domingo, 18 de novembro de 2012

Ninguém é dono da verdade

Quando escuto alguém dizer, "daí eu disse umas verdades para ela", ou qualquer variante disto, a primeira coisa que me vem à cabeça é: que verdade? Verdade para quem? O que conhecemos por verdade não passa do nosso ponto de vista sobre alguma coisa ou alguém. E o outro também tem lá o seu ponto de vista, a sua visão de mundo, só aí juntando dois mais dois, chega-se a conclusão de que a verdade não existe. É simples e óbvio não? Então porque as pessoas insistem em acreditar-se donas da verdade? Em acreditar que estão sempre certas e o resto errado. Ah é importante, quando dizemos isto a elas podemos ver as emoções irem a outro polo. Sai o rosto de quem é o proprietário orgulhoso da razão e entra o sentimental beicinho e a frase: tá bem, é sempre assim, eu sou a errada, vocês estão sempre certos. 
E porque isto hoje? Porque tcham tcham tcham... tambores...não sou o Dalai Lama! Suspeitaram desde o princípio? É porque eu acho que tem gente que pensa que sou. E não, não é porque uso roupas compridas (ahahah nunca usei). Hoje me saltou a tampa, fiquei com a macaca, mas nem sequer posso por a culpa na tpm porque já estou no fim disto. Conhecem a minha querida sogra, já apresentei ela por aqui? É uma velha carola, daquelas que acorda as 5 da manhã para rezar o terço e canta o dia inteiro músicas de igreja. Acho que não tinha dito ainda que ela é surda, embora aprecie a surdez para dizer bem alto coisas do tipo para implicar e quem pegar aquilo para si começa já uma discussão em que ela tem de sempre sair vitoriosa, ao menos na sua cabeça, porque as tantas desistimos e a velha continua a falar sozinha. 
Já repararam que as discussões sempre começam pelo motivo mais bobo? E que dentro delas vai crescendo uma onda gigante de indignação e mágoa, onda esta que se escondia durante todo o período que tentamos bravamente manter a calma? Comigo é assim. Estou a mais ou menos mês e meio ininterruptos a ouvir bocas. Todo dia é uma novidade, pergunto-me se vai ser de manhã, à tarde ou à noite. Tenho tentado mesmo, mas muito mesmo manter a calma, ficar em silêncio, contar até mil, sair de perto, desabafar para o marido, enfim...são muitas táticas que uso. Mas não adianta. O problema é que o problema em si não muda. Eu acho que é o meu carma. Não quero ser a coitada que só sofre,eu sei que tenho meus defeitos e tenho um gênio difícil que só o meu amor para me aguentar. Porém quando estou na casa dos outros tento sempre me segurar, tento respeitar a forma da dona da casa de ser e levar a sua vida, mesmo que a forma de levar a sua vida seja ficar resmungando o dia todo coisas sobre mim e o meu marido e o pedreiro e sei lá mais quem. É que machuca. É que irrita. É que estamos numa puta duma situação de merda e paciência é o que menos sobra. É que sabemos que não é nosso canto e que não mandamos nada.   
Hoje a discussão foi por que ela queria que lavasse e guardasse a louça. Até aí tudo bem, concordo, porém a louça já estava lavada e não tinha sido guardada porque o marido e ela estavam ocupando a cozinha e a cozinha é onde era a área de serviço, ou seja, tem só um metro quadrado mais ou menos (porque ela o quis). Eu disse então o porque de não ter guardado a louça e ela então começou a ironizar que quando eu viesse da outra vez tinhade fazer uma cozinha maior só para mim. E que eu ainda estava de camisola e que não suportava me ver assim em pleno domingo (?!) deste jeito, e que eu não sou uma boa mãe, uma boa dona de casa, que onde já se viu. Onde já se viu o que? A casa não é minha, ela quer que eu levante com paninho na mão e vá dormir de vassoura? Não basta o que fiz no aniversário dela? Que nenhuma das noras e netas fez na vida? Mas ela disse com todas as letras que não bastava, que preciso fazer mais. Mais…mais… as pessoas sempre querem que a gente faça mais, que a gente mude mais. E nunca é o bastante. O nosso mais é pouco para elas. Porque elas não conseguem ver a luta interior que é para ser mais. E melhor.
Hoje me saltou a tampa. Não sou o Dalai Lama. Disse algumas coisas que estavam presas, mas queria dizer muito mais. Às vezes penso o que a vida quer me mostrar pondo pessoas assim no meu caminho? Eu tenho mesmo feito uma análise dos meus pensamentos, das minhas ações, mas não consigo mudar para o jeito que elas querem, e também nem sei ao certo o que elas querem de fato.
Quer saber, hoje vou aproveitar que estou bem doida. Vão mais é se fuder as duas sogras da nossa vida. Vão mais é a merda!!! 

5 comentários:

  1. fizeste-me rir com o teu desabafo ! ahahahahah
    pois eu posso considerar sortuda, pois minha sogra é da paz, se não for eu lá visitá-la, ela vinha minha casa ano a ano. Tive que morar na casa dela durante 8 meses enquanto minha casa se construia e foi super pacifico, nunca meteu narizz em nada ;) igual minha mãe, táse literalmente cagando! Para o bem e para o mal ;)

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  2. Carla! Tens duas jóias na tua vida hahaha!!! Não é lá muito comum morarmos com alguém e não acontecer uma tentativa de homicídio (ao menos no pensamento!).
    beijokas

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  3. Ola!!

    Bom, realmente Deus(ou quem quer que seja...) esta a colocar-te a prova dura mesmo!!!
    A tua situaçao é chata (pa nao dizer horrivel)!!! Tenho até medo de imaginar, tipo "o que eu faria se eu tivesses na mesma situaçao que tu"?? Nao da, nao consigo!! So apetece fugir!! Da-me um aperto no peito...Acho que és mt corajosa!!
    Beijinhos com quilos de paciencia!
    Marina

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  4. Da sogra não posso dizer mal. Já o sogro tenho a sensação que diz ao filho e depois esse vem com ideias, mas eu topo a questão e corto-lhe as asas nem que seja à dentada.
    Agora a mãe, pois, já leste certo?
    bjs

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  5. Bom, se não é tua casa não faz mais que obrigação de aguentar. Na minha casa tb é assim tem que dançar é a minha música e se n estiver bom que suma e vá pro inferno.

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