Dentro de mim mora um bichinho. Creio que seja verde em forma de bola, cheio de furinhos daqueles muito pequeninos. E quando escuto ou leio certas coisas, o bichinho acorda e começa a coçar a garganta em busca de palavras, mas ele não consegue que saiam. No entanto, tanto faz que elas acabam por chegar à cabeça e lá ficam a pairar: presunçosas, maldosas, marotas...
E é assim, vou dar alguns exemplos: minha madrinha cada vez que nos falamos ela diz do tratamento que está fazendo na pele. Que a dermatologista queima com gás os sinais e que estes formam uma pelezinha grossa que seca e cai. Ela já falou milhões de vezes isto. Não fosse o fato da minha dinda ter engordado tudo que perdeu com uma dieta e permanecer com a bunda amaciando o sofá o dia inteiro e comer muitos doces de colherada a cada vez que vai a geladeira e depois dizer que não sabe porque engorda porque só come coisas naturais e sem açúcar. Afff. Porque cuida tanto e tanto do rosto e deixa o corpo ao Deus dará?
E a dona de uma ervanária que tem o negócio há uns 5 anos e toda vez que passo lá, tem sempre uma comida nova, um "gururu" que faz bem e tal, tudo ela sabe que é bom, já provou. Mas...continua gorda como da primeira vez que abriu a loja? Afinal, alimentação vegetariana e natural não é suposto emagrecer?
Depois tem outra coisa: o bichinho se irrita com ironia, com aquelas pessoas que olham só pro outro e não cuidam do seu traseiro. Dou exemplo: duas amigas na faixa dos 40 anos a falar mal das mulheres que usam roupa curta. Dizem que são vulgares etc, etc. O bichinho pula muito, a garganta já dói. Mas as palavras não saem.
A vontade das palavras (e a do bichinho) era de saírem em comitiva, umas abraçadas às outras, no ritmo do tu-não-tens-nada-que-ver-com-isto, vocês-estão-me-chamando-de-vulgar-porque-também-uso-roupa-curta? Vocês-tem-inveja-de-não-poderem-mais-usar-porque-numa-certa-idade-fica-ridículo? Pois é. O bichinho é assim, muito irritável e imprevisível. Já bem que tentei educá-lo, mas não consigo...juro que não consigo. Ele é mais teimoso do que eu.
E outro exemplo: quem quer se curar e não quer. Digo: vai lá, tenta. Pode dar certo. E a pessoa: não, não acredito nisto...não vai dar, melhor ficar em casa. E o bichinho empurra as palavras para a cabeça: então fica. E não reclama. A vida não muda se a gente não muda. E fica aí, muda!
Porque se tem coisa que o bichinho detesta é lamentações. Até as minhas.
Nyne, como sempre acho o texto fabuloso. Expressa muito bem as suas ideias. Quanto a este post é sempre mais fácil deitar as culpas em cima dos outros, olhar e criticar os outros do que olhar para dentro de nós mesmos. E sim às vezes temos que saber conter o nosso "bichinho" (e nem sempre apetece). A nossa vida somos nós que a fazemos e orientamos, concordo plenamente com "A vida não muda se a gente não muda."
ResponderExcluirObrigada por comentar Miri! Eu tenho feito um esforço para educar o meu bichinho, mas confesso que muitas vezes ele quse consegue o que quer! eheheh
ResponderExcluirFico muito feliz que goste dos meus textos, ando numa fase de escrever muito, minha cabeça às vezes parece um turbilhão. Tenho uma ideia na rua e lá vou eu escrever ;)
beijinhos
Tenho notado que de facto o blog ficou mais "vivo" e todos os dias venho cuscar um pouco... o tempo para comentar é que infelizmente não é muito. No trabalho evito e em casa o meu "pimpolho" consome todos os minutinhos que tenho! Acabei agora de ler o seu texto sobre as "expectativas" e também gostei. Reflexões sérias, mas expostas de uma forma leve... continue a escrever e eu continuarei a ler e a comentar sempre que puder!
ResponderExcluirBeijinho para ti e para o Fabian!