terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os estrangeiros

Borá lá falar mal dos meus compatriotas (e talvez de mim porque não?). Tem uma coisa muito gozada que acontece com as pessoas que vão morar fora de seu país e isto pode ser chamado de uma doença que se apossa de quase todos que conheço ou não. E a isto se chama o mal de ser estrangeiro em seu próprio país, em sua cultura, e os sintomas são uma saudade imensa das coisas que nem gostava quando morava lá, mas que por mais ninguém fazer, sente-se na obrigação manter suas origens diante dos nativos. No entanto para a sua gente, o estrangeiro gosta de afirmar que sua vida é rosa, que tudo é melhor que no Brasil, as pessoas, os costumes, a educação, etc, etc. É uma necessidade engrandecer as razões que o fizeram partir e as coisas que o prendem por lá. No Brasil há violência, há corrupção, há malandragem. Há e concordo. Mas uma coisa que morar fora me proporcionou é a vantagem de saber que não somos os únicos. Que a democracia das bananas se estendem de Portugal até o pé dos Países Baixos e que apesar de todos os defeitos, temos um ótimo ensino superior público, temos um povo que acolhe como nenhum outro, e um senso de humor para com a vida, um optimismo que não se vê pelos rostos europeus.  Morar fora dá uma certa responsabilidade para as pessoas, abre os olhos para além do que é dito pela imprensa daqui que só faz massacrar diariamente com notícias negativas para continuarmos desta forma. Inconformados e passivos, com vergonha de nosso povo. 
Morar fora dá-nos a oportunidade de exercitarmos o auto conhecimento, de transformarmos o diferente em familiar e familiarizarmos com o diferente. Morar fora poderia nos transformar em uma espécie de antropólogos de plantão, questionando nossas crenças, desenferrujando o pensamento, mas ao mesmo tempo quem viveu fora sabe que não há volta a dar. Não há como viver e esquecer o que aconteceu, vestindo a velha roupa. Ela não nos serve mais. E sentimo-nos deslocados em nosso próprio país. Isto porque quem mora fora e daí no meu caso, teve de retornar, já não é mais um cidadão brasileiro, mas sim um cidadão do mundo. E por isto digo que estas pessoas tem maior responsabilidade, responsabilidade de enxergar além, de a cada comentário deslumbrado de um amigo, dizer um não é bem assim. Por mais que pareça esnobe. Temos a responsabilidade de dizer que a perfeição não está depois da fronteira. Está aqui para quem quiser ver. Uma perfeição imperfeita, com aquele jeitinho brasileiro de levar a vida.

Um comentário:

  1. Podes bem crer que é assim, nada como voces, brasileiros pa ver a vida sempre de outra perspectiva, o copo esta sempre meio cheio, nunca meio vazio!!!
    Marina

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