sábado, 15 de novembro de 2014

Sexy Yemanjá

Está aberta a temporada de fotos  de pés na areia, da ostentação de quem tem um pedaço para a cadeira e o guarda-sol, sim que isto do sol nasce para todos é verdade: tanto para os que vão para o litoral quanto para os que ficam a torrar nos quarenta graus de Porto Alegre (ou Forno Alegre como é mais conhecida por estes meses de verão). E isto só me faz aumentar a ansiedade de ir morar novamente perto do mar. Vêm-me musicas solares, ainda dos tempos de infância, de quando desejava que a minha mãe esquecesse de me tirar da frente da tv na hora da novela das seis.  
Creio que a minha memória musical é ainda melhor do que a visual e ultimamente tenho me "enliado"* em canções antigas e as ouço em looping, às vezes mais alto do que costumo. Já não tenho tanto cuidado com os vizinhos que resolvem discutir a relação da meia noite até a uma da madrugada com direito ao homem esmurrando a porta e estar mais de dez minutos a massacrar a campainha, enfim. Fodam-se, que ouçam eles também. 
A música tem sido uma parte importante nestes momentos de solidão, tenho necessidade de escutar a minha língua, quase como se duvidasse da minha capacidade de retê-la, como se não quisesse esquecer-me de quem sou. Sempre achei este processo de adaptação moroso e dolorido... Até quando estou me adaptando e até quando estou me aculturando? Ainda não consigo escutar nada em francês, com exceção de duas músicas, nem tenho interesse de procurar algo que me agrade. 
Começo com Sexy Yemanjá, tudo a ver com o mar, viajo para escutar a voz rouca do Fernando cantando "Apesar de você amanhã há de ser outro dia" enquanto distraidamente seca a louça, volto para Chega de Saudade, passo por Espelhos d'agua (que vontade de perguntar se ainda é cedo)...E termino com Maluco Beleza controlando minha maluquês misturada com minha lucidez. Posso dizer que já estou em outro nível de loucura: nem falo mais com os meus amigos imaginários, estamos de mal. Deu para notar que pensei em falar sobre uma coisa e terminei com outra, mas no fim, acreditem que está tudo ligado. A loucura. A solidão. Os pés no facebook. 




*enlaçado à moda da minha terra.


2 comentários:

  1. Está mesmo tudo ligado, e não
    é preciso dizer muito mais. É preciso percorrer "esse caminho" para se perceber.

    Bj

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  2. Isto mesmo linda, sabes bem do que falo...
    beijinhos

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