domingo, 19 de janeiro de 2014

O corpo como símbolo de status (no ocidente)

Todo mundo sabe que o ideal de beleza muda conforme a cultura e também dentro da mesma com os passar dos séculos. Antigamente as mulheres gordas/inhas eram tudibom,  lá estão elas todas fofas retratadas nas mais diversas obras desde os afrescos da Roma antiga até a Renascença. E a principal razão para que o corpo volumoso ocupasse total apreço era nada menos do que sinal de riqueza. Até os nossos amigos agrotóxicos existirem, a população era constantemente afetada pelo tempo, se chovia demais ou de menos, se uma praga destruísse a plantação, assim como por guerras e consequentemente não haver quem lavrasse a terra e guardasse sementes para a próxima leva, etc. A comida até a idade média e convenhamos que na idade moderna também, era um problema. Como só quem pode comprar são os ricos e só se engorda (muito) quem come bastante, é lógico que envergar aquele pneuzinho em um passeio na cidade era equivalente a ter o Iphone 5, o nike air max e a ferrari hoje. Tudo naquelas dobras a mais. Ah mas e o metabolismo lento e o hipotiroidismo onde é que fica? É, acontece que em se tratando dos pobres, meses ou anos de subnutrição e poucos alimentos frescos disponíveis, assim como dez horas ou mais de trabalho pesado, haja gordura que aguente.
A partir dos anos 40 tivemos um movimento que foi se intensificando com o passar dos anos: "dona de casa livre-se já desta gordurinha". Jane Fonda na década de 70 e suas polainas coloridas entravam pela tv das casas de classe média americana a propagar o saudável que é ser-se magra. A mídia, a moda por sua vez com suas Twyggs de pernas da grossura do braço de muita gente, as mocinhas dos filmes e novelas com cintura de pilão refletiam a mudança gritante de paradigma estético. Começaram a pipocar revistas femininas com mezinhas e dietas para perder os três quilos que toda mulher sonha. Alguns anúncios vendiam até pasmem, tênias para facilitar o procedimento!
Com a comida de má qualidade cada vez mais barata, com restaurantes fast food com menu pela metade do preço que se pagaria por um bom prato de comida mais saudável e equilibrado, proliferaram obesos e semi-obesos, incluindo infelizmente um grande percentual de crianças. Alimentos sem açúcar, frutas e legumes biológicos, bolachas e pão integral são caros para muitos bolsos, e por ironia estes são os alimentos que proporcionam melhor qualidade de vida e consequente emagrecimento. Hoje o ideal de beleza, falando principalmente do corpo feminino, é a mulher magra, se possível ainda tonificada e dependente de um arsenal de suplementos vitamínicos. É só observar com atenção a quantidade de pessoas pobres que baseiam sua dieta em batata, arroz e massa, que quando saem para comer fora, a única coisa que o salário alcança é ir ao Mc Donalds. É reparar que cada vez mais os pobres ao contrário de antigamente, apresentam sobrepeso. Hoje mais que um ideal de beleza, é um sinal de status manter-se em forma porque isto significa que temos poder aquisitivo para pagar uma academia, que temos tempo para cuidar de nós, que podemos consumir produtos restritivos a maior parte da população. 
Quando vemos na capa de uma revista uma artista curvilínea a deliciar-se com semente de chia, não é apenas  a provocação à raiva/pessimismo por não conseguirmos fechar a boca, mas é uma das formas subliminares de dizer: este corpo não é para todo mundo. Ser rico, estar in não é para todo mundo ou não sabemos lá que o modelo capitalista é tão e só a exclusão da maioria? Muita gente pensa tratar-se de apenas estética, mas a verdade é que certos conceitos não nascem apenas do óbvio, mas ao contrário, trazem uma série de questões econômicas, políticas e de relações de poder que a nossa cultura nos devolve com mais uma dieta da estação.

4 comentários:

  1. Artigo muito interessante e realista...bjs

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  2. Olá Sofia! Mas é apenas a minha opinião lol, não cito fontes nem nada, mas obrigada na mesma por chamar de artigo. :)
    Beijinhos

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  3. Discordo com uma coisa: nem toda a gente que engorda é porque come muito.
    Ainda há umas semanas vi uma entrevista com a Teresa Branco, em que ela se referia aos candidatos do Biggest Loser portugu~es e dizia que nas analises deles se notava a maior percentagem que tinham para engordar do que as outras pessoas, isso quer dizer que um bolo engorda mais a um que a outro e que essas pessoas, possuidoras do tal gene, tinham de ter mais cuidado com a alimentação e fazer um esforço maior para emagrecerem. O que ela dizia não culpem os gordos pela genética.
    É óbvio no entanto que se me empanturrar de porcarias a toda a hora não há genética que ajude.
    Essas análises são caras e são apenas feitas em situações pontuais.
    Bjs

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  4. Nany com certeza que podem existir pessoas com um metabolismo mais lento, mas não é isto que as faz ter trinta ou quarenta quilos a mais, é comer tudo e mais alguma coisa. Sabe que uma vez vi um programa muito interessante que falava que os pesquisadores descobriram que nós podemos mudar a nossa genética. Era um estudo com gêmeos idênticos que levam vidas completamente diferentes: um é sedentário e o outro mais esportista. E a verdade é que nós somos capazes de modificar o metabolismo e inclusive alguns fatores genéticos. Incrível né? Espero que sigam a fazer pesquisas neste sentido. :)
    beijinhos

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