Ando muito cansada emocionalmente falando...talvez seja por isto que tenha me mantido quieta neste cantinho. Mas embora esteja quieta a cabeça não para de matutar e quase sempre a mesma coisa. Tem sido tempos difíceis...e é como dizem: sorte no amor...azar em todo resto (no meu caso). Este período de exílio voluntário tem me trazido outras questões à tona, ou melhor são as mesmas questões, os mesmos problemas mal resolvidos de sempre, mas agora com mais intensidade. Realmente sinto-me esgotada, cansada no meu papel de mãe. O Fabian fica apenas três horas na escola e o resto do tempo que está comigo, tem se saído muito bem em sua tarefa de me enlouquecer aos pouquinhos.
Estou cansada de ver espelhada por qualquer lugar que se ponha os olhos que a maternidade é a melhor coisa que pode acontecer com uma mulher. Que só conhecemos o amor incondicional depois que temos filhos. Que há qualquer coisa de sobrenatural em ser mãe. São clichês, apenas clichês digo a mim mesma. Mas irrita porque isto não é verdade. E não é verdade para muita gente. Ser mãe é apenas um dos papéis que desempenhamos e para algumas pessoas este pode ser o papel principal, mas para outras pode não ser. Somos diferentes em tantos aspectos porque diabos nisto temos de todas sentir o mesmo? Tantas mulheres digitam "odeio ser mãe" diariamente e vem parar aqui no blog e infelizmente não posso fazer nada por elas, aliás não posso fazer nem ao menos por mim. Quando vejo alguém evangelizar outras pessoas de que ser mãe mudou a vida dela e que como em um filme Disney "tudo passou a fazer sentido", embrulha-me o estômago, não por ela, mas pela ideia cristalizada na sociedade de que isto é uma verdade absoluta. Não é. E vou dizer que a mídia também sabe disto e explora cada pedacinho de culpa nestas mães que não se sentem assim.
A cada vez que o Fabian apronta das suas eu tenho vontade de berrar, tenho de fazer o possível para manter o controle, mas especialmente nestas horas eu penso que cagada eu fiz com a minha vida. Se filho fosse tão bom, porque o governo aqui tem que quase empurrar goela abaixo? Vejo as pessoas me dizendo: ah só tens um, faz lá mais outro para poderes ter direito a abonos e auxílio moradia. Eu simplesmente não acho que ter filhos valha os 500 euros que o governo possa me depositar na conta. Tem uma mulher, vizinha de um casal de amigos, que tem cinco filhos e vive de abonamentos, ganha 1500 euros pelos filhos mais o valor total do aluguel de dois apartamentos interligados. Esta amiga virou-se para mim: se eu fosse tu fazia mais um e não precisavas de te preocupar em trabalhar. Deus me livre de mais um desgosto destes, pensei, mas apenas lhe sorri e não disse nada. Nunca digo nada, muito menos às mom addicted, porque assim como não me cabe a ideia de alguém por insana de sã consciência decidir ter cinco filhos ou mais (ainda que o governo ajude), não lhe vai caber na dela que eu daria um ou dois vá lá, dedos mindinhos para ter a minha vida de volta.