Queria eu ter a coragem desta mulher e admitir o que sinto, abandonando de vez aqueles sorrisos tortos e os pensamentos contraditórios que me roubam a franqueza. Depois que li a reportagem desta mãe com sentimentos tão análogos aos meus, pensei ter encontrado minha alma gêmea da maternidade e garanto que esta é muito mais difícil de achar do que a vulgar da música que segue com duas metades da laranja, dois amantes, dois irmãos.
Ainda é tarefa hercúlea desvincular a maternidade de uma imagem única, a do altar de sacrifício, ao estático e inquestionável amor materno, amor incondicional. Eu realmente acredito que existe, mas acho redutor afirmar que só as mães possuem acesso a este bem precioso que um Deus reservou apenas à metade da humanidade.
Acho incrível como ainda se julga em dois pesos duas medidas a atitude de uma mulher que não quer ter filho, ou pior de uma que tem mas que não se sente abençoada com este papel, enquanto o homem tem sempre qualquer coisa que desculpe sua opção, abandono ou omissão. O lugar de um filho é com a mãe, os bois mugem. Será que é? Será que a vida é assim o preto no branco?
Nunca me disseram que se arrependeram de serem mães, e no entanto há aí aos montes, quase trezentos comentários no blog. Todos os dias chegam com a mesma pergunta ardendo no peito. Serei a única a sentir isto? Imagino-as a digitarem a frase com culpa solitária, os dedos carregados de raiva, medo e muitas vezes, lágrimas. Umas chegam, leem silenciosamente e vão embora. Outras voltam, partilham suas histórias tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão semelhantes. Outras vem todos os dias. Vivemos nas sombras, e eu queria ter a coragem desta mulher, mas não tenho. Até quando vamos alimentar esta falácia de que a mulher nasceu para ser mãe? Que a mulher só é completa se for mãe? Que só se descobre o que é mesmo amar quando se é mãe? De fato admito que há aquelas em que o papel serviu perfeitamente, mas e as outras? E se as outras forem a maioria?
Acredito que esse seja um dos únicos espaços na blogosfera que abre um espaço sem máscaras, sem maquiagem, sem floreios, sobre os questionamentos e as dores da maternidade real, aquilo que as mulheres não têm coragem de dizer nem para seus terapeutas.
ResponderExcluirZrs, junte-se a nós no facebook, estamos com um espaço bem legal para discutirmos.
ResponderExcluirBeijinhos
As mulheres não falam porque têm medo de serem julgadas. Quando falamos o que pensamos, com sinceridade, somos condenadas. O correto é dizer: como é lindo ser mãe, não existe coisa mais gostosa no mundo, agora sim descobri o que é o amor, blá, blá, blá. Não querer ter filhos está fora de questão. A sociedade nos obriga a ter filhos e ainda impõe limites para a espera para tê-los. Escuto muito: Você está casada há quanto tempo? ... Nossa, então já está na hora de ter filhos... O fato é que me passo por chata, insuportável, porque não falo o que os outros querem ouvir, falo o que sinto, o que penso... e acabo sofrendo por isso!!!! Mas não vou desistir, vou lutar pelo que eu acredito!!!! Gosto muito desse blog, pois me identifico com ele!!!
ResponderExcluirObrigada Mulher Moderna, fico feliz que goste daqui! Eu depois do que passo nunca pergunto nada e jã não estranho pessoas que decidem não ter filhos. É uma opção tão válida como outra qualquer e a sociedade não devia julgar como se fossem criminosos, como se a única saída fosse ter filhos para ser feliz.
ResponderExcluirBeijinhos
Qual o nome desse grupo no face?
ResponderExcluirOdeio ser mãe. Creio ser o único rsrsrs!
ResponderExcluirComo achamos o grupo? Não consigo.
ResponderExcluir