Segundo dia naquela sala, poucos colegas e todos à volta dos setenta anos. "É um clube de aposentados", falou a professora com um sorriso meio borrado. Sim, foi para aqui que a Mairie me enviou quando perguntei sobre um curso de francês para estrangeiros. O curso se chamava "Auxilio à leitura em francês" e estava entre os de tricot, bordado e pintura.
Somos em cinco: dois ingleses (Gavin e Jane), uma colombiana (Leonor) e um sueco (Boo ou seja lá como se escreve). Muito simpáticos e cheios de histórias. Por exemplo, ficamos sabendo do romance de verão de Boo com uma mulher casada e da sua preocupação em manter os níveis de testosterona. Hoje falamos sobre AVC, sobre a cirurgia no olho de Gavin por conta da pressão alta. Enfim, sinto-me como estivesse falando com os meus padrinhos, em casa, portanto. E feliz.
Jane quis saber porque deixei o Brasil e eu imagino que tenha passado a semana esperando para ouvir a resposta, já que ao final da primeira aula disse que não me achava deslocada, pois convivo com meu marido que tem 60 anos.
A boa noticia é que apesar do Fernando estar constantemente me puxando as orelhas, quando digo que estou aqui fez dois anos em setembro, eles ficam admirados porque falo muito bem. Cof cof. Nem tanto, ainda tenho uma conjugação verbal terrível e às vezes escorrego o pé no inglês. De qualquer forma, para quem teve sempre dificuldade em línguas, acho que estou indo bem. Podia estar melhor, podia, mas agora com objetivos e aulas novamente, sinto-me mais estimulada a praticar. E hoje adquiri meu primeiro livro em francês: Nouvelles à Chute. Segundo a professora, pequenas histórias com final surpreendente (como foi a minha vida ao deixar o Brasil). Quem diria, euzinha?
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