quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Enquanto isto, nas aulas de francês...

Il aime la Russie. Pourquoi il ne retourner pas?


É muito interessante analisar o sotaque carregado que cada um de nós luta para diminuir. É estranho porque parece ser uma briga travada entre o que somos e o que queremos ser... como se um pedacinho de nós se recusasse a morrer ou  dar lugar para outra coisa nascer em troca.
 Hoje o professor da outra turma não foi, tivemos aula com os antigos colegas de antes de nos separarmos. Pude ver o quanto evoluiu uma menina do Kosovo, cujos olhos verdes apertavam tanto quanto a sua vontade de compreender o que a professora falava. E quase sempre não conseguia. Hoje entende e fala algumas frases ainda estilo índio, como a maioria de nós. Voltei a ver a mulher do Uzbequistão com cara de pomba: o nariz aquilino, o corpo franzino e levemente gorducho e a fronte que o lenço deixava observar, envergava uns óculos transparentes e grossos. Quando ela ria ficava mesmo parecida com uma pombinha, encolhia os ombros, a cabeça e o nariz quase como se fosse apanhar tímida e rapidamente um miolo de pão ao chão. 
Pela segunda vez Araiek (não tenho certeza se é assim) escreveu sobre o quanto ama a Rússia e a professora sai de lá com uma resposta um pouco mais polida que o tradicional "volta para a tua terra". Ao invés disto perguntou o que afinal fazia na França, porque estava aqui? Como se não soubesse a quantidade de abonos que estas pessoas recebem pelo simples fato de estar em solo francês. Vim pensando nisto enquanto encontro a mãe chinesa (ou coisa que o valha) de um dos colegas do Fabian. Ela tem um jeito característico de caminhar com as pernas abertas, o cabelo comprido que desistiu de ser ruivo, com uma enorme raiz escura de uns bons vinte centímetros. Vinha ela  na minha frente, muito apressada como quase todos os pais que buscam seus filhos. De vez em quando traz o outro menino de uns dez meses junto, embora a maioria das vezes venha sozinha. Abaixou-se e pude ver que estava grávida de uns sete meses, talvez mais. É... eu disse pro marido, ou ele ganha aumento, ou fazemos mais filhos. Assim não dá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário