma-se de tal maneira que parece um polvo mexendo em tudo, desobedecendo, atirando-se ao chão: grita, chora. É uma tempestade, um furacão em escala máxima e, segundos antes estava apenas um menino lindo, sentado com um livro na mão...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Eu no divã (3)


Quando deitei-me naquela cadeira horrível, aquela que existe nos ginecologistas, que nos mantém desconfortavelmente "naquela" posição... pois, esta mesmo. Quando deitei-me nela esta semana, e olhei para a tela do ecógrafo no alto da sala branca, tive por instantes uma sensação de melancolia, era como se fosse ver o meu bebê. Não o Fabian, talvez, mas o bebê que havia imaginado. Era como se pudesse ver ele a se mexer e piscar na tela escura. Foi tão pouco tempo, mas consegui captar estes pensamentos. É claro que censurei-me. Aliás é uma coisa muito estranha. Explique-me porque eu que tenho apresentado aqui todas as minhas limitações como mãe e ser humano que sou, tenho uma certa inveja ou melancolia quando vejo que alguém está grávida de novo. É quase como se uma leoa dentro de mim se apoderasse dos meus sentimentos, é uma sensação estranha, de aperto no coração. É uma censura porque não sei como alguém quer repetir esta experiência, ao mesmo tempo, consternação ao ver que tenha se passado tão poucos meses que dera à luz.
Não, eu não sei. Mesmo. No fundo parece aquela impotência de que mesmo que eu quisesse (o que parece não ser a vontade dominante), não posso. E porque? Meu marido é estéril há mais de 25 anos, quando fez a vasectomia. Isto implicaria passar por tratamentos e não quero mais isto. Veja bem, amanhã começo as injeções. Não é da bomba de hormônios de que falo e sim da minha fertilidade estar sujeita a dias e horas marcados e pior: na mão dos outros. Talvez eu ainda sonhasse com uma surpresa, um marido que fosse mais novo que, quando o relógio que toca lá pelos 38 anos despertar, bip bip bip, ele não tivesse perto dos 70...
Mas isto é muito longe, pode nem sequer tocar, tu pensas. É verdade, mas é parte do que se passa aqui e aqui. (Aponto para o coração e para a cabeça).
Bom, não se pode ter tudo na vida, não é mesmo? Isto é mais uma coisa que devo aceitar com o tempo. Agora por mais que às vezes a vontade me falte, tenho de cumprir os meus objetivos, olhar para a frente. E observar. Por mais difícil que seja, acredito que ao prestarmos atenção ao que sentimos, com mais serenidade aceitamos o mundo e tiramos este fardo dos ombros, o fardo de parecermos socialmente adequados. Perfeitos.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Adultecer


Não, não existe no dicionário, infelizmente. Mas acho que faria todo o sentido se existisse. Adultecer... bem, sabe aquele período em que não se é mais adolescente (por volta dos 19 anos) e também ainda não nos sentimos "adultos" o suficiente? Pois é, trata-se de um limbo, um hiato em que a consciência está a ser moldada e precisa de um tempo para que nos demos conta de que crescemos. Estive assim, como sempre, tempo demais. Bem, também deixei de ser criança tarde, de ser adolescente aos 21 quando saí da casa dos meus pais. Mas acho que só agora, aos 26 anos, sinto-me realmente mulher. Sinto-me segura em minhas decisões, não sinto vergonha das coisas bobas que antes sentia. Também já entendo um pouco mais da vida, tenho mais paciência com algumas coisas e pessoas, embora não com outras. Aprendi a dizer o que sinto quando há necessidade para tal. Antes, limitava-me a resmungar e guardar mágoas, mas não percebia que isto não me levava a lugar algum. Se quero que as coisas mudem, preciso mudar. Isto é tão óbvio, não é? Mas quanto tempo levamos para realmente por a mão na massa?
E para mim, mudança não é uma coisa que se faz somente de forma ativa. Com isto quero dizer que se não deixarmos acontecer, a mudança em si não ocorre. É mais ou menos como na natureza. Se tudo é movimento, não vale a pena eu ficar parado. Porém, se fizer a ferro e fogo e esperando rápidos resultados (que é o que geralmente acontece quando queremos algo), só vamos de encontro a um muro. Ficamos duros conosco e não aprendemos. A chave tão preciosa e tão rara: aceitação. Não é que eu tenha atingido algum patamar de iluminação, mas somente agora sei e sinto mais do que sei, que devo esforçar-me por me aceitar, estar presente, estar ao meu lado. Só assim permito-me mudar. Assim, tornei-me uma mulher.