quinta-feira, 2 de junho de 2011

A tal sociedade secreta


Bem, e passado 9 meses e qualquer coisa aqui estou eu. Se mudei? Acho que sim, mas não da forma que gostaria. Queria ser mais paciente, mais amorosa, mais participativa na vida dele, mas ao mesmo tempo tenho preguiça. Custa levantar o traseiro gordo da frente do computador. Não é que eu não seja amorosa em alguns momentos, não é que eu não aguente um pouco certos choros durante o dia e tente fazer ele sorrir, não é que eu não incentive as suas conquistas (aprendeu a bater palminhas sozinho no domingo), nem eduque quando faz asneiras. Mas é que eu queria fazer mais vezes, muito mais! Queria ser uma mãe melhor, queria fazer parte da tal sociedade secreta das mães-quase-perfeitas, aquelas que a gente vê na rua, aquelas que se põe a falar nos fóruns que fazem e acontecem. Queria ser como elas e ao mesmo tempo não. Confuso né? Porque parece que a natureza opera um milagre em nós, fêmeas Homo Sapiens Sapiens, parece que há qualquer chip instalado em fora de genes que despoleta quando se tem um bebê. Ele se ativa no primeiro choro, e pára tudo, o mundo pode esperar: é só ela e o pequeno comandante de sua vida. Mas em mim deve ter vindo com algum defeito porque não funciona como deveria. Já disse algumas vezes que não gostei de ser mãe. Mas me pergunto: será que era a depressão falando ou é assim, não gostei "mesmo"? Sabe o que eu acho? Que não é não gostar de todo...há umas partes boas... uns sorrisos pelo meio, uns mãmãmãs, umas palminhas... Mas o que eu não gosto "mesmo" é a ideia de que ser mãe é a "melhor" coisa que poderia acontecer com uma mulher. É a de ser feliz a qualquer preço, noites mal dormidas, aquele choro irritante durante o dia, fraldas fedorentas e para não falar no corpo... Sim, não vou nem falar!
Mas...acho eu que queria fazer parte da tal sociedade secreta...Que seria bem mais fácil, eu não duvido.

3 comentários:

  1. Mas quem disse que as mães perfeitas existem?
    Eu adoro os meus filhos de paixão, faço tudo por eles mas também adoro o meu espaço, o meu eu.
    Não é por ser mãe que me anulo, que deixo de viver, que tenho de fazer tudo em função de suas excelências, isso não é ser mãe, isso é anulação.
    Ser mãe é educar, ralhar, brincar, rir, mudar fraldas, dar banho, comida, mas é também ensinar-lhe frustrações, o "espera 1 momento que agora estou eu 1º".
    Quando deixamos tudos e vivemos só para eles que seres estamos a educar? Seres egoistas que pensam que o muundo gira em torno deles.
    Não só feliz a qualquer preço e por qualquer coisa, quero ser feliz porque tenho direito e quero que pensem em mim como um ser.
    Essa socidedade secreta é utopia, criada por aquelas mães que têm medo de dizer "estou cansada", "estou com sono", "quero sair, divertir-me e deixar os miudos com os avós", com medo que isso pareça mal.
    Bjs

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  2. Olá, eu tbém não sou uma mãe perfeita, aliás estou mto longe disso. Tbém adoro as minhas filhas, claro, e adoro a ideia de ser mãe, mas não dispenso o meu emprego e poderia dar-me a esse luxo para ficar com elas em casa, nunca quis. Eu gosto de ir tomar um café sem miudos atrelados, de falar com outras pessoas de outros assuntos que não sejam crianças. Prezo mto o meu espaço e as minhas coisas.
    Eu compreendo a rua frustração afinal sempre ouviste maravilhas que agora não se concretizaram. Mas eu acredito que ser Mãe é isto que nós sentimos, com dificuldades, com desanimos, com frustrações, e que tudo o resto´ou é obcessão pelos filhos ou é uma grande mentira. Eu tenho 2 filhas e em nenhum dos partos qdo olhei para elas tive a certeza de nada. A maioria das Mães diz logo ter a certeza de que aquele era o seu bébé e isto e aquilo mas eu não senti nada disso. O Amor vai crescendo todos os dias mais um bocadinho, não é qdo nascem que nos surge um grande amor ali no imediato.
    Um beijoca
    Maggie

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  3. Muito obrigada pelo carinho meninas! Sabe, eu acho que além do tabu que há em falar nisto, há muito mais nos fóruns de infertilidade...parece que por ter demorado mais a terem este filho, estas mães agem como se a felicidade só existisse depois do sonho concretizado. O que eu penso é que fui muito nestas histórias da carochinha, culpa minha claro. Se eu escontrasse a Jeanyne de antes, queria lhe dizer que a vida não fica melhor, que não ia ser feliz e plena depois de ser mãe, mas que a vida muda, só isto. Coisas boas, coisas ruins. Acho que quando um homem diz que não gosta de ter filho é muito melhor compreendido que uma mulher. Da mulher espera-se tudo, que seja divina, amorosa naturalmente e não sou assim..tenho feito um esforço muito grande para "gostar" da experiência. E no entanto muitas vezes não gosto. E tenho que parar de ter vergonha disto...enfim. Complicado.

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