segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Ha coisas que me ultrapassam

Adesivos na cara dos bebês. A internet tem varias coisas bizarras, é verdade, mas quase nada supera as pessoas com síndrome de Michael Jackson. Ai são eles a por fotos dos pés, das costas, chegam até a cortar cabeças. Para passado alguns anos estamparem a cara da criança em toda a sua exuberância (ou não porque também há crianças feias). Perguntas que eu faço:
  •  o medo era sequestrarem o bebê, agora que cresceu já não o vão querer mais? Comércio de órgãos ta ai, não se animem... 
  • a criança era estilo Benjamin Button? 
  • afinal ja não são mais milionários?
Acho engraçado quando vem com aquele discurso de não exporem porque ele ainda não deu o seu consentimento, direito de imagem e etc. Pfff... tudo isso para mais tarde andarem a mandar nudes a desconhecidos.


sexta-feira, 17 de agosto de 2018

E há oito anos atrás...

estava eu precisamente em uma sala de espera cheia de gravidas esperando a minha vez de entrar. Veria o meu filho pela ultima vez através do pequeno aparelho de tv pendurado no teto. A ginecologista me descolaria a membrana de não sei o que, o que me provocaria uma falsa ideia de que eu estava entrando em trabalho de parto. O marido sairia tastaveando para casa à procura da mala de maternidade já arrumada no quarto do bebê. Depois se acomodaria em uma poltrona pequena e desconfortável ao meu lado na cama do hospital. Eu, já prontinha, de intestino limpo, com soro, e aparelhos para ver os batimentos do Fabian, tirei a ultima foto gravida. E foram horas de impaciência do pai, de toques e mais toques em que as mãos pequenas da enfermeira se transformavam nas gigantescas mãos do Hulk perscrutando minhas entranhas. Assim foi, centímetro após centímetro. Estouraram a bolsa. Todos tinham pressa, menos ele. Até que à sete de manha fui levada para a sala de parto. Dez minutos depois ele nasceu. Oito anos e parece que foi em outra vida. Recordo como se tivesse assistido a um filme, daqueles que a gente não lembra como acabou. 

Madame Chaussette*

*senhora Meia

Acordei de madrugada, abri bem os olhos na escuridão. Aos poucos notei a luz pontilhada que entrava pelos buracos da persiana. Ela gritava cantando, os enfermeiros mandavam-na ficar quieta. Foi a minha primeira noite num hospital psiquiátrico. Madame Chaussette espalhava cocô pelas paredes e o fedor entrou pela minha porta. Honestamente eu pensei que ia ser bem pior. Pessoas descontroladas e talvez agressivas nuas ou coisa assim. Independente do meu medo, não estamos mais no século XIX, a institucionalização deu lugar ao tratamento rápido e as internações duram no máximo poucos meses. A não ser que você insista em espalhar cocô pelas paredes. 
Ninguém visitava a dona Jossette, mas ela andava faceira com a sacola no braço de um lado para o outro. Não falava, apenas balbuciava enquanto me chamava atenção e fazia que não com a cabeça, me repreendendo, sacudindo os cabelos brancos. Depois de uma semana fui transferida a outra ala e encontrei um caso ainda mais grave que o dela. Um homem que passava a mão na bunda de qualquer pessoa, nem enfermeiro escapava. Comia sabão e colocava o pênis para a porta bater com força.
Havia casos recuperáveis e havia aqueles em que nem o melhor dos tratamentos daria jeito. E em meio a isso eu filosofava o tanto que os medicamentos me permitiam. Ali não havia aquela romantização da loucura como em "Veronica decide morrer". A loucura é uma velha feia que ninguém quer por perto. E que cheira à merda.



quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Primark

Felicidade de pobre dura pouco. Descobri que ia abrir uma primark "perto" de mim, em Toulouse, uns 100 km desta cidade em que me escondo. Era para inaugurar em abril, depois falaram que no inicio do verão, agora em pleno agosto ainda não tem prazo para abrir. Talvez la para o natal, já que estão nessa desde 2015.


Aff

A pessoa bota uma foto de biquini. A legenda que ela quer por: olhem como estou gostosa pra caralho, sintam inveeeeeja!



O que a pessoa escreve: uma frase passivo-agressiva do Picasso. Ainda bem que não foi um salmo hahaha!


sábado, 28 de julho de 2018

Um dia vou sentir saudades

E é assim que eu me sinto, um misto de culpa e virar de olhos. Minha vo mandando bom dia todas as manhas (do Brasil) no whatsapp. Bom dia com florzinhas, bebes sorridentes e Deus patati patata. Aff... não gosto de receber mensagens que são enviadas para mil pessoas, mas respondo. Ela se sente feliz, quase como se fosse uma tarefa cumprida, porque segundo ela o bom dia ultrapassa Porto Alegre e vai da Irlanda a Portugal. Tadinha. Enquanto no mundo real só o filho lhe fala e troca umas palavrinhas antes de sair para o trabalho. E no facebook são seis, sete bom dias, boa tarde e boa noite, bom final de semana, bom feriado, bom começo de mês. E eu vou respondendo aleatoriamente, sempre com aquele peso na consciência de que um dia não vou vê-los mais. E de vez em quando ligo, eu sei que devia ligar mais... Sou a neta que ela mais fala, mesmo sendo a que esta mais longe. 

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Pro bonno

Desisti do instagram. Dói saber que não sou diferente das tantas pessoas ávidas por likes. Não que eu faça qualquer coisa para ser notada, mas também ser completamente ignorada é que não. E não consigo entender como fotos de uma composição de uma revista + óculos de sol + xícara de café podem ter mais likes que a foto de uma pessoa sorrindo, no caso eu. Gente, um copo de suco verde (e quem tomou sabe que o que aquilo tem de saudável tem de gosto ruim ) tem mais corações do que uma praia lindíssima da Côté d'Azur! Alguém me explica como foto de gente feia ou melhor, foto em que a pessoa que já é feia e sai em um mau ângulo tenha mais de 80 curtidas? 
Afinal a recompensa é porque a pessoa é gente fina ou porque ela só recebe de volta os trezentos mil likes que distribui desenfreadamente entre os seus seguidores? Fica ai o questionamento...

Sobre identidade e nacionalidade

A noticia é velha, a França ganhou a copa. Não foi a África, ou foi? Estava falando anda hoje sobre isso com o marido e a resposta dele era que estava quente demais para filosofar. Vou te contar, esse corta tesão é o pior de todos (ainda bem que tenho o blog). Para mim existe duas coisas distintas: uma se refere ao que esta na lei e a outra tem a ver com identidade, muito mais subjetiva e complexa. Ora bem, meu filho é português, nasceu em Portugal quando tanto eu como o marido tínhamos adquirido nacionalidade portuguesa. Perante à lei ele é tão português como qualquer cidadão que nunca tenha posto os pés fora de Portugal. Mas ele não é português de "verdade" embora o politicamente correto queira afirmar. Ele não tem sotaque português, ele é filho de brasileiros criado na França. Um filho de imigrante africano, árabe que seja, não é francês de verdade no quesito identidade, não há aqui paninhos quentes e isso se deve por uma porção de fatores, seja porque não é branco; porque em suas relações mais próximas só se comunicam na língua materna; seja por toda a diversidade cultural em que foi inserido desde que nasceu, a qual tem importância maior do que a francesa. A isso, no caso especifico francês, se soma ao limbo com que foram criados no qual filhos de estrangeiros, ainda que legalizados, só podem reivindicar a nacionalidade aos 18 anos, depois de terem passado por um período mínimo de cinco anos frequentando o ensino francês (contagem a partir dos treze anos e não dos primeiros anos escolares). Isto resulta que nem o filho de imigrante se sente francês, nem os franceses o classificam como tal. Ah mas dizer isso é ser racista, não existe mais essa historia de "francês verdadeiro". Não é bem isso, uma família que esteja há umas cinco gerações vivendo aqui veio se "afrancesando" pelo caminho, seus costumes foram se misturando aos franceses, afinal é isto que torna esse pais multicultural. Imigrantes que ganham a nacionalidade ou filhos diretos de imigrantes não se veem como franceses legitimos e não da para jogar a culpa somente na xenofobia e esquecer toda sua herança genética fortemente ligada ao legado cultural,  e que estas baseiam o sentimento de pertencença a um determinado grupo social. 
O Problema das pessoas é considerar os jogadores franceses quando ganham a copa, porém aqueles que na comemoração do titulo destruíram Paris, são por sua vez, imigrantes. Assim, a legitimação é sempre ligada à fatores externos: o que nos traz orgulho faz parte de nos, para todo o resto, ignoramos. Como aquela historia de que falamos "brasileiro", no entanto se o Brasil faz qualquer coisa para promover a língua portuguesa, ai já falamos português. 
Quem venceu a copa? So sei que não foi a Alemanha!

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Poxa que bosta.


Vencedores vencem dores.
Derrame: se der, ame.
Respira, inspira, não pira.
Sorria. Só ria.

Passado

Tenho um medo danado de procurar gente que eu nunca mais vi nas redes sociais. Acho que fica melhor deixa-los como fantasmas pairando na memoria com aquele filtro amarelado do instagram. Medo da decepção. De descobrir que o José Mário, o preferido dos meus quatro amores da quarta série, se transformou em um trintão careca, meio barrigudo e que escreve #bolsonaro2018 a cada post. De descobrir que a Ana Carolina, amiga de tantas brincadeiras de boneca, culpabiliza as mulheres e paga biscoito para macho, ou posta fotos de biquini e salmos. No fundo tenho medo que os personagens da minha infância tenham se tornado tudo aquilo que eu mais detesto. Gente sem empatia e que resume qualquer discussão a mimimi. Mas eu tenho amigos coxas, tenho familiares que são a própria caricatura da direita. A diferença é que mal ou bem eu aprendi a gostar destas pessoas apesar de serem o que elas são. Sei que existe um mundo além das farpas atiradas no facebook, mundo este que não se contextualiza sozinho e que demorou anos para se formar. Colocar uma pessoa destas de para-quedas diante dos olhos, é apenas etiqueta-la. E frente a isso eu prefiro mantê-la aqui dentro, longe do tempo e de tudo que possa destruir o carinho que tenho por ela.

O vicio do século

Eu admito, o problema também é meu, mas é que quando vejo ele com os olhos grudados no telefone me vem pensamentos de arrancar das mãos dele e atira-lo pela janela. Tento lembrar de como era antes em dois mil e pico quando o que  mais gostava eram de conversas soltas enquanto ele me massageava os pés. Naquela época em que os telefones serviam olha só: para telefonar. Tantas vezes os olhos se encontravam, ah, que falta que faz falar sem contato visual! Mas eu to te escutando!! Me responde indignado, as vezes mais ainda enquanto me culpa por perder uma corrida virtual. Engraçado como é a vida...antes eu era o centro, hoje eu o desconcentro. Depois de tanto chatear, eu consigo segundos de atenção: um olhar de soslaio. Anda, fala o que tu quer falar! E eu suspiro bem fundo para que ele possa saborear todo o ruído que sai pelas narinas, bem de-va-ga-ri-nho... e me calo. 
Proibi o celular nos últimos minutos de cama para que ele possa olhar para o meu rosto e reparar que eu não faço a sobrancelha há dias. E o que ele me faz imediatamente após descansar o celular no chão? Vira, me da um beijo de boa noite e diz para eu apagar a luz. 

Poser





Me internem o dia que ficar espalhando as  notas do meu filho no facebook. Ai que cafona senhores! Se for para se gabar do filho então seja a mãe deste menino de 8 anos que ja publicou dois livros em inglês e português:

https://g1.globo.com/educacao/noticia/menino-brasileiro-vai-ate-nova-york-para-pedir-que-o-portugues-se-torne-lingua-oficial-da-onu.ghtml


quarta-feira, 11 de julho de 2018

I drive my self crazy


Nunca pensei que fosse me tornar aqueles personagens caricaturais de filmes de terror, mas a vida meus amigos, ela surpreende. Sabe aquele ator sem expressão, com cara de quem já se fodeu feio e traumatizou? Geralmente ele serve para introduzir o mocinho (a) na história e deixar a gente com mais medo dos perigos que ele vai enfrentar. Ele não quer falar sobre o que aconteceu, fica naquela empatada básica e acaba sempre soltando uma frase meio sem nexo antes de sair de cena ( e sim, de morrer). Porque o infeliz tava lá vivendo a vida de merda dele até ser importunado e pumba, bater as botas. Essa sou eu hoje. E eu não queria por nada falar sobre o que eu passei. Seja por medo de não acreditarem em mim, seja por voltar a atrair os odiozinhos de estimação, seja por estar vivendo de certa forma encagaçadamente. Mas foda-se. Escrever sempre foi uma forma de terapia para mim. Então sim, eu vou falar. Voltando à vibe de filme de terror, se tem algum conselho que a gente aprende vendo essas coisas é: não invoquem espíritos. Mas eles sempre se referem ao jogo do copo, nunca falaram nada sobre cartas de baralho. E eu com toda a ignorância mesmo tendo passado parte da infância e adolescência em centro espírita, não me dei conta do perigo que eu tava correndo. Achava que as cartas eram um portal para o meu interior, estudei dois, três meses e fui aos poucos ficando obcecada com elas. Acontece que eu sou médium psicofônica, nunca saberia até ter passado por tudo isso. Dois espíritos desencarnados entraram em contato comigo e falaram através da minha voz. Não me deixavam em paz, não me deixavam dormir ou comer direito. Inventaram mil histórias loucas que se confundiam com um passado medieval aqui nessa cidade. E eu fui me afundando cada vez mais, com medo e desespero por não ter um centro espírita (ou de umbanda, já tava por tudo) perto. Um filho que já notava a diferença até no meu caminhar e um marido que não acreditava em mim. Fiquei duas semanas sem dormir e sendo de tal forma importunada que tinha perdido o controle da minha boca, que falava sem parar. Eu precisava urgentemente de ajuda e sabia que a única forma era ir para um hospital psiquiátrico. E então, depois de mais uma das loucuradas que cometi, meu marido disse um basta e finalmente fui internada em março de 2017, numa cidade a 40 km de casa. 
Eu hoje brinco que perdi a oportunidade de sair de maca gritando dentro de uma camisa de força ( para muita gente isso daria um excelente storie), pois não é para qualquer um. Mas eu já estava um bagaço: mistura de sono, cansaço e medo. Assim que entrei na ambulância eu desabei num sono profundo.

Tirando o pó da blogosfera

Estou voltando na cara dura como se nada  tivesse acontecido. Meio como aqueles hipsters que voltaram aos diskman com fones de espuma preta, volto eu à blogosfera ( é assim que se fala ainda? Ou já temos uma gíria nova?) Agora que a moda são vloggers e youtubers e o caralho a quatro . E esse post é de certa forma aquele tampão que antecede à diarréia que está por vir. Vou ali abrir as janelas para tirar esse cheiro de mofo, abunde-se aí que eu já volto.