sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Passeio de francês



Quarta feira passada o Fabian teve um passeio na escola, o primeiro deste ano letivo. A mãe aqui, escreveu o nome dizendo-se disponível todos os dias, assim como fiz no outro ano. Quando a professora chamou para ajudar a cuidar das crianças, imaginei que ia ser moleza como nas duas vezes em que o fiz, a prefeitura liberaria o ônibus que iria nos levar e buscar na porta da escola. Ledo engano. Segunda veio um bilhete para casa avisando-nos para comprar passagens de ida e volta para o tram. Fiquei responsável por quatro alunos, incluindo o meu filho, todo o caminho à pé até a estação (uns 10 minutos), no tram, na descida, no outro tram e finalmente na caminhada 15 minutos até o museu de arte moderna. 
No Brasil há uma expressão para isto: chama-se passeio de índio. Imagino que porque andar no mato seja algo ao mesmo tempo sem atrativo e perigoso. Achei que a professora não foi minimamente feliz em propor esta atividade, primeiro pelo trajeto que levamos boa parte do curto turno de três horas. Depois, pelo lugar. Pelamordedeus, museu de arte moderna?? Se eu tinha que me conter a cada minuto para não bocejar, como esperar que crianças de quatro a cinco anos achem aquilo interessante a ponto de ficarem quietas e prestarem atenção? Se ainda fosse um museu de arte com uma seção voltada ao público infantil ou com obras mais apelativas, mas não...colocaram-nas meia hora a olhar dois quadros acizentados de baixo relevo. Depois a ver um vídeo em que cães da raça weimaraner faziam coisas como se fossem humanos, com mãos humanas, mas com uma espécie de esqueleto de roupas à frente. No fim, a mocinha bem intencionada que os guiava, lhes propusera uma crítica às histórias infantis cujos personagens imitam nossos dramas de todo dia. Não sei se foi só eu que reparei, mas acho que a única coisa que realmente crianças daquela faixa etária poderiam aproveitar era o desenho com confetes, que pelo tempo, não deu para fazerem. 
Sem lanche nem água a manhã toda e com a volta tendo que descer duas estações antes e caminhar pelo atraso do tram, este passeio alcançou outro nível de chatice. Passeio de índio que nada, ida a  um museu, ainda mais museu de arte moderna, foi passeio de francês mesmo. 

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