sábado, 5 de outubro de 2013

De nome Francisco

Sábado passado tive um sonho logo pela manhã, o marido e o filho já estavam de pé. Estava fora do corpo e muito transtornada, sentia-me pesada, era uma aflição antiga que me fazia andar para lá e para cá. De repente comecei a sentir a tal presença. Era sutil e esmagadora tal como os meus pensamentos em círculo. Não quero ser mãe. Não quero voltar a ser mãe. Não gosto, não vê? Porque não procura outra pessoa? Desde que me lembro tenho um mantra na minha cabeça e mais do que um mantra é uma afirmação que deixa-me esquisita, num misto de medo e orgulho. Estou grávida. Uma obsessão que pairou pelos anos e sentia-me comprometida com dois espíritos a que havia de gerar seus corpos físicos nesta vida. Em sonhos eram sempre dois. Dois filhos, um casal. Eu os abandonava, era uma péssima mãe. E depois de ter o Fabian esta certeza se embruteceu, não havia hipótese de pensar em ser mãe novamente, e contudo a presença cobrava-me. Eu cobrava-me. Pois esta manhã sonhei e já farta de tudo isto resolvi ser o mais sincera possível. Chorei. Falei com alma e coração de que sou falível, sofrível até como mãe, que ganhava mais escolhendo outra pessoa, quiçá amorosa e que não faltam por aí são mulheres pedindo está dádiva de serem mães. Estava na sala, a que agora é a minha sala. Sofá branco, eu de pijama, o Fabian a gritar e o marido sentado à mesa no computador. Subitamente sinto o peito vazio, um homem negro materializou-se a minha frente sentado no sofá. Assustei-me de imediato, mas ele sorriu. Tinha um sorriso puro e uma energia que acabou por contagiar-me deixando-me serena. Trajava branco e quando falou sua voz era doce, quase paternal. Disse-me que não me preocupasse demasiado, que não viria para resgate e sim para ajudar na mudança do planeta. Disse-me que agora poucos encarnavam para isto, e que tudo tinha seu tempo e quando chegasse a hora eu saberia. Tinha milhões de perguntas, mas curiosamente elas esvaziaram-se naquele momento. Ele disse que me acompanhava e ao marido e que às vezes via mais negatividade nele do que em mim. Ainda falamos sobre a paternidade tardia e no quanto o Fernando tinha melhorado depois de ser pai novamente. Ele concordou. Nisto, o Fabian nos olha e diz mãe! Fiquei surpresa: ele nos vê? E o homem seguramente disse que sim. Perguntei-lhe o nome e ele disse que chamava-se Francisco. E eu: mas este é o seu nome atual ou gostaria de chamar-se assim? Ele sorriu e voltou a desaparecer. Logo depois, acordei. Descobri mais tarde que o nome Francisco significa "francês livre".  E desde então o mantra não se ouviu mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário