quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Que mulher, que coragem!

Queria eu ter a coragem desta mulher e admitir o que sinto, abandonando de vez aqueles sorrisos tortos e os pensamentos contraditórios que me roubam a franqueza. Depois que li a reportagem desta mãe com sentimentos tão análogos aos meus, pensei ter encontrado minha alma gêmea da maternidade e garanto que esta é muito mais difícil de achar do que a vulgar da música que segue com duas metades da laranja, dois amantes, dois irmãos.
Ainda é tarefa hercúlea desvincular a maternidade de uma imagem única, a do altar de sacrifício, ao estático e inquestionável amor materno, amor incondicional. Eu realmente acredito que existe, mas acho redutor afirmar que só as mães possuem acesso a este bem precioso que um Deus  reservou apenas à metade da humanidade.
Acho incrível como ainda se julga em dois pesos duas medidas a atitude de uma mulher que não quer ter filho, ou pior de uma que tem mas que não se sente abençoada com este papel, enquanto o homem tem sempre qualquer coisa que desculpe sua opção, abandono ou omissão. O lugar de um filho é com a mãe, os bois mugem. Será que é? Será que a vida é assim o preto no branco? 
Nunca me disseram que se arrependeram de serem mães, e no entanto há aí aos montes, quase trezentos comentários no blog. Todos os dias chegam com a mesma pergunta ardendo no peito. Serei a única a sentir isto? Imagino-as a digitarem a frase com culpa solitária, os dedos carregados de raiva, medo e muitas vezes, lágrimas.   Umas chegam, leem silenciosamente e vão embora. Outras voltam, partilham suas histórias tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão semelhantes. Outras vem todos os dias. Vivemos nas sombras, e eu queria ter a coragem desta mulher, mas não tenho. Até quando vamos alimentar esta falácia de que a mulher nasceu para ser mãe? Que a mulher só é completa se for mãe? Que só se descobre o que é mesmo amar quando se é mãe? De fato admito que há aquelas em que o papel serviu perfeitamente, mas e as outras? E se as outras forem a maioria? 


7 comentários:

  1. Acredito que esse seja um dos únicos espaços na blogosfera que abre um espaço sem máscaras, sem maquiagem, sem floreios, sobre os questionamentos e as dores da maternidade real, aquilo que as mulheres não têm coragem de dizer nem para seus terapeutas.

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  2. Zrs, junte-se a nós no facebook, estamos com um espaço bem legal para discutirmos.
    Beijinhos

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  3. As mulheres não falam porque têm medo de serem julgadas. Quando falamos o que pensamos, com sinceridade, somos condenadas. O correto é dizer: como é lindo ser mãe, não existe coisa mais gostosa no mundo, agora sim descobri o que é o amor, blá, blá, blá. Não querer ter filhos está fora de questão. A sociedade nos obriga a ter filhos e ainda impõe limites para a espera para tê-los. Escuto muito: Você está casada há quanto tempo? ... Nossa, então já está na hora de ter filhos... O fato é que me passo por chata, insuportável, porque não falo o que os outros querem ouvir, falo o que sinto, o que penso... e acabo sofrendo por isso!!!! Mas não vou desistir, vou lutar pelo que eu acredito!!!! Gosto muito desse blog, pois me identifico com ele!!!

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  4. Obrigada Mulher Moderna, fico feliz que goste daqui! Eu depois do que passo nunca pergunto nada e jã não estranho pessoas que decidem não ter filhos. É uma opção tão válida como outra qualquer e a sociedade não devia julgar como se fossem criminosos, como se a única saída fosse ter filhos para ser feliz.
    Beijinhos

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  5. Odeio ser mãe. Creio ser o único rsrsrs!

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