segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A polêmica do beijo gay



Não foi apenas o facebook que fora invadido pela cena tão esperada, creio eu há mais de dez anos na tv brasileira: em todas as notícias que supostamente nada tinham a ver, tais como a morte do cineasta brasileiro, ou o norte americano excêntrico que foi enterrado com sua Harley Davidson, etc. Em todas as mais variadas notícias este tema se insurgia nos comentários, uns muito a favor, outros (talvez a maioria) muito contra. É um beijo gay, não é o fim do mundo minha gente! Os nossos hermanos da Argentina tem cenas tórridas de beijo de língua e insinuação de pré ou pós coito tal como nós temos nas nossas novelas com casais hétero.
Eu até entendo aquele pessoal mais velho que acha uma pouca vergonha e tal...mas os jovens? E quando vem com a desculpa "não sou preconceituoso, mas não precisava mostrar"... Ou então: "não sou contra gays, mas acho que eles devem ser discretos na vida pública". Ou seja, são todos iguais, mas tão diferentes, não é? E outro argumento que me mata é o da "sociedade não está pronta para isto". Meu bem, a sociedade nunca está pronta para nada. O povo é um punhado de ninguém, reacionário, em que precisa aceitar as mudanças com o tempo e muitas vezes enfiadas goela abaixo. A sociedade não estava pronta para o divórcio, também não estava para o voto feminino, tampouco para a libertação dos escravos e para que a união de fato (antigo amancebamento) fosse considerado perante a lei como válido em todos os seus direitos e deveres. E hoje a sociedade não está preparada para o casamento gay, nem para a adoção, e pasmem: nem para um beijo gay no horário nobre. Os gays sempre foram representados como personagens caricatas para fazer rir e perambulavam com seus trejeitos afeminados (ou masculinizados quando se tratava do lesbianismo) apenas para servirem de bons conselheiros dos mocinhos. Assistiam e partilhavam da felicidade alheia, mas nunca tiveram a permissão para o seu próprio final feliz. Eu não vi a novela, apenas fui pegando uma coisa daqui e outra dali que as pessoas comentavam, mas agradeço a Globo neste caso por ter dado aquilo que a sociedade não estava preparada. Um "happy end" que já estava mais do que na hora.

4 comentários:

  1. A sociedade não está mesmo nada preparada e se vai aceitando o beijo gay no masculino, no feminino pensa logo que se tratam de atrizes porno.
    É uma sociedade em que fica bem dizer que não se importa, até tem vários amigos gays mas no privado nem pensar nisso.
    Por cá vamos ter o referendo da co-adopção, como se as crianças não vivessem já com dois pais ou duas mães e fosse algo de novo para elas.
    Ainda bem que as novelas vão mostrando as realidades e os podres da sociedade, pode ser que assim ponham as mentes a pensar em algo mais que neles próprios.
    E não, que eu saiba não tenho amigos gays, mas as preferências sexuais de cada um só a essa pessoa dizem respeito.
    Bjs

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  2. O que concluo é que mesmo aqueles (pelo menos grande parte) que se afirmam como não sendo preconceituosos, O são. Acham moderno dizer que são! Mas quando lhes toca... logo, logo o preconceito emerge em palavras e atitudes.
    Faz lembrar a questão da amamentação... mas aí daquela que der a mama em público sem esconder mto bem a mamoca!
    Bj

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  3. Oi Nany, pois eu reconheço que no início pode ser chocante, mas é uma questão de hábito. Nós convivemos com um casal gay que eram amigos do meu tio e passamos vários verões juntos. E eles faziam o que a maior parte dos casais fazem, ou seja dar um beijo normal sem a mão naquilo e aquilo na mão. E isto é apenas o que defendo tanto para héteros quanto para gays na mesma medida: beijos e abraços ok, quase transar na nossa frente, não. O problema é que as pessoas no geral não aceitam nem o beijinho (estilo selinho).
    beijinhos

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  4. Sim Mieke, tens razão, e é esta quase que toda a essência do meu blog, questionar sempre, auto-questionar os nossos desvios e preconceitos. O problema é que as pessoas simplesmente falam o que fica bem, mas sequer conseguem esconder o que pensam realmente. E o grande respaldo para isto é muitas vezes o anonimato.
    beijinhos

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