Pessoas com vícios de linguagem, né? Tipo assim, aquelas que falam toda hora, tá vendo (ou a variante em Portugal do tás a ver). Tá ligado? Partiu aula de dicção!
domingo, 30 de junho de 2013
Deixar viver
O melhor sentimento que uma pessoa pode ter é aceitação. Aceitar o tempo, aceitar os dias, aceitar as pessoas como são. No entanto vejo que é das coisas mais raras que existem, talvez algo ao nível de Buddah e Jesus Cristo e um pouco mais de um punhado de iluminados deste mundo. Na verdade o que se encontra encapuzado pelo que chamamos de aceitação é silêncio, e às vezes nem isto, são conselhos escamoteados em julgamento e tantas vezes aquela frase: fulano não devia fazer isto, é errado, vai se dar mal. E se perguntarmos o que a pessoa pensa sobre a atitude de fulano, ela vai dizer que aceita. Claro que não podemos confundir aceitação com concordância, no entanto o que sinto é uma espécie de tentar fazer o mundo conforme nossas crenças. Aceitar é deixar o revanchismo de lado, é não sentir-se ferido porque as pessoas tem suas escolhas e que diferem largamente das nossas. É fácil de perceber quando aceitamos algo, sentimo-nos leves, não nos acelera o coração, nem sentimos o estômago travar um nó de desgosto. Não falamos sobre isto, não pensamos tampouco, os sentimentos fluem naturalmente. Há certas coisas que aceito e há coisas que apenas respeito silenciosamente. Mas não poderia deixar de falar quando leio/escuto tantas situações em que as pessoas aceitam determinada coisa ou alguém e no entanto estão ali a julgar inconscientemente ao mesmo tempo que proferem a sua "aceitação".
Isto porque acho que estou constantemente me questionando sobre sentimentos, sei de cor todos os meus defeitos e não fico de maneira nenhuma surpreendida quando me apontam alguns. Não fico enraivecida por isto, ao contrário, a minha raiva advém não desta óbvia constatação, mas da hipocrisia da pessoa que acha que aceita os outros como eles são.
Colegas
Vi ontem o filme "Colegas", aquele cuja campanha do ator principal Vem Sean Penn correu o mundo. O que posso dizer? Esperava mais do filme, não gosto daqueles em que se vê que são feitos para fazerem chorar e achei a história mirabolante e cheia de clichês. Mesmo sabendo que são propositais, ficou um pouco além da minha paciência. Nota para o ator Rui Unas que me confundiu a princípio se seria um brasileiro imitando o sotaque português, tanto que tive de procurar seu nome na net. Para o churrasco e festa gaúcha com direito a música tradicionalista e também para o esforço e superação de Ariel Goldenberg, Rita Pook e Breno Viola. Parabéns!! Mas na minha singela opinião, talvez por gostar de filmes mais realísticos, o Le Huitième Jour ocupa um lugar muito especial na memória (quem ainda não viu, veja que é belíssimo).
Para quem quer ver online:
É só fechar as propagandas que ele inicia.
No passinho do qualquer coisa
Estou com uma música grudada na cabeça desde de manhã e não consigo tirar por nada! Eu sei, a culpa é minha! Quem manda ficar procurando paródias enquanto cozinha? Agora sinto os neurônios em looping, por certo estarão dançando no passinho, no passinho, no passinho do qualquer coisa...no passinho do qualquer coisa, no passinho do qualquer coisa...
Esta paródia foi feita com a intenção de gozar com os funks sem noção que fazem sucesso por aqui.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Nem sei porque
Juro, não sei porque a gente engorda! Hoje fui no aniversário de três anos da Marina, uma amiga de aula do Fabian. Tinha coxinha de galinha com catuppiry, pão de queijo, mini cachorro-quente, croquete, salgadinho de frango recheado com cheddar, escondidinho de carne, caldo de feijão, salgadinho de quatro queijos, negrinho, branquinho, mousse de chocolate, mousse de limão, sorvete com petit gateau, docinho de morango coberto de chocolate, empadinha, mini-churros (vocês ainda estão lendo?), docinho de chocolate com limão, batata frita, bruschetta, espumante, vinho, sucos e refrigerante. Ufa, tanta coisa light, não sei como se engorda no Brasil...
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Ficam aqui dois milagres para o pastor Feliciano
Para quem não sabe, Feliciano é um deputado federal que infelizmente preside a Comissão de Direitos Humanos. É um pastor evangélico e nos últimos tempos tem deixado o Brasil de cabelo em pé com as suas declarações homofóbicas. Conseguiu aprovar um projeto que permite terapia para tratar homosexuais, projeto este apelidado de "Cura Gay" e é só mais um dos que engrossam a lista de insatisfação popular destes últimos três meses.
É só eu que me irrito com isto?
Pessoas que saem espalhando boatos e partilhando notícias falsas sem ao menos darem-se ao trabalho de verificar as fontes para ver se aquilo tem algum fundamento. Deve ser minha herança de historiadora. Deve ser...
Me quero de volta
Já contei milhentas vezes aqui no blog o meu problema com o peso, hoje caminho mais uma vez rumo ao meu Santo Graal dos 58 kgs na balança. Já estive mais longe, é verdade, agora já cantam 70.7 kgs e estou cada vez mais perto da minha primeira meta. Sinceramente não acho que querer estar bem com o espelho seja futilidade. Ah o filho com saúde, ah o marido feliz, ah o caralho. Se eu não estou bem, não consigo me prestar a ouvir os outros, aliás muitas vezes nem quero saber, faço uma espécie de auto hipnose e mando-os catar coquinho em pensamento.
Aqui no Brasil está bombando os fitness blogs, que nada mais são do que mulheres comuns a perseguirem a tão sonhada trégua com o peso. De vez em quando viajo nestes relatos, adoro ver as fotos de antes e depois de pessoas reais que não estão ali porque tomaram o secagol, mas porque tão simplesmente fecharam a boca. Sim minha gente, é inútil tentar achar um segredo para a boa forma, já se sabe que é pura matemática: gastar mais do que se come. Não há aqui um sorvete com zero caloria, um chocolate anti celulite. Há quem diga que no Brasil as pessoas se preocupam demais com o corpo e eu concordo. Mas prefiro voltar a ser a "neura" que era quando engordava um quilo do que ser a que hoje olha para a barriga e pensa "ah já estive pior". Estou com elas no movimento "me quero de volta"! Ah como me quero!! E vou me ter mais dia menos dia.
Blogs:
terça-feira, 25 de junho de 2013
Cansa a minha beleza
Beleza é um conceito subjetivo...bla bla bla (inserir aqui argumentos politicamente corretos). Não esquecer de mencionar que a beleza verdadeira vem de dentro, porque já dizia Lulu "tudo passa, tudo sempre passará"... Mas falando de beleza propriamente dita, beleza física pura e dura não é assim tão relativa. O problema está nas pessoas não saberem separar um rosto bonito do que este desperta em termos de personalidade do dono deste mesmo rosto. Para mim podemos colocar a beleza nos termos da simetria facial. Ora, descartem lá os estrábicos, os (ou as) narigudos, os de orelha de abano (nada pessoal), etc. Um rosto simétrico, harmonioso, dificilmente será rejeitado nas mais diversas culturas. Veja bem que aqui não falo de peso ou altura, mas mesmo de rosto. Agora sim extrapolando para a parte corporal, podemos ter a nuance "cultura" acrescida na balança. Quero lá saber se nas arábias gostam das cheinhas. Aqui no Brasil valoriza-se o corpo violão ou ampulheta. No meu gosto pessoal uma mulher bonita não é gorda nem magra, está mais para a Débora Nascimento do que para a Bündchen. E sim, consigo em uma abstração achar mulheres gordas bonitas, mas uma mulher gorda ainda com formas, ainda com cintura, pescoço e mamas e não tudo embolado como uma obra pós-moderna.
Débora Nascimento |
Tenho um amiga de infância que era magra e depois engordou, agora vive postando fotos de auto-afirmação que está muito bem assim e deuzulivre ser magra. Reparem que esta amiga era bonita, tinha o nariz empinado e os lábios bem desenhados. Depois que engordou, não obstante ter perdido qualquer forma feminina, ficou muito feia de cara. E chega a fazer figura triste quando se expõe nas mais variadas situações em pose sexy. Segundo o marido, só com uma toalha, dizendo "seque-se", para ficar mais perto foneticamente da palavra. Pior que isto só as muy amigas e seus comentários de "lindaaa".
Quanto a mim, a Bonitinha, não me acho lá estas coisas de bonita. Tenho os olhos relativamente bonitos, embora muito comuns, a boca bonita, o nariz...não gosto do meu nariz de coxinha, mas olha, o problema é que o conjunto não funciona muito. Então porque Bonitinha? Porque quando se vai um pouquinho para trás e observa que a isto somamos o cabelo (que era daqueles Pantene), as pernas, o bumbum, barriga e tudinho, com a cara, temos alguém assim para o bonitinha. E claro que já tive quem me achasse feia, assim como quem me achasse uma mulher acima da média no quesito beleza. Eu sei que ando lá pelo meio termo, ainda mais que não tenho habilidade com maquiagem e escova e salto agulha. Tudo isto só para dizer que não concordo que a Gwyneth Paltrow esteja entre as mais belas (segundo a People). Para estar entre as mais mais falta-lhe viço, tempero...embora admito que tenha um rosto simétrico.
Millor
Tinha um amigo colorido que adorava o Millor Fernandes. Agora volta e meia deparo-me com citações no meu facebook e reconheço que o humorista tem umas tiradas muito boas! Vejam aí (grifei as que mais gostei):
1 “Se durar muito tempo, a popularidade acaba tornando a pessoa impopular”
2 “Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira pra matar”
3 “O aumento da canalhice é o resultado da má distribuição de renda”
4 “A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades”
5 “Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem”
6 “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”
7 “O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima”
8 “Chato...Indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele”
9 “O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde”
10 “De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência”
11 “Os nossos amigos poderão não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar”
12 “Se todos os homens recebessem exatamente o que merecem, ia sobrar muito dinheiro no mundo”
13 “Há duas coisas que ninguém perdoa: nossas vitórias e nossos fracassos”
14 “O mal de se tratar um inferior como igual é que ele logo se julga superior”
15 “O homem é o único animal que ri. E é rindo que ele mostra o animal que é”
Retalhos
O ser humano é feito de retalhos. Penso que só assim para explicar tanta vontade contraditória, tanta voz vinda do nada. O ser humano é feito de retalhos, sendo que algumas partes herdamos dos pais e familiares distantes. Outras são fruto da nossa própria vivência, dos nossos tombos, das nossas lágrimas. Se não fosse assim, porque esta vontade de ficar quando todo o resto quer ir? Porque mesmo quando temos tudo que queremos, afinal uma parte de nós está insatisfeita e queria justamente o contrário? Talvez em nós haja dois corações. Duas cabeças. Quatro pernas e quatro braços. E o duplo de cada um é tecido por vozes diversas, sendo que um já está pronto. Acabado. O outro está sendo cosido constantemente, às vezes com defeitos de linha, às vezes muito apertado e outras espaçado demais. Brincamos de ser uma coisa só. Muito decididos e senhores de nós, quando não passamos na verdade de retalhos de vontades passageiras...
Não posso mudar de ideia?
A mãe vê o filho chegar com os joelhos marrons quase todos os dias. As manchas dos joelhos não combinam com o resto dos pingos espalhados pelo peito e braços. Os tênis já gastos na biqueira estão completamente cheios de barro e dentro saem um punhado de pedras de cada pé. A mãe pensa na felicidade que é a próxima escola só ter concreto pintado de verde.
As ruas de minha memória
É impossível não viajar ao passado cada vez que ando pelas ruas de minha cidade. O viaduto da Borges de Medeiros lembra nosso primeiro beijo, passo por ele dentro de um ônibus apertado e da janela embaciada vejo nossos fantasmas ansiosos e de mãos dadas. Quando subo a lomba da faculdade de direito, lembro-me de quando de manhã muito cedo meu avô me deixava naquela esquina. Justamente naquela esquina sempre que dormia na casa deles. Vi-me caminhando de sandálias altas em direção ao prédio de Psicologia. Vi ainda o vô arrancar o carro apressado rumo ao trabalho. Na Redenção caminhei vestida de grega juntamente com meus colegas para ensaiarmos a tragédia que escrevi. As pessoas nos olhavam e por certo nos tomavam por alguns malucos de uma seita qualquer. No Parcão vi nós dois sentados e teus braços me envolvendo fortes. Conversávamos do futuro. Tínhamos tantos planos... Engraçado eu ter chegado até aqui e não poder nos avisar. Fiquei a olhar tristemente aquelas silhuetas que se abraçavam e por mais que naquela hora tu viraste era a ti que parecia ver um fantasma.
As ruas de minha cidade são verdadeiros caminhos que levam a mim, carregam-me seis, oito, doze anos atrás. Ou mais. Vejo-me criança a conversar com o meu pai. Vejo-me feliz ao trazer para casa um gatinho amarelo que ninguém quis. Vejo-me a pegar o ônibus tantas vezes, passar pela roleta, e com olhos distraídos não me vejo. Hoje não vejo a cidade que me viu crescer, vejo apenas a mim. Revivo memórias e tenho medo de abandonar o que ficou para trás.
Alguém pode me dizer
Porque as agências bancárias colocam telefone no site se simplesmente NÃO atendem?? Estou tentada a ir à Portugal perguntar pessoalmente. Primeiro me bloqueiam o acesso à conta pela net sem mais nem menos. Depois eu ligo para o atendimento ao cliente e me é explicado que preciso entrar em contato com a minha agência para atualizar meus dados. O cara que me atendeu acha que bloquearam porque tentaram falar comigo e não obtiveram sucesso. Pergunto-me o porquê de ter aqueles campos em que preenchemos com endereço e email. Sim, porque me enviam emails de propagandas e carta não recebi nenhuma, diz a ex colega do marido que está morando naquele endereço. E preciso mesmo de atualizar pela agência, o atendimento ao cliente não pode fazer este serviço. E agora em que ficamos se lá na dita a ligação cansa de cair?! Justo agora que estou prestes a receber o irs! Só comigo mesmo!!
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Não sei porque
Dos filmes da Disney o que mais me marcou e não canso de rever é Alice no país das Maravilhas. Adoro a parte em que tem o bolo que diz coma-me e depois o frasco que diz beba-me e ela fica tentando acertar o tamanho. Ora esta enoooorme, ora pequenina demais para alcançar a chave da porta. Gosto do chapeleiro, do coelho, da bicharada esquisita da floresta. Hoje o Fabian viu, se pedir para colocar a Alice mais 689 vezes é porque também gostou!
Fabionices
A vó dirige-se para o neto: Então Fabian, brincou muito na casa do dindo?
Ele muito contente em meio às ferramentas do meu padrinho: Não, mas trabaiei muto!
Ele muito contente em meio às ferramentas do meu padrinho: Não, mas trabaiei muto!
Estou doente
Será a chuva quem traz melancolia ou só deixa a nu o que já está aqui? Detesto, ai como detesto este tempo, esta chuva fininha, estes dias apressados, esta noite espaçosa. Tenho uma urgência de tempo que não se cura com horas passadas, padeço de saudade e os sintomas são irritação crônica e monomanias. Quando chega o dia, quero que passe depressa e quando chega a noite, quero que dure a eternidade deste tempo que sobra até nos encontrarmos de novo. Antibiótico, ansiolítico, antialérgico não são necessários. Basta tu vestir-me e eu por minha vez vestir a tua pele para que todo este furor dilua entre as paredes de nosso teto. Mas olho todos os dias para o calendário e ainda nos falta mais de dois meses, olho para ti na tela do computador e me exaspero quando percebo que não passas de pixels muito unidos em uma imagem tremida. E me passa mil coisas pela cabeça, medo do desconhecido, impaciência, raiva e ternura em um raio de segundos. Sou apenas mais uma apaixonada neste mundo e minha doença já dura uma década. Acho que devo ser a única que não deseja a cura, mas tão e só, o máximo de exposição possível com este agente perturbador da minha saúde. Tu.
sábado, 22 de junho de 2013
A fogueira
Escola do Fabian - Festa de São João |
Alguém certo dia me disse que há uma fogueira dentro de nós. Sim, podemos ser água, vento ou terra. Podemos inclusive ser uma coisa de cada vez por um longo tempo. Eu desde que me lembro sou terra. Sou chão. Sou a busca de segurança e de acolhimento. Nunca gostei do fogo, ou melhor, talvez até não desgostasse o que havia era medo de queimar-me. Tenho para mim que o fogo é uma energia poderosa, o fogo destrói e prepara a mudança. Como sempre tive medo de mudar, parecia óbvio o porquê de manter-me longe.
Não pude deixar de sentir um nó no peito quando acenderam uma enorme fogueira diante de mim. Vinham quatro tochas de cada lado. Norte, Sul, Leste, Oeste. Juntaram-se em meio à madeira que jazia no centro de tudo e atearam fogo. Timidamente começou a buscar oxigênio e tomou conta da base, para depois ir gargando o cimo daquela pequena montanha. O fogo fez-se em luz e vida, qual uma entidade tomou-lhe o corpo, dançando e lançando fagulhas noite à dentro. O fogo brincava de destruir. Sim, tenho a certeza de que gozava o momento com felicidade, como se tratasse de uma criança de tenra idade a destruir o mundo a sua volta. Então senti-o dentro de mim, aceso. Vivo. Pululante. Senti-o tomando conta do meu sangue morno, dos meus órgãos internos e principalmente dos meus pulmões. E parei de lutar contra ele. Aceitei. Deixei que (me) destruísse como se fosse um pedaço de corpo qualquer. A vida é morte e renascimento e eu precisava morrer para que o resto de mim pudesse nascer de novo. E ficamos nesta dança interna alheios às vozes que cantavam:
acende a fogueira ia iá
acende a fogueira iô iô
cuidado para não se queimar...
Mal sabiam as vozes de que a minha alma já era fogo. E agora era a mim que viam serpentear em chamas engolindo toda a escuridão de minha noite...
Estou com uma dúvida
Será que a minha má vontade para com a música somente instrumental advém das horas que passei para ser atendida em call centers?
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Brasil não me faças isto
Já tinha ouvido falar da obcessão por regras que a Alemanha tem por uma prima do marido que viveu lá um pouco mais de um ano. Ela fez-me rir muito das histórias sobre o zelo excessivo das leis, da economia de recursos naturais e do transtorno obcessivo compulsivo para ser um cidadão exemplar até na mínima das coisas. E quem diz Alemanha diz qualquer país supra desenvolvido, onde a democracia é quase a roçar a perfeição, tal como Bélgica, Dinamarca, Holanda and so on.
O povo aqui nas ruas protestando contra a corrupção e o jeitinho brasileiro de levar a vida, fez-me pensar que mesmo que as coisas mudem, que sei lá de onde brote uma consciência cumpridora da ordem, pelamordedeus não vão ao 80.
Li isto hoje e não sei o que é pior: se é o cara jogar lixo no chão ou esta psicopatia pela ordem e pela vida dos outros.
"Os holandeses são um povo obcecado com o respeito a leis e regras e com uma necessidade quase visceral de obrigar toda a gente a respeitá-las, mesmo que não os estejam a incomodar minimamente. Hoje vendi a minha cama, e como tal, o casal que a veio buscar parcou o carro à minha porta para facilitar o transporte das peças da minha porta até à bagageira. Ainda o homem não tinha posto as moedas no parquímetro, e já estava a ser chateado por um dos meus vizinhos, muito cioso, porque o estacionamento na rua era para moradores e devia ir estacionar no grande estacionamento recentemente construído a 100 metros de minha casa. Por azar só falava holandês, mas por sorte um vizinho estava a sair de casa e lá me ajudou, e lhe explicou que era só temporário, até carregar umas coisas no carro. Aí dois minutos depois saía outro vizinho igualmente justiceiro a reclamar também, e voltou a ser preciso dar toda a explicação, até que me sugerem pôr o carro a 4 piscas (apesar de já ter pago o estacionamento) para que o bairro não entrasse em histeria colectiva por ter um carro parcado à porta da minha casa a pagar que não era de moradores e que por isso deveria ir parcar a 100 metros. A solução acabou por passar pela mulher do casal ficar ao lado do carro com portas abertas e quatro piscas, enquanto o marido e eu desmontávamos a cama e a metíamos, peça a peça, na bagageira. Estou para ver o pesadelo que vai ser na próxima semana, quando estiver a fazer as mudanças definitivas e tiver um carro a ser carregado várias vezes à minha porta durante um dia ou dois... mesmo pagando parquímetro."
Luna.
Onde vamos morar?
A princípio eu e o marido achávamos que íamos morar em Paris. Ou melhor, nos arredores de Paris porque não tava a afim de morar em um prédio caindo aos pedaços e em um apartamento minúsculo. Depois quando o marido finalmente conseguiu emprego, pensávamos que íamos morar em Strasbourg, mas depois vimos que era mais barato morar nas pequenas cidades em volta, tais como Cronenberg, Eckbolsheim, Oberhausbergen, etc. E acabamos por conseguir um enorme sobrado em Schiltgheim, há três minutos à pé do trabalho do marido e há cinco da escola do Fabian! Perfeito! Lindo! Uma casa (que na verdade é um prédio de dois andares apenas com dois apartamentos em cima e dois embaixo) em estilo enxaimel. Estou muito feliz por ter novamente uma casa. Nossa, a minha, a nossa casa! É de inflar o peito para dizer, aliás é tão bom, mas tão bom que fico feito boba a dizer: a minha casa! É isto, até que enfim temos uma casa!!
Não é esta, mas é parecida. |
quinta-feira, 20 de junho de 2013
É a minha vida
Não sei porque nem de onde o Fabian tirou esta. Para ele tudo que é anel é a vida dele...Dá uma enorme importância a isto, fica danado quando cai "a sua vida" no chão. Será que andou vendo Senhor do Anéis sem que eu notasse?
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Deixamos de ser o bom selvagem
O Brasil acordou, levantou a bunda do sofá e foi às ruas, primeiramente para conter o preço das passagens de ônibus, depois por todo o resto. Começou na minha Porto Alegre e depois foi se espalhando por quase todas as capitais e inclusive em outros países com maior concentração de emigrantes brasileiros.
Hoje li uma ex colega da História no facebook reclamando que as pessoas não sabiam o que era manifestação, que querem protestar contra a corrupção, a favor da saúde, de melhores escolas, etc. Defendia que era necessário ter um foco e neste quesito, o povo já foi bem sucedido: as passagens irão baixar, a daqui nem sequer aumentou. Concordo com ela, mas ficamos tanto tempo mergulhados em uma inércia, mudando o mundo em uma mesa de bar, que é um belo começo. Tenho visto pessoas reclamando do vandalismo, porém são situações pontuais, a maioria do pessoal, digamos que uns 90% ou mais, estão usufruindo de seu direito pacificamente. É uma pena que quem ficou sentado só enxergue os baderneiros...
Ah e claro, como poderia esquecer dos conspiradores de plantão: "quem está por detrás disto?" Os reacionários amigos da ditadura (daquele tempo em que tudo era bom) acham que os comunistas estão manipulando as massas para chegar ao poder. Eu já acho que nem vale a pena discutir com estas pessoas tão bitoladas, isto até lembra-me a síndrome do pombo enxadrista.
Historicamente o povo brasileiro, que naquela época ainda nem tinha uma identidade por assim dizer de pertencença a esta terra, está acostumado com a corrupção. Digamos que está no nosso dna assim como está no de muitos outros. A falta de eficácia na fiscalização pela coroa portuguesa, os incontáveis cargos,o óleo para esta engranagem que é a ineficiente burocracia, assim como a esperança frequentemente bem sucedida de levar vantagem frente a um sistema econômico castrador, são só alguns exemplos de como tudo começou. Mesmo após a suposta independência, a qual desde crianças sabemos que não significou mudança alguma para a maioria dos brasileiros, o aumento desta rede que suporta cargos e mais encargos só tem vindo a agravar. A maioria das revoltas contra o governo foram planejadas de cima, isto é, por uma burguesia que reivindicava privilégios e benesses. Raramente o povo teve voz. Tinha um conhecido que dizia que povo era um punhado de ninguém. É verdade, porque infelizmente o povo não tem uma identidade consciente do poder de mudança que lhe legitima. O povo é fácil de distrair, com novela, futebol, música...
E agora o povo está nas ruas, mas está sem rumo. Todos concordam que devemos mudar, que é urgente o investimento em educação e saúde, e já agora em saneamento básico e na erradicação da miséria. Mas por onde começar? Ninguém faz uma faxina de cinco séculos em 4 anos. E quem encabeçará esta mudança? Não sabem. E não me venham com votar nulo ou branco ou partidos que já sabemos que deu merda.
Mas uma coisa o povo já entendeu. Não quer Copa, não quer Olimpíadas. Não quer ser capacho de ninguém, nem aquele anfitrião que está acostumado a receber visitas com subserviência. O povo quer ser gente de carne e osso. Vamos ver até onde vai esta onda de protestos, lembro-me agora de que o estado social francês não se fez em um dia. Nem em três meses. Tenhamos esperança. E paciência.
terça-feira, 18 de junho de 2013
Tenho que dizer
Aula de samba
Anabela conferiu pela segunda vez se levava os tênis de ginástica na bolsa esportiva. Sim, levava. E também meias e top. Amarrou o cabelo em um coque e se despediu do marido dizendo que ia na tão aguardada aula de samba. O marido não perguntou que horas voltava, emendou ela em pensamento, que apenas por distração, não porque já tivesse deixado seu jantar no forno. Fechou a porta e nenhum sinal do olhar do marido, que permanecia embaciado no jogo da televisão.
Nuno não era propriamente um gentleman, não era daqueles que abriam a porta nem dos que mandavam sms apaixonados. Mas era ainda sim um bom homem, correto, trabalhador e sincero. Aquele homem não guardava nada na garganta. No entanto, vinha notando que o desejo entre eles não era mais o mesmo. As trocas de carícias, as preliminares tinham se tornado tão ralas e...rápidas...e às vezes eram suprimidas para um caminho mais rápido entre suas pernas. Pudera que já lá iam em sete anos de casamento, muitas de suas amigas achavam normal, inclusive algumas delas arrumaram amantes, assim como os seus esposos. Anabela se arrepiava a cada vez que pensava se Nuno a estaria traindo. Será que estava? As amigas diziam que era bem provável porque homem nenhum aguenta mulher de coxas mornas. E foi aí que Salete entrara. A baiana foi indicada por uma colega de academia, dizia-se à boca pequena que a mulher ensinava como seduzir com o gingado de sua terra, ora claro que com samba.
Quando finalmente chegou na sala de um prédio simples e popular, exalava nervosismo. Salete chegou se apresentando muito sorridente e a convidou para se juntar as outras quatro alunas em outra peça de sua pequena academia de dança. Anabela foi guiada pelas nádegas bem desenhadas na calça de suplex da mulata. Tinha um sorriso muito aberto e genuíno, uma voz quente que envolvia e inspirava-lhe pela primeira vez a segurança de sua decisão.
Cumprimentou as outras mulheres, deviam andar todas nos trinta, ao menos era o que parecia. A sala era pequena, mas os dois espelhos que ocupavam toda a parede deixavam-na com a sensação de que havia muito espaço. A professora mandou que sentassem em bolas de yoga. Anabela escolheu a vermelha. Sempre sorrindo, pediu-lhes que deixassem a vergonha para o lado de fora da porta e dirigiu-se para o botão de play.
A peça inundou-se de uma voz masculina e Salete começou a requebrar os quadris. Tão graciosamente se moviam ao ritmo da música, enquanto falava:
- Aqui vocês vão aprender a sambar, mas não é sambar no chão. É sambar lá na hora do bem bom. Agora quero que mentalizem que estão com os seus amados... não não precisam rir...faz assim, estão sozinhas, pronto. Quero que vocês mexam conforme a música, só a cinturinha filha. - ia passando pelas alunas e pousando suavemente as mãos sobre os quadris, educando-os ao som e às paradas da melodia.
Anabela tinha vergonha, ainda mais se imaginasse Nuno por baixo dela, até esta era a posição preferida do marido, o que a deixava com uma pontada de timidez por lá estar. Mas não se daria por vencida, tinha decidido que ia reascender a chama entre os dois. Tinha se concentrado tanto no rebolado que quando deu por si havia caído da bola. Salete veio em seu socorro e colocou-a novamente na posição gangam style. Ficaram quarenta minutos a remexerem e suarem os quadris. Por fim a professora sentou-se em uma bola e começou a lhes mostrar o movimento que fazia o abdome. Raios parta, a mulher é mesmo boa, pensava. Não que fosse muito bonita, mas era sensual, tinha o típico corpo da brasileira, os seios pequenos e rijos, a cintura fina e as coxas grossas. Salete era do bem, não estava ali para roubar nenhum marido, mas sim para ajudá-las a (re)conquistá-los.
A cada aula era uma posição diferente, uma música mais ou menos agitada, conforme ditavam os movimentos. Além da aula ainda havia abdominais, exercícios para fortalecer a pélvis, os glúteos e até aquela posição horrorosa que detestava fazer no ginásio. Tinha de deitar e levantar o quadril e abaixá-lo, sempre contraindo as nádegas. Salete dizia que era fundamental que tivessem preparo físico se quisessem algo diferente do feijão com arroz. - Ora estão aqui para fazer papaí e mamãe e mamãe e papai? Bora mexer estas ancas meninas!
E assim passou um, dois e três meses de aulas. Anabela finalmente sentia-se pronta para revelar ao marido tudo que aprendera com a baiana. Espiou através da cortina e viu que ele se aproximava do edifício. Correu com os saltos para mais uma olhadinha no espelho. A última. Tinha um corpete cor de vinho, entrelaçado com fita de cetim e uma calcinha de renda também em vinho. Sabia que o marido adorava aquela cor. Ou seria mais o vinho em si? Apertou os lábios rosados e conferiu o lápis preto nos olhos azuis. Não lembrava-se da última vez que se arranjara para o marido, talvez no primeiro ano de casada, talvez...
O barulho da chave a girar. Seu coração palpitava. O marido abriu a porta e deparou-se com a mulher em um salto agulha semi nua no hall de entrada. Mais que ligeiro mandou-a para o lado com medo que algum vizinho a visse naqueles trajes. Ela abraçou-o e foram para a cama. Fez-lhe tudo, qual uma aluna exemplar em seu último exame do ano. Ah sambou, sambou muito. Mas ele não desconfiava, não havia música, não havia pandeiro nem nada. Apenas Salete e suas mãos invisíveis a conduzí-los ao orgasmo.
Caídos e abraçados, ela lhe desenhava espirais no peito cabeludo. Ele parou alguns minutos de olhos fechados, depois colocou novamente o relógio e levantou. Era a final da Taça Uefa, ou sei lá o que. Para o marido qualquer jogo adquiria status de final de alguma coisa. Anabela suspirou. Primeiramente desiludida, depois com raiva. Ele gritava da sala para que aquecesse o jantar. Ela levantou-se e colocou a roupa de costume, limpou a cara e decidiu: arrumaria um amante. Mas não um amante qualquer. O Gonçalo ia servir, era afinal de contas o melhor amigo de Nuno. E pensou contemplativa, de que talvez esta fosse a única forma de ficar mais próxima do marido.
Porque um homem não deve procurar casa
Conversa pelo skype:
Eu: Então era bonito o apartamento?
Ele: Sim, mas era um prédio velho.
Eu: Desde que não esteja caindo os pedaços... Tá mas me diz uma coisa, o banheiro é grande?
Ele: É bom.
Eu: Mas e é duche ou banheira?
Silêncio e cara de apavorado do marido.
Eu: NÃO acredito que tu não viu se era duche ou banheira! (...) E quanto ao quarto, o papel de parede é muito escandaloso ou é melhor do que tá na foto?
Ele: Que papel de parede?
Ahhhhhhhhhhhh!!!
Eu: Então era bonito o apartamento?
Ele: Sim, mas era um prédio velho.
Eu: Desde que não esteja caindo os pedaços... Tá mas me diz uma coisa, o banheiro é grande?
Ele: É bom.
Eu: Mas e é duche ou banheira?
Silêncio e cara de apavorado do marido.
Eu: NÃO acredito que tu não viu se era duche ou banheira! (...) E quanto ao quarto, o papel de parede é muito escandaloso ou é melhor do que tá na foto?
Ele: Que papel de parede?
Ahhhhhhhhhhhh!!!
sábado, 15 de junho de 2013
O TOC nosso de cada dia
Quem nunca conferiu milhares de vezes se estava com o cartão do trem e do metrô no bolso da mochila?
Quem nunca relembrou em pensamento insistentemente a senha do cartão antes de fazer uma compra?
Quem nunca lavou toda a louça antes de dormir?
Quem nunca deixou os controles remoto lado a lado, em perfeita harmonia?
Quem nunca elegeu um lugar no restaurante/faculdade/praça, para o qual estaria disposto a fuzilar a criatura que sentasse justamente ali?
Hum? Quem?
Hum? Quem?
Lar doce lar
Durante muito, mas muito tempo estas três letrinhas juntas fizeram um nó apertado na minha garganta. Era um nó daqueles de marinheiro, difícil de desatar. Olhava para a vida dos outros nos bicos dos pés e sentia imensa revolta, não porque os culpasse pelo meu infortúnio, mas porque sentia que não valorizavam o suficiente a dádiva que é ter um lugar para morar. Ora lugar eu tinha, não tinha era o resto todo, a privacidade, as minhas coisas espalhadas pelos cantos. Não tinha a minha alma perdida pelas paredes, em simbiose com o concreto e a tinta, quase como se dependêssemos um da vida do outro.
Não tinha casa e sem casa, não tinha lar. Mas agora...agora as coisas começam por fim a materializar-se, desenham-se por horas a fio sonhos em que tentamos encaixarmo-nos em fotos de anúncios. E ficamos como que assim perdidos entre ítens difíceis de conciliar. Tem de ser barato, tem de ser perto, tem de ser grande (pelo menos para que caibam roupeiros nos quartos) e se possível, poderia ser bonito.
Esta é a nova tarefa do marido este mês: andar a visitar vários lugares em busca de nosso novo lar. E tenho certeza de que irá encontrar um, aquele perfeito, que estará só esperando por nós.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Ai a genética...
Tirando a cor do cabelo castanho mais claro (que não dá para ver nesta foto durante a noite), os pés e a altura, o Fabian puxou tudo tudo à mãe. Fisicamente falando, porque em termos de feitio é todo o pai, não há dúvida! Agora resta-me saber se teremos muitas garotas à porta como quando o pai era jovem...
quinta-feira, 13 de junho de 2013
A lanterna
Amanhã temos a festa da lanterna e esta foi a que fiz para o Fabian levar. Tadinho, não ficou nada do que tinha planejado, mas foi o que deu!
Às 17:30 temos o teatro organizado pelos pais e depois iremos dar um passeio à noite com as lanternas terminando em um grande luau com direito a fogueira, na escolinha.
A história da menina da lanterna (que tentei fazer o silhueta acima) é uma analogia com a chegada do inverno e brinca com alguns arquétipos de comportamento humano: o sono, a preguiça, o mau humor, etc.
E a partir de agora é só festas, daqui há algumas semanas teremos a festa junina. E depois o aniversário do Fabian. E depois...ai depois...a nossa partida. Mal posso esperar!!!
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A lanterna durante a festa.
Lixo é você!
Esta semana circulou um vídeo de um cara dirigindo nos Eua. Ele falava em suma sobre o alto custo de vida no Brasil, com um monte de palavrões no meio (que eu não tenho nada contra isto), mas chamar o seu país de merda é indigno demais. Sinceramente eu não sei porque a vida aqui é tão cara, ou melhor, claro que sei, altos impostos, corrupção, um povo culturalmente passivo. Porém há uma coisa que me incomoda nestes emigrantes deslumbrados: os Eua tem um custo de vida mais baixo? Tem carros mais acessíveis? Tem! É inegável. Mas e quanto ao resto? Quanto ao ensino superior, sabem que um estudante tem de pagar 100 mil dólares para poder se formar? O que é basicamente antes de ter qualquer retorno profissional já estar devendo até o pescoço. E quanto a segurança? Ótima diga-se de passagem. Os altos impostos vão principalmente para fins bélicos, portanto é óbvio que a sua polícia muito melhor treinada e equipada será mais eficiente. E quanto a saúde? Se alguém não tiver plano de sáude é simplesmente expulso do hospital! Inclusive há uma cena chocante em um dos filmes do Michael Moore em que um doente sai só com o avental completamente desorientado. O nosso Sus é uma questão de sorte, mas hoje existem várias unidades de atendimento conveniadas com hospitais privados, não é a mesma coisa, mas tem muito mais dignidade, nem dá para comparar.
Ah e já ouviram falar do Prism? É só o sistema que vigia tudo que um cidadão faz na internet a nível mundial. Imaginem as vossas conversas no Facebook, no skype e falecido messenger invadidas. Mas não se preocupem porque é só se vocês forem suspeitos de um crime ou terroristas, o problema é que o governo americano é um pouquinho assim para o paranóico. Alguém já disse que os fins justificam os meios, não é?! Nada não, é que sou assim muito ingênua e pensava que isto só acontecia na ditadura.
Eu não tenho nenhum ódio de estimação com relação aos Eua, a sério. Só acho um bocado injusto estes emigrantes enxergarem a realidade de forma tão mas tão dicotômica. E ridícula. Exaltar uma realidade de carros bons, ótimo policiamento e estradas, tudo bem! Seria muito legal se o Brasil também se equiparasse a isto. Falar que o futebol é o ópio do povo, concordo, tem toda a razão. Mas não seria esta pseudo igualdade material também uma forma de deixar o pobre iludido enquanto a elite tem muito mais privilégios? Digo eu que leio tanto sobre o alto grau de racismo contra "espanos" e "afro-americanos" e que vejo que também há segregação em favelas ou melhor bairros sociais (já que favela é só coisa de terceiro mundo). Para já não falar que é extremamente de lamentar que alguém se referira a sua terra como "lixo". Pois eu acho muito bem que quem pense desta forma se mude! E assim vá aos poucos percebendo que será muitas vezes tratado como lixo, com subempregos, com precariedade no que diz respeito a segurança laboral e claro, com preconceito. É a tal síndrome do vira-lata, em que se endeusa europeus e norte-americanos. Eu até acho desculpável que os brasileiros que nunca tenham saído do país pensem assim. Na minha opinião, pessoas que já conhecem outra cultura, deveriam alargar horizontes, tornarem-se mais maduras e abertas, deveriam relativizar seu preconceito e ver que cada lugar tem coisas boas e ruins. Acho que meu problema é ter grandes expetativas sobre os emigrantes. Deveria rever isto.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
Fabionices
- Tu fizeste pum?
- Naum fizi pum, mãe. To fazendo bauio com a bunda!
Grande desculpa inventaste para o teu pai! lol
Tomar partido
"C'est lui pour moi,
moi pour lui dans la vie"..
No sábado à noite a mãe saiu com pressa a fim de falar com a sua tia, queria saber mais sobre o irmão que o vô teve fora do casamento (ou melhor, antes do casamento) com a minha vó. Não entendo porque este desespero súbito por saber da história toda, já que ela teve mais de cinquenta anos para isto. Enfim... Depois contou-nos que o vô tinha sido nas palavras dela um "cagão" ao não assumir aquele filho. Ainda doeu-me o peito do estômago (como lhe chamo o lugar onde dá aquela dor na barriga), não gosto quando falam mal dos meus. Sim, ele foi um cagão da mesma forma como o foi o meu pai biológico, mas ele tem a desculpa por assim dizer, que se fosse tratá-lo como um Costa teria de comprar uma briga feia com a minha vó. Ele preferiu deixar como estava e a falta de interesse por parte da mãe do C. por nunca o ter procurado, reforçou a maneira como se levava o assunto.
Posso compreender meu avô, acredito até que há uma tendência quando os filhos se "intrometem" nos assuntos de casais, que o homem tome partido da mulher e a mulher penda mais para os filhos. Talvez por ter uma opinião menos apaixonada sobre a maternidade, confesso que meu marido está sempre em primeiro lugar, nunca imaginei ser de outra forma. Os filhos crescem, vão a sua vida, constituem família, e passam a ter as suas prioridades. E às vezes se não soubermos resolver os atritos, destruímos uma relação em nome de que mesmo? De alguém que mais cedo ou mais tarde vai alçar voo e descobrir por si mesmo como é delicado relacionar-se. As mulheres infelizmente acham que existe algo de muito forte e sobrenatural que lhes liga às crias e não há ninguém no mundo que possa cortar este fio. Disse-me a minha mãe quando tem lá os seus ataques de choro em que me abraça em convulsão, de que eu e o neto somos tudo o que ela tem. Na verdade devíamos nos bastar, devíamos ser completos sem ajuda de ninguém, mas já que não é possível, devíamos ao menos ser mais justos conosco e valorizar quem está do nosso lado. Acho mesmo que neste e em outros aspetos tenho um cérebro masculino, vejo a vida com outra lógica, com menos sentimentalismo e mais objetividade. E claro, talvez, com mais egoísmo.
O sonho
Estava sentada no sofá quando uma mulher se aproximou. Ela vinha sorrindo, nunca a havia visto na vida nem no sonho. Sabia, tinha a certeza de que se tratava da primeira vez em que nos olhávamos. Ela sentou. Tinha o corpo arredondado e os cabelos castanhos um pouco abaixo dos ombros. Ficamos um tempo nos observando, até que ela quebrou o silêncio. Estendeu as mãos para mim e disse:
- Obrigada! Obrigada por me trazer o meu filho!Fiquei embevecida com aquele sorriso tão sincero. Acho que nunca obtive tamanha gratidão de alguém. Estendi-lhe por minha vez, as mãos em concha para dentro das dela.
- Teu filho não. Nosso filho. - Sorri.
E foi assim que soube que aquela doação de óvulos dera frutos, ou melhor um fruto, um menino. Hoje deve andar quase a fazer um ano e sinto-me muito feliz por ter ajudado a realizar o sonho deste casal. Sinto como uma intuição mais forte do que qualquer lei física, que aquele encontro realmente aconteceu em outro plano e que aquela mulher, aquela mãe, teve a vontade de expressar toda a felicidade que sentira cinco meses depois de engravidar.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Para emagrecer basta...
Se você completou a frase com "fechar a boca", enganou-se. Pois é, como se já não bastasse o sofrimento que é estar de boca fechada para tudo que é bom, a ciência deu mais uma ajudinha à mãe madrasta natureza. O médico Nikolas Chugay descobriu que se atasse na língua uma atadura abrasiva usada para reparar érnias, provocaria tanto desconforto para comer que obrigaria a pobre criatura a uma dieta de líquidos. A técnica promete a perda de até 13 quilos por mês, bah eu já ficava feliz! Mas com aquela coisa na língua não fica um pouco difícil de falar? É que sem comer e sem falar e o marido sem (imaginem), o resultado ia ser uma gostosa separada e deprimida!
domingo, 9 de junho de 2013
Eita que hoje são só fotos
sábado, 8 de junho de 2013
Bebês e os exageros dos pais
Tá bombando na net um vídeo de um menino de quase dois anos que canta Beatles com o pai. Tá certo, li a reportagem do pai (brasileiro) explicando porque tinha colocado no youtube e depois pensei. Se falar uma frase é cantar, porque não posso dizer que o meu filhote aprendeu a tocar violão com sete meses? Tá aí a prova lol!
ps: agora que o pai do guri canta muito bem, isto é verdade!
Eu e a meditação
Pensava eu que era impossivel conseguir o feito de silenciar minha mente a fim de meditar. Quem já tentou enveredar por estes caminhos, sabe que a melhor forma de no início tentar acalentar ou nas palavras mais usadas na cultura oriental "controlar" a mente, é imaginar algum objeto, um vaso, a chama de uma vela por exemplo, e concentrar toda a atenção nisto. Tentei também estar consciente da minha respiração, do ar saindo e entrando, ocupando todos os pulmões. Pois parece que não consigo mais de alguns segundos, meu pensamento escapa para as coisas mais absurdas (ou não) e quando vejo, estou relembrando um sonho anterior e tentando achar uma explicação para ser a quinta vez que sonho que ando com o Fernando à procura de um quarto de motel com uma banheira rosa em forma de coração. WTF?!! Porque sonho repetidamente com isto? (Fora a razão da falta de sexo não vejo nenhuma explicação sensata, até porque já sonhei com isto quando estava muito bem satisfeita neste quesito). Eis que engano-me, afinal consigo meditar. Pena ter descoberto no caminho da academia para casa, fugindo de uma diarreia fenomenal. Claro, não deve haver criatura neste mundo que se desconcentre do cu nestas horas!!
Sangue para mim não quer dizer nada
As minhas primas e a família dela do interior tem um jeito de ver as coisas que não compreendo. É que elas consideram até as primas em décimo grau como parente, e é um tal de primo para cá, primo para lá que chega a fazer impressão. Já disse por aqui que tenho um meio irmão. Não, na verdade tenho dois: o Matheus e o Lucas (que coisa original, parece aquela dupla sertaneja lol). Há uns tempos atrás andei fuçando no google o nome do primeiro e o sobrenome que meu pai biológico negou-me. Só então fiquei sabendo que tenho outro irmão. Eles devem ter 25 e 23 anos respetivamente, fazem faculdade de engenharia informática e são uns nerds. Novidade! Só entram em redes sociais para jogarem e comecei a imaginar uma forma de me aproximar do mais velho, visto que para mim fazia mais sentido. Descobri facinho o email dele da faculdade e lhe mandei uma pergunta apenas: oi, você é filho do .....? Não esperei grandes respostas, bem na verdade até esperava, mas não queria criar expetativas. Depois de uns dias ele confirmou-me e me perguntou quem era. Prontos, fisguei. Contei-lhe da minha história, tipo novela mesmo, sou tua irmã e tal, to casada e moro em Portugal, me formei na ufrgs, etc. Depois de um tempo, um smile e uma frase. Era só eu perguntar e ele respondia monosilabicamente, mesmo deixando claro que não queria um centavo da herança do pai deles. Se tem coisa que me irrita talvez mais do que as pessoas curtas e grossas, são estas que a gente puxa assunto e eles não desenvolvem. As tantas ficamos falando para as paredes e desistimos. Acho que era a sua intenção desde o início, embora nunca chegou a ser mal educado comigo. A sério que não entendo, imagino eu no seu lugar, se com esta idade alguém me dissesse que tenho um irmão e que quer me conhecer, ver afinidades. comparar narizes e boletins. A sério que não entendo a falta de interesse, a sério que mandei-lhe a merda em pensamento. Às favas com a porra do sangue! E com desgosto vi que na única foto que ele tem na net, temos algumas semelhanças...
Para mim bastou de ilusões, a minha família é o meu marido e o meu filho. A estes devo a minha preocupação e atenção. E fico muito satisfeita que nisto estamos em sintonia, que o marido pense exatamente como eu. Para que família? Para retratinho de Natal? Para intromissões? Para fofocas? Não obrigada. Família é aquela que cabe dentro da nossa casa, e a propósito, pouquíssima gente agora vai ter o prazer de visitá-la. Questão de poucos dedos de uma mão (tá bem, só a minha avó, vá).
sexta-feira, 7 de junho de 2013
O workshop para avós
Ana encolhera os ombros pela décima vez desde que entrara na sala recheada de mulheres. Era-lhe automático, sempre que pensava de onde lhe saíra a ideia de um coaching para avós, pensava "que se dane!". O dinheiro era muito bom e ainda lhe ia dar uma mão no conserto de seu carro popular. Mas mentia, como psicóloga há mais de dez anos e com mais de 35 anos de existência, sabia que era para minimizar o mal no mundo. Como se treinar mulheres na menopausa pudesse evitar o sofrimento das gerações futuras. Como se sim e sabia que sim. E foi pensando no inferno que sua mãe e sogra lhe fizeram da vida, que decidiu de uma vez por todas que sairia das palestras para divorciados e enredaria neste ramo tão inexplorado e tortuoso. Desejava que as duas caras que a inspiraram estivessem ali hoje, mas não estavam. Chegou até a divagar em enviar-lhes um convite grátis pelo correio, mas sabia que no fundo as "melhores! avós do mundo achariam desnecessário alguém lhes ensinar alguma coisa que fosse. Já sabiam elas melhor a missa do que o padre. Pff...
Olhou mais uma vez para a platéia e meia centena de mulheres a olharam de volta expectantes. Ajeitou as folhas que trazia e conferiu mais uma vez o microfone. Um ruído opaco de seus dedos lhe indicou que tudo estava a postos.
- Bem, obrigada pela vossa companhia, eu me chamo Ana Ludwig e hoje nós vamos nos concentrar no que podemos fazer para tornarmo-nos avós melhores. Falaremos da educação dos netos, da deseducação dos avós, dos limites saudáveis, entre outros tópicos que listei no folder que deixei em cada cadeira.
Assim ia descorrendo sobre a importância de não descarregarem suas frustrações enquanto mães e idealizarem um passado irreal para as noras, estabelecendo metas para que estas cumpram. Mostrava-lhes imagens e estudos sobre a convivência pacífica entre gerações que passava por uma certa dose de tolerância de ambas as partes. Enquanto falava ia observando a maioria dos rostos que a escutavam. Poderia dizer que haveria mulheres dos quarenta aos setenta anos dos mais variados estilos. Ia fazendo pausas e bebia um gole de água para recuperar o fôlego e desencorajar as lembranças de brigas e discussões que ocorreram desde que Inácio nascera. Único neto homem de um dos lados e único neto do outro, o menino sempre fora alvo de palpites, ainda mais sendo prematuro, e às vezes Ana, muito ponderada, saía dos eixos e encarnava a favelada. Tal eram os imprompérios lhe saía da boca.
- Bom, passemos agora às dúvidas e comentários. - Seus olhos passearam pelo público até que uma mão tímida se ergueu lá do fundo.
- Mas então vou ter de deixar de falar que suco gelado dá dor de garganta? - Alguns risinhos ecoaram.
Ana torceu o pescoço para evitar um espasmo dos olhos virados para cima e acrescentou um "sim".
A senhora gorda e de sutiã de copa enorme ainda hesitava. Não satisfeita, começou a contar uma variada gama de superstições a ver com a corrente de ar, o sorvete no inverno e outras que as avós de sua família ainda não se tinham lembrado. Ao negar-lhe qualquer fundamento científico nisto, percebeu que todas se entreolhavam cúmplices e faziam sinais afirmativos com a cabeça. Pronto, estava feita. Uma avó cheia de botox e com unhas de gel em rosa fúcsia lhe desmentia que nenhuma criança deve andar com duas peças a mais que um adulto no verão. Ana começava a perceber porque nenhum colega de profissão navegara por aquele grupo específico. Começou a sentir o peito chiar. Ai não a maldita da asma! Procurava com uma das mãos a bombinha escondida na bolsa. As avós continuavam, algumas ao mesmo tempo, outras desataram a falar para si e bem alto e não respondiam quando lhes pedira silêncio. Andavam perdidas a discutirem umas com as outras, cada uma um assunto diverso até que Ana bateu com muita força no microfone. O ruído inesperado fez as velhas se calarem.
- Chega! - Gritou Ana, parecendo ignorar que gritava no microfone. - Vocês vieram aqui para que afinal? Até se eu falasse para as portas acho que conseguiria passar alguma mensagem. Vocês pensam o que? Nasceram avós?! Prontas? Perfeitas? Avós que nunca se calam, que querem sempre a última palavra. Que são incovenientes, que são invasivas, que não respeitam a decisão dos próprios filhos! - silêncio total.
Por acaso não lembram de quando eram vocês as mães, alvo de toda a crítica e picuinha de suas sogras e mães? Foi bom? Ah deve ser uma espécie de revanche, agora é que se vingam? - Lá do fundo uma mão muito frouxamente se ergue. Ana já estava por tudo e deixou a mulher de cabelos grisalhos falar.
- Acho que a senhora está enganada. A sala de conferências para avós é no outro prédio. Estamos aqui à espera da palestra sobre sexo na terceira idade.
Ana sem saber se ria ou se chorava, achou por bem nem perguntar porque não lhe disseram isto antes. Pegou na bolsa e na bombinha e saiu porta a fora, já havia enfrentado avós demais para o seu gosto. Voltaria para os divorciados, estava decidida.
Temas para posts
Workshop para avós
O escritor que quase é assassinado por uma personagem
Lista pessoal do guiness book
Carroceiros
Lista as propagandas mais estúpidas
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As "pampufas" e o amor (coisas da escolinha do Fabian)
Na salinha deles não usam os sapatos, logo que chegam vão correndo pegar as pantufas na cesta de vime e a professora guarda os que tem calçados em uma sapateira de pano. Nos primeiros dias o Fabian andou de tênis ou de meias (dependendo de como estava o tempo), isto porque um dos meninos insistia que era dele a pantufa dos carros e a professora na dúvida deixava assim. O Fabian nem se importa de emprestar as coisas quando lhe dão algo em troca, e o mal entendido só foi desfeito quando avisei que já havia trazido as dele. A partir daí o menino não pôde mais colocar as tão adoradas pantufas do Macqueen e desatava a berrar por isto. A situação repetia-se tanto que teve a mãe de ir ao mercado urgente e trazer-lhe umas pantufas iguaizinhas ao do meu filho.
Tenho uma amiga a quem chamo de Ju. Um dia disse para o Fabian que ia sair com a Ju, que voltaria logo e que ele ficaria com a vó enquanto isto. Ele disse magoado: a minha Ju não!! Na sala dele tem uma menina chamada Julia, a quem todos apelidaram de Ju. É uma menina linda, loira de chiquinhas e olhos azuis expressivos. É quase tão alta quanto ele e tem um sorriso muito doce de menina recatada. Hoje ao falar com a professora, fiquei sabendo que para o Fabian todas as meninas da sala são Ju e que quando ela vem (agora anda doentinha em casa), ele só quer brincar com ela e faz mil e uma coisas para agradá-la. Ora meu filho tem muito bom gosto! Mas pensei cá pra mim, coitado do meu guri, não tarda vai ser feito de gato e sapato pois que as quietinhas são as piores (bem diz o pai dele). É o meu lado sogra a falar, eu sei, mas filho, aprende que por mais que lhes faça, as mulheres são eternas insatisfeitas. As mulheres querem dizer milhões de coisas com um humhum e quando dizem que está tudo bem, não acredita, filho. É porque não está!! Mas ainda vais a tempo de aprender, aproveita esta fase, hoje a faz feliz uma comidinha caseira, talvez amanhã seja um nº 5 ou uma viagem ao Camboja.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Deixem que pensem
O marido contou-me do casal de clientes com os quais dividiu a mesa estes dias. Falaram do tempo, se esquentava naqueles lados da França, falaram do calor que demorava a chegar, mas que garantiram que chegava. Grande uffaaa para mim. Ao saberem que o marido é brasileiro, lembraram das únicas coisas que sabiam: Copacabana e Pelé. Entristece-me a gringalhada pensar que isto aqui é só Rio de Janeiro e que o Brasil é só futebol. Por outro lado se perguntarmos a um brasileiro o que pensam da França talvez saia: macarrons e baguetes ah e o cancan, a sacanagem sutil dos franceses.
O marido aproveitou para dizer que somos muito além do carioca da gema, temos praias lindíssimas, campos, hotéis, culinária de todo o mundo, quase como se fôssemos um gigantesco caldeirão onde o tempero, as gentes, a cultura sobre em sabor e vida. Falou-lhe de Florianópolis (Floripa para os íntimos), o pequeno paraíso plantado em uma ilha onde encontramos praias para todos os gostos. Disse-lhes sobre o camarão com queijo gorgonzola gratinado com arroz de açafrão, das ostras, do churrasco gaúcho que também há, dos restaurantes à beira da praia Daniela. Da areia branca e fina e do mar verde e quente. Tá bem, não lhes disse metade disto. Mas poderia ter dito. A verdade é que é melhor continuarem pensando que o Brasil é apenas isto e deixem-nos este lugarzinho mágico para nós...
Ah este mundo acadêmico!
Tenho uma amiga que gabava-se do primo estar a tirar doutorado em Portugal. Ah é? Mas e é sobre o que? É doutorado em surf!
A única coisa que me passou pela cabeça. |
Que tipo de cadeira deve existir? Como fazer um bottom turn perfeito ou como chegar ao nível de Big rider? Custa-me crer que o governo brasileiro pagou para este cidadão ir a Portugal tirar sua tese em surf, mas ela acrescentou: a tese é antropológica sobre o diálogo dos surfistas. Jasus...já viram um surfista brasileiro falar? Quero ver se ele vai conseguir preencher duzentas páginas com tanto só...bah...que onda...que demais...
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa
Esta é a idade das tiradas, eu confesso que acho muito mais graça a esta fase do que a de bebê. Claro para fotos e para os outros é sair e contar o "ohhhhinhômetro", mas para os pais ou aqueles que tem fralda para trocar toda hora, papas, mamadeiras, tomadas para cobrir, etc, não é das mais compensadoras (na minha opinião). O Fabian veio com esta ontem: meninas bincam di muneca, meninos bincam di carru...ou di camião. Achei a maior fofura ele já se dar conta das diferenças dos universo feminino e masculino. Porque existem! Hoje as coisas são mais liberais, há uma aceitação necessária de outras opções sexuais, mas isto não pode virar o oposto. Não desestimulo o brincar com bonecas, ele é que a única coisa que faz quando vê uma Barbie, é tirar-lhe a roupa para passar os dedos nas mamas (lol). Ele brinca de cozinhar, adora mexer nas panelas, fazer comidinhas e dar para eu provar, porque vê na família que praticamente todos os homens cozinham, uns mais frequentemente que outros. Agora não acho adequado dar a conhecer uma realidade diferente assim tão pequeno. Por exemplo, teve uma vez que estava pintando as unhas e quis que eu colocasse o esmalte colorido nele. Eu disse, isto é coisa de menina, meninos não pintam as unhas, só de esmalte incolor. Acabei por pintar a unha do mindinho com o transparente e ele ficou olhando para o dedo que brilhava, com cuidado para não grudar nas coisas.
Não acho necessário por agora lhe dizer que há homens que gostam de pintar as unhas, e até de vestirem-se de mulher. Ele nem entenderia isto...se tem gente que com 50 anos não entende né?! De qualquer forma, esta leitura primária do mundo adulto é muito interessante. Faz-nos ver as coisas tão banais de outra forma. Até hoje fico admirada pela atenção que ele dedica a uma formiga, a uma flor. E quando vem com o tal do "olhaaa mãe, olhaaaa" 499 vezes por dia? Cansa, mas ainda assim prefiro a fase de agora do que o balbuciar dos bebês.
Primeira impressão do Francês
Então meu padrinho que adora arranhar o francês pergunta ao Fabian:
- Comment allez-vous?
O Fabian muito sério olha para ele e diz:
- Meu vô tá em caja (casa).
lol
- Comment allez-vous?
O Fabian muito sério olha para ele e diz:
- Meu vô tá em caja (casa).
lol
segunda-feira, 3 de junho de 2013
A ti
Tenho saudades de Portugal, da minha casinha, do clima, daqueles verões perfeitos de dias de sol após dias de sol. Tenho saudade dos vizinhos, até da voz anasalada da E. e das suas brigas com o seu filho B. Da vizinha estressada da frente, do casal de velhinhos simpáticos de cima. Tenho saudades de morar perto do mar, de vê-lo em tons safira a despejar uma onda após outra, a bater mansamente nas pedras ou a entornar o caldo por cima das barras de proteção. Tenho saudades das pipocas do cinema Lusomundo, como sempre tinham de ser doces e em tamanho médio. Do sorvete Fagoletto sabor arroz doce e coco, do cachorro quente de Cascais de chili com queijo emental. Tenho saudades do sotaque português, do preço acessível ao impulso para roupas e sapatos. Tenho saudades de buscar o Fabian na escolinha e encontrar as educadoras felizes (e cansadas) com uma tabela que me informava quantas vezes ele tinha feito cocô. Tenho saudade de quando os meus problemas se resumiam em cocôs. Do ginásio do ex-fisioculturista Manel (não vou dizer academia desta vez), em que vi derreterem 16 quilos em pouco mais de sete meses. Tenho saudades dos amigos que deixei, da minha amiga S, minha mineirinha, o coração que mais me adoçou neste tempo. Do casal R. e M. que sempre encontravam motivos para tirar estes bruxos de casa. Da festa dos santos populares, das festas de verão de S. Domingos de Rana, dos algodões doce e churros que comi. Da minha coelha Fuinha que me acompanhou nestes quase seis anos, da minha faculdade, de alguns colegas, de ter prazos de estudo. Tenho saudades do Oceanário e do zoô, do zelo geral das pessoas pelas crianças (e claro pelo meu filho). Tenho saudade ao perceber que este ciclo fechou-se e com certeza aprendi muito. Foi em Portugal que tornei-me mulher, que casei-me, que vivi os melhores (e os piores) momentos com o Fernando. Agradeço por tudo, até pelas lições amargas, muitas talvez devido à minha própria inflexibilidade para com a vida...
Pretendo voltar um dia para sentir sem pressa aquele mar, aquela gente, aquele sol sem fim. Espero que este novo ciclo traga-me outros aprendizados, faça-me crescer, evoluir. Depois de Portugal percebo que nada é para sempre, cada vez mais vejo urgência em buscar uma segurança interna, pois que mudam as paisagens, mas esta é a "casa" que nunca deixamos para trás.
Portugal, um até logo, porque adeus ainda me parece definitivo demais.
Portugal, um até logo, porque adeus ainda me parece definitivo demais.
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