Quando o google tentou adivinhar minha pesquisa, me deparei com: "como desenvolver a mediunidade" e pensei em meio a muitos palavrões porque alguém gostaria de desenvolver este suplício. Ah já sei, quando pensam em médiuns, logo imaginam aquele palhaço que se presta a ficar no meio do palco com um microfone dizendo que vozes lhe alertam que algures na plateia tem uma criatura que perdeu um ente querido. Oh! Quem nunca? E que alguém próximo irá decepcioná-lo ou ainda, que terá dificuldades financeiras e amorosas. Aí praticamente ele previu a sorte de 99% do público.
A maior parte das pessoas que acham que ser médium é legal, não faz a menor idéia do que é ser de fato médium. Pensei trocentas vezes antes de escrever sobre isso, mas depois liguei o foda-se... se o blog não servir para partilhar minhas coisas de vez em quando, o melhor é fechar logo.
Sempre tive medo da noite, desde os quatro, cinco anos até...bem, até hoje. Mas teve tempos piores...tinha dias que eu olhava para o céu escurecendo e começava a sentir uma angústia tomando conta, e eu sabia que estava só começando. Não ouvia nada, nem via, era acho eu, apenas uma antecipação do que iria acontecer depois.
Não recordo da primeira vez, mas foram se intensificando e até acontecer duas a três vezes na semana. O marido se não morreu de ataque cardíaco, não morre mais, porque cada vez que eu os via ao lado da cama ou no quarto à espreita, eu gritava e dava um pulo. Alguns eram como sombras, outros tinham qualquer coisa que os diferenciava como a silhueta do nariz e outros apareciam de forma detalhada, cor de olho e tudo. Não são pesadelos, pois demoram certo tempo até se "desfazerem", também não fazem grande alarde a não ser me jogarem coisas na mesma matéria de que são feitos, coisas estas que se dissolvem um pouco antes de me tocar.
Primeiro foram os sonhos premonitórios, uma ou outra aparição em anos, depois começaram os sustos noturnos e agora ando na fase de me importunarem durante o sono. Isto é, eu durmo e depois acordo, mas meu corpo não. Estou plenamente lúcida, saio do corpo alguns centímetros, tento encaixar a minha mão na "minha mão". Ainda esta semana, cochilei no sofá. Abri os olhos e pensei em ir para o quarto. Levantei e comecei a caminhar, quando notei já quase na porta da sala, que algo estava errado. Eu caminhava de forma muito estranha, parecendo que tinha mola nos pés como se a gravidade exercesse pouca ou nenhuma força sobre mim. Então olho para trás e vejo-me deitada no sofá. Caminho de volta e olho bem para meu rosto como se ele fosse apenas uma coisa inanimada, um invólucro sem vida como naquele filme Substitutos com o Bruce Willis.
Descobri que isto se chama "paralisia do sono" e que há inclusive um documentário com depoimentos de pessoas de várias partes do mundo. Se fosse apenas isso tudo bem, no entanto, são nestes momentos em que encontro-me mais frágil. Sinto a presença deles no quarto, sinto quando desloco-me do corpo e quando algo se acopla na minha nuca. Arrepios pelo corpo todo, depois uma certa dormência que por sua vez, dá lugar a uma espécie de descarga elétrica que jorra de mim para "alguém". Certa vez coloquei a mão e aquilo era como por a mão em um jato muito forte de água, como aqueles aparelhos que usam para lavar carros e muros. É indolor, mas extremamente incômodo porque eles me impedem de voltar ao corpo...sinto-me presa até terminarem o que vieram fazer. Procurei na net e vi que bem onde sinto a conexão, fica o chakra nucal, quase não se fala nada sobre ele, apenas que é ali que os espíritos costumam se ligar quando há psicofonia.
E tudo ficou mais forte depois que estou sozinha aqui, logo para quem ja é cagona por natureza, para quem já morria de medo de dormir sozinha... tá demais, tá beleza, tá ótimo. Ainda tenho que ficar feliz quando vêm sozinhos, pior quando vem um, depois outro, depois outro. Quando me seguram e eu me debato e grito e xingo e rezo, não necessariamente nessa mesma ordem. Uma das experiencias mais traumáticas: vieram três deles para cima de mim, quando finalmente consegui voltar, eu sentia-me um trapo, usada, como se tivesse sido estuprada. Eu brinco, eu rio, mas foi uma merda. Não, queridos, vocês não querem desenvolver a mediunidade nem ter nenhum contato com o mundo espiritual. Quem me dera estar na posição de duvidar dessas coisas malucas que escrevi, mas eu sei bem direitinho que isto existe. E logo aqui que é o berço do espiritismo não há um centro espirita sequer para me ajudar neste momento. E que remédio senão voltar à doutrina, voltar a fazer o evangelho no lar como eu fazia quando morava ainda no Brasil?
Os ataques diminuíram, mas não cessaram, também, por ora, as visitas surpresa no quarto, só não sei até quando.