
Sempre pensei que uma casa, assim como o ambiente que a pessoa vive, é o reflexo da sua vida emocional. Agora minha casa anda suja, não tenho vontade de limpar, simplesmente olho para tudo e só quero sumir. Eu tenho tendência para extremos.
Estes dias vi um programa americano sobre aquelas pessoas que acumulam tudo o que podem e chegam a fazer verdadeiras muralhas de lixo para as protegerem da vida. Elas sofrem muito porque em dado momento deixam de ter uma vida funcional, a família abandonam-nas e elas não conseguem desfazer-se de nada. E por um lado sabem que está mal, mas por outro acham que não está assim tãoo mal e não aceitam que a mudança tem de ser muito grande para a vida voltar "ao normal".
Também penso que de certa forma nosso próprio corpo não deixa de ser a nossa casa, talvez por isto, sinta-me muito incomodada quando vejo aquelas pessoas muito muito gordas, quase sem forma. E pense meio horrorizada, como é que foram deixando-se ficar deste jeito... assim como as acumuladoras americanas (que também não deixam de ser obesas). Vejo estes exemplos e dá-me medo de um dia ficar assim, de me anestesiar a ponto de caminhar para o precício sem notar e acordar alguns segundos antes da queda. Porque tenho a sensação que deve ser isto que acontece. Ninguém pode querer deliberadamente o sofrimento, ninguém quer ser uma aberração, andar como um pêndulo com muitos quilos de mágoa sob a pele. E ao pensar assim percebo que tenho eu também alguns, uns reais outros invisíveis ainda. As pessoas acham que para perdê-los devem fechar a boca. Eu já acho que devem é abrir o coração e confiar.
A mágia dói na pele e na alma,mas mais do que as coisas que acmulamos e podemos deitar fora, mais que os kilos que se ganham e perdem, o pior é o que acumulados cá dentro, e não se vê.
ResponderExcluirQuando sabemos que o fazemos é mui caminho andando para um dia termos força de fazer uma limpeza à "casa"
bJS