Parece uma novela de Nelson Rodrigues, mas não é. Um corno sustentava as mãos ensanguentadas por ter quebrado os vidros do carro do amante. O cenário: a saída do motel. O amigo do corno filma e põe lenha na fogueira, xingamentos são ouvidos. O corno se descontrola, arranca a mulher do carro. O amante se acovarda dentro dele. Seria uma história constrangedora se restasse em bocas conhecidas e provavelmente se restringisse apenas à cidade em que ocorreu. Isto se o corno não resolvesse em um rompante de vingança, espalhar internet à fora sua tragédia.
Sabemos que a tecnologia tem levado a uma super exposição da vida particular, tornando cada vez mais difuso distinguir o público do privado, contudo, os momentos partilhados são geralmente os positivos para aquele que se expõe, em detrimento dos negativos. É o chamado marketing pessoal, onde o parecer se sobrepõe ao ser. No entanto, este homem preferiu passar sua humilhação adiante porque sabia que mais importante do que o corno e mesmo que o amante, está a adúltera, a puta.
Milhares de memes, de contas falsas em redes sociais foram feitas em nome da moça, somadas a milhares de xingamentos e ameaças. Tudo gente muito fina, cristã na maior parte das vezes e que nunca traiu. Não consigo imaginar onde este moralismo todo vai se esconder no próximo carnaval. É que é muita perfeição neste Brasil véio. Vai faltar óleo de peroba para passar na cara de tanta gente!
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