segunda-feira, 18 de março de 2013

Como odeio os pais do Ruca


Sempre felizes, sempre bem dispostos e com uma paciência infinita. O Ruca é um menino que apesar de fazer algumas besteiras é calmo e não fica aos gritos, pulando e batendo no Riscas. Aqui em casa não é assim. Ou melhor, é suportável quando o Fabian não está perto da minha mãe. Este final de semana fui passar nos meus padrinhos e benza Deus como minha cabeça precisava disto. No entanto foi só voltar para me atacar da rinite e encher-me de dores de cabeça. O Fabian fica impossível, quer chutar e bater com os carrinhos nos cachorros, quer escalar o sofá, quer pular lá de cima, tudo isto quase ao mesmo tempo. Confesso que a minha paciência anda assim como o salário mínimo, curtinha curtinha. Às vezes depois de tanto avisar ele leva um tapão na bunda. Chora e depois vem para o meu colo como a pedir desculpa. Antes quando tinha o pai, era mais fácil: nos revezávamos no mau humor e sempre tinha um com a cabeça mais desafogada para explicar com calma que assim não pode ser (porém ainda que carinhosamente, sempre mantivemos a decisão do outro). 
A minha mãe por exemplo, vem saltando e gritando desesperada quando o neto chora, parece uma emergência e não aceita de maneira nenhuma que ele apanhe na fralda. Diz que nunca apanhei, mas eu era uma menina calma e as minha mal criações eram ficar de cara amarrada. O Fabian é muito expansivo, sei que precisa urgentemente de uma creche, de amiguinhos e de espaço. Sempre que dá levamos a uma pracinha, mas não faço disto uma missa, quando dá dá, quando não dá, paciência. 
Também sei que ele anda agitado e estressado porque eu própria não consigo lidar bem com a nossa situação. Porra quando ia imaginar que o marido ia ficar quase 1 ano desempregado? Quando ia imaginar que o Brasil ia nos fechar as portas e só nos faria perder tempo e dinheiro? Se eu soubesse tinha era o mandado logo para a França mesmo que nós dois ficássemos a espera aqui enquanto ele se organizava. Inclusive já decidimos que assim que ele arrume algo e possa nos mandar a passagem, nós vamos, independente de ser em um apartamento a ou b, de ter móveis ou não. As pessoas de fora olham e pensam que estou louca e estou, é verdade. Ninguém pode entender o que é ficar sem chão por tanto tempo, ficar na ansiedade de que algo irá surgir porque há coisas que não dependem só de nós. Ninguém sabe o que é ficar na casa dos outros mesmo e talvez ainda mais por serem parentes, todos se acham um pouco como diretores da nossa vida e todos sabem o que devemos ou não fazer. É uma merda, uma bela merda. De maneira que ando praí com uns tantos sapos engasgados sem poder soltar e recusando-me a os engolir. 
A ansiedade não deixa-me nem mesmo nos sonhos, quando aparece em todos eles o desejo de uma casa, de um lar...mas estranhamente a casa está sempre ocupada ou é de alguém, ou é muito grande e cara e não podemos pagar. Hoje ainda que em meio à angústia de não ter onde ficar, sonhei com o marido e que o abraçava muito apertado. E este medo é o maior de todos: o medo de que nunca mais possamos ficar juntos.

15 comentários:

  1. Oh mulher, tu nao penses assim, claro que vais voltar a estar com ele!!!
    Acredita que apesar de todas as dificuldades que estas a passar na casa da tua mae, nao é melhor passar las em Paris, mesmo estando com o marido e filho, pois se fores assim uma "mao a frente e outra atras" é o teu menino que mais sofre...é tudo mais triste e cinzento, vais sentir falta do sol brasileiro!
    Mas ja deves estar cinzenta so de morar com a tua mae...

    Coragem
    Marina

    ResponderExcluir
  2. Eu to por tudo, como vocês costumam dizer ehehe! Sei que vai ser difícil o recomeço mesmo ele tendo trabalho, mas é tão bom estar sozinha, eu que gosto tanto da solidão!...
    beijinhos

    ResponderExcluir
  3. OLha, eu quando morava em Portugal, tambem pensava assim, os meus amigos passavam a vida a dizer que eu era um bichinho do mato (e sou mt social) mas como tu, gostava da solidao e do silencio...e quando cheguei a França e tive solidao e silencio a mais!!
    Por isso agora dou mt valor aos amigos, ao barulho e nao me importo ficar com os filhos das amigas, gosto do riso dos miudos, da casa desarrumada (nao gosto é quando partem coisas)!
    Ai k saudades do meu céu portugues, mesmo o sol é mais bonito LOL

    Sim,se o marido tiver trabalho, sempre é melhor e dpois "petit a petit" vais fazendo amigos.

    Beijinhos
    Marina

    ResponderExcluir
  4. Bah muito fiquei tomando conta dos filhos dos outros heheh! O melhor é quando tomavam conta do meu para irmos ao cinema :)
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  5. Ehehehe, sou mt mae coruja, ja aconteceu ficarem com os meus para ir com o marido ao cinema...achas que vi ou me lembro do filme??? Nada, so pensava na hora de ir busca los!!
    Nao, para mim nao da, ainda sao pequenos, so la para os 7/8 anos, talvez...
    Mas gostava de ser diferente, ser mais "solta" dos miudos, nao consigo, paciencia, eles nao vao ficar pequenos para sempre, graças a Deus LOL

    Beijinhos
    Marina

    ResponderExcluir
  6. Sete?! Nossa, não é muito? Hehehe se eles ficarem com crianças da mesma idade vão divertirem-se mais que vocês dois. :0)

    ResponderExcluir
  7. ah sim, nao duvido, o meu medo é k nao tomem bem conta dos meus meninos, que aconteça alguma coisa, algum acidente, sei la...ninguem sabe tao bem tomar conta dos meus filhos como eu, horrivel, né?!

    Sera grave doctora, algum trauma de infancia, so pode eheheh?!

    Bjs
    Marina

    ResponderExcluir
  8. Tu mesma já o disseste ;)
    Acho que sim, o modelo de mãe que tiveste não inspirou confiança e portanto, tens dificuldade em confiar, principalmente os bens mais preciosos que são os teus filhos. Acho interessante que as mulheres que sofreram maus tratos quando crianças, ao tornam-se mães ficam nos extremos: os perpetuam os abusos desta vez para com os filhos ou tornam-se mães incrivelmente apegadas e às vezes Até sufocadoras na esperança de protegê-los do mundo.
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  9. Deves ter razao...nunca visto as coisas dessa maneira!!
    Sim, devo ser sufocante...o meu filho de 14 anos, diz isso mesmo, tipo: se ele nao atende o telemovel, vou logo pensando que teve um acidente ou alguem o raptou (tenho mt imaginaçao para o mal!)entao ele fala: "bolas, acabei de sair da aula, nem me das tempo de chegar na porta da escola..." Ok, eu sei, é sufocante!!
    Mas ja o deixo ir jogar a bola aqui em baixo na rua eheheh
    Ena, devo estar a melhorar!

    Bjocas
    Marina

    ResponderExcluir
  10. Imagino, ainda mais agora que está um adolescente, quer mais liberdade.
    Jogar bola é bom, ele ainda nem começou a sair à noite, imagina quando for?
    O ,eu marido disse que não leva o Fabian porque vai estar muito velho, olha a desculpa dele heheh!
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  11. Diz k nao leva o Fabian onde? Na bola ou a discoteca?
    ah nem quero pensar na noite!!! vou envelhecer assim uns 10 anos!!!!!

    Bjs
    Marina

    ResponderExcluir
  12. Ah ele diz isso agora, mas depois a preocupaçao fala mais alto, senao falas tu!!! LOL

    Bjs
    Marina

    ResponderExcluir
  13. Bonitinha... muito bem!...
    Juntei-me à tua causa!...
    https://www.facebook.com/perfeitinhodabosta

    ResponderExcluir