Adoro esta música do António Variações! Ele é legítima versão portuguesa do nosso querido Raul Seixas, e vejo muitas semelhanças para além da barba farfulhenta e do jeito meio nem aí para o mundo. Mas voltando ao que me trouxe aqui, dizia o marido que esta semana passada mais um amigo/conhecido ficou desempregado e perguntava se ele podia ajudar enviando currículo e indicando sites de emprego. Ora, eu sinceramente não sei o que ainda fazem alguns dos nossos amigos em Portugal, sendo que cada dia mais aperta o cerco e o mercado de trabalho principalmente da informática, não é tão grande como isto. Temos um que passou meses e meses desempregado e agora vai pulando de emprego com contrato renovável mensalmente com ganhos de 1500 euros brutos a recibos verdes. Para quem estava acostumado a receber quatro mil, isto é um salário baixíssimo e convenhamos que a crise veio para ficar, nem que seja duas décadas. Se para os portugueses que tem família, filhos pequenos e tal, é admissível um certo apego ao país, para nós que emigramos e deixamos tudo para trás, o que nos impede de fazê-lo novamente? O que nos prende mais?
Uma coisa que tenho aprendido (e ultimamente tenho aprendido tanto...), é que a vida não espera por ninguém. Nem a vida, nem os amigos, nem nada. Se as pessoas ficam estacadas em um lugar reclamando à espera de soluções do governo ou do patrão ou dos números do euromilhões, vai ser uma espera em vão. Mudar não é fácil. Não é mesmo. Mas às vezes o caos completo é a única forma de reajustar nossas necessidades e talvez nossos desejos. As ruas pelas quais passamos, mudam, o restaurante preferido fecha, os amigos se mudam ou simplesmente mudam e com isto levam a nossa amizade. Nada é garantido. E por incrível que pareça podemos ser felizes em qualquer lugar, desde que haja dinheiro. E quem disse que Portugal detém o monopólio de qualidade de vida (como nos disse um amigo como maior motivo para não se ir embora)? Há muitos países com um potencial enorme para recomeçarmos... É claro que eu sei porque não vão embora: o medo é maior do que a vontade de mudar de vida. E nós tivemos uma sorte do caramba, um empurrão do destino, vá lá. Eu nunca pensei que um dia pudesse dizer isto, mas se não fosse aquela tramóia do português, provavelmente estaríamos na mesma vida de antes, contando as cabeças dos colegas que já foram para rua. Vivendo refugiados com um medo de peru em véspera de Natal... Onde está a qualidade de vida nisto?
Eu adoro António Variações e essa música, então, diz-me muito. Acho que é mesmo preciso coragem para mudar mas só com coragem conseguimos alguma coisa. Felizmente, apesar de a minha qualidade de vida ter piorado, ainda conseguimos viver mais ou menos bem. Mas se não conseguisse, era preciso mudar: tinha que ser. O importante é procurar o melhor.
ResponderExcluirNão conseguimos porque o marido ficou desempregado e não arranjou mais nada... De lá para cá foi muita água, voltamos para o Brasil, nos separamos por meio ano e agora estamos bem aqui! :) Se a vida não nos tivesse dado esta rasteira, não sei se tínhamos feito por vontade própria, ao menos penso que seria mais fácil para guardar dinheiro.
ResponderExcluirBeijinhos
Ás vezes a vida dá-nos o empurrão que precisamos para mudar, nem que isso nos leve ao chão.
ResponderExcluirMuitas das vezes as pessoas não mudam com medo do desconhecido, mesmo que já o tenham feito antes, não sabemos a dose de coragem que foi preciso.
Bjs
Pois Nany, o problema é que daqui a pouco estão sem emprego, por exemplo uns que trabalham no Barclays. O mercado informático é pequeno e vai ter muita gente sem onde trabalhar... É uma pena.
ResponderExcluirBeijinhos
Olá concordo com tudo o que dizes, eu estou em França há 2 anos, ainda não trabalho tal como tu, estou com os meus filhos em casa, e tb reconheço que tb levámos um empurrãozinho bom, e agora, mesmo não vivendo á grande, vejo com outros olhos o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos. Concordo tanto com tudo o que dizes, que eu e o meu marido já temos dito a família e amigos que mesmo que ganhássemos o Euro Milhões não voltávamos para Portugal entram quase em choque ahahahha lá é que é bom, e nem conhecem mais nada, enfim, tinha muuuito que dizer acerca deste assunto, pois tal como tu, ultimamente tb tenho aprendido muito ;) bjs fica bem :)
ResponderExcluirOi sofia! Senti tua falta por aqui!
ResponderExcluirEu acho Portugal um país muito bom, mas ultimamente as coisas mudaram muito, e vejo que tem gente que não consegue enxergar. Ou aceitam a vida e o novo salário ou então é preciso mudar...a vida não muda porque nós batemos o pé no chão e embirramos. Eu compreendo que quem nunca saiu do seu país tenha medo, mas quem já sabe disto como nós... Também penso o mesmo do Brasil, eu gosto muito do meu país, mas já tentamos viver lá e a verdade é que não há mercado para a idade do meu marido. Enfim, vamos sempre aprendendo!
Mas põe pra fora o que tens a dizer menina, eu sou curiosa, fazer o que? :P
beijinhos